50
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA NO DIREITO COMPARADO: UMA VISÃO CRÍTICA Por: Maria Tereza Faria Orientador Prof. Dr. FRANCIS RAJZMAN Rio de Janeiro 2010

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

  • Upload
    vocong

  • View
    212

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA

SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA NO DIREITO

COMPARADO: UMA VISÃO CRÍTICA

Por: Maria Tereza Faria

Orientador

Prof. Dr. FRANCIS RAJZMAN

Rio de Janeiro

2010

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA

SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA NO DIREITO

COMPARADO: UMA VISÃO CRÍTICA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Direito e

Processo Penal

Por: Maria Tereza Faria

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

3

RESUMO

Pesquisa de direito brasileiro e direito comparado acerca da

execução provisória da sentença e o princípio da presunção de inocência.

O tema envolve questão polêmica entre vedação de liberdade

individual, que suscita, no âmbito penal, a ponderação entre prisão e a

intangibilidade de garantias constitucionais.

Também na prática, é tema controverso, quanto à eficácia da

aplicação da execução provisória da sentença penal, pois quando se trata, por

exemplo, de condenados pobres ou miseráveis, no aguardo de julgamento

recursal por tempo que chega a ultrapassar a própria duração da pena, gera a

sensação de injustiça ao jurisdicionados. Por outra banda, o princípio da

presunção de inocência, quando conclamado para garantir o aguardo de

recurso em liberdade a autores de delitos até mesmo gravíssimos, como

normalmente acontece com apenados de classe social abastada, gera a

sensação de impunidade aos jurisdicionados.

A intenção é confrontar o sistema jurídico pátrio com outros

sistemas jurídicos com a finalidade de tecer uma visão crítica sobre o assunto

em questão se justifica não só pelo estudo e pesquisa do tema, mas também

pela opinião crítica do autor a fim de verificar se o Direito Penal Brasileiro está

pautado em um modelo de política criminal ínsito em seu tempo, assim como

os direitos com ele comparados.

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

4

METODOLOGIA

Pelo fato de o assunto abordar tema atual, que ainda se encontra

sendo alvo de revisão no universo jurídico nacional, a metodologia da pesquisa

consistiu em consultar não apenas leis, códigos, livros de doutrina,

jurisprudência e artigos jurídicos publicados eletronicamente.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

5

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 6

CAPÍTULO I

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

7

CAPÍTULO II

A PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA NO DIREITO PÁTRIO EM CONSONÂNCIA

COM O DIREITO INTERNACIONAL 11

CAPÍTULO III

O PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA NAS CONSTITUIÇÕES

MUNDIAIS 19

CAPÍTULO IV

EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE -

ENTENDIMENTOS A FAVOR 25

CAPÍTULO V

ENTENDIMENTOS CONTRA A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA

PRIVATIVA DE LIBERDADE 32

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA 43

ÍNDICE 48

FOLHA DE AVALIAÇÃO 50

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

6

INTRODUÇÃO

Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento

jurídico, independentemente de estarem positivados em norma legal.

O princípio da presunção de inocência é a garantia de que será

mantido o estado de inocência do réu até o trânsito em julgado da sentença

condenatória.

A positivação da presunção de inocência em diversas Constituições,

incluindo a brasileira, coincide com a superação de regimes totalitários e

autoritários e com a inauguração da ordem democrática global.

Mesmo assim, ainda que relevante o caráter geral e amplo que

detêm os direitos humanos, onde neles se inclui a presunção de inocência, a

compreensão da amplitude de seu alcance vê-se mitigada, em nossos dias,

pela aplicação da execução provisória da sentença antes da ocorrência do

trânsito em julgado.

Ao contrário do que o senso comum possa proclamar, a presunção

de inocência não está para impedir a custódia cautelar do infrator, mas para

reforçar os critérios para sua decretação, dentre eles, perigo à atividade

processual ou policial, como medida extrema, subordinada a requisitos diretos

de legalidade.

O Código de Processo Penal brasileiro data da primeira metade do

século passado está sendo reformado aos poucos, em que pese quase todos

os nosso países vizinhos já tiveram sua reforma no Processo Penal, como a

Argentina, Guatemala, Costa Rica, El Salvador, Chile, Bolívia e Paraguai.

Urge, portanto, a reforma completa do velho codex processual

nacional, tendo em vista que o contexto mundial nos favorece e já estarmos

atrasados em relação a esses países.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

7

CAPÍTULO I

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE

INOCÊNCIA

O princípio da presunção de inocência tem sua origem na

Antiguidade, em texto de Domitius Ulpianu, o favor rei: ―Ninguém deve ser

condenado por suspeitas, porque é melhor que deixe impune o delito de um

culpável que condenar um inocente‖ (CORPUS IURIS CIVILIS. Dig. 48,19,5.

Obra publicada entre os anos 529-534, por ordem do imperador bizantino

Justiniano apud PINTO, Felipe Martins p.79).

Santo Tomás de Aquino, na sua obra Suma Teológica

(http://www.permanencia.org.br/sumateologica/suma.htm), tratou de questões

ligadas à justiça, justamente delineando a importância da presunção de

inocência, do desenvolvimento da jurisdição e do processo.

Aquino conceitua as três causas da suspeita, que certamente

poderiam ser as mesmas que levam as pessoas a ter presunção de

culpabilidade em face do acusado e mais especifica-mente, no aspecto de que

―somos maus e por isso pensamos mal dos outros‖; ou, nós, integrantes de

sociedade, ―temos má vontade para com os outros‖ (a afeição tolhe a razão);

ou ainda, ―a experiência nos faz mais desconfiados‖ (os velhos suspeitam mais

dos jovens).

Ainda na Suma Teológica, artigo IV, afirma-se o princípio da dúvida

a favor do réu: in dubio pro reo, porque é melhor enganar-se muito, fazendo

muito boa opinião de outrem, a enganar-se raramente, julgando mal.

O in dubio pro reo pode ser identificado desde o direito romano, por

influência do Cristianismo. Porém, o princípio da presunção de inocência, regra

tradicional no sistema da common law, insere-se entre os postulados

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

8

fundamentais que presidiram a reforma do sistema repressivo empreendida

pela Revolução Liberal do século XVIII.

A evolução histórica da presunção de inocência pode estar inserida

principalmente após a edição da Magna Carta de 1215, que surgiu a partir de

um poder real e soberano instituído na Inglaterra com a supremacia do rei

sobre os barões feudais, reforçada durante o século XIII.

Desde então, sempre foi necessário que fossem tomadas

precauções para proteger a figura do cidadão, inocente de investigações e

condenações injustas, levando-se em consideração a possibilidade do erro, os

princípios humanistas de presunção da inocência e o in dubio pro reo, como

ditames de um procedimento penal orientado aos fundamentos do Estado

Democrático de Direito.

A positivação da presunção de inocência em diversas Constituições,

incluindo a brasileira, coincide com a superação de regimes totalitários e

autoritários e a inauguração da ordem democrática.

A França detém o pioneirismo, tendo, após a Revolução Francesa,

publicado a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, em 1789, que

previu em seu art. 9°:

Todo homem é tido como inocente até o momento em

que seja declarado culpado; se for julgado indispensável

para a segurança de sua pessoa, deve ser severamente

reprimido pela lei (Wikipédia. Declaração dos Direitos do

Homem e do Cidadão).

Após, foi seguida pela Constituição italiana de 1986, promulgada

após a queda do Fascismo, pela Constituição Portuguesa de 1978,

consequente à Revolução dos Cravos, e pela Constituição Espanhola de 1973,

decorrente da derrubada do Regime Franco.

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

9

Não podemos nos furtar de citar o artigo 11, da Declaração dos

Direitos Humanos da Organização das Nações Unidas – ONU – de 1948:

Artigo 11 - I) Todo o homem acusado de um ato delituoso

tem o direito de ser presumido inocente até que a sua

culpabilidade tenha sido provada de acordo com a lei, em

julgamento público no qual lhe tenham sido asseguradas

todas as garantias necessárias a sua defesa.

II) Ninguém poderá ser culpado por qualquer ação ou

omissão que, no momento, não constituíam delito perante

o direito nacional ou internacional. Também não será

imposta pena mais forte do que aquela que, no momento

da prática, era aplicável ao ato delituoso (dhnet-

Declaração Universal dos Direitos Humanos).

Outrossim, a Convenção Americana sobre Direitos Humanos,

conhecida como Pacto de São José da Costa Rica, aprovado em 1969, que

entrou em vigor internacionalmente em 1978, prevê, em seu artigo 8.º, 1 e 2:

Artigo 8º - Garantias judiciais

1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas

garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou

tribunal competente, independente e imparcial,

estabelecido anteriormente por lei, na apuração de

qualquer acusação penal formulada contra ela, ou para

que se determinem seus direitos ou obrigações de

natureza civil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra

natureza.

2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se

presuma sua inocência enquanto não se comprove

legalmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

10

tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias

mínimas:

a) direito do acusado de ser assistido gratuitamente por

tradutor ou intérprete, se não compreender ou não falar o

idioma do juízo ou tribunal;

b) comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da

acusação formulada;

c) concessão ao acusado do tempo e dos meios

adequados para a preparação de sua defesa;

d) direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de

ser assistido por um defensor de sua escolha e de

comunicar-se, livremente e em particular, com seu

defensor;

e) direito irrenunciável de ser assistido por um defensor

proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segundo

a legislação interna, se o acusado não se defender ele

próprio nem nomear defensor dentro do prazo

estabelecido pela lei;

f) direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes

no tribunal e de obter o comparecimento, como

testemunhas ou peritos, de outras pessoas que possam

lançar luz sobre os fatos;

g) direito de não ser obrigado a depor contra si mesma,

nem a declarar-se culpada; e

h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal

superior (dhnet – Pacto de San Jose da Costa Rica).

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

11

CAPÍTULO II

A PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA NO DIREITO PÁTRIO EM

CONSONÂNCIA COM O DIREITO INTERNACIONAL

No Brasil, a primeira vez em que a presunção de inocência integrou

expressamente uma Constituição foi em 1988, considerada um verdadeiro

marco no processo de redemocratização brasileira, iniciada a partir do

crepúsculo do Regime Militar, em 1984, e que traz como conteúdo

determinante a preocupação notória com a estruturação de um sistema de

direitos e garantias individuais.

Diz o texto da Constituição Brasileira de 1988 em seu artigo 5.°,

inciso LVII: "ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de

sentença penal condenatória".

Dessa forma, o acusado de ato ilícito tem o direito de ser tratado

com dignidade enquanto não se solidificam as acusações.

A presunção de inocência, na carta política de 88, encontra-se

implícita, vez que o texto constitucional não coloca claramente o pressuposto

de ser o réu inocente, mas tão somente não carrega consigo a culpa pelo fato

que lhe é imputado pela acusação.

Tal princípio, ainda que positivado em 1988, já foi arrolado pela

doutrina pátria dentre os princípios gerais que regiam o direito processual

penal, consoante exemplo do RE86297-SP, do STF, julgado em 1969.

Vale lembrar que, em solo pátrio, desde o início do século passado,

Rui Barbosa, conectado às normas internacionais, já observava a necessária

observância do princípio da presunção de inocência:

Não sigais os que argumentam com o grave das

acusações, para se armarem de suspeita e execração

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

12

contra os acusados. Como se, pelo contrário, quanto mais

odiosa a acusação, não houvesse o juiz de se precaver

mais contra os acusadores, e menos perder de vista a

presunção de inocência, comum a todos os réus,

enquanto não liquidada a prova e reconhecido o delito

inocência (O Dever do Advogado apud FONSECA,

Adriano Almeida).

A forma como está enunciado na constituição, entretanto, ensejou

por si mesma alguns debates a respeito do seu alcance. Isso porque não se

repetiu a fórmula consagrada na Declaração dos Direitos do Homem e do

Cidadão, bem como pela Declaração Universal dos Direitos do Homem de

1948, assim também pela Convenção Americana de Direitos Humanos de

1969.

No entanto, é cediço que não se pode dar à norma vigente

interpretação meramente literal, ou seja, de que o legislador constituinte de

1988 não teria adotado o princípio da presunção de inocência, mas o distinto

princípio da não-culpabilidade, que teria menor abrangência.

Até porque, desde que o Congresso Nacional, através do Decreto

Legislativo n.º 27, de 26 de maio de 1992, aprovou o texto da Convenção

Americana sobre Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) e o

Governo Brasileiro em 25 de setembro de 1992, depositou a Carta de Adesão

a esta Convenção, e determina seu integral cumprimento pelo Decreto n.º 678,

de 06 de novembro de 1992.

E, com a inserção do parágrafo §3.º, no artigo 5.º da CRFB/1988,

promovida pela Emenda Constitucional de n.º 45/2004, que tratou da Reforma

do Judiciário, trouxe inovação no sentido de que os tratados internacionais de

direitos humanos poderão ter status de emenda constitucional, dependendo

para tal do mesmo quorum especial exigido para reforma do texto

constitucional.

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

13

Assim, a Suprema Corte do país entendeu que o caráter especial

desses diplomas internacionais sobre direitos humanos lhes reserva lugar

específico no ordenamento jurídico, estando abaixo da Constituição, porém

acima da legislação interna. O status normativo supralegal dos tratados

internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil foi reconhecido pelo

pleno do STF, no julgamento do RE 349.703, em 3/12/2008, publicado DJE de

5/06/2009 (STF- A constituição e o supremo).

Portanto, o princípio da presunção de inocência é um direito

fundamental, inerente aos direitos humanos.

E os direitos humanos são um conjunto de condições, garantias e

comportamentos, capaz de assegurar a característica essencial do homem, a

sua dignidade, de forma a conceder a todos, sempre, o cumprimento das

necessidades inseridas em sua condição de pessoa humana.

A doutrina (Moraes, 1998) ressalta algumas características próprias

desses direitos, sendo: 1) Universalidade - todo e qualquer ser humano é

sujeito ativo desses direitos, independente de credo, raça, sexo, cor,

nacionalidade, convicções; 2) Inviolabilidade - esses direitos não podem ser

descumpridos por nenhuma pessoa ou autoridade; 3) Indisponibilidade - esses

direitos não podem ser renunciados. Não cabe ao particular dispor dos direitos

conforme a própria vontade, estes devem ser sempre seguidos; 4)

Imprescritibilidade - eles não sofrem alterações com o decurso do tempo, pois

têm caráter eterno; 5) Complementaridade - os direitos humanos devem ser

interpretados em conjunto, não havendo hierarquia entre eles.

A figura da presunção de inocência, conforme Alves Bento (BENTO,

2007), enquanto presunção de não culpabilidade e enquanto instrumento do

exercício da pretensão punitiva estatal, deve ser identificada como um corolário

direto do Devido Processo Legal, para que se discuta a culpabilidade, dentre o

exercício das garantias da ampla defesa, do contraditório e da proibição de

utilização de provas ilícitas.

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

14

Em contraponto, ensina a professora Simone Schreiber

(SCHREIBER, 2005), apontando divergência hermenêutica:

De fato, a Constituição Federal Brasileira adotou a

redação do art. 27.2 da constituição italiana de 1948, a

qual por sua vez resultou de um movimento

protagonizado por parte da doutrina italiana que defendia

a restrição do alcance do princípio da inocência, com

vistas a garantir a eficácia do processo penal. Enrico Ferri

sustentava que só se poderia admitir a presunção de

inocência do delinqüente ocasional que houvesse negado

a prática do crime, e mesmo assim somente enquanto

não se reunisse prova indiciária contra ele. A própria

instauração do processo criminal autorizaria que se

presumisse a culpa do imputado, e não sua inocência.

Vicenzo Manzini refuta com veemência o princípio,

qualificando-o como absurdo, "una extravagancia

derivada de los viejos conceptos, nacidos de los

princípios de la Revolución francesa, por los que se llevan

a los más exagerados e incoherentes excesos las

garantias individuales”. Para Manzini, considerando que

as presunções são meios de prova indireta através dos

quais se chega a determinado convencimento, absoluto

ou relativo, com base na experiência comum, é impróprio

falar em presunção de inocência. Isso porque, com base

na experiência, não se pode afirmar que a maior parte

dos imputados tenha sido declarada inocente ao final do

processo. Ademais, a própria imputação se apóia em

indícios previamente colhidos contra o processado, o que

por si impede que seja presumido inocente. Sustenta

ainda que a presunção de inocência, tomada em todas as

suas conseqüências, teria que levar, por exemplo, à

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

15

abolição da prisão cautelar, e tornaria inócua a própria

persecução criminal.

No entanto, a prevalência do poder estatal em face da liberdade

individual do cidadão, ainda hoje prestigiada, é típica da inquisição, época

marcada por arbitrariedade. Tal período tinha como traço marcante o poder de

instrutor, acusador e julgador concentrado em uma única pessoa, o juiz,

retirando todas as garantias possíveis ao pleno exercício da defesa, tendo

ainda como características ser totalmente escrito, secreto e, ainda desprovido

do contraditório.

Foi Cesare Bonesana - Marquês de Beccaria - em sua obra ―Dos

Delitos e das Penas‖, que iniciou a reagir contra os processos inquisitórios.

Sua obra influenciou o processo penal, de forma a ser considerada

dentre os primeiros marcos oposicionistas para a presunção da culpabilidade,

preconizada pelo período iluminista de cunho inquisitório.

Assim, Cesare Bonesana registrava a necessidade da presunção

de inocência do homem:

A um homem não se pode chamar de culpado antes da

sentença do juiz, nem a sociedade pode negar-lhe a sua

protecção pública, senão a partir do momento em que for

decidido que ele violou os pactos por intermédio dos

quais ela lhe foi concedida. Qual é, pois, o direito, se não

o da força que dá potestas ao juiz para impor uma pena a

um ar enquanto há dúvidas se é réu ou inocente? Não é

novo este dilema: ou o crime é certo ou incerto. Se certo,

não convém que se lhe aplique outra pena diferente

daquelas que se encontram previstas na lei, e é inútil a

tortura porque inútil à confissão do réu; se for incerto, não

se deve atormentar um inocente, pois ele é, segundo a

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

16

lei, um homem cujos delitos não estão provados.

(BECCARIA,1764)

As previsões garantistas de dignidade humana privilegiam a

preservação do princípio da presunção de inocência como se pode ver até

então, a partir de todos os diplomas legais aqui abordados, assim como não

podem deixar de ser citados: a Convenção Européia para Proteção dos

Direitos do Homem, 1950; o Pacto Internacional sobre Direitos Civis e

Políticos, 1966; a Convenção Européia de Direitos Humanos, 1990; a Carta

dos Direitos Fundamentais da União Européia, 2000.

No entanto ainda persistam modelos processuais penais ligados a

um sistema antigo, em que a justiça penal funciona como uma forma alienada

de controle social. Segundo Dornelles, ―é a constituição de um novo sentido

comum penal que aponta para a criminalização da miséria‖ que funciona como

―um mecanismo perverso de controle social‖ que serve para ―regular o trabalho

assalariado precário em sociedades capitalistas neoliberais‖ (Dornelles).

De outra banda, a ênfase contemporânea dada à integração cultural

e política dos Estados como comunidades supranacionais, busca mecanismos

capazes de estimular reformas como é o caso do projeto do Código de

Processo Penal Modelo para Íbero-América, apresentado às XI Jornadas

Ibero-Americanas de Direito Processual (Rio de Janeiro, 1988). Acerca do

codex, segundo Ada Pellegrini (GRINOVER, p. 544):

O Código Modelo de Processo Penal para Ibero-América

procura servir de base a uma impostergável política

renovadora, recolhendo a tradição cultural que desde o

início tem inspirado o processo uniformizador. Parte

assim, das propostas das ―Quintas Jornadas

Iberoamericanas de Direito Processual‖ (Bogotá-

Cartagena. 1970), que haviam acolhido como bases

principais as lançadas por Niceto AIcalá-Zamora para o

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

17

Código de Córdoba. Estas bases, junto com as de Clariá

Olmedo e Velei Maricoade (Bases para a unificação

legislativa em matéria processual penal na América

Latina), para cujo aperfeiçoamento muito colaborou Victor

Fairén-Guillén, foram depois retornadas por Comissões

formadas por Fairén-Guillén, Jose Frederico Marques.

Ferncndo de la Rua. Julio Maier e, mais tarde, Ada

Pellegrini Grinover e Jayme Bernal Cuellar.

A elaboração técnica das referidas bases, sob forma de

Código Modelo, foi levada a termo nesses últimos anos,

por Julio Maier e Fernando de la Rua e posteriormente

revista pelo mesmo Júlio Maier e por Ada Pellegrini

Grinover, que se serviram de colaboradores argentinos e

brasileiro.

O Projeto final, apresentado às Xl Jornadas Ibero-

americanas de Direito Processual (Rio de Janeiro, 1988),

além de calcar-se nas aludidas bases, inspira-se no

Código de Processo Penal da Alemanha, sem descurar

as tendências evolutivas do processo penal espanhol,

português, italiano e francês. E, com relação aos direitos

fundamentais e aos princípios políticos, fundamenta-se

nas Declarações e Pactos internacionais mais

importantes - desde as Declarações Universais à

Convenção Européia e à Americana de São José da

Costa Rica.

O projeto de Código Processual Penal-Tipo para Ibero-América, no

seu artigo 3°, descreve expressamente a observância ao estado de inocência

do cidadão:

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

18

Artigo 3°. Tratamento do imputado como inocente. O

imputado ou acusado deve ser tratado como inocente

durante o procedimento, até que uma sentença

irrecorrível lhe imponha uma pena ou uma medida de

segurança. As disposições desta lei que restringem a

liberdade do imputado ou limitam o exercício de suas

faculdades serão interpretadas restritivamente; nesta

matéria, a interpretação extensiva e a analogia são

proibidas, enquanto não favoreçam a liberdade do

imputado são as que este Código autoriza; terão caráter

de excepcionais e serão proporcionais à pena ou à

medida de segurança que se espe¬ra do procedimento,

como estrita sujeição às disposições pertinentes. A

dúvida favorece ao imputado.

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

19

CAPÍTULO III

O PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA NAS

CONSTITUIÇÕES MUNDIAIS

Apresentamos neste capítulo uma pequena síntese acerca do

assunto, segundo ensina Ricardo Bento, em seu livro Presunção de Inocência

no Processo Penal (BENTO, 2007):

Constituição Italiana

A presunção de inocência na Itália obteve status constitucional no

ano de 1948, sendo aprovado pela Assembléia Constituinte Italiana; o artigo

27, § 2°, de sua Carta Política diz que o acusado não é considerado culpado

senão após a sentença definitiva.

A Carta Italiana não primou pela observância dos preceitos

humanistas da Declaração Francesa, restando resquícios de um Estado

Totalitário, inquisitivo, na qual, pela nobre escusa de paridade de tratamentos,

olvida-se reconhecer a infungibilidade dos bens inseridos no âmbito do

processo penal, enquanto Direito Constitucional aplicado.

Constituição Portuguesa

A Constituição da República de Portugal de 1976 elevou o princípio

da presunção de inocência à categoria de direito constitucional, acrescentando

que somente se atingirá esta presunção de inocência, se o cidadão for julgado

em um processo criminal, dentro de um prazo célere e compatível com o

exercício pleno da sua defesa, apto a contraditar todos os pontos da acusação

durante a instrução criminal.

Constituição Francesa

A Constituição Francesa, berço da propagação da civilização

humanista, proclamada em 4 de outubro de 1958 e atualizada em 03 de

outubro de 2000, declara no seu preâmbulo, expressamente, a adesão aos

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

20

Direitos Humanos e aos princípios da soberania nacional, originados e

definidos pela Declaração Francesa de 1789.

A presunção de inocência está inserida no preâmbulo da Carta

Francesa de 1958. Há mais de 200 anos, a Constituição Francesa proclama a

presunção de inocência, até que o pretenso infrator seja declarado culpado, e

se fosse indispensável sua prisão, todo rigor que não fosse necessário para tal

ato deveria ser severamente punido, nos seguintes termos:

―Todo homem deve ser presumido inocente até que tenha

sido declarado culpado; se for indispensável prendê-lo,

todo rigor que não seja necessário para garantir sua

integridade, deve ser severamente reprimido pela lei‖.

Constituição Espanhola

A Constituição Espanhola, aprovada em 31 de outubro de 1978,

também privilegia o instituto da presunção de inocência como observância

necessária da dignidade da pessoa humana, fundamento da maioria dos

Estados Contemporâneos, inclusive quanto à possibilidade do cidadão

espanhol e de seu acesso à justiça, quanto ao exercício de seus direitos e

legítimos interesses, não havendo caso de exercício de ato, sem produção de

defesa, tendo sua inserção na carta espanhola, no artigo 24, nos itens 1 e 2:

―Artigo 24.

1 .Todas as pessoas têm o direito a obter tutela efetiva

dos juízes e tribunais em exercício de seus direitos e

interesses legítimos, sem que, em nenhum caso, possa

se produzir cidadão sem defesa.

2. Assim mesmo, todos têm o direito a um juízo ordinário

predeterminado por lei, à defesa e à assistência

especializada, a serem informados da acusação

formulada contra eles, a um processo público sem

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

21

dilações indevidas e com todas as garantias, a utilizar os

meios de prova pertinentes para sua defesa, a não

declarar contra si mesmo, a não se confessar culpado e à

presunção de inocência.‖

Constituição Colombiana

A Constituição Política da Colômbia de 1991, com reforma de 1997,

tem o registro da presunção de inocência diretamente ligada ao devido

processo legal e sua observância com as leis preexistentes, como a

impossibilidade do cidadão ser julgado senão pela autoridade judicial

competente, e a sua plenitude de formas de cada juízo. A previsão da

presunção de inocência está no artigo 29 da Constituição Colombiana, nos

seguintes termos, no seu original em língua espanhola:

―Artigo 29. O devido processo se aplicará a toda classe

de atuações judiciais e administrativas. Ninguém pode ser

julgado senão conforme as leis preexistentes ao ato que

se imputa, ante o juiz ou tribunal competente e com

observância da plenitude de formas próprias de cada

juízo. Em matéria penal, a lei permissiva ou favorável,

ainda que seja posterior, se aplicará de preferência a

restritiva ou desfavorável. Toda pessoa se presume

inocente enquanto não se haja declarado judicialmente

culpado. Quem for investigado tem o direito à defesa e

assistência de um advogado por ele, de oficio, durante a

investigação e o julgamento; a um devido processo

público sem dilações injustificadas; a apresentar provas e

contradizer as que se alegam em seu prejuízo; a

impugnar a sentença condenatória, e a não ser julgado

duas vezes pelo mesmo fato. É nula, de pleno direito, a

prova obtida com violação do devido processo.‖

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

22

Constituição Costarriquenha

A Constituição Política da Costa Rica de 7 de novembro de 1949

privilegia o instituto da presunção de inocência em seu conteúdo. Tal

posicionamento ratifica os preceitos deste país, tanto que, em 1946 houve a

opção de extinção das Forças Armadas, e sendo destinados tais recursos,

exclusivamente para proporcionar à população geral uma qualidade de vida

melhor, quantos aos aspectos de saúde pública, de alfabetização e demais

requisitos para se usufruir uma vida observadora da dignidade de pessoa

humana e, portanto, da presunção de inocência.

Constituição Mexicana

A Constituição Mexicana, como as outras cartas constitucionais

latinas, observa, também, o princípio da presunção de inocência, de forma a

não infringir direitos fundamentais do cidadão, evitando excessos estatais no

exercício da pretensão punitiva.

O primeiro registro na Constituição Mexicana sobre a presunção de

inocência é no artigo 13, registrando a impossibilidade de alguém ser julgado

por leis parciais e por tribunais especiais.

Constituição Argentina

A Constituição Argentina tem o registro da presunção de inocência

nos artigos 18 e 19, ratificando os posicionamentos adotados pelas Repúblicas

Democráticas ao consagrar a não culpabilidade do cidadão, e somente assim

proceder, após os ditames concatenados de um devido processo penal.

Constituição Brasileira

A presunção de inocência está prevista no artigo 5.º, inciso LVII da

Constituição Brasileira de 1988, em que estão elencados os direitos e

garantias dos cidadãos brasileiros, não olvidando os preceitos humanistas da

Declaração Francesa de 1789 e os ditames do devido processo legal em 1215

na Inglaterra, como corolários da observância irrestrita da paridade de armas,

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

23

do contraditório e da ampla defesa, quando haja uma imputação de uma

infração penal em face de um cidadão em sede persecução criminal: ―art.5°,

LVII. Ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado da sentença

penal condenatória.‖

Constituição Alemã

A Constituição da República Federal da Alemanha, conhecida como

a Constituição de Weimar, na Alemanha em 1919 (The Basic Law -

Grundgesetz), teve sua atualização em 23 de maio de 1949 estabeleceu, no

Capítulo 1, os Direitos Básicos, e mais precisamente, no artigo 1°, os Direitos

Humanos, reconhecendo a inviolabilidade da dignidade da pessoa humana,

preservando e respeitando contra qualquer obrigação de autoridades estatais;

e, ainda, que o povo alemão reconhece daqui por diante, a inalienabilidade dos

direitos humanos básicos de qualquer comunidade humana, baseada na paz e

justiça mundial, e que no final do artigo 1°, que os direitos básicos

subseqüentes terão validade de lei:

―Artigo 1° - Dignidade Humana: (1) Dignidade Humana é

inviolável. Para lhes respeitar e proteger é o dever de

toda autoridade estatal‖.(2) O povo alemão reconhece

admitindo a sua inviolabilidade e inalienabilidade

enquanto direitos humanos como base de cada

comunidade humana, de paz e de justiça no mundo.(3)

Os seguintes direitos básicos são baseados nas leis

válidas dos poderes legislativo, executivo e judiciário.

Constituição Norte Americana

Na Constituição dos Estados Unidos da América, em seu artigo VI,

fica estabelecido que o cidadão terá o direito ―de ser informado sobre a

natureza e a causa da acusação e de ser acareado com as testemunhas de

acusação; de fazer comparecer por meios legais testemunhas de defesa, e de

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

24

ser defendido por um advogado‖, como preservação do cidadão, ante ao

exercício irrestrito da pretensão punitiva do Estado.

O Direito Norte Americano traz ainda uma grande contribuição para

o estudo da presunção de inocência, no registro do caso Miranda v. Arizona,

onde ficou estabelecido que qualquer extorsão ou tortura para obtenção da

confissão é ilegal, e a inadmissibilidade de sua utilização contra o suspeito.

Ernesto Miranda, um jovem de 23 anos, foi preso em sua casa em

Phoenix, Estado norte-americano do Arizona, e conduzido para a delegacia de

polícia para realização de seu interrogatório, por suspeita do cometimento dos

crimes de estupro e rapto. Após duas horas de interrogatório, foi obtida uma

confissão assinada por ele.

Quando da realização do julgamento, Ernesto ainda justificava sua

inocência, mas a confissão assinada foi suficiente para a sua condenação.

Apelando para a Suprema Corte norte-americana, cinco dos nove juízes

determinaram que Ernesto fosse colocado em liberdade, posto que a polícia

não teria lhe ofertado seus direitos constitucionais, dentre eles o direito ao

silêncio e a ter assistência de um advogado.

Em observância aos preceitos do caso Miranda, foram estabelecidos

procedimentos ao policial norte-americano, para obrigatoriamente proceder à

leitura de direitos, nos seguintes termos ―A Constituição determina que o

policial informe o infrator‖: 1) Você tem o direito de permanecer calado; 2)

Qualquer coisa que disser poderá e será usado contra você numa Corte da lei;

3) Você tem o direito de falar com um advogado agora e tê-lo presente agora

ou em qualquer tempo durante o interrogatório; 4) Se não puder pagar um

advogado, um será indicado para você sem nenhum custo.

Em seguida o policial, quando em caso de flagrante delito,

observará as garantias constitucionais do cidadão, devendo ainda efetuar as

seguintes perguntas: “1) Você entende cada um destes direitos que eu

expliquei para você?; 2) Você deseja falar conosco neste momento?”.

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

25

CAPÍTULO IV

EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

- ENTENDIMENTOS A FAVOR

O artigo 393, do Código de Processo Penal Brasileiro:

Art. 393. São efeitos da sentença condenatória recorrível:

I - ser o réu preso ou conservado na prisão, assim nas

infrações inafiançáveis, como nas afiançáveis enquanto

não prestar fiança;

II - ser o nome do réu lançado no rol dos culpados.

O Artigo 669, do Código de Processo Penal:

Art. 669. Só depois de passar em julgado, será exeqüível

a sentença, salvo:

I - quando condenatória, para o efeito de sujeitar o réu a

prisão, ainda no caso de crime afiançável, enquanto não

for prestada a fiança;

II - quando absolutória, para o fim de imediata soltura do

réu, desde que não proferida em processo por crime a

que a lei comine pena de reclusão, no máximo, por tempo

igual ou superior a oito anos.

Era nos dispositivos acima, combinados com o art. 594, do mesmo

codex, no qual rezava não poder o réu apelar sem recolher-se à prisão, antes

da sua revogação pela lei 11.719/2008, que a doutrina afirmava sobre a

natureza jurídica de tal prisão, de que não seria cautelar, sob o fundamento de

nada mais ser do que uma verdadeira execução penal provisória.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

26

E hodiernamente, apesar da revogação da medida, defende Paulo

Fernando Silveira a manutenção da prisão, in verbis:

Assim, por força da prevalência do interesse da

sociedade, a sentença condenatória, ainda que recorrível,

gera, de imediato, o efeito (CPP, art. 393, I) de ―ser o réu

preso ou conservado na prisão, assim nas infrações

inafiançáveis, como nas afiançáveis enquanto não prestar

fiança.‖

Poder-se-ia alegar - para acomodar o entendimento

contrário - que esse dispositivo legal teria sido revogado

tacitamente pela superveniência do contido no artigo 387,

parágrafo único do CPP, embutido no Título XII, que

cuida ―Da Sentença‖, com a redação que lhe foi dada pela

Lei 11.719/2008, in verbis:

―O juiz decidirá, fundamentadamente, sobre a

manutenção ou, se for o caso, imposição de prisão

preventiva ou de outra medida cautelar, sem prejuízo do

conhecimento da apelação que vier a ser interposta.‖

Ou, semelhantemente, pelo contido no art. 2º, parágrafo

3º, da Lei 8.072, de 25 de julho de 1990, com a redação

da Lei 11.464, de 2007 (Lei dos crimes hediondos): ―Em

caso de sentença condenatória, o juiz decidirá

fundamentadamente se o réu poderá apelar em

liberdade.‖

Sobre esses normativos legais, há dois pontos a

destacar.

O primeiro é que, data venia, o dispositivo anterior (CPP,

art. 393, I) não foi revogado. Nem o poderia, eis que ele

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

27

regulamenta adequadamente tanto o comando

constitucional que determina a prisão dos acusados que

perpetrarem os crimes inafiançáveis por ela mencionados

(CF, art. 5º, incisos XLII (a prática do racismo constitui

crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de

reclusão, nos termos da lei) e XLIII (a lei considerará

crimes inafiançáveis e insuscetíveis de graça ou anistia, a

prática de tortura, o tráfico ilícito de entorpecentes e

drogas afins, o terrorismo e os definidos como crimes

hediondos, por eles respondendo os mandantes, os

executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem),

como aqueles assim considerados pela própria legislação

infraconstitucional (crimes hediondos, por exemplo).

Portanto, a teor o do art. 387, com sua nova redação,

ficou bem claro que o juiz deverá impor a prisão do réu

sempre que se tratar de crime inafiançável, cuja

condenação não comporte a substituição da pena

privativa da liberdade por uma restritiva de direito.

Acerca da execução provisória da pena privativa de liberdade, é

uma medida evidentemente adotada pelo Conselho Nacional de Justiça e sua

aplicação está prevista pelo procedimento regulado na Resolução nº 19, de 29

de agosto de 2006, que dispõe sobre a execução penal provisória.

Ainda Paulo Fernando Silveira na defesa da aplicação da medida

em face da prisão somente após o trânsito em julgado, que segundo o autor,

amplia a impunidade:

(...) o réu se torna quase intocável durante todo o

processo criminal, o que, certamente, não se pode

deduzir do princípio constitucional da inocência, que

sequer ―presume‖ a inocência do acusado, mas apenas

declara que ele só será considerado culpado depois do

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

28

trânsito em julgado da sentença condenatória. Portanto, o

próprio princípio não inibe a tomada de medidas pelo

judiciário, visando proteger a sociedade. Dentre elas, é

lógico, figura o encarceramento cautelar do indiciado, nas

circunstâncias acima expostas, ou o definitivo, após a

sentença penal condenatória, o qual só pode ser revertido

se vingar, excepcionalmente, um dos recursos interpostos

pelo condenado para as instâncias superiores. A

presunção, aqui — que deve valer como regra —, é de

que, tendo sido o reu condenado, com observância do

devido processo legal, a sentença deve iniciar, de

imediato, sua execução, salvo se eventualmente cassada.

A presunção de culpabilidade, nessa altura, embora não

tenha, ainda, atingido o grau de certeza em sua plenitude

jurídica (falta o trânsito em julgado da sentença

condenatória), trespassa os umbrais da primitiva e natural

inocência do acusado, cujo status libertatis é

originalmente protegido pela Constituição, e desloca-se

de vetor, graduando-se em nível superior, agora em favor

da sociedade (pro societate). Esse novo patamar jurídico

autoriza, por si só, a manutenção do reu na cadeia, sem

prejuízo de seu direito de recorrer. Note-se que o

condenado não é, ainda, considerado formalmente

culpado, eis que a sentença condenatória não transitou

em julgado, como quer a Constituição. Mas, por efeito da

sentença penal, ele é presumivelmente culpado (de fato),

com elevadíssimo grau de certeza jurídica, devendo ser,

de logo, encarcerado nos crimes inafiançáveis.

Na mesma linha de raciocínio, em seara de direito comparado,

ensina Sérgio Fernando Moro (Publicações eletrônicas do CEJ):

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

29

A Convenção Européia dos Direitos do Homem, em seu

art. 6.º, estabelece, de forma mais clara que a CF/88, que

todo réu, num processo penal, é presumido inocente até

que tenha sua culpabilidade estabelecida.

Coerentemente, o art. 5.º, a, considera a condenação

criminal, ainda que por julgamento não definitivo, motivo

suficiente e autônomo para a prisão.

De forma semelhante, na Inglaterra, berço histórico da

presunção da inocência, o direito ao devido processo é,

acima de tudo, o direito a um julgamento em primeira

instância, não tendo a apelação se tornado um

mecanismo rotineiro.

Segundo o processualista italiano Mario Chiavario, o

direito de apelar é exercido contra apenas 1,2% das

condenações oriundas da Corte de Magistrados e contra

apenas 12% das condenações provindas da Corte da

Coroa.

Também nos Estados Unidos, ainda um modelo de

legislação penal eficaz e compatível com os princípios

liberais democráticos (excluam-se os excessos

decorrentes da assim denominada ―guerra contra o

terrorismo‖), não tem o condenado em primeiro grau de

jurisdição um direito irrestrito de apelar em liberdade. Ao

contrário, tem ele o ônus de demonstrar que sua

liberdade não coloca em risco a sociedade ou o processo

e que seu recurso não tem cunho protelatório. Há uma

nítida distinção entre a situação do acusado antes e

depois da condenação, mesmo não sendo esta definitiva.

É oportuna a transcrição do item b da Seção 3.143, do

Título 18 do US Code: (b) Livramento ou detenção na

pendência de apelo pelo acusado. - (1) Exceto o que foi

estabelecido no parágrafo (2), o juiz deve ordenar que

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

30

uma pessoa, que foi reputada culpada de uma ofensa e

sentenciada a um período de prisão e que interpôs uma

apelaçãoou uma petição por um writ of certiorari, seja

detida, a não ser que o juiz entenda: (A) por prova clara e

convincente que a pessoa não irá fugir ou colocar em

perigo a segurança de qualquer outra pessoas ou da

comunidade se libertada na forma da seção 3142 (b) ou

(c) deste título; e (B) que o apelo não tem propósito

protelatório e levanta uma questão de direito ou de fato

substancial e que possa resultar em – (I) absolvição, (II)

uma ordem para um novo julgamento, (III) uma sentença

que não inclui um período de prisão, ou (IV) a redução da

sentença para um período de prisão menor que o total de

tempo já prestado além da duração esperada do apelo.

E a Rule 46, c, da Federal Rules of Criminal Procedure

deixa clara a transferência do ônus da demonstração para

a defesa: As provisões do 18 USC §3.143 governam o

livramento na pendência da sentença (após o veredicto)

ou do apelo. O ônus de estabelecer que o acusado não

vai fugir ou colocar em perigo outra pessoa ou a

comunidade é do acusado.

Mesmo o exemplo de países nos quais as apelações ou

recursos de cassação têm efeito suspensivo da

condenação15 deve ser visto com reservas, uma vez que

usualmente inexiste a prodigalidade recursiva que

caracteriza o sistema judicial brasileiro.

Assim, cada país tem seus peculiares sistemas judiciais,

nem tudo sendo apropriado à realidade brasileira. Isso é

válido para o exemplo alemão, norteamericano ou inglês.

Chama a atenção o fato que, no Direito comparado, não

há o reconhecimento irrestrito do direito de apelar em

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

31

liberdade mesmo contra uma condenação em primeiro

grau de jurisdição.

Como isso é correto até em países de tradição liberal e

democrática mais intensa do que a brasileira, inclusive

naqueles considerados berços históricos do princípio da

presunção de inocência, é forçoso concluir que este não é

usualmente considerado, no Direito comparado, como um

óbice à prisão ou à execução provisória da pena, pelo

menos após uma condenação criminal, mesmo de

primeiro grau.

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

32

CAPÍTULO V

ENTENDIMENTOS CONTRA A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA

PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE

Acerca da execução provisória da pena privativa de liberdade, José

Barcelos de Souza ensina:

Proferida uma sentença condenatória não estará ela

desde logo em termos de ser executada, uma vez que

poderá ser modificada em virtude de recursos que

couberem.

Nestas condições, em princípio só se poderá cogitar da

execução da pena quando a sentença se tomar

irrecorrível.

Já se poderá falar, então, na existência de um título

executivo, um dos pressupostos de qualquer execução

forçada, e também da execução penal, ou seja, neste

caso, de uma decisão judicial válida, passada em julgado.

Não há lugar, no crime, para uma execução na pendência

de recursos, dita execução provisória, como pode ocorrer

no cível, não só porque a lei dela não cuida, mas também

porque se trataria de medida inadequada.

Execução provisória, com efeito, não se coaduna com o

direito criminal. Vou dar um exemplo extremo, porque

exemplo desse tipo esclarece melhor. Imagine-se, pois, a

execução provisória de uma pena de morte. Levada a

efeito, não teria essa provisória execução ficado

irremediavelmente definitiva?

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

33

Mas nem é necessário um exemplo tão drástico, por isso

que seria também desastroso executar provisoriamente

uma pena privativa da liberdade. Ninguém, pedido de

desculpas algum, indenização alguma tiraria das costas

do cidadão injustamente preso a cadeia que levou.

(PINTO, Felipe Martins – p. 105/106)

Nos países citados anteriormente, no capítulo III, com exceção de

Brasil, Estados Unidos e México, conforme demonstrado por Alves Bento

(BENTO, 2007), existe estreita consonância das respectivas leis processuais

penais vigentes com as suas constituições no que tange à presunção de

inocência, como veremos a seguir.

O Código de Procedimento Penal Italiano, reformado em 1988,

passou a vigorar em 1989.

O Código de Processo Penal Português tem registros que podem

conduzir à preservação da presunção de inocência do argüido, mais

especificamente, ao tratar das medidas alternativas às prisões cautelares,

enquanto privações provisórias de liberdade do cidadão.

O Código de Processo Penal francês, ainda que não faça referência

ao princípio da presunção de inocência, este, conforme relatado anteriormente,

surgiu na França, mais especificamente na Declaração dos Direitos do Homem

e do Cidadão, em 1789, inegavelmente possuindo um comando superior.

Tanto que figura entre os princípios previstos na Constituição Francesa de

1958 e, mais ainda, a assinatura e ratificação pela França da Convenção

Européia dos Direitos do Homem, respectivamente em 4 de novembro de 1950

e 31 de dezembro de 1973 dá certeza da garantia.

A lei processual espanhola tem como paradigma a Constituição de

1978, cujo artigo 24 consagrou o direito a um juízo justo, tutela judicial efetiva,

direito de defesa, e principalmente, a presunção de inocência.

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

34

O Código de Processo Penal Colombiano foi editado pela Lei n° 600

de 24 de julho de 2000 e segue sua Constituição.

O Código de Processo Penal da Costa Rica, como as outras

legislações processuais da América Latina, estabelece a preservação da

dignidade da pessoa humana, para somente considerar culpado, o cidadão

após o trânsito em julgado da sentença penal condenatória em face de sua

pessoa.

O Código de Processo Penal argentino tem preceitos que podem ser

identificados como observadores da presunção de inocência e, portanto, da

dignidade da pessoa humana.

Na Alemanha, a presunção de inocência é observada ao se

determinar a custódia do cidadão, de forma fundamentada, discorrendo sobre

os requisitos desta medida cautelar.

O Código de Processo Penal brasileiro, editado nos anos 40, vem

sofrendo reformas e, portanto, se adequando aos acontecimentos sociais com

os preceitos da Carta Constitucional de 1988.

No que tange ao princípio da presunção de inocência, o projeto de

lei de n.º 4.208/2001 ainda tramita em Congresso Nacional. Nele consta a

alteração dos dispositivos do Código de Processo Penal relativos à prisão,

medidas cautelares e liberdade. Propõe, por exemplo, ao art. 283, caput do

Código de Processo Penal a seguinte redação:

Art. 283. Ninguém poderá ser preso senão em flagrante

delito ou por ordem escrita e fundamentada da autoridade

judiciária competente, em decorrência de sentença

condenatória transitada em julgado ou, no curso da

investigação ou do processo, em virtude de prisão

temporária ou prisão preventiva..

Segundo a mensagem nº 214/01do relator, deputado Ibraim Abi

Ackel, de 07 de janeiro de 2002, com relação ao PL 4.208/2001:

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

35

Constrói o projeto novo e amplo sistema de regras sobre

a prisão, as medidas cautelares e a fiança, especificando

as circunstâncias que as justificam. Estas terão lugar em

casos previstos, destinados a assegurar a aplicação da lei

penal e a prevenir a prática de novas infrações criminais.

São enunciadas com clareza as hipóteses de aplicação,

descumprimento, revogação e substituição das medidas

cautelares, fugindo desse modo o projeto das causas

indeterminadas, como, no caso da prisão preventiva, ―a

garantia da ordem pública‖ e a ―garantia da ordem

econômica‖, substituídas por definições precisas das

circunstâncias que a justificam. Ainda em conseqüência

dessa enumeração revoga-se as disposições

autorizativas da prisão em decorrência da sentença de

pronuncia ou de sentença condenatória, objeto de justa

crítica da doutrina por constituírem antecipação da pena,

ofensiva ao princípio constitucional da presunção de

inocência.

Até mesmo o efeito suspensivo que o Recurso Especial e o Recurso

Extraordinário não possuíam, passou, a partir de fevereiro de 2009, a ser

reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal no julgamento do HC 84.078.

Segundo notícia publicada no site do Consultor Jurídico, em 5 de fevereiro:

Já em seu voto, de abril passado, Eros Grau afirmou

enfaticamente que é proibida a execução da pena antes

do fim do processo. ―Quem lê o texto constitucional em

juízo perfeito sabe que a Constituição assegura que nem

a lei, nem qualquer decisão judicial imponham ao réu

alguma sanção antes do trânsito em julgado da sentença

penal condenatória. Não me parece possível, salvo se for

negado préstimo à Constituição, qualquer conclusão

adversa ao que dispõe o inciso LVII do seu artigo 5º‖,

afirmou.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

36

O ministro ainda afirmou que tirar do Recurso Especial e

Recurso Extraordinário o efeito suspensivo é criar uma

política criminal repreensiva. ―Essa desenfreada vocação

à substituição de Justiça por vingança denuncia aquela

que em outra ocasião referi como ‗estirpe dos torpes

delinquentes enrustidos que, impunemente, sentam à

nossa mesa, como se fossem homens de bem‘‖,

observou.

Para Eros Grau, se não for respeitado o princípio da

presunção prescrito pela Constituição, ―é melhor sairmos

com um porrete na mão, a arrebentar a espinha de quem

nos contrariar‖. Segundo ele, ―a prisão só pode ser

decretada a título cautelar, nos casos de prisão em

flagrante, prisão temporária ou preventiva‖.

Já o ministro Celso de Mello lembrou que para alguém

ser preso é preciso de uma guia de recolhimento. ―A guia

de recolhimento só pode ser extraída depois da decisão

ter transitado em julgado. A lei proíbe de forma clara a

prisão sem o transitado em julgado da condenação‖,

afirmou. Ele disse que 27% dos Recursos Extrordinários

que chegam ao Supremo são revistos.

O ministro Cezar Peluso argumentou que, segundo a lei,

um funcionário público que é condenado continua a

receber o salário se o processo não está transitado em

julgado. ―Mas, [a lei] pode admitir a punição máxima das

medidas gravosas que é a restrição da liberdade‖,

questionou, referindo-se àqueles que têm recursos

pendentes. Segundo ele, a presunção de inocência ―é

uma dos mais importantes princípios para que possa a

ser reduzida a na sua eficácia‖. O ministro ainda citou o

julgamento sobre os ―ficha-suja‖, que permitiu a

candidatura dos políticos condenados, mas com

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

37

processos ainda passíveis de recursos.

Já o ministro Ricardo Lewandowski afirmou que cabe ao

Judiciário ―a missão histórica para que esse valor [direito

a liberdade] seja preservado em sua integridade‖.

Segundo Carlos Britto,―enquanto não sobrevêm o transito

em julgado em sentença condenatória, o sujeito se

encontra investido desse princípio de presunção de

inocência‖, reforçou o ministro. Para ele, não há

contradição em sua posição nesta decisão com a dos

ficha-suja porque não a questão eleitoral é diversa da

penal.

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

38

CONCLUSÃO

Podemos concluir que o princípio de presunção de inocência é uma

garantia fundamental presente nas constituições do mundo moderno, como

consequência pautada, sobretudo, no Direito Internacional, cuja primazia é

garantir os Direitos Humanos.

Logo, a presunção de inocência é citada por inúmeros tratados

internacionais aos quais a maioria dos países ocidentais está submetida a pelo

menos um desses pactos internacionais ou a mais de um.

Dentre as exceções, como vimos, estão os Estados Unidos,

principalmente no que tange ao fato de não se obrigarem em tratados

internacionais de direitos humanos, conforme afirma o professor Thiago Bottino

(Mariana Ito, 2009). Pois mesmo que o direito à presunção da inocência esteja

presente na raiz da sociedade americana dentre os direitos por ela cultivado

desde os primórdios das fundações constitucionais, não é para os

norteamericanos um contra-senso o fato de que as decisões penais

condenatórias serem executadas imediatamente, vez que, segundo informação

da embaixada dos EUA , ―o sistema legal norte-americano não se ofende com

a imediata execução da pena imposta ainda que pendente sua revisão‖

(http://2ccr.pgr.mpf.gov.br/docs_institucional/eventos/execução da pena).

No ordenamento jurídico brasileiro, a presunção de inocência ainda

se vê maculada pela aplicação da execução provisória da sentença. Muitos

dos que a defendem sustentam equivocadamente sua viabilidade e legalidade

na prisão preventiva, prevista no Código de Processo Penal.

As promessas da modernidade, conforme Lenio Streck, ainda não

se concretizaram no Brasil, onde persiste uma desfuncionalidade do direito, o

que em parte pode ser explicado pela formação jurídica precária dos

profissionais da área, os quais muitas vezes permanecem reféns de um

"sentido comum teórico" (expressão de Warat) produzido por uma cultura de

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

39

manuais que "ficcionaliza o mundo jurídico" e os afasta da realidade social.

(STRECK - 2005, 81-88 apud Oliveira e Tomazine-2008).

E sob o aspecto de política criminal, o discurso penal agrada à

sociedade, que ali deposita as suas esperanças. A mídia, que exerce poderosa

influência em nosso meio, se encarrega de fazer o trabalho de convencimento

da sociedade, mostrando casos atrozes, terríveis sequer de serem imaginados.

Como resposta a eles, pugna-se por um Direito Penal mais severo, mais

radical em suas punições.

No entanto, a necessidade de preservar a dignidade humana deve

ser tratada com a devida precisão e alcance deste preceito fundamental, para

a garantia da liberdade do cidadão, havendo a utilização proporcional das

prisões cautelares, sempre que necessário e de forma fundamentada, a

custódia cautelar do imputado.

O que se faz indispensável, a fim de garantir a presunção de

inocência, é estorvar totalmente a execução provisória da sentença, vez que

em nada dificulta as medidas preventivas, no geral.

Pois as prisões provisórias estão previstas em nosso ordenamento

jurídico assim como a prisão para a execução da pena, que transitou em

julgado e não há mais recurso. Esta modalidade de prisão é regulamentada

pela Lei de Execuções Penais, que possibilita o sistema de progressão do

regime e trata dos direitos e deveres dos presos e das faltas disciplinares. Não

há como confundi-la com as prisões provisórias. Têm natureza jurídica

distintas. Uma – a prisão preventiva - é privação de liberdade por força de

cautela do Estado; a outra é pena, de caráter repressivo, mas que, ao mesmo

tempo, tem como escopo a recuperação do criminoso, até porque o Estado

que pune é o mesmo que se obriga a reintegrar socialmente o condenado.

Como pudemos observar, no Brasil, o entendimento de que a

execução provisória da sentença penal fere o princípio da presunção de

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

40

inocência está consolidado, mas, ainda resta que letra de lei infraconstitucional

expressamente impeça a aplicação da medida para por fim a discussão.

O fato de a tramitação processual ser longa demais, não pode ser

sanado com medida que atente contra a própria dicção constitucional e a

ordem jurídica internacional dos tratados.

À administração da justiça cabe gerenciar de forma eficiente a

sobrecarga de processos no judiciário.

Estão em curso as medidas estabelecidas pelas metas do Conselho

Nacional de Justiça, criado pela Emenda Constitucional n.º 45/2004, um marco

da reforma do judiciário alavancada desde 1996, através de recomendação do

Banco Mundial, por meio do Documento Técnico nº 319, intitulado O setor

judiciário na América Latina e no Caribe – Elementos para reforma.

O prosseguimento dos planos e elaborações também são

promovidos pela Secretaria da Reforma do Judiciário do Ministério da Justiça,

que, instituída desde o ano de 2003, coordena e dissemina as ações e projetos

de melhoria do Poder Judiciário, assim como as reformas na legislação penal,

dentre outras.

Segundo o Conjur, em artigo publicado em janeiro de 2009 (Para

presidente do STF, há prisões preventivas demais), cerca de 40% da

população carcerária está detida devido a prisões provisórias decretadas pela

Justiça e segundo o presidente Conselho Nacional de Justiça, não está

havendo o cumprimento devido nem quanto à soltura dos presos, nem à

concessão de benefícios e o tema que diz respeito ao Judiciário, ao Executivo,

ao Legislativo, e a toda a sociedade. Por isso, explica, o Conselho lançou a

campanha para a reinserção dos presos. Se as pessoas não encontrarem

abrigo, trabalho, elas voltam a delinqüir. E a reincidência tem de ser combatida,

disse.

Vivemos um período de intensas transformações e de crise. E sobre

a crise da Justiça no Brasil, não podemos deixar de citar o Professor José

Eduardo Faria, titular da cadeira de sociologia jurídica da USP, em conclusão

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

41

de texto preparado para o seminário ―Direito e Justiça no Século XXI‖:

Se nas fases rotineiras da sociedade o conhecimento

cotidiano, organizacional e funcional é suficiente para que

as instituições saibam determinar as diferenças entre o

certo e o errado, o novo e o anacrônico, o bom e o ruim,

nos períodos de transformações intensas e radicais atual,

essas distinções ficam difíceis de serem reconhecidas e

as incertezas se multiplicam (Santos, Marques e Pedroso:

1996). Nessas situações, por isso mesmo, as instituições

são obrigadas a reformular suas regras cognitivas e a

rever, aprofundar e refinar seus mecanismos de

aprendizagem, para conseguir neutralizar riscos, poder se

adequar aos novos ventos e até garantir as condições de

sobrevivência.

É justamente a partir dessa aprendizagem que a

magistratura brasileira pode conscientizar-se da

encruzilhada em que hoje se encontra a instituição a que

serve. Por um lado, e este é mais um juízo de fato do que

de valor, a Justiça faz parte de um Estado cuja

capacidade de iniciativa legislativa, autonomia decisória e

base tributário-orçamentária têm sido postas em xeque

pela transnacionalização dos mercados. Por outro, está

situado num contexto social contraditório e explosivo, que

nada lembra aquela idéia de sociedade como uma

pluralidade de cidadãos livres, independentes e

encarados a partir de sua individualidade, tão comum na

cultura jurídica de cariz privatista; um contexto em que a

cidadania, quando não é excluída e condenada ao

universo da informalidade, é integrada e submetida ao

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

42

―moinho satânico‖ do capital globalizado, com todos os

custos sociais, políticos e morais que isso acarreta.

Acionada pelos ―excluídos‖ para dirimir conflitos que

afetam o processo de apropriação das riquezas e

distribuição eqüitativa dos benefícios sociais, mas

desprezada por muitos setores ―incluídos‖ na economia

transnacionalizada, que tendem cada vez mais a elaborar

suas próprias normas, ritos e mecanismos de resolução

de controvérsias, a Justiça brasileira é uma instituição que

tem de redefinir seus espaços de atuação e forjar uma

identidade funcional mais precisa. Se estão certos

aqueles que afirmam não ter ela outra legitimidade a não

ser a que lhe é dada por sua independência institucional,

por sua eficiência funcional e por sua autoridade moral,

essa legitimidade precisa ser permanentemente validada

pela prática, no cotidiano de cada tribunal - e é por isso

que a instituição e seus integrantes têm de mudar.(FARIA

- 2003)

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

43

BIBLIOGRAFIA

Livros

BENTO, Ricardo Alves - Presunção de Inocência no Direito Processual Penal

Brasileiro. São Paulo: Quartier Latin, 2007.

MENDES, Gilmar Ferreira e COELHO, Inocêncio Mártires e BRANCO, Paulo

Gustavo Gonet. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2007.

MORAES, Alexandre de. Direitos Humanos Fundamentais: teoria geral,

comentários aos arts. 1º a 5º da Constituição Federal do Brasil, doutrina e

jurisprudência. São Paulo: Atlas, 2000.

NUCCI, Guilherme de Souza. Código de Processo Penal Comentado. São

Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2009.

PINTO, Felipe Martins e MARCHI JR, Antônio de Padova. Execução Penal-

Constatações, Críticas, Alternativas e Utopias. Curitiba: Juruá Editora, 2008.

Via Internet

BARBOSA, Rui. O Dever do Advogado apud FONSECA, Adriano Almeida. O

princípio da presunção de inocência e sua repercussão infraconstitucional. Jus

Navigandi, Teresina, 1999. http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=162,

acessado em 06/02/2010.

BECCARIA, Cesare. Dos delitos e das penas.

http://www.culturabrasil.pro.br/beccaria.htm, acessado em 20/12/2009.

Código de Processo Penal Brasileiro.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/Del3689Compilado.htm

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

44

Código Penal Brasileiro. http://www.planalto.gov.br/CCIVIL/Decreto-

Lei/Del2848compilado.htm

Conclusão do IX Encontro Nacional da Câmara Criminal 2009 – MPF- PGR.

http://2ccr.pgr.mpf.gov.br/docs_institucional/eventos/execucao-da-

pena/5_USA.pdf, acessado em 10/02/2009.

Conheça o documento 319 do Banco Mundial - ANAMATRA - Associação

Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho. http:/ / www.

anamatra.org.br / downloads/ documento318.pdf, acessado em 20/12/2009.

Constituição da República Federativa do Brasil.

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constitui%C3%A7ao.htm

Convenção Européia dos Direitos Humanos. Wikipedia.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Conven%C3%A7%C3%A3o_Europeia_dos_Direitos

_Humanos, acessado em 20/12/2009.

Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. Wikipédia.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Declaração_dos_Direitos_do_Homem_e_do_Cidadã

o , acessado em 20/12/2009.

Declaração Universal dos Direitos Humanos. Dhnet.

http://www.dhnet.org.br/direitos/deconu/textos/integra.htm#11, acessado em

20/12/2009.

Decreto n.º 678/1972. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto/D0678.htm,

acessado em 20/12/2009

DORNELLES, João Ricardo W. apud GRECO, Rogério. Direito Penal do

Inimigo. Periódico Universitário 2009.

http://www.periodicoedireito.com.br/index.php?option=com_content&task=view

&id=551&Itemid=31, acessado em 20/12/2009.

FARIA, José Eduardo - Direito e Justiça no século XXI: a crise da Justiça no

Brasil. Direito e Justiça no século XXI no Centro de Estudos Sociais. Coimbra:

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

45

2003. http://opj.ces.uc.pt/portugues/novidds/comunica/JoseEduarFaria.pdf,

acessado em 10/02/2010.

GRINOVER, Ada Pellegrini. Influência do Código de Processo Penal Modelo

para Ibero-América na legislação latino-americana. Convergências e

dissonâncias com os sistemas italiano e brasileiro.

http://www.bibliojuridica.org/libros/2/592/31.pdf , acessado em 10/02/2010.

ITO, Mariana. STF acertou ao confirmar presunção da inocência.

http://www.conjur.com.br/2009-fev-14/stf-agiu-bem-confirmar-relevancia-

presuncao-inocencia, acessado em 20/12/2009.

Lei de Execução Penal.

http://www.planalto.gov.br/ccivil/leis/L7210compilado.htm, acessado em

20/12/2009.

MORO, Sérgio Fernando. Propostas para um novo modelo de persecução

criminal – combate à impunidade. Publicações eletrônicas do CEJ – Conselho

Federal de Justiça. http://www.cjf.jus.br/Publicacoes/Publicacoes.asp,

acessado em 13/01/2010.

OLIVEIRA, Daniel Natividade Rodrigues de; TOMAZINE, Fernando Fabro.

Hermenêutica jurídica e a efetividade dos direitos fundamentais . Jus

Navigandi, Teresina :2010. http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=14418,

acessado em 17/02/2010.

Pacto de San Jose da Costa Rica. Dhnet.

http://www.dhnet.org.br/direitos/sip/oea/oeasjose.htm, acessado em

20/12/2009.

Para presidente do STF, há prisões preventivas demais.

CONJUR.http://www.conjur.com.br/2009-jan-31/presidente-stf-excesso-prisoes-

preventivas, acessado em 20/12/2009.

PIOVESAN, Flávia. A constituição brasileira de 1988 e os tratados

internacionais de proteção dos direitos humanos – DHNET -

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

46

http://www.dhnet.org.br/direitos/militantes/flaviapiovesan/flavia88.html.consulta,

acessado em 20/12/2009.

_______________ A constituição de 1988 e os tratados internacionais de

proteção dos direitos humanos. Revista da PGE- São Paulo

http://www.pge.sp.gov .br/centrodeestudos/revistas pge/ revista3/rev6. Htm,

acessado em 20/12/2009.

PL 4.208/2001. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Projetos/PL/2001/msg214-

010308.htm, acessado em 10/10/2009.

RE 349.703, em 3/12/2008. A constituição e o supremo.

http://www.stf.jus.br/portal/constituicao/artigoBd.asp?item=30, acessado em

15/12/2009.

Resolução nº 19, de 29 de agosto de 2006, CNJ.

http://www.cnj.jus.br/index.php?option=com_content&task=view&id=113&Itemid

=160, acessado em 15/10/2009.

RONCAGLIA, Daniel. É proibida execução de pena antes do fim do proceso.

CONJUR, 2009. http://www.conjur.com.br/2009-fev-05/prisao-feita-processo-

transitado-julgado-stf, acessado em 07/01/2010.

SCHREIBER, Simone. O princípio da presunção de inocência . Jus Navigandi,

Teresina, 2005. http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=7198, acessado

em 20/12/2009.

SILVEIRA, Paulo Fernando. Prisão depois de trânsito em julgado gera

impunidade CONJUR - http://www.conjur.com.br/2009-set-09/prisao-

condenado-depois-transito-julgado-amplia-impunidade, acessado em

15/10/2009.

Suma Teológica de Santo Tomás de Aquino. Disponível em:

http://www.permanencia.org.br/sumateologica/suma.htm, acessado em

20/12/2009.

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

47

WILSON, Pedro. .A declaração universal dos direitos humanos e a declaração

americana dos direitos e deveres do homem. DHNet. http://www.dhnet.org.br/

direitos/militantes/pedrowilson/dec.html, acessado em 20/12/2009.

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

48

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

RESUMO 3

METODOLOGIA 4

SUMÁRIO 5

INTRODUÇÃO 6

CAPÍTULO I

EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA

7

CAPÍTULO II

A PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA NO DIREITO PÁTRIO EM CONSONÂNCIA

COM O DIREITO INTERNACIONAL 11

CAPÍTULO III

O PRINCÍPIO DA PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA NAS CONSTITUIÇÕES

MUNDIAIS 19

CAPÍTULO IV

EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE -

ENTENDIMENTOS A FAVOR 25

CAPÍTULO V

ENTENDIMENTOS CONTRA A EXECUÇÃO PROVISÓRIA DA PENA

PRIVATIVA DE LIBERDADE 32

Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

49

CONCLUSÃO 38

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 43

ÍNDICE 48

FOLHA DE AVALIAÇÃO 50

Page 50: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Os princípios gerais do Direito são os alicerces do ordenamento jurídico, independentemente de estarem positivados em norma

50

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO ―LATO SENSU‖

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Título do trabalho: PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E EXECUÇÃO

PROVISÓRIA DA SENTENÇA PENAL CONDENATÓRIA NO DIREITO

COMPARADO: UMA VISÃO CRÍTICA

Autor: Maria Tereza Faria

Data da entrega: 25 de março de 2010

Avaliado por:

Conceito: