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1 UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMÉRCIO ELETRÔNICO A PARTIR DO MARCO CIVIL Por: GABRIEL BERNARDO DE ALMEIDA ORIENTADOR: Prof. WILLIAM ROCHA RIO DE JANEIRO 2015 DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEI DE DIREITO AUTORAL

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

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UNIVERSIDADE CAcircNDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo

AVM FACULDADE INTEGRADA

DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO A PARTIR DO

MARCO CIVIL

Por GABRIEL BERNARDO DE ALMEIDA

ORIENTADOR

Prof WILLIAM ROCHA

RIO DE JANEIRO

2015

DOCUMENTO PROTEGID

O PELA

LEI D

E DIR

EITO AUTORAL

2

UNIVERSIDADE CAcircNDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo

AVM FACULDADE INTEGRADA

DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO A PARTIR DO

MARCO CIVIL

Apresentaccedilatildeo de monografia agrave AVM Faculdade

Integrada como requisito para obtenccedilatildeo do grau de

especialista em Direito do Consumidor e

Responsabilidade Civil

Por Gabriel Bernardo de Almeida

3

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente a

Deus que me sustentou ateacute

aqui Aos meus Pais que

sempre se dedicaram e me

deram apoio em todos os

momentos da minha vida

Aos meus Avoacutes pelos

momentos de crise que

passei e me deram uma

palavra de sabedoria

4

DEDICATORIA

Dedico este trabalho a todos

os juristas que lutam por um

paiacutes mais justo buscando

garantir a sociedade um

tratamento igualitaacuterio e que

os direitos fundamentais

venham a ser realmente

efetivados

5

RESUMO

O trabalho de conclusatildeo de curso em questatildeo buscou abordar como seraacute efetivado

o direito de arrependimento no comercio eletrocircnico apoacutes a sua regulamentaccedilatildeo atraveacutes do

Marco Civil

Discorrendo desde a evoluccedilatildeo histoacuterica da Internet ateacute o comeacutercio eletrocircnico a

definiccedilatildeo de consumidor e fornecedor e as relaccedilotildees de contrato existentes ateacute a aplicaccedilatildeo do

direito de arrependimento baseado no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

juntamente com o Marco Civil e suas consequecircncias

De maneira que o trabalho discorreraacute de forma objetiva e fundamentada por

doutrinadores e entendimentos dos Tribunais jaacute consolidados em como a Justiccedila tem se

posicionado na omissatildeo do fornecedor em garantir a efetividade do direito de arrependimento

do consumidor

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SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO07

CAPIacuteTULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO09

11 A FIGURA DO CONSUMIDOR10

12 DA CARACTERIZACcedilAtildeO DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO12

121 PRODUTO E SERVICcedilO13

CAPIacuteTULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO16

21 HISTOacuteRIA DA INTERNET NO BRASIL 17

22 O INIacuteCIO DA EXPLORACcedilAtildeO DE UM NOVO MERCADO18

23 O SURGIMENTO DO COMEacuteRICO ELETROcircNICO18

231 E-COMMERCE BRASIL19

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO

ELETROcircNICO22

31 CONCEITO22

32 DOS REQUESITOS NECESSAacuteRIOS PARA O DIREITO DE

ARREPENDIMENTO27

321 FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL27

322 DO PRAZO PARA O DIREITO DE ARREPENDIMENTO29

33 DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO 33

331 DIREITO DE ARREPENDIMENTO REGULADO PELO MARCO CIVIL35

CONCLUSAtildeO38

BIBLIOGRAFIA39

7

INTRODUCcedilAtildeO

A evoluccedilatildeo da tecnologia conhecida por internet vem transformando o mundo

desde o seu surgimento nos anos 70 ateacute os dias de hoje influenciando tudo ao nosso redor

desde a forma que nos relacionamos ateacute realizaccedilotildees de compras em outro paiacutes natildeo havendo

mais fronteiras

Essa mesma evoluccedilatildeo acarretou mudanccedilas em nossos haacutebitos mais simples como

por exemplo o de irmos a um estabelecimento comercial e comprar o que queriacuteamos nos dias

atuais natildeo se faz mais necessaacuterio pormos os peacutes para fora de casa basta acessar algum

equipamento com internet seja ele um computador tablet ou celular atraveacutes desses

equipamentos podemos realizar a compra de um produto no conforto de nossa casa sem

termos contato direto com vendedor

Entretanto essa evoluccedilatildeo aleacutem dos benefiacutecios tragos por ela trouxe tambeacutem um

novo tipo de relaccedilatildeo juriacutedica em que as partes natildeo possuem contato direto mas as obrigaccedilotildees

satildeo as mesmas como se contato tivesse soacute tendo uma novidade nessa nova relaccedilatildeo juriacutedica o

direito do consumidor se arrepender

Por se tratar de relaccedilatildeo consumerista onde sempre o consumidor seraacute parte mais

fraca O legislador por meio de leis deve buscar colocar o consumidor e fornecedor em peacute

equitativo para resguardar o consumidor sofrer qualquer dano

Assim e-commerce trouxe um novo jeito de se realizar compras por meio de

contrato eletrocircnico fazendo com que o direito tambeacutem acompanhe essa evoluccedilatildeo visando

manter o equiliacutebrio perante a sociedade como um todo

8

CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO

Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente

desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de

politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro

Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas

profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens

e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a

variedades de produtos agora existentes

De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses

fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro

Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo

do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a

resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando

diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor

Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima

doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina

ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo

Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na

Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia

fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica

9

estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a

realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos

O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto

Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao

produtor

Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a

preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como

o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo

Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do

consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade

No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990

conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para

diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de

consumo

Ainda Claudia Lima Marque aduz que

ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo

10

(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo

11 ndash A Figura do Consumidor

Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo

esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos

ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo

Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros

Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos

ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo

Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute

ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo

11

para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo

Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados

ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo

Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz

ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade

12

destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo

12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre

uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo

e na outra ponta a existecircncia de fornecedor

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as

pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis

ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo

Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente

profissional comercializando produzindo importando

Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita

o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor

ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo

Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a

oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo

13

Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor

apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores

existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica

121 ndash Produto e Serviccedilo

O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que

podem integrar relaccedilatildeo consumerista

Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm

ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo

Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou

imaterial

O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou

substancia pode ser transportado de um lugar para o outro

O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por

produto moacutevel vejamos

ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees

14

Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo

Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo

transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o

Coacutedigo Civil conceitua

ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais

I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram

II - o direito agrave sucessatildeo aberta

Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis

I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local

II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo

No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos

constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens

imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse

bem

Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de

consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor

ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza

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bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

34

realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

35

CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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41

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Page 2: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

2

UNIVERSIDADE CAcircNDIDO MENDES

POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo

AVM FACULDADE INTEGRADA

DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO A PARTIR DO

MARCO CIVIL

Apresentaccedilatildeo de monografia agrave AVM Faculdade

Integrada como requisito para obtenccedilatildeo do grau de

especialista em Direito do Consumidor e

Responsabilidade Civil

Por Gabriel Bernardo de Almeida

3

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente a

Deus que me sustentou ateacute

aqui Aos meus Pais que

sempre se dedicaram e me

deram apoio em todos os

momentos da minha vida

Aos meus Avoacutes pelos

momentos de crise que

passei e me deram uma

palavra de sabedoria

4

DEDICATORIA

Dedico este trabalho a todos

os juristas que lutam por um

paiacutes mais justo buscando

garantir a sociedade um

tratamento igualitaacuterio e que

os direitos fundamentais

venham a ser realmente

efetivados

5

RESUMO

O trabalho de conclusatildeo de curso em questatildeo buscou abordar como seraacute efetivado

o direito de arrependimento no comercio eletrocircnico apoacutes a sua regulamentaccedilatildeo atraveacutes do

Marco Civil

Discorrendo desde a evoluccedilatildeo histoacuterica da Internet ateacute o comeacutercio eletrocircnico a

definiccedilatildeo de consumidor e fornecedor e as relaccedilotildees de contrato existentes ateacute a aplicaccedilatildeo do

direito de arrependimento baseado no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

juntamente com o Marco Civil e suas consequecircncias

De maneira que o trabalho discorreraacute de forma objetiva e fundamentada por

doutrinadores e entendimentos dos Tribunais jaacute consolidados em como a Justiccedila tem se

posicionado na omissatildeo do fornecedor em garantir a efetividade do direito de arrependimento

do consumidor

6

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO07

CAPIacuteTULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO09

11 A FIGURA DO CONSUMIDOR10

12 DA CARACTERIZACcedilAtildeO DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO12

121 PRODUTO E SERVICcedilO13

CAPIacuteTULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO16

21 HISTOacuteRIA DA INTERNET NO BRASIL 17

22 O INIacuteCIO DA EXPLORACcedilAtildeO DE UM NOVO MERCADO18

23 O SURGIMENTO DO COMEacuteRICO ELETROcircNICO18

231 E-COMMERCE BRASIL19

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO

ELETROcircNICO22

31 CONCEITO22

32 DOS REQUESITOS NECESSAacuteRIOS PARA O DIREITO DE

ARREPENDIMENTO27

321 FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL27

322 DO PRAZO PARA O DIREITO DE ARREPENDIMENTO29

33 DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO 33

331 DIREITO DE ARREPENDIMENTO REGULADO PELO MARCO CIVIL35

CONCLUSAtildeO38

BIBLIOGRAFIA39

7

INTRODUCcedilAtildeO

A evoluccedilatildeo da tecnologia conhecida por internet vem transformando o mundo

desde o seu surgimento nos anos 70 ateacute os dias de hoje influenciando tudo ao nosso redor

desde a forma que nos relacionamos ateacute realizaccedilotildees de compras em outro paiacutes natildeo havendo

mais fronteiras

Essa mesma evoluccedilatildeo acarretou mudanccedilas em nossos haacutebitos mais simples como

por exemplo o de irmos a um estabelecimento comercial e comprar o que queriacuteamos nos dias

atuais natildeo se faz mais necessaacuterio pormos os peacutes para fora de casa basta acessar algum

equipamento com internet seja ele um computador tablet ou celular atraveacutes desses

equipamentos podemos realizar a compra de um produto no conforto de nossa casa sem

termos contato direto com vendedor

Entretanto essa evoluccedilatildeo aleacutem dos benefiacutecios tragos por ela trouxe tambeacutem um

novo tipo de relaccedilatildeo juriacutedica em que as partes natildeo possuem contato direto mas as obrigaccedilotildees

satildeo as mesmas como se contato tivesse soacute tendo uma novidade nessa nova relaccedilatildeo juriacutedica o

direito do consumidor se arrepender

Por se tratar de relaccedilatildeo consumerista onde sempre o consumidor seraacute parte mais

fraca O legislador por meio de leis deve buscar colocar o consumidor e fornecedor em peacute

equitativo para resguardar o consumidor sofrer qualquer dano

Assim e-commerce trouxe um novo jeito de se realizar compras por meio de

contrato eletrocircnico fazendo com que o direito tambeacutem acompanhe essa evoluccedilatildeo visando

manter o equiliacutebrio perante a sociedade como um todo

8

CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO

Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente

desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de

politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro

Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas

profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens

e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a

variedades de produtos agora existentes

De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses

fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro

Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo

do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a

resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando

diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor

Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima

doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina

ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo

Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na

Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia

fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica

9

estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a

realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos

O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto

Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao

produtor

Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a

preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como

o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo

Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do

consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade

No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990

conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para

diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de

consumo

Ainda Claudia Lima Marque aduz que

ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo

10

(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo

11 ndash A Figura do Consumidor

Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo

esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos

ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo

Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros

Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos

ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo

Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute

ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo

11

para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo

Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados

ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo

Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz

ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade

12

destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo

12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre

uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo

e na outra ponta a existecircncia de fornecedor

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as

pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis

ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo

Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente

profissional comercializando produzindo importando

Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita

o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor

ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo

Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a

oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo

13

Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor

apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores

existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica

121 ndash Produto e Serviccedilo

O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que

podem integrar relaccedilatildeo consumerista

Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm

ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo

Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou

imaterial

O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou

substancia pode ser transportado de um lugar para o outro

O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por

produto moacutevel vejamos

ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees

14

Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo

Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo

transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o

Coacutedigo Civil conceitua

ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais

I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram

II - o direito agrave sucessatildeo aberta

Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis

I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local

II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo

No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos

constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens

imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse

bem

Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de

consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor

ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza

15

bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

28

a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

29

realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

30

portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

31

20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

32

mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

33

DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

34

realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

35

CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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41

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Page 3: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

3

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiramente a

Deus que me sustentou ateacute

aqui Aos meus Pais que

sempre se dedicaram e me

deram apoio em todos os

momentos da minha vida

Aos meus Avoacutes pelos

momentos de crise que

passei e me deram uma

palavra de sabedoria

4

DEDICATORIA

Dedico este trabalho a todos

os juristas que lutam por um

paiacutes mais justo buscando

garantir a sociedade um

tratamento igualitaacuterio e que

os direitos fundamentais

venham a ser realmente

efetivados

5

RESUMO

O trabalho de conclusatildeo de curso em questatildeo buscou abordar como seraacute efetivado

o direito de arrependimento no comercio eletrocircnico apoacutes a sua regulamentaccedilatildeo atraveacutes do

Marco Civil

Discorrendo desde a evoluccedilatildeo histoacuterica da Internet ateacute o comeacutercio eletrocircnico a

definiccedilatildeo de consumidor e fornecedor e as relaccedilotildees de contrato existentes ateacute a aplicaccedilatildeo do

direito de arrependimento baseado no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

juntamente com o Marco Civil e suas consequecircncias

De maneira que o trabalho discorreraacute de forma objetiva e fundamentada por

doutrinadores e entendimentos dos Tribunais jaacute consolidados em como a Justiccedila tem se

posicionado na omissatildeo do fornecedor em garantir a efetividade do direito de arrependimento

do consumidor

6

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO07

CAPIacuteTULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO09

11 A FIGURA DO CONSUMIDOR10

12 DA CARACTERIZACcedilAtildeO DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO12

121 PRODUTO E SERVICcedilO13

CAPIacuteTULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO16

21 HISTOacuteRIA DA INTERNET NO BRASIL 17

22 O INIacuteCIO DA EXPLORACcedilAtildeO DE UM NOVO MERCADO18

23 O SURGIMENTO DO COMEacuteRICO ELETROcircNICO18

231 E-COMMERCE BRASIL19

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO

ELETROcircNICO22

31 CONCEITO22

32 DOS REQUESITOS NECESSAacuteRIOS PARA O DIREITO DE

ARREPENDIMENTO27

321 FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL27

322 DO PRAZO PARA O DIREITO DE ARREPENDIMENTO29

33 DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO 33

331 DIREITO DE ARREPENDIMENTO REGULADO PELO MARCO CIVIL35

CONCLUSAtildeO38

BIBLIOGRAFIA39

7

INTRODUCcedilAtildeO

A evoluccedilatildeo da tecnologia conhecida por internet vem transformando o mundo

desde o seu surgimento nos anos 70 ateacute os dias de hoje influenciando tudo ao nosso redor

desde a forma que nos relacionamos ateacute realizaccedilotildees de compras em outro paiacutes natildeo havendo

mais fronteiras

Essa mesma evoluccedilatildeo acarretou mudanccedilas em nossos haacutebitos mais simples como

por exemplo o de irmos a um estabelecimento comercial e comprar o que queriacuteamos nos dias

atuais natildeo se faz mais necessaacuterio pormos os peacutes para fora de casa basta acessar algum

equipamento com internet seja ele um computador tablet ou celular atraveacutes desses

equipamentos podemos realizar a compra de um produto no conforto de nossa casa sem

termos contato direto com vendedor

Entretanto essa evoluccedilatildeo aleacutem dos benefiacutecios tragos por ela trouxe tambeacutem um

novo tipo de relaccedilatildeo juriacutedica em que as partes natildeo possuem contato direto mas as obrigaccedilotildees

satildeo as mesmas como se contato tivesse soacute tendo uma novidade nessa nova relaccedilatildeo juriacutedica o

direito do consumidor se arrepender

Por se tratar de relaccedilatildeo consumerista onde sempre o consumidor seraacute parte mais

fraca O legislador por meio de leis deve buscar colocar o consumidor e fornecedor em peacute

equitativo para resguardar o consumidor sofrer qualquer dano

Assim e-commerce trouxe um novo jeito de se realizar compras por meio de

contrato eletrocircnico fazendo com que o direito tambeacutem acompanhe essa evoluccedilatildeo visando

manter o equiliacutebrio perante a sociedade como um todo

8

CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO

Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente

desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de

politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro

Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas

profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens

e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a

variedades de produtos agora existentes

De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses

fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro

Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo

do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a

resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando

diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor

Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima

doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina

ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo

Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na

Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia

fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica

9

estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a

realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos

O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto

Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao

produtor

Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a

preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como

o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo

Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do

consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade

No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990

conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para

diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de

consumo

Ainda Claudia Lima Marque aduz que

ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo

10

(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo

11 ndash A Figura do Consumidor

Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo

esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos

ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo

Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros

Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos

ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo

Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute

ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo

11

para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo

Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados

ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo

Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz

ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade

12

destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo

12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre

uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo

e na outra ponta a existecircncia de fornecedor

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as

pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis

ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo

Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente

profissional comercializando produzindo importando

Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita

o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor

ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo

Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a

oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo

13

Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor

apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores

existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica

121 ndash Produto e Serviccedilo

O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que

podem integrar relaccedilatildeo consumerista

Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm

ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo

Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou

imaterial

O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou

substancia pode ser transportado de um lugar para o outro

O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por

produto moacutevel vejamos

ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees

14

Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo

Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo

transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o

Coacutedigo Civil conceitua

ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais

I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram

II - o direito agrave sucessatildeo aberta

Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis

I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local

II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo

No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos

constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens

imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse

bem

Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de

consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor

ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza

15

bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

28

a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

33

DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

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CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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Page 4: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

4

DEDICATORIA

Dedico este trabalho a todos

os juristas que lutam por um

paiacutes mais justo buscando

garantir a sociedade um

tratamento igualitaacuterio e que

os direitos fundamentais

venham a ser realmente

efetivados

5

RESUMO

O trabalho de conclusatildeo de curso em questatildeo buscou abordar como seraacute efetivado

o direito de arrependimento no comercio eletrocircnico apoacutes a sua regulamentaccedilatildeo atraveacutes do

Marco Civil

Discorrendo desde a evoluccedilatildeo histoacuterica da Internet ateacute o comeacutercio eletrocircnico a

definiccedilatildeo de consumidor e fornecedor e as relaccedilotildees de contrato existentes ateacute a aplicaccedilatildeo do

direito de arrependimento baseado no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

juntamente com o Marco Civil e suas consequecircncias

De maneira que o trabalho discorreraacute de forma objetiva e fundamentada por

doutrinadores e entendimentos dos Tribunais jaacute consolidados em como a Justiccedila tem se

posicionado na omissatildeo do fornecedor em garantir a efetividade do direito de arrependimento

do consumidor

6

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO07

CAPIacuteTULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO09

11 A FIGURA DO CONSUMIDOR10

12 DA CARACTERIZACcedilAtildeO DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO12

121 PRODUTO E SERVICcedilO13

CAPIacuteTULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO16

21 HISTOacuteRIA DA INTERNET NO BRASIL 17

22 O INIacuteCIO DA EXPLORACcedilAtildeO DE UM NOVO MERCADO18

23 O SURGIMENTO DO COMEacuteRICO ELETROcircNICO18

231 E-COMMERCE BRASIL19

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO

ELETROcircNICO22

31 CONCEITO22

32 DOS REQUESITOS NECESSAacuteRIOS PARA O DIREITO DE

ARREPENDIMENTO27

321 FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL27

322 DO PRAZO PARA O DIREITO DE ARREPENDIMENTO29

33 DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO 33

331 DIREITO DE ARREPENDIMENTO REGULADO PELO MARCO CIVIL35

CONCLUSAtildeO38

BIBLIOGRAFIA39

7

INTRODUCcedilAtildeO

A evoluccedilatildeo da tecnologia conhecida por internet vem transformando o mundo

desde o seu surgimento nos anos 70 ateacute os dias de hoje influenciando tudo ao nosso redor

desde a forma que nos relacionamos ateacute realizaccedilotildees de compras em outro paiacutes natildeo havendo

mais fronteiras

Essa mesma evoluccedilatildeo acarretou mudanccedilas em nossos haacutebitos mais simples como

por exemplo o de irmos a um estabelecimento comercial e comprar o que queriacuteamos nos dias

atuais natildeo se faz mais necessaacuterio pormos os peacutes para fora de casa basta acessar algum

equipamento com internet seja ele um computador tablet ou celular atraveacutes desses

equipamentos podemos realizar a compra de um produto no conforto de nossa casa sem

termos contato direto com vendedor

Entretanto essa evoluccedilatildeo aleacutem dos benefiacutecios tragos por ela trouxe tambeacutem um

novo tipo de relaccedilatildeo juriacutedica em que as partes natildeo possuem contato direto mas as obrigaccedilotildees

satildeo as mesmas como se contato tivesse soacute tendo uma novidade nessa nova relaccedilatildeo juriacutedica o

direito do consumidor se arrepender

Por se tratar de relaccedilatildeo consumerista onde sempre o consumidor seraacute parte mais

fraca O legislador por meio de leis deve buscar colocar o consumidor e fornecedor em peacute

equitativo para resguardar o consumidor sofrer qualquer dano

Assim e-commerce trouxe um novo jeito de se realizar compras por meio de

contrato eletrocircnico fazendo com que o direito tambeacutem acompanhe essa evoluccedilatildeo visando

manter o equiliacutebrio perante a sociedade como um todo

8

CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO

Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente

desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de

politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro

Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas

profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens

e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a

variedades de produtos agora existentes

De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses

fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro

Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo

do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a

resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando

diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor

Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima

doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina

ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo

Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na

Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia

fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica

9

estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a

realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos

O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto

Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao

produtor

Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a

preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como

o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo

Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do

consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade

No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990

conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para

diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de

consumo

Ainda Claudia Lima Marque aduz que

ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo

10

(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo

11 ndash A Figura do Consumidor

Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo

esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos

ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo

Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros

Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos

ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo

Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute

ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo

11

para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo

Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados

ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo

Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz

ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade

12

destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo

12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre

uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo

e na outra ponta a existecircncia de fornecedor

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as

pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis

ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo

Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente

profissional comercializando produzindo importando

Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita

o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor

ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo

Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a

oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo

13

Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor

apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores

existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica

121 ndash Produto e Serviccedilo

O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que

podem integrar relaccedilatildeo consumerista

Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm

ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo

Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou

imaterial

O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou

substancia pode ser transportado de um lugar para o outro

O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por

produto moacutevel vejamos

ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees

14

Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo

Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo

transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o

Coacutedigo Civil conceitua

ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais

I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram

II - o direito agrave sucessatildeo aberta

Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis

I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local

II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo

No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos

constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens

imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse

bem

Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de

consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor

ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza

15

bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

29

realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

34

realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

35

CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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41

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Page 5: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

5

RESUMO

O trabalho de conclusatildeo de curso em questatildeo buscou abordar como seraacute efetivado

o direito de arrependimento no comercio eletrocircnico apoacutes a sua regulamentaccedilatildeo atraveacutes do

Marco Civil

Discorrendo desde a evoluccedilatildeo histoacuterica da Internet ateacute o comeacutercio eletrocircnico a

definiccedilatildeo de consumidor e fornecedor e as relaccedilotildees de contrato existentes ateacute a aplicaccedilatildeo do

direito de arrependimento baseado no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor

juntamente com o Marco Civil e suas consequecircncias

De maneira que o trabalho discorreraacute de forma objetiva e fundamentada por

doutrinadores e entendimentos dos Tribunais jaacute consolidados em como a Justiccedila tem se

posicionado na omissatildeo do fornecedor em garantir a efetividade do direito de arrependimento

do consumidor

6

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO07

CAPIacuteTULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO09

11 A FIGURA DO CONSUMIDOR10

12 DA CARACTERIZACcedilAtildeO DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO12

121 PRODUTO E SERVICcedilO13

CAPIacuteTULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO16

21 HISTOacuteRIA DA INTERNET NO BRASIL 17

22 O INIacuteCIO DA EXPLORACcedilAtildeO DE UM NOVO MERCADO18

23 O SURGIMENTO DO COMEacuteRICO ELETROcircNICO18

231 E-COMMERCE BRASIL19

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO

ELETROcircNICO22

31 CONCEITO22

32 DOS REQUESITOS NECESSAacuteRIOS PARA O DIREITO DE

ARREPENDIMENTO27

321 FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL27

322 DO PRAZO PARA O DIREITO DE ARREPENDIMENTO29

33 DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO 33

331 DIREITO DE ARREPENDIMENTO REGULADO PELO MARCO CIVIL35

CONCLUSAtildeO38

BIBLIOGRAFIA39

7

INTRODUCcedilAtildeO

A evoluccedilatildeo da tecnologia conhecida por internet vem transformando o mundo

desde o seu surgimento nos anos 70 ateacute os dias de hoje influenciando tudo ao nosso redor

desde a forma que nos relacionamos ateacute realizaccedilotildees de compras em outro paiacutes natildeo havendo

mais fronteiras

Essa mesma evoluccedilatildeo acarretou mudanccedilas em nossos haacutebitos mais simples como

por exemplo o de irmos a um estabelecimento comercial e comprar o que queriacuteamos nos dias

atuais natildeo se faz mais necessaacuterio pormos os peacutes para fora de casa basta acessar algum

equipamento com internet seja ele um computador tablet ou celular atraveacutes desses

equipamentos podemos realizar a compra de um produto no conforto de nossa casa sem

termos contato direto com vendedor

Entretanto essa evoluccedilatildeo aleacutem dos benefiacutecios tragos por ela trouxe tambeacutem um

novo tipo de relaccedilatildeo juriacutedica em que as partes natildeo possuem contato direto mas as obrigaccedilotildees

satildeo as mesmas como se contato tivesse soacute tendo uma novidade nessa nova relaccedilatildeo juriacutedica o

direito do consumidor se arrepender

Por se tratar de relaccedilatildeo consumerista onde sempre o consumidor seraacute parte mais

fraca O legislador por meio de leis deve buscar colocar o consumidor e fornecedor em peacute

equitativo para resguardar o consumidor sofrer qualquer dano

Assim e-commerce trouxe um novo jeito de se realizar compras por meio de

contrato eletrocircnico fazendo com que o direito tambeacutem acompanhe essa evoluccedilatildeo visando

manter o equiliacutebrio perante a sociedade como um todo

8

CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO

Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente

desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de

politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro

Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas

profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens

e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a

variedades de produtos agora existentes

De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses

fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro

Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo

do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a

resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando

diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor

Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima

doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina

ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo

Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na

Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia

fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica

9

estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a

realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos

O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto

Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao

produtor

Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a

preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como

o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo

Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do

consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade

No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990

conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para

diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de

consumo

Ainda Claudia Lima Marque aduz que

ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo

10

(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo

11 ndash A Figura do Consumidor

Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo

esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos

ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo

Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros

Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos

ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo

Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute

ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo

11

para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo

Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados

ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo

Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz

ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade

12

destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo

12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre

uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo

e na outra ponta a existecircncia de fornecedor

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as

pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis

ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo

Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente

profissional comercializando produzindo importando

Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita

o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor

ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo

Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a

oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo

13

Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor

apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores

existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica

121 ndash Produto e Serviccedilo

O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que

podem integrar relaccedilatildeo consumerista

Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm

ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo

Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou

imaterial

O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou

substancia pode ser transportado de um lugar para o outro

O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por

produto moacutevel vejamos

ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees

14

Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo

Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo

transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o

Coacutedigo Civil conceitua

ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais

I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram

II - o direito agrave sucessatildeo aberta

Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis

I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local

II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo

No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos

constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens

imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse

bem

Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de

consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor

ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza

15

bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

28

a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

34

realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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41

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Page 6: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

6

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO07

CAPIacuteTULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO09

11 A FIGURA DO CONSUMIDOR10

12 DA CARACTERIZACcedilAtildeO DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO12

121 PRODUTO E SERVICcedilO13

CAPIacuteTULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO16

21 HISTOacuteRIA DA INTERNET NO BRASIL 17

22 O INIacuteCIO DA EXPLORACcedilAtildeO DE UM NOVO MERCADO18

23 O SURGIMENTO DO COMEacuteRICO ELETROcircNICO18

231 E-COMMERCE BRASIL19

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO

ELETROcircNICO22

31 CONCEITO22

32 DOS REQUESITOS NECESSAacuteRIOS PARA O DIREITO DE

ARREPENDIMENTO27

321 FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL27

322 DO PRAZO PARA O DIREITO DE ARREPENDIMENTO29

33 DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO 33

331 DIREITO DE ARREPENDIMENTO REGULADO PELO MARCO CIVIL35

CONCLUSAtildeO38

BIBLIOGRAFIA39

7

INTRODUCcedilAtildeO

A evoluccedilatildeo da tecnologia conhecida por internet vem transformando o mundo

desde o seu surgimento nos anos 70 ateacute os dias de hoje influenciando tudo ao nosso redor

desde a forma que nos relacionamos ateacute realizaccedilotildees de compras em outro paiacutes natildeo havendo

mais fronteiras

Essa mesma evoluccedilatildeo acarretou mudanccedilas em nossos haacutebitos mais simples como

por exemplo o de irmos a um estabelecimento comercial e comprar o que queriacuteamos nos dias

atuais natildeo se faz mais necessaacuterio pormos os peacutes para fora de casa basta acessar algum

equipamento com internet seja ele um computador tablet ou celular atraveacutes desses

equipamentos podemos realizar a compra de um produto no conforto de nossa casa sem

termos contato direto com vendedor

Entretanto essa evoluccedilatildeo aleacutem dos benefiacutecios tragos por ela trouxe tambeacutem um

novo tipo de relaccedilatildeo juriacutedica em que as partes natildeo possuem contato direto mas as obrigaccedilotildees

satildeo as mesmas como se contato tivesse soacute tendo uma novidade nessa nova relaccedilatildeo juriacutedica o

direito do consumidor se arrepender

Por se tratar de relaccedilatildeo consumerista onde sempre o consumidor seraacute parte mais

fraca O legislador por meio de leis deve buscar colocar o consumidor e fornecedor em peacute

equitativo para resguardar o consumidor sofrer qualquer dano

Assim e-commerce trouxe um novo jeito de se realizar compras por meio de

contrato eletrocircnico fazendo com que o direito tambeacutem acompanhe essa evoluccedilatildeo visando

manter o equiliacutebrio perante a sociedade como um todo

8

CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO

Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente

desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de

politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro

Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas

profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens

e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a

variedades de produtos agora existentes

De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses

fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro

Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo

do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a

resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando

diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor

Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima

doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina

ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo

Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na

Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia

fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica

9

estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a

realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos

O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto

Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao

produtor

Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a

preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como

o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo

Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do

consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade

No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990

conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para

diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de

consumo

Ainda Claudia Lima Marque aduz que

ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo

10

(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo

11 ndash A Figura do Consumidor

Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo

esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos

ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo

Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros

Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos

ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo

Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute

ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo

11

para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo

Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados

ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo

Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz

ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade

12

destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo

12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre

uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo

e na outra ponta a existecircncia de fornecedor

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as

pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis

ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo

Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente

profissional comercializando produzindo importando

Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita

o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor

ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo

Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a

oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo

13

Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor

apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores

existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica

121 ndash Produto e Serviccedilo

O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que

podem integrar relaccedilatildeo consumerista

Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm

ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo

Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou

imaterial

O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou

substancia pode ser transportado de um lugar para o outro

O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por

produto moacutevel vejamos

ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees

14

Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo

Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo

transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o

Coacutedigo Civil conceitua

ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais

I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram

II - o direito agrave sucessatildeo aberta

Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis

I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local

II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo

No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos

constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens

imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse

bem

Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de

consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor

ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza

15

bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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Page 7: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

7

INTRODUCcedilAtildeO

A evoluccedilatildeo da tecnologia conhecida por internet vem transformando o mundo

desde o seu surgimento nos anos 70 ateacute os dias de hoje influenciando tudo ao nosso redor

desde a forma que nos relacionamos ateacute realizaccedilotildees de compras em outro paiacutes natildeo havendo

mais fronteiras

Essa mesma evoluccedilatildeo acarretou mudanccedilas em nossos haacutebitos mais simples como

por exemplo o de irmos a um estabelecimento comercial e comprar o que queriacuteamos nos dias

atuais natildeo se faz mais necessaacuterio pormos os peacutes para fora de casa basta acessar algum

equipamento com internet seja ele um computador tablet ou celular atraveacutes desses

equipamentos podemos realizar a compra de um produto no conforto de nossa casa sem

termos contato direto com vendedor

Entretanto essa evoluccedilatildeo aleacutem dos benefiacutecios tragos por ela trouxe tambeacutem um

novo tipo de relaccedilatildeo juriacutedica em que as partes natildeo possuem contato direto mas as obrigaccedilotildees

satildeo as mesmas como se contato tivesse soacute tendo uma novidade nessa nova relaccedilatildeo juriacutedica o

direito do consumidor se arrepender

Por se tratar de relaccedilatildeo consumerista onde sempre o consumidor seraacute parte mais

fraca O legislador por meio de leis deve buscar colocar o consumidor e fornecedor em peacute

equitativo para resguardar o consumidor sofrer qualquer dano

Assim e-commerce trouxe um novo jeito de se realizar compras por meio de

contrato eletrocircnico fazendo com que o direito tambeacutem acompanhe essa evoluccedilatildeo visando

manter o equiliacutebrio perante a sociedade como um todo

8

CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO

Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente

desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de

politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro

Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas

profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens

e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a

variedades de produtos agora existentes

De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses

fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro

Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo

do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a

resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando

diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor

Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima

doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina

ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo

Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na

Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia

fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica

9

estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a

realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos

O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto

Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao

produtor

Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a

preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como

o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo

Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do

consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade

No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990

conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para

diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de

consumo

Ainda Claudia Lima Marque aduz que

ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo

10

(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo

11 ndash A Figura do Consumidor

Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo

esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos

ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo

Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros

Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos

ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo

Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute

ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo

11

para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo

Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados

ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo

Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz

ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade

12

destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo

12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre

uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo

e na outra ponta a existecircncia de fornecedor

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as

pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis

ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo

Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente

profissional comercializando produzindo importando

Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita

o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor

ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo

Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a

oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo

13

Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor

apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores

existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica

121 ndash Produto e Serviccedilo

O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que

podem integrar relaccedilatildeo consumerista

Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm

ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo

Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou

imaterial

O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou

substancia pode ser transportado de um lugar para o outro

O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por

produto moacutevel vejamos

ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees

14

Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo

Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo

transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o

Coacutedigo Civil conceitua

ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais

I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram

II - o direito agrave sucessatildeo aberta

Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis

I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local

II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo

No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos

constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens

imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse

bem

Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de

consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor

ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza

15

bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

28

a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

29

realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

30

portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

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CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

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Page 8: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

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CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO

Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente

desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de

politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro

Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas

profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens

e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a

variedades de produtos agora existentes

De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses

fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro

Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo

do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a

resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando

diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor

Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima

doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina

ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo

Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na

Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia

fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica

9

estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a

realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos

O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto

Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao

produtor

Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a

preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como

o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo

Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do

consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade

No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990

conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para

diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de

consumo

Ainda Claudia Lima Marque aduz que

ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo

10

(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo

11 ndash A Figura do Consumidor

Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo

esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos

ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo

Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros

Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos

ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo

Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute

ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo

11

para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo

Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados

ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo

Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz

ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade

12

destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo

12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre

uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo

e na outra ponta a existecircncia de fornecedor

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as

pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis

ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo

Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente

profissional comercializando produzindo importando

Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita

o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor

ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo

Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a

oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo

13

Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor

apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores

existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica

121 ndash Produto e Serviccedilo

O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que

podem integrar relaccedilatildeo consumerista

Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm

ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo

Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou

imaterial

O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou

substancia pode ser transportado de um lugar para o outro

O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por

produto moacutevel vejamos

ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees

14

Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo

Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo

transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o

Coacutedigo Civil conceitua

ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais

I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram

II - o direito agrave sucessatildeo aberta

Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis

I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local

II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo

No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos

constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens

imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse

bem

Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de

consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor

ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza

15

bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

28

a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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BANCO DE DADOSltgthttpjuscombrartigos10069a-relacao-juridica-de-consumo3ixzz3hantPfhN ltgt Acesso em 28 de julho de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwscielobrpdfraev40n4v40n4a09pdf ltgt Acesso em 01 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwecommercebrasilcombreblog20140715e-commerce-um-mercado-quente-em-evoluccedilatildeo-constante ltgt Acesso em 02 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwprofissionaldeecommercecombre-bit-numeros-do-e-commerce-no-brasil ltgt Acesso em 01 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpptwikipediaorgwikiHist_da_Internetltgt Acesso em 02 de julho de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httplucasguerreirojusbrasilcombrartigos111646478nota-sobre-direito-de-arrependimento-no-decreto-n-7962-13ltgt Acesso em 05 de julho de 2015

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Page 9: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

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estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a

realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos

O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto

Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao

produtor

Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a

preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como

o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo

Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do

consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade

No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990

conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para

diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de

consumo

Ainda Claudia Lima Marque aduz que

ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo

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(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo

11 ndash A Figura do Consumidor

Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo

esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos

ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo

Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros

Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos

ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo

Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute

ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo

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para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo

Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados

ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo

Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz

ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade

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destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo

12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre

uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo

e na outra ponta a existecircncia de fornecedor

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as

pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis

ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo

Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente

profissional comercializando produzindo importando

Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita

o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor

ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo

Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a

oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo

13

Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor

apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores

existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica

121 ndash Produto e Serviccedilo

O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que

podem integrar relaccedilatildeo consumerista

Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm

ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo

Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou

imaterial

O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou

substancia pode ser transportado de um lugar para o outro

O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por

produto moacutevel vejamos

ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees

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Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo

Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo

transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o

Coacutedigo Civil conceitua

ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais

I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram

II - o direito agrave sucessatildeo aberta

Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis

I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local

II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo

No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos

constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens

imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse

bem

Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de

consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor

ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza

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bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

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Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

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22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

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vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

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CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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Page 10: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

10

(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo

11 ndash A Figura do Consumidor

Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo

esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos

ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo

Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros

Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos

ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo

Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute

ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo

11

para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo

Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados

ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo

Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz

ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade

12

destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo

12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre

uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo

e na outra ponta a existecircncia de fornecedor

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as

pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis

ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo

Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente

profissional comercializando produzindo importando

Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita

o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor

ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo

Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a

oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo

13

Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor

apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores

existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica

121 ndash Produto e Serviccedilo

O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que

podem integrar relaccedilatildeo consumerista

Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm

ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo

Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou

imaterial

O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou

substancia pode ser transportado de um lugar para o outro

O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por

produto moacutevel vejamos

ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees

14

Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo

Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo

transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o

Coacutedigo Civil conceitua

ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais

I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram

II - o direito agrave sucessatildeo aberta

Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis

I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local

II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo

No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos

constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens

imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse

bem

Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de

consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor

ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza

15

bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

28

a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

30

portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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Page 11: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

11

para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo

Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados

ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo

Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz

ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade

12

destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo

12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre

uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo

e na outra ponta a existecircncia de fornecedor

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as

pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis

ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo

Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente

profissional comercializando produzindo importando

Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita

o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor

ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo

Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a

oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo

13

Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor

apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores

existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica

121 ndash Produto e Serviccedilo

O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que

podem integrar relaccedilatildeo consumerista

Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm

ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo

Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou

imaterial

O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou

substancia pode ser transportado de um lugar para o outro

O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por

produto moacutevel vejamos

ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees

14

Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo

Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo

transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o

Coacutedigo Civil conceitua

ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais

I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram

II - o direito agrave sucessatildeo aberta

Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis

I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local

II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo

No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos

constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens

imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse

bem

Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de

consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor

ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza

15

bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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Page 12: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

12

destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo

12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre

uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo

e na outra ponta a existecircncia de fornecedor

O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as

pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis

ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo

Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente

profissional comercializando produzindo importando

Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita

o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor

ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo

Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a

oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo

13

Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor

apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores

existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica

121 ndash Produto e Serviccedilo

O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que

podem integrar relaccedilatildeo consumerista

Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm

ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo

Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou

imaterial

O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou

substancia pode ser transportado de um lugar para o outro

O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por

produto moacutevel vejamos

ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees

14

Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo

Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo

transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o

Coacutedigo Civil conceitua

ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais

I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram

II - o direito agrave sucessatildeo aberta

Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis

I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local

II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo

No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos

constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens

imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse

bem

Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de

consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor

ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza

15

bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

28

a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

30

portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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Page 13: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

13

Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor

apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores

existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica

121 ndash Produto e Serviccedilo

O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que

podem integrar relaccedilatildeo consumerista

Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm

ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo

Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou

imaterial

O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou

substancia pode ser transportado de um lugar para o outro

O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por

produto moacutevel vejamos

ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees

14

Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo

Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo

transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o

Coacutedigo Civil conceitua

ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais

I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram

II - o direito agrave sucessatildeo aberta

Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis

I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local

II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo

No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos

constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens

imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse

bem

Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de

consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor

ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza

15

bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

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CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

BIBLIOGRAFIA

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Page 14: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

14

Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo

Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo

transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o

Coacutedigo Civil conceitua

ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente

Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais

I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram

II - o direito agrave sucessatildeo aberta

Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis

I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local

II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo

No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos

constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens

imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse

bem

Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de

consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo

de Defesa do Consumidor

ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza

15

bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

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vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

28

a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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BANCO DE DADOSltgthttpjuscombrartigos10069a-relacao-juridica-de-consumo3ixzz3hantPfhN ltgt Acesso em 28 de julho de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwscielobrpdfraev40n4v40n4a09pdf ltgt Acesso em 01 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwecommercebrasilcombreblog20140715e-commerce-um-mercado-quente-em-evoluccedilatildeo-constante ltgt Acesso em 02 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwprofissionaldeecommercecombre-bit-numeros-do-e-commerce-no-brasil ltgt Acesso em 01 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpptwikipediaorgwikiHist_da_Internetltgt Acesso em 02 de julho de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httplucasguerreirojusbrasilcombrartigos111646478nota-sobre-direito-de-arrependimento-no-decreto-n-7962-13ltgt Acesso em 05 de julho de 2015

41

BANCO DE DADOS ltgt httpwwwmigalhascombrdePeso16MI21130881042-Marco+civil+da+internet+e+regulamentaccedilatildeo+do+comercio+eletronico ltgt Acesso em 15 de julho de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwdireitodeconsumirwordpresscom20131216esmiucando-o-arrependimento-de-compra-no-cdc-analise-de-situacoes-praticas ltgt Acesso em 10 de julho de 2015

Page 15: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

15

bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo

O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que

ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo

O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos

ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo

Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm

continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez

prestados

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

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22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

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vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

28

a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

29

realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

31

20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

34

realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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41

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Page 16: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

16

CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte

dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio

de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos

desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos

Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano

possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados

diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases

militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees

Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida

pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)

uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o

objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o

governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo

possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo

entre si

Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves

universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet

Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas

realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network

Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser

desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia

Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais

a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma

quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol

Internet Protocol ndash TCPIP

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

29

realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

30

portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

34

realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

35

CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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41

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Page 17: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

17

Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso

comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito

mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo

sobre estabelecimento comercial

21 - Histoacuteria da Internet no Brasil

No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de

Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia

Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito

experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do

mundo

Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o

Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura

da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado

O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da

exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela

portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo

ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo

Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para

intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

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ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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Page 18: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

18

22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado

Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos

setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas

Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a

Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando

assim um novo ramo mercantil

23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico

O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos

anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as

barreiras geograacuteficas

O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente

empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a

Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como

ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo

Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios

que sejam obedecidos dois pontos

Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um

bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo

19

vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

28

a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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BANCO DE DADOSltgthttpjuscombrartigos10069a-relacao-juridica-de-consumo3ixzz3hantPfhN ltgt Acesso em 28 de julho de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwscielobrpdfraev40n4v40n4a09pdf ltgt Acesso em 01 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwecommercebrasilcombreblog20140715e-commerce-um-mercado-quente-em-evoluccedilatildeo-constante ltgt Acesso em 02 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwprofissionaldeecommercecombre-bit-numeros-do-e-commerce-no-brasil ltgt Acesso em 01 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpptwikipediaorgwikiHist_da_Internetltgt Acesso em 02 de julho de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httplucasguerreirojusbrasilcombrartigos111646478nota-sobre-direito-de-arrependimento-no-decreto-n-7962-13ltgt Acesso em 05 de julho de 2015

41

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Page 19: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

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vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente

tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras

geograacuteficas

231ndash E-commerce Brasil

O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim

dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos

empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa

eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e

comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico

Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com

certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos

com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz

ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda

baixos apresentam crescimento significativordquo

Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado

Serviccedilos 49

Induacutestria 41

Comeacutercio 10

Fonte Albertin (2000d)

20

Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

29

realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

30

portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

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CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

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Page 20: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

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Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o

novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no

e-commerce atraindo novos consumidores

Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce

cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a

internet para realizaccedilatildeo de suas atividades

Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014

um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de

20 do que foi arrecadado em 2014

020

015

010

005

000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor

Fonte Albertin (2000d)

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

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CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

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ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

28

a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

30

portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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Page 21: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

21

Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia

pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce

caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das

vezes de encontrar produtos mais baratos

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

28

a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

29

realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

30

portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

31

20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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41

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Page 22: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

22

CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO

31 ndash Conceito

Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios

comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os

consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros

De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos

estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um

determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo

Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de

comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e

conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados

A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios

foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento

comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos

no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que

35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo

Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo

necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um

marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis

acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica

Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos

por Claudia Lima Marques ao citar Oriana

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

28

a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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Page 23: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

23

ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo

De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a

acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e

refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos

que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme

Amaral Junior citou o doutrinador Correia

ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo

A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos

meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas

praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de

24

comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

25

ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

26

Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

28

a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

29

realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

30

portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

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CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

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Page 24: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e

recentemente atraveacutes da internet

Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz

negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e

contrataccedilatildeo de serviccedilo

Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes

dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto

oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua

ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de

expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em

caso de viacutecio do produto

O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos

comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento

empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a

finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro

Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas

tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o

legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse

assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os

instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando

em dificuldades praacuteticas e de prova

Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao

consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme

o artigo 49 do CDC in verbis

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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

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CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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Tribunais 2013

RUANO Eduardo Silva artigo E-commerce um mercado quente em evoluccedilatildeo 15 de Julho

de 2014

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SILVA Joseacute Afonso da Curso de Direito Constitucional Positivo 31ordf Ed Satildeo Paulo Malheiros 2008 -Curso de Direito Constitucional Positivo p 263 TEIXEIRA Tarcisio artigo vinculado na internet Marco civil da internet e regulamentaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico 17 de novembro de 2014

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Page 25: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio

O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de

vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das

teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um

direito de arrependimento

Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira

produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com

o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria

saciada

Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o

consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em

caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da

contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da

assinatura do contrato para refletir e se arrepender

Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior

ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo

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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

34

realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

35

CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

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CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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Page 26: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma

idecircntica

ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo

O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do

estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de

requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago

sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo

consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo

A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o

direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas

contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas

seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do

Consumidor

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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

34

realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

35

CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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Page 27: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

27

ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo

Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a

quo tornando o contrato inexistente

32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento

Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que

aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos

no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir

321- Fora do estabelecimento comercial

Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu

artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho

ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo

Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute

necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual

natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute

confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor

Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do

estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos

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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

35

CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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41

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Page 28: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas

agressivas de venda

b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do

produto ou serviccedilo adquirido

Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior

ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo

Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado

ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a

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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

34

realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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41

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Page 29: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

29

realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo

Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a

vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no

Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas

realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC

Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra

atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao

arrependimento

322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento

Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do

Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de

prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo

consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato

A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de

Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do

contrato

ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

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41

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Page 30: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo

Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a

eficaacutecia do contrato

ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo

De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o

consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas

pelo vendedor no momento de efetuar o contrato

Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de

reflexatildeo

ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

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CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

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Page 31: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)

Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado

PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

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CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

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Page 32: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

34

realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

35

CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

BIBLIOGRAFIA

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Page 33: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)

33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico

A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de

comercio

ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute

34

realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

35

CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

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CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

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BIBLIOGRAFIA

ALBERTIN Alberto Luiz artigo O comeacutercio Eletrocircnico Evolui e Consolida-se no Mercado

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Saraiva 2000

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Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro

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40

SILVA Joseacute Afonso da Curso de Direito Constitucional Positivo 31ordf Ed Satildeo Paulo Malheiros 2008 -Curso de Direito Constitucional Positivo p 263 TEIXEIRA Tarcisio artigo vinculado na internet Marco civil da internet e regulamentaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico 17 de novembro de 2014

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BANCO DE DADOS ltgt httpwwwscielobrpdfraev40n4v40n4a09pdf ltgt Acesso em 01

de Agosto de 2015

BANCO DE DADOS ltgt

httpwwwambitojuridicocombrsiteindexphpn_link=revista_artigos_id=8756 ltgt Acesso

em15 de julho de 2015

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elementos-integrantesixzz3ha9wOxY5 ltgt Acesso em 22 de julho de 2015

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41

BANCO DE DADOS ltgt httpwwwmigalhascombrdePeso16MI21130881042-Marco+civil+da+internet+e+regulamentaccedilatildeo+do+comercio+eletronico ltgt Acesso em 15 de julho de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwdireitodeconsumirwordpresscom20131216esmiucando-o-arrependimento-de-compra-no-cdc-analise-de-situacoes-praticas ltgt Acesso em 10 de julho de 2015

Page 34: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo

Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet

conceitua comercio eletrocircnico como

ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo

Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de

Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado

brasileiro

Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a

ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e

serviccedilos

O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do

estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de

35

CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

BIBLIOGRAFIA

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40

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Page 35: UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · pela doutrina de “consumidor stricto sensu” ou “standard”, em contraposição aos consumidores equiparados definidos no

35

CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos

pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo

O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio

eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC

ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo

331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil

O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de

compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo

Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas

atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou

no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet

Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor

se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil

percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito

da internet brasileira e principalmente no e-commerce

Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco

Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o

atendimento ao consumidor

ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute

36

I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

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Trimestral de Direito Civil Rio de Janeiro

GARCIA Leonardo de Medeiros Direito do Consumidor ndash Coacutedigo Comentado e

Jurisprudecircncia 8ordm Ed Impetus 2012

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Decreto 79622013 2013

GRAU Eros Roberto A Ordem Econocircmica na Constituiccedilatildeo de 1988 13ordf Ed Satildeo Paulo

Malheiros 2008- A Ordem Econocircmica na Constituiccedilatildeo Federal de 1988 p 251

JUNIOR Nelson Nery Coacutedigo Brasileio de Defesa do Consumidor Comentando Pelos

Autores do Anteprojeto 7ordmEd Satildeo Paulo Forense Universitaria 2001

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RUANO Eduardo Silva artigo E-commerce um mercado quente em evoluccedilatildeo 15 de Julho

de 2014

40

SILVA Joseacute Afonso da Curso de Direito Constitucional Positivo 31ordf Ed Satildeo Paulo Malheiros 2008 -Curso de Direito Constitucional Positivo p 263 TEIXEIRA Tarcisio artigo vinculado na internet Marco civil da internet e regulamentaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico 17 de novembro de 2014

BANCODEDADOSltgthttpwwwjelapisdecorcombrdownloadsseginternetA_Historia_da

_Internetpdfltgt Acesso em 01 de julho de 2015

BANCO DE DADOS ltgt httpwwwscielobrpdfraev40n4v40n4a09pdf ltgt Acesso em 01

de Agosto de 2015

BANCO DE DADOS ltgt

httpwwwambitojuridicocombrsiteindexphpn_link=revista_artigos_id=8756 ltgt Acesso

em15 de julho de 2015

BANCO DE DADOS ltgt

httpwwwjusbrasilcombrbuscaq=prazo+do+direito+de+arrependimento ltgt Acesso em

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ltgt Acesso em 01 de Agosto de 2015

BANCO DE DADOSltgthttpjuscombrartigos10069a-relacao-juridica-de-consumo3ixzz3hantPfhN ltgt Acesso em 28 de julho de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwscielobrpdfraev40n4v40n4a09pdf ltgt Acesso em 01 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwecommercebrasilcombreblog20140715e-commerce-um-mercado-quente-em-evoluccedilatildeo-constante ltgt Acesso em 02 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwprofissionaldeecommercecombre-bit-numeros-do-e-commerce-no-brasil ltgt Acesso em 01 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpptwikipediaorgwikiHist_da_Internetltgt Acesso em 02 de julho de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httplucasguerreirojusbrasilcombrartigos111646478nota-sobre-direito-de-arrependimento-no-decreto-n-7962-13ltgt Acesso em 05 de julho de 2015

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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo

Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de

arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma

ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido

ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor

37

sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

consumidor exerccedila o direito de arrependimento

Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo

se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa

do Consumidor

Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais

transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do

Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e

hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de

arrependimento no e-commerce

Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o

consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute

mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para

refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo

39

BIBLIOGRAFIA

ALBERTIN Alberto Luiz artigo O comeacutercio Eletrocircnico Evolui e Consolida-se no Mercado

Brasileiro Revista de Administraccedilatildeo de Empresas OutubroDezembro 2000

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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo

Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o

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Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo

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Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm

inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira

ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo

Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor

maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma

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transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores

38

CONCLUSAtildeO

De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem

crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario

regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor

A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para

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