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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NOS CURSOS DE GRADUAÇÃO Por: Anne Alves de Moraes Orientador: Prof.: Marcelo Saldanha Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Luiz Carlos Travaglia, Joaquim Mattoso Câmara Jr. e Evanildo Bechara. Outros educadores também foram estudados para o desenvolvimento

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NOS CURSOS

DE GRADUAÇÃO

Por: Anne Alves de Moraes

Orientador:

Prof.: Marcelo Saldanha

Rio de Janeiro

2010

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

O ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA NOS CURSOS

DE GRADUAÇÃO

Apresentação de monografia à Universidade Candido

Mendes como requisito parcial para a obtenção do grau

de especialista em Docência do Ensino Superior.

Por: Anne Alves de Moraes

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AGRADECIMENTOS

Agradeço aos professores do Instituto A Vez do Mestre, em especial aos

professores Vilson Sérgio, Marcelo Saldanha e Lindomar Adelino e à

professora Adriana Mograbi pela dedicação e o apreço com o magistério, aos

colegas e à família pelo incentivo.

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DEDICATÓRIA

Dedico a Deus, aos meus pais por acreditarem e motivarem nas horas de

desânimo, ao João Paulo e aos amigos pela força.

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RESUMO

A grande liberdade que uma universidade tem para determinar o

Curriculum de seus cursos é o que alimenta esse trabalho monográfico.

Apesar de todos falarem e estudarem a Língua Portuguesa desde os

níveis mais básicos de aprendizagem, algumas universidades não colocam

como sendo obrigatório o ensino de língua materna em seus cursos,

principalmente os das áreas lógicas, como o curso de Matemática; porém

ao final de seus cursos, como fator primordial, é obrigatório ao aluno

entregar o seu TCC (trabalho de conclusão de curso) redigido em Língua

Portuguesa.

Então, se a intimidade do aluno com sua língua fosse incentivada

também na universidade, sua produção final seria muito mais qualificada.

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METODOLOGIA

Este trabalho é uma pesquisa bibliográfica, cujo tema foi estudado em

livros, artigos, as leis 9394/96, 9610/98 e na Internet. Também foram feitas

entrevistas. Alguns autores utilizados na realização desta monografia foram

Luiz Carlos Travaglia, Joaquim Mattoso Câmara Jr. e Evanildo Bechara. Outros

educadores também foram estudados para o desenvolvimento do tema.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

A importância de bem escrever 10

CAPÍTULO II 17

A não obrigatoriedade de LP nos cursos de graduação

CAPÍTULO III 27

Frustração que alimenta o mercado de monografias

CONCLUSÃO 34

BIBLIOGRAFIA / WEBGRAFIA 36

ANEXOS 38

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INTRODUÇÃO

O tema deste estudo é “O ensino de Língua Portuguesa nos cursos de

graduação”. O enfoque central dessa monografia é o questionamento de por

que o ensino de Língua Portuguesa não é obrigatório no curriculum de todos os

cursos de graduação, já que ao final de seus cursos, as universidades colocam

como fator parcial para a aquisição do grau a apresentação do trabalho de

conclusão de curso (TCC) que deve ser de autoria do próprio aluno.

O tema sugerido é de fundamental relevância, pois após verificar a

dificuldade de bem escrever o trabalho de conclusão de curso de alguns

graduandos que após passarem tantos anos na universidade descobriram que

“não sabiam escrever”. Por qual motivo? O que levaria um aluno a passar tanto

tempo inserido no processo de aprendizagem e não conseguir escrever seu

próprio TCC? Por que chegou ao “templo” do saber – como era conhecida a

universidade na Grécia Antiga – e não consegue organizar e produzir seu texto

de acordo com as normas que regem sua língua materna?

O objetivo desta pesquisa é valorizar o ensino de Língua materna

também nas universidades, haja vista que o graduando sempre necessitará de

sua língua independentemente da escolha de seu curso, pois todos são

ministrados na mesma língua.

O primeiro capítulo relata a importância de saber escrever, pois um bom

profissional é avaliado pelo que fala e escreve. Então, existe a necessidade de

que se invista mais na disciplina em algumas universidades.

O segundo capítulo prova que por não haver a obrigatoriedade prevista

em lei sobre o ensino de Língua Portuguesa nas universidades, somente

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algumas optam por ter a disciplina; o que beneficia seus graduandos, porém a

maioria (inclusive as públicas) ainda não tem essa mesma preocupação.

Já o último capítulo mostra a intimidade existente entre a frustração dos

alunos que não conseguem escrever seus trabalhos de conclusão de curso

com o crescente mercado das monografias, que é alimentado cada vez mais

por esses graduandos incompletos.

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CAPÍTULO I

A IMPORTÂNCIA DE BEM ESCREVER

Com a crescente disseminação dos meios de comunicação muitas

pessoas de forma equivocada minimizam a importância da língua na

comunicação porque pressupõem que as novas tecnologias e mídias –

internet, celulares, MSN, orkut, ... – substituiriam a língua. Aí se encontra o

equívoco.

Um graduando quando inicia seu curso, entra com uma visão ampla

profissional e quando concluir seu curso quer atuar em sua área. Assim, o

ensino de Língua Portuguesa contribui para que ele alcance os objetivos

propostos no início de seu curso, pois ao final, será avaliado pelo que é

capaz de produzir; de se expressar.

Sendo assim, exige-se do profissional redação própria, ou seja, que

seja capaz de se comunicar e muitas vezes, por escrito, dentro do mercado

profissional; principalmente em questionários de entrevistas. Seria uma

eliminação prematura num processo seletivo por não conseguir se

comunicar de forma clara e caso consiga, se em sua redação contiver erros

grosseiros da Língua, já será um desagradável “cartão de visitas”.

Contudo, é necessária muita leitura e conhecimento das

possibilidades da língua, pois até mesmo um texto comum, com vocabulário

trivial, pode ser original no sentido de passar a quem o lê a personalidade

de quem o escreve.

No entanto, sabe-se que, para muitos, o ato de escrever não é

agradável, pois a pouca ou total ausência da modalidade escrita foi uma das

lacunas deixadas pelos ensinos fundamental e médio. Que trabalharam de

forma fraca ou nula o sentido subjetivo do aluno, questões de interpretação,

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de opinião, de leitura e escrita, que contribuiriam assim na formação de um

leitor e escritor crítico. De forma que quando se expressasse na escrita,

poderia combinar seus conhecimentos gramaticais, que seriam usados

como um verificador se sua aprendizagem e não, o objetivo central das

aulas de Língua Portuguesa.

Essa talvez seja a pergunta crucial de vários estudiosos da área: Por

que se passa tanto tempo da escola (ensinos fundamental e médio) e na

universidade e ao final de todos esses processos, descobre-se que o aluno

ainda possui aquelas lacunas deixadas no parágrafo anterior?

Não cabe à universidade resolver essas lacunas, mas sim despertar

naqueles que têm dificuldade ao escrever o gosto pela leitura, fazendo com

que esses leiam, escrevam bastante e consigam, ao longo dos anos e com

a prática, sanar esse mal da escrita. Para isso, a produção de textos deve

fazer parte da rotina acadêmica. Após a leitura de um poema, de um trecho

de um romance, de um texto científico, de uma reportagem, ou, até mesmo,

após um debate, o educando sentir-se-á estimulado a elaborar um texto

sobre o tema sugerido.

Para Feitosa (2000), "escrever é parte inerente ao ofício do

pesquisador" e não costuma ser tarefa fácil para ninguém. Normalmente, as

pessoas "sofrem" muito quando têm que colocar suas idéias no papel.

“Parece que a primeira razão para esse "sofrimento" está

naquilo que é, ao mesmo tempo, causa e efeito da crise em

que se encontra a comunicação escrita: a pouca eficácia do

ensino de redação nas escolas e a falta de treinamento

específico para a redação científica, decorrentes de total

desprestígio em que caiu a língua escrita como meio eficiente

de comunicação. Hoje, "falam" os números, os dados

estatísticos, as fotos, os gráficos, os VTs.” (Feitosa, 1991,

p.12 )

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No desenvolvimento da educação, pode-se fazer um paralelo entre o

ensino de antigamente e seu desenvolvimento até os dias atuais. Sendo

assim, antigamente o ensino de língua materna era voltado apenas para o

“decoreba”, para as intermináveis regras ortográficas. Essas eram somente

memorizadas e não, internalizadas.

No dias atuais, com os novos paradigmas da educação, segundo a

LDB 9394/96 garante em seu artigo 2º o pleno desenvolvimento do

educando para que ele seja mais que um letrado e sim, um cidadão,

podendo exercer seu papel na sociedade.

“A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos

princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana,

tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu

preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para

o trabalho.”(art. 2º 9394/96)

Depois dessa garantia em lei o ensino de Língua Portuguesa teve de

se adequar às novas necessidades, passando a motivar em suas aulas a

leitura e interpretação, dando ao aluno a autonomia e a possibilidade de se

questionar; podendo ele chegar à universidade, um graduando diferenciado

dos outros.

Infelizmente essas novas garantias não foram motivadas em todas as

instituições de ensino em nível fundamental e médio, o que faz ainda nos

dias de hoje, com que grande massa de graduandos cheguem às

universidades com as mesmas e frequentes dúvidas em sua língua materna

que um aluno de nível fundamental ou médio.

Segundo Travaglia, o ensino diferenciado de gramática, de acordo

com o artigo 2º da LDB só fará sentido a partir do momento em que se

pressupõem que as escolas querem propiciar atividades de ensino-

aprendizagem que permitam aos alunos se prepararem para a vida que têm

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e terão dentro de uma sociedade, incluindo-se com a cultura, a forma de

ser, de ver o mundo e como se relaciona consigo e com os outros membros

integrantes da mesma sociedade.

Como o ensino de língua, por vários anos foi baseado nas normas

ortográficas, grande parte dos alunos acredita em “não saber português”.

Por isso achamos que português é difícil: porque temos de decorar

conceitos e fixar regras que não significam nada no dia-a-dia. No dia em

que o ensino for baseado no real, no que verdadeiramente usamos da

língua portuguesa é bem provável que ninguém mais continue a repetir essa

bobagem.

Todo nativo sabe falar sua própria língua. È só observar uma criança

entre seus 4 anos aproximadamente, já domina as normas e regras de sua

língua; sabe organizar sua estrutura frasal como manda a gramática. Como

pode então, um graduando está acabando seu curso e acreditar que “não

sabe escrever”?

Segundo Bagno (2004 p. 37-38) por isso tantas pessoas terminam

seus estudos, depois de onze anos de ensino fundamental e médio,

sentindo-se incompetentes para redigir o que quer que seja. E não é à toa:

se durante todos esses anos os professores tivessem chamado a atenção

dos alunos para o que é realmente interessante e importante, se tivessem

desenvolvido as habilidades de expressão dos alunos, em vez de entupir

suas aulas com regras ilógicas e nomenclaturas incoerentes, as pessoas

sentiriam muito mais confiança e prazer no momento de usar os recursos de

seu idioma.

E se tanta gente continua a repetir que “português é difícil” é porque o

ensino tradicional de Língua Portuguesa está longe do português falado.

Observemos um caso típico de regência verbal: Assisti ao filme (ensinado

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na escola) e Ainda não assisti o filme que você me falou! (falada

diariamente).

Por que será que isso acontece? Porque a gramática brasileira não

sente a necessidade da preposição a que era exigida pela gramática

clássica portuguesa. Se tudo no mundo da globalização evolui, por que não

a língua?

Por esse motivo é comum lermos abreviaturas do tipo: vc, td, mto, bj,

tc, entre outras que são também fatores de comunicação, porém como uma

pessoa habituada a “escrever” dessa forma, conseguirá escrever uma

redação com um mínimo determinado de linhas? Responder a um

questionário, almejando uma vaga de emprego?

Saber no sentido científico, sabe. Consegue se comunicar, conhece

algumas regras da língua, porém não foi acostumado a uma vivência íntima

com a língua, a uma leitura e escrita diariamente. Foi habituado somente a

ler manchetes, jornais via internet e etc. onde não se exige muito de suas

habilidades leitoras. Quiçá suas habilidades escritas.

Ainda segundo Bagno (2004, p. 39) no fundo, essa ideia de que

“português é muito difícil” serve como instrumento de manipulação de

classes sociais, onde as classes mais altas, dominam através da fala e da

escrita, classes mais baixas, assim, a língua é usadas como forma de

domínio e submissão.

Não se pode acreditar na afirmação de que a “língua tem

armadilhas!”; não é ela que tem armadilhas, mas sim à gramática normativa

tradicional que incentiva essas supostas “armadilhas” para continuar

sobrevivendo e sendo o “bicho-papão” de todo nativo de Língua

Portuguesa.

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O advogado, o engenheiro que sai da universidade e vai para o

mercado de trabalho, é exigido dele grandes habilidades comunicativas e

mais do que isso, habilidades de escrita. Escrever significa comunicar-se e

essa comunicação precisa ser clara, pois talvez não haja uma segunda

oportunidade.

Segundo Barreto, em inúmeras faculdades, o que se vê são pessoas,

quase formadas, com dificuldade de escrever um texto. Esta dificuldade se

explicita, quando o profissional tem de fazer uma pós-graduação, em que o

exercício de escrita é uma constante; ou quando ele é solicitado a escrever

um relatório, uma declaração, ou um outro documento na empresa. No

momento em que estes questionamentos se colocam, pensamos por que

estas pessoas, formadas por uma instituição, não conseguem escrever com

certa tranquilidade e atender às necessidades exigidas pelo mercado de

trabalho ou pelas referidas instituições de ensino, no nível de pós-

graduação.

Para Celso Cunha, a língua “é um sistema gramatical pertencente a

um grupo de indivíduos. Expressão da consciência de uma coletividade, a

LÍNGUA é o meio por que ela concebe o mundo que a cerca e sobre ele

age.”

Pelo que se sabe, a língua (falada) apresenta variações regionais,

culturais, literárias e etc. Contudo, cabe perceber que dentro dessas

variações o contexto para a utilização da língua. Deve-se ter atentamente

para que

“ a língua padrão, por exemplo, embora seja uma entre as

muitas variedades de um idioma, é sempre a mais prestigiosa

porque atua como modelo, como norma, como ideal linguístico

de uma comunidade.” (CELSO, 1985)

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Em um segundo ponto, a língua não é apenas um meio de

comunicação, pois vive só da função informativa. Para Mikhail Bakhtin,

Roland Barthes e outros, a linguagem escrita tem uma função bem mais

grandiosa: a de transgredir a norma, o que foi institucionalizado pelas

formas gramaticais, e tem como função maior a expressividade.

“A lingüística do século XIX - a começar por W. Humboldt - ,

sem negar a função comunicativa da linguagem, empenhou-se

em relegá-la ao segundo plano, como algo acessório;

passava-se para o primeiro plano a função formadora da

língua do pensamento, independente da comunicação. Eis a

célebre fórmula de Humboldt: "abstraindo-se a necessidade de

comunicação do homem, a língua lhe é indispensável para

pensar, mesmo que estivesse de estar sempre sozinho". A

escola de Vossler passa a função dita expressiva para o

primeiro plano. Apesar das diferenças que os teóricos

introduzem nessa função, ela, no essencial, resume-se à

expressão do universo individual do interlocutor. A língua se

deduz da necessidade do homem de expressar-se, de

exteriorizar-se. A essência da língua, de uma forma ou de

outra, resume-se à criatividade espiritual do indivíduo.”

(Bakhtin, 2000, p.291)

Sendo assim, pode-se concluir que a leitura e a escrita estão

intimamente ligadas; uma será consequência da outra e, quanto mais a

leitura de um indivíduo for desenvolvida e se tornar um hábito, melhor será

sua produção escrita. Logo, se comunicará melhor com os outros, não

deixando margem a más interpretações, sendo capaz de produzir seus

textos com uma maior qualidade.

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CAPÍTULO II

A NÃO OBRIGATORIEDADE DE LP NOS CURSOS DE

GRADUAÇÃO

A LDB em seu Artigo 43 inciso IV garante ao estudante ser capaz de

se comunicar através do ensino, de publicações e de outras formas de

comunicação.

“promover a divulgação de conhecimentos culturais,

científicos e técnicos que constituem patrimônio da

humanidade e comunicar o saber através do ensino, de

publicações ou de outras formas de comunicação”

(Art.43, IV, Lei 9394/96)

Porém, com a forma com que é tratada a língua materna nos anos

finais escolares e principalmente nas universidades, fica difícil para o

estudante ter esses direitos respeitados.

Contudo, é importante esclarecer que o núcleo do problema de se

fazer uma boa redação(em trabalhos monográficos, apresentações e

etc.) não está diretamente ligado à universidade, e sim aos ensinos

fundamental e médio. Mas, este problema é levado até à faculdade e os

docentes de língua portuguesa, matéria não encontrada em todos os

cursos de graduação, não procuram, geralmente, fazer nada para sanar

este "mal da escrita".

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Ao final do curso, o que se tem é um profissional incapaz de

escrever bem sobre o que aprendeu. Incapaz de dissertar com segurança

gramatical e estrutural a respeito de um tema apresentado.

Não se pode deixar de lembrar que o estudo gramatical é importante

para a elaboração de um “bom” texto. Assim, para ser capaz de escrever

“bem” o seu texto, deve saber utilizar corretamente, articulando os sinais de

pontuação, ortografia, acentuação, o uso correto da crase, fazer as

concordâncias verbal e nominal, regências, além de dois elementos

importantes e muito cobrados nos dias atuais: a coesão e a coerência.

Nestes dois elementos é que são observados a intenção de

comunicação, ou melhor, de intercomunicação por parte do escritor, que

precisa ser clara para que possa levar o leitor ao seu pleno entendimento;

sem que se deixem dúvidas ou incertezas a cerca do que se escreve.

Para BECHARA (2001), o enunciado não se constrói com um

amontoado de palavras e orações. Elas se organizam segundo princípios

gerais de dependência e independência sintática e semântica, recobertos

por unidades melódicas e rítmicas que sedimentam estes princípios. Dessa

forma, entende-se que não é só escrever diversas frases e se ter um texto,

mas é imprescindível que haja unidade, é preciso que estas frases sejam

coesas e que então possam se somar formando um texto com

entendimento cabível a quem o lê.

A essência do problema é verificar o ensino de língua portuguesa na

universidade no que diz respeito à produção de textos, ou seja, mais

especificamente, ao ensino de redação dissertativa objetiva na

universidade, pois ao final de seu curso é o que o aluno mais precisará.

Embora sendo de suma importância à todos os cursos de graduação

porque ao final, como requisito parcial para a obtenção do grau é cobrado

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do aluno a apresentação de seu trabalho dissertativo; e de seu “bom”

trabalho, se faria necessário que o ensino de Língua materna fosse

obrigatório também ao Ensino Superior; e não é.

Sendo seu ensino facultativo às áreas de conhecimentos específicos,

principalmente nas ciências exatas e o mais surpreendente nesse trabalho

monográfico é que o que deveria ser o exemplo de universidade e de

formandos postos no mercado de trabalho; as universidades públicas,

porém essas, não incluem em seus cronogramas, nem como disciplina

opcional o ensino de Língua Portuguesa.

Já nas universidades particulares pesquisadas, a oferta se dá através

de uma disciplina de apenas seis meses, visando apenas teorias gerais de

Língua Portuguesa, onde na verdade, as habilidades pretendidas ao final

dos meses será ler, compreender e responder textos. Sendo, na realidade,

apenas um “Português Instrumental.”

Com essa noção, há de se concluir que será impossível a um aluno

que, prematuramente conclui sua graduação repleto de dúvidas ainda

inerentes ao Ensino Médio, mas que com essa “simples” oferta, será

cobrado um trabalho bem mais elaborado que apenas ler, compreender e

responder textos.

Um trabalho monográfico exige do escritor noções bem mais

abrangentes que essas; como por exemplo, ser capaz de organizar seu

pensamento de forma clara e concisa adequando suas orações às normas

cultas que regem a nossa língua.

Portanto, como cobrar ao final do curso “bons” trabalhos

monográficos e profissionais com grande desenvoltura na fala e na escrita?

Esse com certeza será um grande desafio debatido nos próximos

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parágrafos.

Se enquanto a “Instituição”, universidade, não oferece meios,

recursos para que se possa cobrar do aluno, ao final de seu curso, um bom

trabalho escrito, como garantir a esse aluno todas essas habilidades

exigidas pela mesma instituição?

Pode-se compreender que o entendimento dos elementos da língua

acontece a partir do 4º ano do ensino fundamental e é reforçado com o

passar do desenvolvimento escolar, até sua conclusão no ensino médio.

Como hoje em dia, de acordo com os novos pilares da educação,

com a visão global do aprendizado do aluno, o vestibular precisou se

adequar às novas temáticas da Educação do Século XXI, onde se estimula

no aluno, sua visão crítico-interpretativa.

Após a leitura de textos classificados como literários e não-literários,

inicia-se um debate sobre a temática dele, geralmente de abrangência bem

atual, o que estimula o interesse do aluno, culminando em uma proposta de

elaboração de um texto “próprio” sobre o assunto debatido, onde terá que

expressar de forma escrita, suas opiniões. Aí se concentra o primeiro

desafio!

Grande parte desses alunos, vindos de um ensino médio traumático e

repleto de falhas, não conseguem expressar suas ideias no papel e

apresentam de forma dramática o encontro entre papel, caneta e suas

próprias ideias; o que cada vez mais leva o aluno a sentir frustrado e

traumatizado, não querendo mais participar desse tipo de experiência.

O docente universitário parte do pressuposto que seus alunos são

capazes de produzir esse tipo de texto, mas a realidade é que hoje, nas

universidades os discentes cada vez mais se apresentam de forma

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dependente e carente de opiniões. Não consegue se expressar de forma

autônoma, necessitando dos “ganchos” dos outros graduandos e dos

professores durante esses debates.

Fato é que as disciplinas universitárias são pluridisciplinares e em

grande parte das disciplinas, principalmente nos cursos de áreas humanas,

os debates e as produções de textos são bastante exploradas por quase

todas as disciplinas, não ficando a cargo somente da disciplina de Língua

Portuguesa.

Portanto, o aluno que se sente “traumatizado” linguisticamente, com

lacunas em sua própria língua sente uma enorme dificuldade, pondo

empecilho a toda e qualquer proposta relacionada à língua e começa a

questionar-se se esse tipo de prática não caberia somente à disciplina de

Língua Portuguesa. Desassociando cada vez mais sua língua materna da

sua realidade diária.

“Dessa forma, a bem do ensino e da preservação de um

patrimônio cultural dos mais importantes, que pé a língua

pátria, a referida pesquisadora propôs uma revisão crítica

dos estudos gramaticais do PORTUGUÊS, visando à

elaboração de uma gramática-padrão, para fins didáticos,

alicerçada na coerência e uniformização dos conceitos e

numa atitude científica de análise.”

(HAUY, 1994)

E assim, não se sente capaz de organizar ideias e elaborar um

“simples” texto ou resumo a cerca do tema debatido em sala; de onde

também poderia buscar ideias para construir sua própria produção. Por

quê?

O aluno não consegue relacionar seu dia-a-dia com os

conhecimentos gramaticais aprendidos, pois se estamos em contato com a

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Língua Portuguesa desde o ventre de nossas mães, e em todo o nosso

processo escolar, de forma mais sistemática, não é possível que não

conheçamos a língua da qual nos utilizamos diariamente e durante toda a

nossa vida.

Principalmente os alunos universitários escrevem a todo o momento,

por qual razão ainda continuam escrevendo tão mal? Por que não são

capazes de organizar suas ideias de forma coesa e coerente? Por que erros

de gramática “bobos”, ainda cometidos no ensino fundamental, que já

deveriam ter sido superados?

Uma linha de raciocínio para se compreender a falência da escrita

seria como essas produções de textos são motivadas e corrigidas. Como o

aluno encara a “redação”; como o professor repassa a ideia de dissertação;

qual o seu objetivo final. Apenas riscos em “vermelho-sangue”

constrangendo cada vez mais o aluno e o levando a escrever cada vez

menos, pois “não sabe escrever, não sabe português”, dentre tantos outros

jargões.

O fato é que o ensino de Língua Portuguesa precisa passar por uma

reformulação, seguindo os novos pilares da educação e do mercado de

trabalho, assegurado na LDB 9394/96, pois ambos defendem o recém

graduado, ao final de seu curso ser capaz de comunicar-se através das

modalidades oral e escrita com destreza e de forma segura e clara. Não

devendo se igualar aos alunos dos níveis fundamental e médio que têm

suas inseguranças, normais, para sua faixa etária e maturidade de

conhecimento.

É preciso também que haja uma reformulação por parte dos

docentes, que formulem suas aulas visando a habilidade escrita, pois a oral

o aluno desenvolve diariamente, com sua família e amigos, mas seu

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discurso escrito, suas produções, opiniões de forma clara e de

compreensão do leitor, essa caberá ao professor motiva-lo.

Mesmo sabendo que é mais trabalhoso, desgastante e cansativo o

professor deverá assumir para si essa responsabilidade, uma vez que esse

aluno chegou até a universidade, passando pelos outros níveis educativos

com essas dúvidas, mas não poderá sair da universidade escrevendo dessa

mesma maneira, pois o mercado de trabalho será cruel com ele e com a

universidade que o formou. É preciso valorizar a expressão escrita de

comunicação.

Não é de hoje que ouvimos pessoas dizendo que estão com todas as

idéias na cabeça, mas quando vão passar para o papel, dá o famoso

“branco”; isso porque não dominam de forma suficiente o assunto, por outro

lado, não possui bagagem de leitura, o que faz abrir seus horizontes e

conhecer outras opiniões.

Venho novamente “bater nessa tecla”, pois a leitura se faz de suma

importância para uma boa dissertação. Nos dias de hoje, na era das

abreviações, jornais resumidos, internet e outros meios, se faz cada vez

mais escasso ver pessoas lendo livros, poesias, ou algo parecido, mas cada

vez mais pessoas individualistas e com seus mp3, mp4, celulares e etc,

ouvindo músicas e viajando em suas próprias ideias.

O que é preciso entender é que só a leitura poderá nos dar essa

base, nos enriquecendo, retirando nossas dúvidas de gramática, de

ortografia, aumentando o nosso vocabulário e nos tornando cada vez mais

criativos em nosso universo, nos transformando em pessoas críticas, isto é,

"reconhecer a pertinência dos conteúdos apresentados, tendo como base o

ponto de vista do autor e a relação entre este e as sentenças-tópico"

(FAULSTICH, 2002, p.19); o que antigamente era bem mais comum e

incentivado, hoje, infelizmente, esses valores se perderam.

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Sem a prática leitora, uma dissertação não pode apresentar

argumentos plausíveis que sejam capazes de persuadir uma pessoa, no

caso de um advogado recém formado, onde em grande parte das vezes só

se comunica com juízes e desembargadores através da escrita e caso

escreva de forma incorreta, seu cliente poderá ser prejudicado, além de sua

imagem perder a credibilidade dentro daquela vara e com aqueles juízes,

que muitas das vezes, tecem comentários no próprio processo, corrigindo o

advogado, o que se torna vergonhoso.

É por causa desse tipo de conduta que muitas universidades

particulares estão priorizando em suas ementas a introdução de disciplinas

como as de práticas de redação, pois um professor que domina o conteúdo

pode exemplificar bem aos alunos determinados erros que poderão ser

evitados em suas futuras carreiras.

Escrever não é essencial apenas a intelectuais, escritores, jornalistas,

advogados ou professores de português. A escrita, como meio de

comunicação é para todos uma questão bem definida e planejada em vários

concursos públicos e vestibulares em geral, sendo até mesmo uma forma

de inclusão.

Na UNICAMP, a prova de redação vem ganhando novos objetivos.

Nesse momento, o candidato terá que ser capaz de resolver uma situação-

problema. A partir da leitura de textos, o estudante deve escolher uma

dissertação de natureza argumentativa, um texto persuasivo, sendo assim,

podemos exemplificar como leitura e escrita precisam e caminham juntas:

Escrever é uma prática social que consiste, em boa

medida, em escrever contra, sobre, a favor, ou, mais

simplesmente, a partir de outros textos. Não há escrita

sem polêmica, retomada, citação, alusão etc. Ninguém

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escreve a partir do nada, ou a partir de si mesmo.

(UNICAMP, 2001)

É clara a relevância da leitura nesses processos de seleção, uma vez

que possibilita ao estudante poder se expressar e expor suas ideias e

visões críticas a respeito de temas determinados, geralmente os da

atualidade, e quiçá levar o professor componente da banca a pensar

diferente, por isso se faz necessário desenvolver seu poder de persuasão.

Assim, o estudante poderá demonstrar seu conhecimento e suas

reflexões a cerca do tema determinado e ele, enquanto universitário deverá

cada vez mais desenvolver essa habilidade, pois aquele que escreve mal é

porque não conseguiu organizar seu pensamento, não tem uma visão crítica

dos pontos apresentados em cada disciplina. Àquele que não tem o que

dizer, de nada adianta saber regras gramaticais e muito menos saber

selecionar palavras ou expressões, se não conseguir fazer um elo com isso

tudo seu texto será apenas uma reunião de expressões; sem relação entre

elas, sendo assim, seu texto ficará sem sentido, sem seu “toque” peculiar.

Antes de escrever é necessário refletir a cerca do tema sobre o qual

se dissertará, pois a escrita é um diálogo velado com o outro, onde há a

necessidade de se fazer entender de forma clara,pois o leitor estará sozinho

e não poderão surgir dúvidas a respeito do assunto em questão.

Mas, infelizmente, nem todas as universidades públicas seguem o

exemplo das particulares e abolem de suas ementas as disciplinas que

visam atuar sobre essa área de conhecimento, podendo colaborar para o

desenvolvimento desse aluno, principalmente na área das ciências exatas;

acreditando que um engenheiro não terá necessidade de se comunicar num

processo seletivo ou uma dissertação sobre suas aspirações àquele cargo

dentro da empresa, ou na criação de um projeto.

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É com essa visão falha que muitos alunos, saem das universidades,

repletos de lacunas, e nas entrevistas feitas com alguns desses alunos de

universidades públicas em alguns cursos como: engenharia de produção,

matemática e ciência da computação, onde os alunos nem sequer tiveram

um período de Português instrumental ou Técnicas de redação, nada.

Dessa forma, na conclusão de seus cursos, quando lhes fora exigido

o TCC (trabalho de conclusão de curso), que se depararam com a

realidade: de que não foram capacitados para tal habilidade, o desespero

começou a surgir; prazos que não são prorrogados e lacunas intermináveis,

que naquele momento, não podiam mais ser preenchidas.

O que fazer? Como seriam capazes de resolver aquele imenso

problema onde muitas das vezes, seus próprios docentes os questionaram:

“Como você chegou até aqui e não sabe escrever? Você não escreve

nada!”

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CAPÍTULO III

FRUSTRAÇÃO QUE ALIMENTA O MERCADO DE

MONOGRAFIAS

Mediante todas as explanações feitas a cerca do tema em questão,

neste capítulo observaremos sobre as consequências geradas a partir

dessas lacunas deixadas na disciplina Língua Portuguesa pelos ensino

fundamental e médio, que se reflete no ensino superior.

Depois de tantas frustrações, o aluno decepcionado com sua

capacidade de comunicação escrita, uma vez que, passou tanto tempo

“estudando” sua língua materna e percebe que não é capaz de escrever seu

TCC (trabalho de conclusão de curso), opta por recorrer a meios mais

fáceis, incorretos, mas fáceis.

Quando não desiste ele próprio de escrever sua produção por esse

motivo, se sente desmotivado por parte de seu orientador que insiste na

ideia de que “ele não sabe escrever”; o que também o leva a procurar o

mercado de monografias prontas.

Essa prática vende ideias do tipo em site de pesquisas de

graduações e pós-graduações

“Nesta seção disponibilizamos algumas MONOGRAFIAS

PRONTAS que foram elaboradas para atender as suas

necessidades. Todas as MONOGRAFIAS PRONTAS,

exposta nesta seção foi elaborada por nossa equipe,

sendo assim, não existe risco algum de encontrar as

mesmas MONOGRAFIAS PRONTAS na Internet. Damos

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total garantia de exclusividade das MONOGRAFIAS

PRONTAS expostas neste site. Através de nosso

controle de saída, sabemos exatamente se a

MONOGRAFIA foi ou não comercializado para sua

cidade”

(Texto apresentado no site http://www.trabalhos-prontos-

escolares.com/monografiasprontas.htm)

Apesar de constituir crime segundo o artigo 299 do Código Penal

“Art. 299 – Omitir, em documento público ou particular,

declaração que dele devia constar, ou nele inserir ou

fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser

escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou

alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante;

Pena – reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o

documento é público, e reclusão de um a três anos, se

multa, se o documento é particular.

Parágrafo único – Se o agente é funcionário público, e

comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a

falsificação ou alteração é de assentamento de registro

civil, aumenta-se a pena de sexta parte.”

essa prática é altamente procurada e de fácil acesso, basta conectar-se a

um site de pesquisa e se abrem várias páginas, mesmo correndo o risco de

responder à inquérito por falsidade ideológica, muitos alunos recorrem à

esses meios.

O que não intimida os interessados em procurarem esse mercado

cada vez mais variado, como produtos em prateleiras de supermercados. A

venda de monografias se disseminou pela internet. O saber, exposto na

rede como no supermercado, virou objeto de consumo.

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Sendo assim, o aluno procura sobre qual área e assunto deseja

“escrever” e entra em contato virtual com a empresa, após pagar seu

trabalho é liberado.

Essas empresas garantem ainda trabalho único, pois é elaborado por

seu próprio corpo docente, o que não impressiona o fato de professores

estarem envolvidos nessa prática ilegal.

Com esse atendimento personalizado, o aluno não corre o risco de se

deparar com um outro trabalho semelhante ao seu. Será? Como seria

possível escrever sobre o mesmo tema, diversas vezes, de forma variada?

As empresas se apresentam de uma forma bastante séria e

comprometida com a aprendizagem dos alunos, haja vista seus discursos

para venda, como nesse trecho

“Não fornecemos informações sobre os nossos clientes

que particularmente são graduados e pós-graduados.

Entendemos o estudante como refém de um sistema

verticalizado na qual precisa ultrapassar uma etapa da

formação e procuramos atender a este objetivo da

maneira mais eficiente possível, e somente a estes nos

reportamos sobre a sua solicitação.

A TRABALHOS PRONTOS ESCOLARES

(MONOGRAFIAS PRONTAS.COM) não repassa a

pesquisa requisitada a outra pessoa durante o decorrer

do período letivo, contudo se reserva o direito de faze-lo

depois disso, até porque outras pessoas poderão utilizar

a pesquisa efetuada num momento futuro, no entanto,

nunca o faremos para a mesma cidade ou escola em que

a pesquisa foi originalmente solicitada.”

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Não é possível que isso seja verdade. Como poderiam os professores

dotarem de tamanha criatividade e esmero para criarem diversos tipos de

trabalhos para serem apresentados e ainda prometerem pessoalidade e

nunca, jamais o mesmo trabalho para a mesma cidade. Difícil de acreditar,

não?

Esse mercado é cada vez mais motivado e procurado, principalmente

pelo fato de vivermos em uma sociedade, onde é mais fácil, prático e é o

ponto forte de divulgação dessas empresas, a comodidade em: você paga,

escolhe seu tema e alguém prepara o seu trabalho de conclusão de curso

(graduação ou pós) adaptando-o às normas da ABNT; isso é fascinante!

Outro argumento tentador é o fato da frustração em sua língua

materna, ainda mais se o aluno já tentou fazer o seu próprio trabalho e sua

tentativa foi “por água baixo”, o meio mais fácil e garantido é esse, bem

mais cômodo, porém bastante arriscado.

Quando o aluno precisa defender sua monografia, com sua

apresentação perante a banca, é que o crime de falsidade ideológica se

configura, além da banca examinadora perceber o falta de intimidade do

“autor” da obra com a própria obra, o que muitas vezes fica evidente, pois

quando é uma criação sua, sua linha de pesquisa e ao final, consegue ver

seu sonho de meses de escrita e de anos de graduação, concretizado, sua

felicidade é tamanha e percebida por todos.

Infelizmente o crime não se configura quando as pessoas

comercializam os trabalhos monográficos, somente falta de conduta,

moralmente condenável como diz a promotora da 3ª Vara Criminal de

Teresina, Rita Teixeira:

“Quem utiliza a monografia comprada está praticando o

crime. Quanto à pessoa que fez, não há prática de crime.

A conduta é moralmente e eticamente condenável, mas

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não está prevista no Código Penal. Então, não podemos

fazer nada. Mais ainda vou analisar a alegação e darei

uma reposta até sexta-feira.”

O mercado e fácil e com bastante procura, os preços variam de R$

300,00 a R$ 2.000,00; variando de acordo com o número de páginas do

trabalho produzido e podem ser parcelados em até duas vezes.

Na entrega do trabalho, o aluno tem direito além do trabalho pronto,

datashow e a uma aula com as possíveis perguntas feitas pela banca

examinadora. Qualquer pessoa pode encomendar seu trabalho

monográfico, basta preencher um desses questionários contidos nos sites

de venda e pronto! A comodidade facilita ainda mais o processo de

comercialização da prática ilegal.

Dessa forma, o mercado é expansivo e difícil de se encontrar os

envolvidos pois a utilização da internet e o não-contato com o “cliente”

preserva o comerciante virtual, o que dificulta a ação da polícia e quase

sempre como consequência, o arquivamento do inquérito.

Denúncias atuais comprovam que do campo virtual essa prática já

alcançou os corredores das Universidades, onde, ali mesmo as transações

são “acertadas e comercializadas”, muitas vezes nem necessitando da

escolha do tema por parte do aluno.

De acordo com o estudante de Direito de uma faculdade particular de

Teresina e vendedor de monografias, o cursos que tem maior demanda na

compra de TCCs é Direito. O universitário afirma que, no último ano, a

venda de monografias cresceu algo em torno de 30%. Ele atribui o

crescimento ao surgimento de faculdades em Teresina, inclusive

faculdades virtuais, e à falta de tempo dos graduandos. "Acredito que 80% das

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pessoas que me pedem monografias têm emprego e não têm tempo de fazer um

trabalho mais elaborado" (universitário que não quis se identificar)

Indagado sobre sua prática antiética diz que

"não é algo ilícito. Se não está tipificado no Código Penal

Brasileiro, é lícito, mas isso não quer dizer que seja

correto. Se vender monografias fosse proibido hoje, eu

certamente pararia. Sou estudante de Direito e tenho

meus princípios.”

Comercializar ou plagiar textos feitos por terceiros pode dar de três

meses a um ano de reclusão, previsto no Artigo 184 do Código Penal, de

acordo com a Lei dos Direitos Autorais. Se essa reprodução visa lucro, a

pena pode chegar até quatro anos de detenção.

Quem compra trabalhos prontos, um crescente mercado nos últimos

anos, para uma única apresentação, sem plágio de textos na íntegra,

contribui para esse mercado.

Muitos professores usam táticas simples para identificar as cópias,

como colocar em sites de busca frases que estão na publicação avaliada.

Erros grotescos ou monografias complexas podem ser pistas para a

identificação da infração, que quando pega, além as sanções internas na

instituição, como cassação do diploma, reprovação e etc., o aluno também

responde penalmente pela falta de conduta.

Cair na tentação de comprar uma monografia, além de colocar em

risco toda a sua vida (profissional) também compromete sua ética, o que

contrapõe os princípios morais de qualquer profissional, independente de

sua área de atuação.

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Portanto, cabe aqui os questionamentos de se vale a pena arriscar-se

tanto para conseguir produzir seu trabalho monográfico. Vale mais a pena

sanar suas dúvidas em Língua materna e produzir com calma e

tranquilidade seu trabalho, de forma com que você mesmo o produzirá

acerca de um tema escolhido e desejado; o que mais lhe agrada dentro de

seu curso.

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CONCLUSÃO

Após tamanha reflexão sobre o ensino de Língua Portuguesa nos

cursos fundamental e médio, o superior não poderia se apresentar de outra

forma; repleto de falhas.

Falhas essas que poderiam ser solucionados por o poder público e

professores mais empenhados no papel de educar, dessa forma seria

possível uma educação mais comprometida e visando a prática profissional

de seus alunos, além do total desenvolvimento do educando, em todas as

áreas do saber.

Quando as universidades estão fielmente comprometidas com a

educação e bem desempenham seu papel, procuram dar suporte a esse

aluno repleto de lacunas, dando a ele a oportunidade de se encontrar de

forma mais útil possível com sua língua, mostrando a ele que é capaz de

escrever, desde que saiba quais são seus objetivos linguísticos.

Quando cada um desempenhar sua função satisfatoriamente, não

sobrará campo para a ilegalidade, quando o aluno se convencer de que é

capaz de produzir seu próprio trabalho de conclusão de curso, sozinho, de

forma autônoma, não haverá necessidade de se recorrer a meios ilegais,

colocando seu futuro e diploma em risco.

Para finalizar, a conclusão desse trabalho monográfico é que aluno

seguro de própria língua é um aluno satisfeito e um profissional que

desempenhará seu papel de forma brilhante e atuante na sociedade, sem

temer a qualquer entrevista, dinâmica ou dissertação a cerca de suas

aspirações profissionais, pois sua língua lhe dá segurança e quando a

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domina, isso o torna diferente, fazendo com que saia na frente em um

processo seletivo profissional.

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BIBLIOGRAFIAS E WEBGRAFIAS

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Edições Loyola, 2004

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CÂMARA JÚNIOR, Joaquim Mattoso. Estrutura da língua portuguesa.

Petrópolis: Vozes, 2008

Ementa dos cursos de graduação, 2010. Disponível em: www.uerj.com.br.

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HAUY, Amini Boainain. Da necessidade de uma gramática padrão da língua

portuguesa. São Paulo: Àtica, 1994

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debate-problemas-e-perspectivas-948972.html. Acessado em: 29 de março

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Trabalhos monográficos prontos. Disponível em: http://www.trabalhos-prontos-

escolares.com/monografiasprontas.htm. Acessado em: 14 de agosto de 2010.

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. Comunidades discursivas, gêneros e ensino in

Bastos, Neusa Barboa (org). Língua portuguesa: cultura e identidade

nacional. São Paulo: IP-PUC-SP, EDUC, 2010

TRAVAGLIA, Luiz Carlos, ARAÚJO, M. H. S.; PINTO, M. T. F. A.

Metodologia e prática de ensino da língua portuguesa. Porto

Alegre/Uberlândia: Editora da Universidade Federal de Uberlândia, 2007

TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A relevância social dos estudos lingüísticos e ensino de língua. In CORREA, Djane Antonucci (org.) A relevância social da Lingüística: linguagem, teoria e ensino. São Paulo: Ponta Grossa, UEPG, 2007

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ANEXOS

30/06/2008 - 13:53 - Flávia Rocha Venda de trabalhos Máfia das Monografias: depois de 10 meses, Delegacia não pode investigar

Tamanho da fonte:

A Máfia das Monografias em Teresina foi denunciada em maio do ano passado em matéria da TV Clube. Em agosto, o Ministério Público, através da promotora Rita de Fátima Teixeira, pediu à Delegacia Geral a instauração de inquérito policial. Depois de seqüentes cobranças durante 10 meses, a promotora de justiça recebeu, na última quinta-feira (26), uma resposta: a Delegacia Geral alega que não pode instaurar inquérito. Com a alegação, o caso pode não ser investigado e, o pior, dá subsídios para a banalização da venda de monografias e trabalhos de conclusão de cursos do ensino superior nas universidades e faculdades de Teresina. Na matéria veiculada na TV Clube, em maio de 2007, produzida pelas jornalistas Karina Matos e Flávia Rocha, foram exibidos classificados de jornais e gravações telefônicas que mostravam como funcionava o esquema. Profissionais pós-graduados e funcionários públicos anunciavam a venda de monografias e TCC’s nos classificados para aqueles que não querem ter trabalho ou se julgam incapazes. O preço da monografia variava de R$ 300 a R$ 1000. Qualquer pessoa podia fazer o pedido, não precisava nem sugerir o tema, apenas uma ligação. O pagamento podia ser feito em até duas vezes. No final, o trabalho era entregue todo pronto, com direito a datashow e “aula” sobre as possíveis perguntas da banca examinadora. Segundo a promotora da 3ª Vara Criminal, Rita Teixeira, a Delegacia Geral alega que a conduta é atípica e não há como se configurar a prática de falsidade ideológica. “Quem utiliza a monografia comprada está praticando o crime. Quanto à pessoa que fez, não há prática de crime. A conduta é moralmente e eticamente condenável, mas não está prevista no Código Penal. Então, não podemos fazer nada. Mas ainda vou analisar a alegação e darei uma resposta até sexta-feira”, disse a promotora. Quem compra um TCC pode ser enquadrado no crime de falsidade ideológica e pegar pena de um a cinco anos de reclusão e pagamento de multa previsto no Código Penal Brasileiro. "O problema é que não tem como se chegar a quem comprou. Isso devia ser feito nas universidades, com uma banca examinadora bem feita", concluiu a promotora de justiça Rita Teixeira.

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FORMULÁRIO PARA ENVIO DE ORÇAMENTO

Para realizarmos um orçamento do seu trabalho acadêmico e necessário que preencha o formulário abaixo por completo. OBS: O seu pedido de orçamento será retornado no prazo máximo de 6 horas, em horário comercial. A fim de evitar erros e transtornos

futuros pedimos que preencha o formulário por completo não deixe nenhum campo em branco.

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* Titulo do Trabalho: * Foco da Pesquisa: Matéria Relacionada: * Tipo de Trabalho: Selecione o Tipo de Trabalho

* Área de Estudo: Selecione a Área

* Entrega da 1º Prévia: * Entrega da 2º Prévia: * Data de Entrega Final: *

Descrição do Trabalho:

Tópicos, Itens ou Sumário Básico :

Objetivos do Trabalho:

Informações Adicionais:

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Bibliográfias Básicas:

Número de páginas: exemplo.: 50 * Aceito o Termo Adesão: *( LEIA O TERMO DE ADESÃO )

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