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UNIVERSIDADE CAcircNDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
AVM FACULDADE INTEGRADA
DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO A PARTIR DO
MARCO CIVIL
Por GABRIEL BERNARDO DE ALMEIDA
ORIENTADOR
Prof WILLIAM ROCHA
RIO DE JANEIRO
2015
DOCUMENTO PROTEGID
O PELA
LEI D
E DIR
EITO AUTORAL
2
UNIVERSIDADE CAcircNDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
AVM FACULDADE INTEGRADA
DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO A PARTIR DO
MARCO CIVIL
Apresentaccedilatildeo de monografia agrave AVM Faculdade
Integrada como requisito para obtenccedilatildeo do grau de
especialista em Direito do Consumidor e
Responsabilidade Civil
Por Gabriel Bernardo de Almeida
3
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente a
Deus que me sustentou ateacute
aqui Aos meus Pais que
sempre se dedicaram e me
deram apoio em todos os
momentos da minha vida
Aos meus Avoacutes pelos
momentos de crise que
passei e me deram uma
palavra de sabedoria
4
DEDICATORIA
Dedico este trabalho a todos
os juristas que lutam por um
paiacutes mais justo buscando
garantir a sociedade um
tratamento igualitaacuterio e que
os direitos fundamentais
venham a ser realmente
efetivados
5
RESUMO
O trabalho de conclusatildeo de curso em questatildeo buscou abordar como seraacute efetivado
o direito de arrependimento no comercio eletrocircnico apoacutes a sua regulamentaccedilatildeo atraveacutes do
Marco Civil
Discorrendo desde a evoluccedilatildeo histoacuterica da Internet ateacute o comeacutercio eletrocircnico a
definiccedilatildeo de consumidor e fornecedor e as relaccedilotildees de contrato existentes ateacute a aplicaccedilatildeo do
direito de arrependimento baseado no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
juntamente com o Marco Civil e suas consequecircncias
De maneira que o trabalho discorreraacute de forma objetiva e fundamentada por
doutrinadores e entendimentos dos Tribunais jaacute consolidados em como a Justiccedila tem se
posicionado na omissatildeo do fornecedor em garantir a efetividade do direito de arrependimento
do consumidor
6
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO07
CAPIacuteTULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO09
11 A FIGURA DO CONSUMIDOR10
12 DA CARACTERIZACcedilAtildeO DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO12
121 PRODUTO E SERVICcedilO13
CAPIacuteTULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO16
21 HISTOacuteRIA DA INTERNET NO BRASIL 17
22 O INIacuteCIO DA EXPLORACcedilAtildeO DE UM NOVO MERCADO18
23 O SURGIMENTO DO COMEacuteRICO ELETROcircNICO18
231 E-COMMERCE BRASIL19
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO
ELETROcircNICO22
31 CONCEITO22
32 DOS REQUESITOS NECESSAacuteRIOS PARA O DIREITO DE
ARREPENDIMENTO27
321 FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL27
322 DO PRAZO PARA O DIREITO DE ARREPENDIMENTO29
33 DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO 33
331 DIREITO DE ARREPENDIMENTO REGULADO PELO MARCO CIVIL35
CONCLUSAtildeO38
BIBLIOGRAFIA39
7
INTRODUCcedilAtildeO
A evoluccedilatildeo da tecnologia conhecida por internet vem transformando o mundo
desde o seu surgimento nos anos 70 ateacute os dias de hoje influenciando tudo ao nosso redor
desde a forma que nos relacionamos ateacute realizaccedilotildees de compras em outro paiacutes natildeo havendo
mais fronteiras
Essa mesma evoluccedilatildeo acarretou mudanccedilas em nossos haacutebitos mais simples como
por exemplo o de irmos a um estabelecimento comercial e comprar o que queriacuteamos nos dias
atuais natildeo se faz mais necessaacuterio pormos os peacutes para fora de casa basta acessar algum
equipamento com internet seja ele um computador tablet ou celular atraveacutes desses
equipamentos podemos realizar a compra de um produto no conforto de nossa casa sem
termos contato direto com vendedor
Entretanto essa evoluccedilatildeo aleacutem dos benefiacutecios tragos por ela trouxe tambeacutem um
novo tipo de relaccedilatildeo juriacutedica em que as partes natildeo possuem contato direto mas as obrigaccedilotildees
satildeo as mesmas como se contato tivesse soacute tendo uma novidade nessa nova relaccedilatildeo juriacutedica o
direito do consumidor se arrepender
Por se tratar de relaccedilatildeo consumerista onde sempre o consumidor seraacute parte mais
fraca O legislador por meio de leis deve buscar colocar o consumidor e fornecedor em peacute
equitativo para resguardar o consumidor sofrer qualquer dano
Assim e-commerce trouxe um novo jeito de se realizar compras por meio de
contrato eletrocircnico fazendo com que o direito tambeacutem acompanhe essa evoluccedilatildeo visando
manter o equiliacutebrio perante a sociedade como um todo
8
CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO
Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente
desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de
politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro
Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas
profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens
e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a
variedades de produtos agora existentes
De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses
fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro
Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo
do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a
resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando
diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor
Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima
doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina
ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo
Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na
Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia
fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica
9
estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a
realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos
O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto
Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao
produtor
Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a
preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como
o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo
Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do
consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade
No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990
conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para
diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de
consumo
Ainda Claudia Lima Marque aduz que
ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo
10
(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo
11 ndash A Figura do Consumidor
Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo
esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos
ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo
Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros
Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos
ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo
Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute
ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo
11
para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo
Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados
ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo
Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz
ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade
12
destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo
12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre
uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo
e na outra ponta a existecircncia de fornecedor
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as
pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis
ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo
Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente
profissional comercializando produzindo importando
Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita
o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor
ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo
Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a
oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo
13
Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor
apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores
existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica
121 ndash Produto e Serviccedilo
O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que
podem integrar relaccedilatildeo consumerista
Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm
ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo
Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou
imaterial
O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou
substancia pode ser transportado de um lugar para o outro
O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por
produto moacutevel vejamos
ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees
14
Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo
Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo
transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o
Coacutedigo Civil conceitua
ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente
Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais
I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram
II - o direito agrave sucessatildeo aberta
Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis
I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local
II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo
No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos
constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens
imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse
bem
Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de
consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor
ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza
15
bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
16
CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
17
Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
18
22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
19
vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
22
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
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ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
36
I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
37
sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
38
CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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41
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2
UNIVERSIDADE CAcircNDIDO MENDES
POacuteS-GRADUACcedilAtildeO ldquoLATO SENSUrdquo
AVM FACULDADE INTEGRADA
DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO A PARTIR DO
MARCO CIVIL
Apresentaccedilatildeo de monografia agrave AVM Faculdade
Integrada como requisito para obtenccedilatildeo do grau de
especialista em Direito do Consumidor e
Responsabilidade Civil
Por Gabriel Bernardo de Almeida
3
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente a
Deus que me sustentou ateacute
aqui Aos meus Pais que
sempre se dedicaram e me
deram apoio em todos os
momentos da minha vida
Aos meus Avoacutes pelos
momentos de crise que
passei e me deram uma
palavra de sabedoria
4
DEDICATORIA
Dedico este trabalho a todos
os juristas que lutam por um
paiacutes mais justo buscando
garantir a sociedade um
tratamento igualitaacuterio e que
os direitos fundamentais
venham a ser realmente
efetivados
5
RESUMO
O trabalho de conclusatildeo de curso em questatildeo buscou abordar como seraacute efetivado
o direito de arrependimento no comercio eletrocircnico apoacutes a sua regulamentaccedilatildeo atraveacutes do
Marco Civil
Discorrendo desde a evoluccedilatildeo histoacuterica da Internet ateacute o comeacutercio eletrocircnico a
definiccedilatildeo de consumidor e fornecedor e as relaccedilotildees de contrato existentes ateacute a aplicaccedilatildeo do
direito de arrependimento baseado no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
juntamente com o Marco Civil e suas consequecircncias
De maneira que o trabalho discorreraacute de forma objetiva e fundamentada por
doutrinadores e entendimentos dos Tribunais jaacute consolidados em como a Justiccedila tem se
posicionado na omissatildeo do fornecedor em garantir a efetividade do direito de arrependimento
do consumidor
6
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO07
CAPIacuteTULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO09
11 A FIGURA DO CONSUMIDOR10
12 DA CARACTERIZACcedilAtildeO DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO12
121 PRODUTO E SERVICcedilO13
CAPIacuteTULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO16
21 HISTOacuteRIA DA INTERNET NO BRASIL 17
22 O INIacuteCIO DA EXPLORACcedilAtildeO DE UM NOVO MERCADO18
23 O SURGIMENTO DO COMEacuteRICO ELETROcircNICO18
231 E-COMMERCE BRASIL19
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO
ELETROcircNICO22
31 CONCEITO22
32 DOS REQUESITOS NECESSAacuteRIOS PARA O DIREITO DE
ARREPENDIMENTO27
321 FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL27
322 DO PRAZO PARA O DIREITO DE ARREPENDIMENTO29
33 DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO 33
331 DIREITO DE ARREPENDIMENTO REGULADO PELO MARCO CIVIL35
CONCLUSAtildeO38
BIBLIOGRAFIA39
7
INTRODUCcedilAtildeO
A evoluccedilatildeo da tecnologia conhecida por internet vem transformando o mundo
desde o seu surgimento nos anos 70 ateacute os dias de hoje influenciando tudo ao nosso redor
desde a forma que nos relacionamos ateacute realizaccedilotildees de compras em outro paiacutes natildeo havendo
mais fronteiras
Essa mesma evoluccedilatildeo acarretou mudanccedilas em nossos haacutebitos mais simples como
por exemplo o de irmos a um estabelecimento comercial e comprar o que queriacuteamos nos dias
atuais natildeo se faz mais necessaacuterio pormos os peacutes para fora de casa basta acessar algum
equipamento com internet seja ele um computador tablet ou celular atraveacutes desses
equipamentos podemos realizar a compra de um produto no conforto de nossa casa sem
termos contato direto com vendedor
Entretanto essa evoluccedilatildeo aleacutem dos benefiacutecios tragos por ela trouxe tambeacutem um
novo tipo de relaccedilatildeo juriacutedica em que as partes natildeo possuem contato direto mas as obrigaccedilotildees
satildeo as mesmas como se contato tivesse soacute tendo uma novidade nessa nova relaccedilatildeo juriacutedica o
direito do consumidor se arrepender
Por se tratar de relaccedilatildeo consumerista onde sempre o consumidor seraacute parte mais
fraca O legislador por meio de leis deve buscar colocar o consumidor e fornecedor em peacute
equitativo para resguardar o consumidor sofrer qualquer dano
Assim e-commerce trouxe um novo jeito de se realizar compras por meio de
contrato eletrocircnico fazendo com que o direito tambeacutem acompanhe essa evoluccedilatildeo visando
manter o equiliacutebrio perante a sociedade como um todo
8
CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO
Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente
desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de
politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro
Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas
profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens
e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a
variedades de produtos agora existentes
De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses
fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro
Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo
do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a
resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando
diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor
Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima
doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina
ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo
Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na
Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia
fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica
9
estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a
realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos
O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto
Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao
produtor
Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a
preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como
o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo
Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do
consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade
No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990
conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para
diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de
consumo
Ainda Claudia Lima Marque aduz que
ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo
10
(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo
11 ndash A Figura do Consumidor
Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo
esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos
ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo
Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros
Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos
ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo
Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute
ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo
11
para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo
Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados
ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo
Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz
ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade
12
destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo
12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre
uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo
e na outra ponta a existecircncia de fornecedor
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as
pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis
ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo
Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente
profissional comercializando produzindo importando
Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita
o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor
ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo
Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a
oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo
13
Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor
apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores
existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica
121 ndash Produto e Serviccedilo
O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que
podem integrar relaccedilatildeo consumerista
Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm
ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo
Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou
imaterial
O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou
substancia pode ser transportado de um lugar para o outro
O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por
produto moacutevel vejamos
ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees
14
Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo
Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo
transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o
Coacutedigo Civil conceitua
ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente
Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais
I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram
II - o direito agrave sucessatildeo aberta
Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis
I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local
II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo
No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos
constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens
imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse
bem
Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de
consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor
ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza
15
bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
16
CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
17
Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
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22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
19
vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
22
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
23
ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
24
comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
25
ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
26
Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
27
ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
29
realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
30
portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
31
20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
36
I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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3
AGRADECIMENTOS
Agradeccedilo primeiramente a
Deus que me sustentou ateacute
aqui Aos meus Pais que
sempre se dedicaram e me
deram apoio em todos os
momentos da minha vida
Aos meus Avoacutes pelos
momentos de crise que
passei e me deram uma
palavra de sabedoria
4
DEDICATORIA
Dedico este trabalho a todos
os juristas que lutam por um
paiacutes mais justo buscando
garantir a sociedade um
tratamento igualitaacuterio e que
os direitos fundamentais
venham a ser realmente
efetivados
5
RESUMO
O trabalho de conclusatildeo de curso em questatildeo buscou abordar como seraacute efetivado
o direito de arrependimento no comercio eletrocircnico apoacutes a sua regulamentaccedilatildeo atraveacutes do
Marco Civil
Discorrendo desde a evoluccedilatildeo histoacuterica da Internet ateacute o comeacutercio eletrocircnico a
definiccedilatildeo de consumidor e fornecedor e as relaccedilotildees de contrato existentes ateacute a aplicaccedilatildeo do
direito de arrependimento baseado no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
juntamente com o Marco Civil e suas consequecircncias
De maneira que o trabalho discorreraacute de forma objetiva e fundamentada por
doutrinadores e entendimentos dos Tribunais jaacute consolidados em como a Justiccedila tem se
posicionado na omissatildeo do fornecedor em garantir a efetividade do direito de arrependimento
do consumidor
6
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO07
CAPIacuteTULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO09
11 A FIGURA DO CONSUMIDOR10
12 DA CARACTERIZACcedilAtildeO DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO12
121 PRODUTO E SERVICcedilO13
CAPIacuteTULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO16
21 HISTOacuteRIA DA INTERNET NO BRASIL 17
22 O INIacuteCIO DA EXPLORACcedilAtildeO DE UM NOVO MERCADO18
23 O SURGIMENTO DO COMEacuteRICO ELETROcircNICO18
231 E-COMMERCE BRASIL19
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO
ELETROcircNICO22
31 CONCEITO22
32 DOS REQUESITOS NECESSAacuteRIOS PARA O DIREITO DE
ARREPENDIMENTO27
321 FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL27
322 DO PRAZO PARA O DIREITO DE ARREPENDIMENTO29
33 DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO 33
331 DIREITO DE ARREPENDIMENTO REGULADO PELO MARCO CIVIL35
CONCLUSAtildeO38
BIBLIOGRAFIA39
7
INTRODUCcedilAtildeO
A evoluccedilatildeo da tecnologia conhecida por internet vem transformando o mundo
desde o seu surgimento nos anos 70 ateacute os dias de hoje influenciando tudo ao nosso redor
desde a forma que nos relacionamos ateacute realizaccedilotildees de compras em outro paiacutes natildeo havendo
mais fronteiras
Essa mesma evoluccedilatildeo acarretou mudanccedilas em nossos haacutebitos mais simples como
por exemplo o de irmos a um estabelecimento comercial e comprar o que queriacuteamos nos dias
atuais natildeo se faz mais necessaacuterio pormos os peacutes para fora de casa basta acessar algum
equipamento com internet seja ele um computador tablet ou celular atraveacutes desses
equipamentos podemos realizar a compra de um produto no conforto de nossa casa sem
termos contato direto com vendedor
Entretanto essa evoluccedilatildeo aleacutem dos benefiacutecios tragos por ela trouxe tambeacutem um
novo tipo de relaccedilatildeo juriacutedica em que as partes natildeo possuem contato direto mas as obrigaccedilotildees
satildeo as mesmas como se contato tivesse soacute tendo uma novidade nessa nova relaccedilatildeo juriacutedica o
direito do consumidor se arrepender
Por se tratar de relaccedilatildeo consumerista onde sempre o consumidor seraacute parte mais
fraca O legislador por meio de leis deve buscar colocar o consumidor e fornecedor em peacute
equitativo para resguardar o consumidor sofrer qualquer dano
Assim e-commerce trouxe um novo jeito de se realizar compras por meio de
contrato eletrocircnico fazendo com que o direito tambeacutem acompanhe essa evoluccedilatildeo visando
manter o equiliacutebrio perante a sociedade como um todo
8
CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO
Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente
desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de
politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro
Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas
profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens
e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a
variedades de produtos agora existentes
De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses
fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro
Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo
do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a
resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando
diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor
Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima
doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina
ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo
Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na
Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia
fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica
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estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a
realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos
O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto
Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao
produtor
Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a
preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como
o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo
Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do
consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade
No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990
conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para
diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de
consumo
Ainda Claudia Lima Marque aduz que
ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo
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(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo
11 ndash A Figura do Consumidor
Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo
esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos
ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo
Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros
Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos
ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo
Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute
ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo
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para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo
Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados
ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo
Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz
ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade
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destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo
12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre
uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo
e na outra ponta a existecircncia de fornecedor
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as
pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis
ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo
Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente
profissional comercializando produzindo importando
Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita
o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor
ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo
Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a
oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo
13
Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor
apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores
existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica
121 ndash Produto e Serviccedilo
O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que
podem integrar relaccedilatildeo consumerista
Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm
ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo
Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou
imaterial
O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou
substancia pode ser transportado de um lugar para o outro
O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por
produto moacutevel vejamos
ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees
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Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo
Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo
transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o
Coacutedigo Civil conceitua
ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente
Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais
I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram
II - o direito agrave sucessatildeo aberta
Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis
I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local
II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo
No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos
constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens
imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse
bem
Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de
consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor
ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza
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bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
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CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
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Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
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22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
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vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
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CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
23
ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
24
comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
25
ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
26
Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
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BIBLIOGRAFIA
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4
DEDICATORIA
Dedico este trabalho a todos
os juristas que lutam por um
paiacutes mais justo buscando
garantir a sociedade um
tratamento igualitaacuterio e que
os direitos fundamentais
venham a ser realmente
efetivados
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RESUMO
O trabalho de conclusatildeo de curso em questatildeo buscou abordar como seraacute efetivado
o direito de arrependimento no comercio eletrocircnico apoacutes a sua regulamentaccedilatildeo atraveacutes do
Marco Civil
Discorrendo desde a evoluccedilatildeo histoacuterica da Internet ateacute o comeacutercio eletrocircnico a
definiccedilatildeo de consumidor e fornecedor e as relaccedilotildees de contrato existentes ateacute a aplicaccedilatildeo do
direito de arrependimento baseado no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
juntamente com o Marco Civil e suas consequecircncias
De maneira que o trabalho discorreraacute de forma objetiva e fundamentada por
doutrinadores e entendimentos dos Tribunais jaacute consolidados em como a Justiccedila tem se
posicionado na omissatildeo do fornecedor em garantir a efetividade do direito de arrependimento
do consumidor
6
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO07
CAPIacuteTULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO09
11 A FIGURA DO CONSUMIDOR10
12 DA CARACTERIZACcedilAtildeO DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO12
121 PRODUTO E SERVICcedilO13
CAPIacuteTULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO16
21 HISTOacuteRIA DA INTERNET NO BRASIL 17
22 O INIacuteCIO DA EXPLORACcedilAtildeO DE UM NOVO MERCADO18
23 O SURGIMENTO DO COMEacuteRICO ELETROcircNICO18
231 E-COMMERCE BRASIL19
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO
ELETROcircNICO22
31 CONCEITO22
32 DOS REQUESITOS NECESSAacuteRIOS PARA O DIREITO DE
ARREPENDIMENTO27
321 FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL27
322 DO PRAZO PARA O DIREITO DE ARREPENDIMENTO29
33 DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO 33
331 DIREITO DE ARREPENDIMENTO REGULADO PELO MARCO CIVIL35
CONCLUSAtildeO38
BIBLIOGRAFIA39
7
INTRODUCcedilAtildeO
A evoluccedilatildeo da tecnologia conhecida por internet vem transformando o mundo
desde o seu surgimento nos anos 70 ateacute os dias de hoje influenciando tudo ao nosso redor
desde a forma que nos relacionamos ateacute realizaccedilotildees de compras em outro paiacutes natildeo havendo
mais fronteiras
Essa mesma evoluccedilatildeo acarretou mudanccedilas em nossos haacutebitos mais simples como
por exemplo o de irmos a um estabelecimento comercial e comprar o que queriacuteamos nos dias
atuais natildeo se faz mais necessaacuterio pormos os peacutes para fora de casa basta acessar algum
equipamento com internet seja ele um computador tablet ou celular atraveacutes desses
equipamentos podemos realizar a compra de um produto no conforto de nossa casa sem
termos contato direto com vendedor
Entretanto essa evoluccedilatildeo aleacutem dos benefiacutecios tragos por ela trouxe tambeacutem um
novo tipo de relaccedilatildeo juriacutedica em que as partes natildeo possuem contato direto mas as obrigaccedilotildees
satildeo as mesmas como se contato tivesse soacute tendo uma novidade nessa nova relaccedilatildeo juriacutedica o
direito do consumidor se arrepender
Por se tratar de relaccedilatildeo consumerista onde sempre o consumidor seraacute parte mais
fraca O legislador por meio de leis deve buscar colocar o consumidor e fornecedor em peacute
equitativo para resguardar o consumidor sofrer qualquer dano
Assim e-commerce trouxe um novo jeito de se realizar compras por meio de
contrato eletrocircnico fazendo com que o direito tambeacutem acompanhe essa evoluccedilatildeo visando
manter o equiliacutebrio perante a sociedade como um todo
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CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO
Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente
desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de
politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro
Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas
profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens
e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a
variedades de produtos agora existentes
De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses
fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro
Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo
do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a
resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando
diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor
Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima
doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina
ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo
Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na
Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia
fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica
9
estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a
realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos
O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto
Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao
produtor
Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a
preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como
o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo
Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do
consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade
No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990
conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para
diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de
consumo
Ainda Claudia Lima Marque aduz que
ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo
10
(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo
11 ndash A Figura do Consumidor
Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo
esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos
ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo
Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros
Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos
ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo
Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute
ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo
11
para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo
Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados
ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo
Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz
ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade
12
destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo
12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre
uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo
e na outra ponta a existecircncia de fornecedor
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as
pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis
ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo
Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente
profissional comercializando produzindo importando
Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita
o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor
ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo
Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a
oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo
13
Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor
apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores
existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica
121 ndash Produto e Serviccedilo
O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que
podem integrar relaccedilatildeo consumerista
Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm
ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo
Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou
imaterial
O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou
substancia pode ser transportado de um lugar para o outro
O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por
produto moacutevel vejamos
ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees
14
Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo
Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo
transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o
Coacutedigo Civil conceitua
ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente
Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais
I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram
II - o direito agrave sucessatildeo aberta
Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis
I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local
II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo
No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos
constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens
imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse
bem
Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de
consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor
ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza
15
bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
16
CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
17
Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
18
22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
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vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
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Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
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Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
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CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
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ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
34
realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
35
CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
36
I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
37
sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
38
CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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RESUMO
O trabalho de conclusatildeo de curso em questatildeo buscou abordar como seraacute efetivado
o direito de arrependimento no comercio eletrocircnico apoacutes a sua regulamentaccedilatildeo atraveacutes do
Marco Civil
Discorrendo desde a evoluccedilatildeo histoacuterica da Internet ateacute o comeacutercio eletrocircnico a
definiccedilatildeo de consumidor e fornecedor e as relaccedilotildees de contrato existentes ateacute a aplicaccedilatildeo do
direito de arrependimento baseado no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor
juntamente com o Marco Civil e suas consequecircncias
De maneira que o trabalho discorreraacute de forma objetiva e fundamentada por
doutrinadores e entendimentos dos Tribunais jaacute consolidados em como a Justiccedila tem se
posicionado na omissatildeo do fornecedor em garantir a efetividade do direito de arrependimento
do consumidor
6
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO07
CAPIacuteTULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO09
11 A FIGURA DO CONSUMIDOR10
12 DA CARACTERIZACcedilAtildeO DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO12
121 PRODUTO E SERVICcedilO13
CAPIacuteTULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO16
21 HISTOacuteRIA DA INTERNET NO BRASIL 17
22 O INIacuteCIO DA EXPLORACcedilAtildeO DE UM NOVO MERCADO18
23 O SURGIMENTO DO COMEacuteRICO ELETROcircNICO18
231 E-COMMERCE BRASIL19
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO
ELETROcircNICO22
31 CONCEITO22
32 DOS REQUESITOS NECESSAacuteRIOS PARA O DIREITO DE
ARREPENDIMENTO27
321 FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL27
322 DO PRAZO PARA O DIREITO DE ARREPENDIMENTO29
33 DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO 33
331 DIREITO DE ARREPENDIMENTO REGULADO PELO MARCO CIVIL35
CONCLUSAtildeO38
BIBLIOGRAFIA39
7
INTRODUCcedilAtildeO
A evoluccedilatildeo da tecnologia conhecida por internet vem transformando o mundo
desde o seu surgimento nos anos 70 ateacute os dias de hoje influenciando tudo ao nosso redor
desde a forma que nos relacionamos ateacute realizaccedilotildees de compras em outro paiacutes natildeo havendo
mais fronteiras
Essa mesma evoluccedilatildeo acarretou mudanccedilas em nossos haacutebitos mais simples como
por exemplo o de irmos a um estabelecimento comercial e comprar o que queriacuteamos nos dias
atuais natildeo se faz mais necessaacuterio pormos os peacutes para fora de casa basta acessar algum
equipamento com internet seja ele um computador tablet ou celular atraveacutes desses
equipamentos podemos realizar a compra de um produto no conforto de nossa casa sem
termos contato direto com vendedor
Entretanto essa evoluccedilatildeo aleacutem dos benefiacutecios tragos por ela trouxe tambeacutem um
novo tipo de relaccedilatildeo juriacutedica em que as partes natildeo possuem contato direto mas as obrigaccedilotildees
satildeo as mesmas como se contato tivesse soacute tendo uma novidade nessa nova relaccedilatildeo juriacutedica o
direito do consumidor se arrepender
Por se tratar de relaccedilatildeo consumerista onde sempre o consumidor seraacute parte mais
fraca O legislador por meio de leis deve buscar colocar o consumidor e fornecedor em peacute
equitativo para resguardar o consumidor sofrer qualquer dano
Assim e-commerce trouxe um novo jeito de se realizar compras por meio de
contrato eletrocircnico fazendo com que o direito tambeacutem acompanhe essa evoluccedilatildeo visando
manter o equiliacutebrio perante a sociedade como um todo
8
CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO
Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente
desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de
politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro
Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas
profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens
e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a
variedades de produtos agora existentes
De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses
fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro
Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo
do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a
resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando
diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor
Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima
doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina
ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo
Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na
Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia
fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica
9
estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a
realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos
O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto
Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao
produtor
Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a
preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como
o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo
Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do
consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade
No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990
conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para
diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de
consumo
Ainda Claudia Lima Marque aduz que
ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo
10
(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo
11 ndash A Figura do Consumidor
Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo
esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos
ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo
Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros
Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos
ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo
Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute
ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo
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para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo
Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados
ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo
Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz
ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade
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destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo
12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre
uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo
e na outra ponta a existecircncia de fornecedor
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as
pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis
ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo
Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente
profissional comercializando produzindo importando
Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita
o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor
ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo
Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a
oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo
13
Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor
apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores
existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica
121 ndash Produto e Serviccedilo
O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que
podem integrar relaccedilatildeo consumerista
Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm
ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo
Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou
imaterial
O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou
substancia pode ser transportado de um lugar para o outro
O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por
produto moacutevel vejamos
ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees
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Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo
Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo
transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o
Coacutedigo Civil conceitua
ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente
Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais
I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram
II - o direito agrave sucessatildeo aberta
Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis
I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local
II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo
No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos
constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens
imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse
bem
Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de
consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor
ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza
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bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
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CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
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Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
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22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
19
vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
22
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
23
ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
24
comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
25
ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
26
Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
27
ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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41
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6
SUMAacuteRIO
INTRODUCcedilAtildeO07
CAPIacuteTULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO09
11 A FIGURA DO CONSUMIDOR10
12 DA CARACTERIZACcedilAtildeO DA RELACcedilAtildeO DE CONSUMO12
121 PRODUTO E SERVICcedilO13
CAPIacuteTULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO16
21 HISTOacuteRIA DA INTERNET NO BRASIL 17
22 O INIacuteCIO DA EXPLORACcedilAtildeO DE UM NOVO MERCADO18
23 O SURGIMENTO DO COMEacuteRICO ELETROcircNICO18
231 E-COMMERCE BRASIL19
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO
ELETROcircNICO22
31 CONCEITO22
32 DOS REQUESITOS NECESSAacuteRIOS PARA O DIREITO DE
ARREPENDIMENTO27
321 FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL27
322 DO PRAZO PARA O DIREITO DE ARREPENDIMENTO29
33 DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO 33
331 DIREITO DE ARREPENDIMENTO REGULADO PELO MARCO CIVIL35
CONCLUSAtildeO38
BIBLIOGRAFIA39
7
INTRODUCcedilAtildeO
A evoluccedilatildeo da tecnologia conhecida por internet vem transformando o mundo
desde o seu surgimento nos anos 70 ateacute os dias de hoje influenciando tudo ao nosso redor
desde a forma que nos relacionamos ateacute realizaccedilotildees de compras em outro paiacutes natildeo havendo
mais fronteiras
Essa mesma evoluccedilatildeo acarretou mudanccedilas em nossos haacutebitos mais simples como
por exemplo o de irmos a um estabelecimento comercial e comprar o que queriacuteamos nos dias
atuais natildeo se faz mais necessaacuterio pormos os peacutes para fora de casa basta acessar algum
equipamento com internet seja ele um computador tablet ou celular atraveacutes desses
equipamentos podemos realizar a compra de um produto no conforto de nossa casa sem
termos contato direto com vendedor
Entretanto essa evoluccedilatildeo aleacutem dos benefiacutecios tragos por ela trouxe tambeacutem um
novo tipo de relaccedilatildeo juriacutedica em que as partes natildeo possuem contato direto mas as obrigaccedilotildees
satildeo as mesmas como se contato tivesse soacute tendo uma novidade nessa nova relaccedilatildeo juriacutedica o
direito do consumidor se arrepender
Por se tratar de relaccedilatildeo consumerista onde sempre o consumidor seraacute parte mais
fraca O legislador por meio de leis deve buscar colocar o consumidor e fornecedor em peacute
equitativo para resguardar o consumidor sofrer qualquer dano
Assim e-commerce trouxe um novo jeito de se realizar compras por meio de
contrato eletrocircnico fazendo com que o direito tambeacutem acompanhe essa evoluccedilatildeo visando
manter o equiliacutebrio perante a sociedade como um todo
8
CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO
Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente
desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de
politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro
Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas
profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens
e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a
variedades de produtos agora existentes
De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses
fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro
Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo
do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a
resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando
diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor
Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima
doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina
ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo
Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na
Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia
fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica
9
estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a
realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos
O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto
Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao
produtor
Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a
preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como
o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo
Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do
consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade
No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990
conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para
diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de
consumo
Ainda Claudia Lima Marque aduz que
ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo
10
(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo
11 ndash A Figura do Consumidor
Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo
esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos
ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo
Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros
Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos
ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo
Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute
ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo
11
para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo
Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados
ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo
Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz
ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade
12
destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo
12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre
uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo
e na outra ponta a existecircncia de fornecedor
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as
pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis
ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo
Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente
profissional comercializando produzindo importando
Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita
o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor
ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo
Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a
oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo
13
Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor
apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores
existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica
121 ndash Produto e Serviccedilo
O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que
podem integrar relaccedilatildeo consumerista
Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm
ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo
Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou
imaterial
O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou
substancia pode ser transportado de um lugar para o outro
O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por
produto moacutevel vejamos
ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees
14
Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo
Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo
transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o
Coacutedigo Civil conceitua
ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente
Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais
I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram
II - o direito agrave sucessatildeo aberta
Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis
I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local
II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo
No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos
constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens
imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse
bem
Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de
consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor
ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza
15
bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
16
CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
17
Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
18
22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
19
vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
22
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
23
ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
36
I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
37
sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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7
INTRODUCcedilAtildeO
A evoluccedilatildeo da tecnologia conhecida por internet vem transformando o mundo
desde o seu surgimento nos anos 70 ateacute os dias de hoje influenciando tudo ao nosso redor
desde a forma que nos relacionamos ateacute realizaccedilotildees de compras em outro paiacutes natildeo havendo
mais fronteiras
Essa mesma evoluccedilatildeo acarretou mudanccedilas em nossos haacutebitos mais simples como
por exemplo o de irmos a um estabelecimento comercial e comprar o que queriacuteamos nos dias
atuais natildeo se faz mais necessaacuterio pormos os peacutes para fora de casa basta acessar algum
equipamento com internet seja ele um computador tablet ou celular atraveacutes desses
equipamentos podemos realizar a compra de um produto no conforto de nossa casa sem
termos contato direto com vendedor
Entretanto essa evoluccedilatildeo aleacutem dos benefiacutecios tragos por ela trouxe tambeacutem um
novo tipo de relaccedilatildeo juriacutedica em que as partes natildeo possuem contato direto mas as obrigaccedilotildees
satildeo as mesmas como se contato tivesse soacute tendo uma novidade nessa nova relaccedilatildeo juriacutedica o
direito do consumidor se arrepender
Por se tratar de relaccedilatildeo consumerista onde sempre o consumidor seraacute parte mais
fraca O legislador por meio de leis deve buscar colocar o consumidor e fornecedor em peacute
equitativo para resguardar o consumidor sofrer qualquer dano
Assim e-commerce trouxe um novo jeito de se realizar compras por meio de
contrato eletrocircnico fazendo com que o direito tambeacutem acompanhe essa evoluccedilatildeo visando
manter o equiliacutebrio perante a sociedade como um todo
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CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO
Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente
desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de
politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro
Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas
profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens
e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a
variedades de produtos agora existentes
De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses
fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro
Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo
do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a
resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando
diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor
Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima
doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina
ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo
Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na
Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia
fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica
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estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a
realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos
O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto
Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao
produtor
Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a
preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como
o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo
Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do
consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade
No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990
conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para
diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de
consumo
Ainda Claudia Lima Marque aduz que
ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo
10
(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo
11 ndash A Figura do Consumidor
Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo
esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos
ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo
Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros
Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos
ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo
Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute
ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo
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para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo
Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados
ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo
Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz
ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade
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destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo
12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre
uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo
e na outra ponta a existecircncia de fornecedor
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as
pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis
ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo
Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente
profissional comercializando produzindo importando
Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita
o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor
ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo
Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a
oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo
13
Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor
apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores
existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica
121 ndash Produto e Serviccedilo
O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que
podem integrar relaccedilatildeo consumerista
Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm
ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo
Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou
imaterial
O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou
substancia pode ser transportado de um lugar para o outro
O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por
produto moacutevel vejamos
ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees
14
Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo
Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo
transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o
Coacutedigo Civil conceitua
ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente
Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais
I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram
II - o direito agrave sucessatildeo aberta
Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis
I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local
II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo
No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos
constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens
imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse
bem
Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de
consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor
ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza
15
bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
16
CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
17
Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
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22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
19
vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
22
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
23
ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
24
comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
26
Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
29
realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
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CAPITULO 1 ndash RELACcedilAtildeO DE CONSUMO
Com as grandes mudanccedilas no mundo a partir da deacutecada de 70 devido o crescente
desenvolvimento da tecnologia e da globalizaccedilatildeo econocircmica estruturada no regime de
politica econocircmica capitalista que tem com finalidade o lucro
Essa evoluccedilatildeo dos mercados de forma global acarretou mudanccedilas e marcas
profundas alterando os padrotildees de relaccedilatildeo consumerista no mundo visto que consumir bens
e serviccedilos comeccedilou a ser de faacutecil acesso devido a grande demanda de oferta devido a
variedades de produtos agora existentes
De forma que o interesse do consumidor era de pouca relevacircncia para esses
fabricantes tendo em vista que o objetivo real era obtenccedilatildeo de lucro
Entretanto a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas (ONU) verificando que a posiccedilatildeo
do consumidor dentro das relaccedilotildees de consumo era mais fraca editou no ano de 1985 a
resoluccedilatildeo de nordm 39248 reconhecendo a vulnerabilidade do consumidor influenciando
diversos paiacuteses a regulamentarem normas protetivas ao consumidor
Tal resoluccedilatildeo reconheceu e estabeleceu diretriz conforme a ilustriacutessima
doutrinadora Claudia Lima Marques na obra Manual de Direito do Consumidor ensina
ldquo[] a ideia de que se trata de um direito humano de nova geraccedilatildeo (ou dimensatildeo) um direito social e econocircmico um direito de igualdade material do mais fraco leigo do cidadatildeo civil nas suas realaccedilotildees privadas frente aos profissionais os empresaacuterios as empresas os fornecedores de produtos e serviccedilos que nesta posiccedilatildeo satildeo experts parceiros considerados ldquofortesrdquo ou em posiccedilatildeo de poder (Machtposition)rdquo
Natildeo sendo diferente no Brasil foi dada uma proteccedilatildeo agrave defesa do consumidor na
Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 sendo introduzida como um direito e uma garantia
fundamental constada no artigo 5ordm inciso XXXII e como principio da ordem econocircmica
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estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a
realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos
O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto
Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao
produtor
Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a
preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como
o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo
Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do
consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade
No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990
conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para
diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de
consumo
Ainda Claudia Lima Marque aduz que
ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo
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(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo
11 ndash A Figura do Consumidor
Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo
esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos
ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo
Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros
Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos
ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo
Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute
ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo
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para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo
Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados
ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo
Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz
ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade
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destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo
12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre
uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo
e na outra ponta a existecircncia de fornecedor
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as
pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis
ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo
Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente
profissional comercializando produzindo importando
Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita
o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor
ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo
Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a
oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo
13
Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor
apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores
existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica
121 ndash Produto e Serviccedilo
O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que
podem integrar relaccedilatildeo consumerista
Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm
ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo
Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou
imaterial
O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou
substancia pode ser transportado de um lugar para o outro
O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por
produto moacutevel vejamos
ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees
14
Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo
Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo
transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o
Coacutedigo Civil conceitua
ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente
Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais
I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram
II - o direito agrave sucessatildeo aberta
Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis
I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local
II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo
No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos
constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens
imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse
bem
Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de
consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor
ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza
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bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
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CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
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Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
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22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
19
vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
22
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
23
ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
24
comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
25
ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
26
Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
27
ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
28
a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
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estabelecido no artigo 170 inciso V da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 obrigando o Estado a
realizar politicas puacuteblicas que garantam a esses sujeitos a efetividade dos seus direitos
O direito do consumidor deve ser preservado conforme ensina Eros Roberto
Grau que o consumidor se encontra em uma posiccedilatildeo deacutebil e subordinado em relaccedilatildeo ao
produtor
Neste mesmo sentindo o ilustre doutrinador Joseacute Afonso da Silva ensina que a
preservaccedilatildeo do direito do consumidor deve-se pelas razotildees econocircmicas devido agrave forma como
o comeacutercio eacute realizado como todos estatildeo inseridos nessa sociedade de consumo
Assim apoacutes a Constituiccedilatildeo Federal do Brasil de 1988 ter protegido o direito do
consumidor como um direito fundamental devido a sua vulnerabilidade
No ano de 1990 diante de um esforccedilo legislativo foi feita a Lei 80781990
conhecida como Coacutedigo de Defesa do Consumidor a obra que se tornou modelo para
diversos paiacuteses objetivando garantir e efetivar o direito ao consumidor nas relaccedilotildees de
consumo
Ainda Claudia Lima Marque aduz que
ldquoO direito do consumidor seria assim o conjunto de normas e princiacutepios especiais que visam cumprir com este triplo mandamento constitucional 1) de promover a defesa dos consumidores (art 5ordm XXXII da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Estado promoveraacute na forma da lei a defesa do consumidorrdquo) 2) de observar e assegurar como principio geral da atividade econocircmica como principio imperativo da ordem econocircmica constitucional a necessaacuteria ldquodefesardquo do sujeito de direitos ldquoconsumidorrdquo (art170 da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoA ordem econocircmica fundada na valorizaccedilatildeo do trabalho humano e na livre iniciativa tem por fim assegurar a todos existecircncia digna conforme os ditames da justiccedila social observados os seguintes princiacutepios () V- defesa do consumidor ()rdquo e 3) de sistematizar e ordenar esta tutela especial infraconstitucionalmente atraveacutes de um Coacutedigo (microcodificaccedilatildeo) que reuacutena e organize as normas tutelares de direito privado e puacuteblico com base na ideia de proteccedilatildeo do sujeito de direitos (e natildeo da relaccedilatildeo de consumo e mercado de consumo) um coacutedigo de proteccedilatildeo e defesa do ldquoconsumidorrdquo
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(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo
11 ndash A Figura do Consumidor
Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo
esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos
ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo
Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros
Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos
ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo
Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute
ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo
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para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo
Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados
ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo
Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz
ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade
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destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo
12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre
uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo
e na outra ponta a existecircncia de fornecedor
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as
pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis
ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo
Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente
profissional comercializando produzindo importando
Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita
o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor
ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo
Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a
oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo
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Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor
apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores
existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica
121 ndash Produto e Serviccedilo
O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que
podem integrar relaccedilatildeo consumerista
Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm
ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo
Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou
imaterial
O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou
substancia pode ser transportado de um lugar para o outro
O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por
produto moacutevel vejamos
ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees
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Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo
Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo
transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o
Coacutedigo Civil conceitua
ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente
Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais
I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram
II - o direito agrave sucessatildeo aberta
Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis
I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local
II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo
No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos
constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens
imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse
bem
Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de
consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor
ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza
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bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
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CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
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Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
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22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
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vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
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CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
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ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
25
ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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10
(art48 do Ato das Disposiccedilotildees Constitucionais Transitoacuterias da Constituiccedilatildeo Federal de 1988 ldquoO Congresso Nacional dentro de cento e vinte e dias da promulgaccedilatildeo da Constituiccedilatildeo elaboraraacute coacutedigo de defesa do consumidorrdquo
11 ndash A Figura do Consumidor
Assim o Coacutedigo em seus artigos 2deg 17ordm e 29ordm traz a conceituaccedilatildeo de quem satildeo
esses sujeitos que se denominam consumidores vejamos
ldquoArt2ordm Consumidor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica que adquire ou utiliza produto ou serviccedilo como destinataacuterio final Paraacutegrafo uacutenico Equipara-se a consumidor a coletividade de pessoas ainda que indeterminaacuteveis que haja intervindo nas relaccedilotildees de consumo Art17ordm Para os efeitos desta Seccedilatildeo equiparam-se aos consumidores todas as vitimas do evento Art29ordm Para fins deste Capiacutetulo e do seguinte equiparam-se aos consumidores todas as pessoas determinaacuteveis ou natildeo expostas agraves praticas nele previstasrdquo
Para se conceituar o consumidor ensina o doutrinador Leonardo de Medeiros
Garcia que satildeo necessaacuterios trecircs elementos
ldquoO primeiro dele eacute o subjetivo (pessoa fiacutesica ou juriacutedica) o segundo eacute objetivo (aquisiccedilatildeo ou utilizaccedilatildeo de produtos ou serviccedilos) e o terceiro e ultimo eacute o teleoloacutegico (a finalidade pretendida com a aquisiccedilatildeo de produto ou serviccedilo) caracterizado pela expressatildeo destinataacuterio finalrdquo
Neste sentido para Claudia Lima Marques consumidor eacute
ldquoDestinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica Logo segundo esta interpretaccedilatildeo teleoloacutegica natildeo basta ser destinataacuterio faacutetico do produto retira-lo da cadeia de produccedilatildeo leva-lo para o escritoacuterio ou residecircncia ndash eacute necessaacuterio ser destinataacuterio final econocircmico do bem natildeo adquiri-lo para revenda natildeo adquiri-lo
11
para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo
Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados
ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo
Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz
ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade
12
destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo
12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre
uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo
e na outra ponta a existecircncia de fornecedor
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as
pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis
ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo
Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente
profissional comercializando produzindo importando
Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita
o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor
ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo
Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a
oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo
13
Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor
apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores
existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica
121 ndash Produto e Serviccedilo
O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que
podem integrar relaccedilatildeo consumerista
Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm
ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo
Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou
imaterial
O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou
substancia pode ser transportado de um lugar para o outro
O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por
produto moacutevel vejamos
ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees
14
Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo
Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo
transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o
Coacutedigo Civil conceitua
ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente
Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais
I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram
II - o direito agrave sucessatildeo aberta
Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis
I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local
II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo
No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos
constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens
imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse
bem
Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de
consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor
ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza
15
bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
16
CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
17
Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
18
22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
19
vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
22
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
23
ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
24
comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
36
I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
37
sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
38
CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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11
para uso profissional pois o bem seria novamente um instrumento de produccedilatildeo cujo o preccedilo seraacute incluiacutedo no preccedilo final do profissional que o adquiriu Neste caso natildeo haveria a exigida ldquodestinaccedilatildeo finalrdquo do produto ou do serviccedilo Parece-me que destinataacuterio final eacute aquele destinataacuterio faacutetico e econocircmico do bem ou serviccedilo seja ele pessoa juriacutedica ou fiacutesica O destinataacuterio final eacute o consumidor final o que retira o bem do mercado ao adquiri-lo ou simplesmente utiliza-lo (destinataacuterio final faacutetico) aquele que coloca um fim na cadeia de produccedilatildeo (destinataacuterio final econocircmico) e natildeo aquele que utiliza o bem para continuar a produzir pois ele natildeo eacute o consumidor final ele estaacute transformando o bem utilizando o bem incluindo o serviccedilo contratado no seu para oferece-lo por sua vez ao seu cliente seu consumidor utilizando-o no seu serviccedilo de construccedilatildeo nos seus caacutelculos do preccedilo como insumo da sua produccedilatildeordquo
Ainda Leonardo de Medeiros Garcia ensina sobre os consumidores equiparados
ldquoInteressante observar que natildeo eacute consumidor apenas quem adquire mas tambeacutem quem utiliza (por exemplo um familiar do adquirente ou quem ganhou de presente um produto) A definiccedilatildeo estampada no caput do referido artigo eacute denominada pela doutrina de ldquoconsumidor stricto sensurdquo ou ldquostandardrdquo em contraposiccedilatildeo aos consumidores equiparados definidos no paraacutegrafo uacutenico do art2ordm e nos art17 e 29rdquo
Nesta mesma linha de raciociacutenio Claudia Lima Marques aduz
ldquoA jurisprudecircncia valorizou a teacutecnica do proacuteprio CDC de instituir ldquoconsumidores equiparadosrdquo ao lado dos consumidores stricto sensu e passou a exercer um controle de claacuteusulas abusivas em contratos de adesatildeo que estariam inicialmente fora do campo de aplicaccedilatildeo do CDC como o contrato entre dois profissionais assim como a valorar praticas comerciais abusivas entre dois fornecedores ou dois grupos de empresaacuterios praticas que possuiriam reflexos apenas mediatos no que se refere agrave proteccedilatildeo dos consumidores stricto sensu O ponto de partida desta extensatildeo do campo de aplicaccedilatildeo do CDC eacute a observaccedilatildeo de que muitas pessoas mesmo natildeo sendo consumidores stricto sensu podem ser atingidas ou prejudicadas pelas atividades dos fornecedores no mercado Estas pessoas grupos e mesmo profissionais podem intervir nas relaccedilotildees de consumo de outra forma a ocupar uma posiccedilatildeo de vulnerabilidade Mesmo natildeo preenchendo as caracteriacutesticas de um consumidor stricto sensu a posiccedilatildeo preponderante (Machtposition) do fornecedor e a posiccedilatildeo de vulnerabilidade
12
destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo
12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre
uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo
e na outra ponta a existecircncia de fornecedor
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as
pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis
ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo
Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente
profissional comercializando produzindo importando
Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita
o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor
ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo
Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a
oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo
13
Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor
apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores
existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica
121 ndash Produto e Serviccedilo
O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que
podem integrar relaccedilatildeo consumerista
Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm
ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo
Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou
imaterial
O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou
substancia pode ser transportado de um lugar para o outro
O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por
produto moacutevel vejamos
ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees
14
Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo
Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo
transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o
Coacutedigo Civil conceitua
ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente
Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais
I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram
II - o direito agrave sucessatildeo aberta
Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis
I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local
II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo
No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos
constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens
imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse
bem
Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de
consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor
ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza
15
bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
16
CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
17
Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
18
22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
19
vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
22
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
23
ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
36
I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
37
sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
38
CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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12
destas pessoas sensibilizaram o legislador e agora os aplicadores da leirdquo
12 ndash Da Caracterizaccedilatildeo da Relaccedilatildeo de Consumo As relaccedilotildees de consumo satildeo caracterizadas pela relaccedilatildeo juriacutedica existente entre
uma pessoa fiacutesica ou juriacutedica com intuito de adquirir um produto ou prestaccedilatildeo de um serviccedilo
e na outra ponta a existecircncia de fornecedor
O Coacutedigo de Defesa do Consumidor conceitua no artigo 3ordm caput quem satildeo as
pessoas que figuraratildeo como fornecedor in verbis
ldquoArt3ordm Fornecedor eacute toda pessoa fiacutesica ou juriacutedica publica ou privada nacional ou estrangeira bem como os entes despersonalizados que desenvolvem atividades de produccedilatildeo montagem criaccedilatildeo construccedilatildeo transformaccedilatildeo importaccedilatildeo exportaccedilatildeodistribuiccedilatildeo ou comercializaccedilatildeo de produtos ou prestaccedilatildeo de serviccedilo
Para ser caracterizado fornecedor deve desenvolver atividade tipicamente
profissional comercializando produzindo importando
Neste seguimento o doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia em sua obra cita
o esclarecimento que Joatildeo Batista de Almeida faz sobre fornecedor
ldquofornecedor eacute natildeo apenas quem produz ou fabrica industrial ou artesanalmente em estabelecimentos industriais centralizados ou natildeo como tambeacutem quem vende ou seja comercializa produtos nos milhares e milhotildees de pontos de venda espalhados por todo o territoacuterio Nesse ponto portanto a definiccedilatildeo de fornecedor se distancia da de consumidor pois enquanto este haacute de ser o destinataacuterio final tal exigecircncia jaacute natildeo se verifica quanto ao fornecedor que pode ser o fabricante originaacuterio o intermediaacuterio ou o comerciante bastando que faccedila disso sua profissatildeo ou atividade principalrdquo
Igualmente o professor Filomeno define fornecedor satildeo aquele que ldquopropiciem a
oferta de produtos e serviccedilos no mercado de consumo de maneira a atender agraves necessidades dos consumidores sendo despiciendo indargar-se a que titulordquo
13
Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor
apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores
existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica
121 ndash Produto e Serviccedilo
O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que
podem integrar relaccedilatildeo consumerista
Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm
ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo
Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou
imaterial
O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou
substancia pode ser transportado de um lugar para o outro
O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por
produto moacutevel vejamos
ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees
14
Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo
Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo
transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o
Coacutedigo Civil conceitua
ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente
Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais
I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram
II - o direito agrave sucessatildeo aberta
Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis
I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local
II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo
No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos
constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens
imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse
bem
Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de
consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor
ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza
15
bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
16
CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
17
Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
18
22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
19
vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
22
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
23
ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
24
comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
37
sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
38
CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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13
Percebe-se que o legislador ao definir o que seria caracterizado como fornecedor
apresentou uma definiccedilatildeo ampla Com intuito de integrar todos os tipos de fornecedores
existentes no mercado sendo pessoa fiacutesica ou juriacutedica
121 ndash Produto e Serviccedilo
O legislador distinguiu no artigo 3ordm nos paraacutegrafos 1ordm e 2ordm os dois objetos que
podem integrar relaccedilatildeo consumerista
Primeiramente o legislador conceituou produto paraacutegrafo 1ordm
ldquoArt3ordm () sect1ordm Produto eacute qualquer bem moacutevel ou imoacutevel material ou imaterialrdquo
Desta forma produto pode ser classificado por moacutevel imoacutevel mateacuteria ou
imaterial
O produto moacutevel eacute aquele que sem modificaccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo na forma ou
substancia pode ser transportado de um lugar para o outro
O Coacutedigo Civil de 2002 em seus artigos conceitua o que se caracterizaria por
produto moacutevel vejamos
ldquoArt82 Satildeo moveis os bens suscetiacuteveis de movimento proacuteprio ou de remoccedilatildeo por forccedila sem alteraccedilatildeo da substancia ou da destinaccedilatildeo econocircmico-social Art 83 Consideram-se moveis para os efeitos legais I ndash as energias que tenham valor econocircmico II ndash os direitos reais sobre objetos moveis e as accedilotildees correspondentes III ndash os direitos pessoais de caraacuteter patrimonial e respectivas accedilotildees
14
Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo
Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo
transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o
Coacutedigo Civil conceitua
ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente
Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais
I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram
II - o direito agrave sucessatildeo aberta
Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis
I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local
II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo
No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos
constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens
imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse
bem
Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de
consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor
ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza
15
bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
16
CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
17
Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
18
22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
19
vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
22
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
23
ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
24
comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
25
ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
26
Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
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BIBLIOGRAFIA
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Art 84 Os materiais destinados a alguma construccedilatildeo enquanto natildeo forem empregados conservam sua qualidade de moacuteveis readquirem essa qualidade os provenientes da demoliccedilatildeo de algum preacutediordquo
Jaacute os produtos imoacuteveis satildeo aqueles conceituados de forma claacutessica que natildeo
transportar de um lugar para o outro sem a ver destruiccedilatildeo ou deterioraccedilatildeo do bem conforme o
Coacutedigo Civil conceitua
ldquoArt 79 Satildeo bens imoacuteveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente
Art 80 Consideram-se imoacuteveis para os efeitos legais
I - os direitos reais sobre imoacuteveis e as accedilotildees que os asseguram
II - o direito agrave sucessatildeo aberta
Art 81 Natildeo perdem o caraacuteter de imoacuteveis
I - as edificaccedilotildees que separadas do solo mas conservando a sua unidade forem removidas para outro local
II - os materiais provisoriamente separados de um preacutedio para nele se reempregaremrdquo
No que concerne produtos materiais e imateriais o primeiro satildeo produtos
constituiacutedos de mateacuteria fiacutesica podendo estar na posse ou domiacutenio Contudo os bens
imateriais natildeo possuem constituiccedilatildeo fiacutesica se podendo ter a posse ou domiacutenio fiacutesico desse
bem
Continuando sobre o que Legislador trouxe como objeto de uma relaccedilatildeo de
consumo estaacute agrave contrataccedilatildeo de serviccedilo conforme descrito no artigo 3ordm paraacutegrafo 2 do Coacutedigo
de Defesa do Consumidor
ldquoArt3deg [] sect2 Serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo inclusive as de natureza
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bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
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CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
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Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
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22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
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vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
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CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
23
ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
27
ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
28
a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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BANCO DE DADOSltgthttpjuscombrartigos10069a-relacao-juridica-de-consumo3ixzz3hantPfhN ltgt Acesso em 28 de julho de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwscielobrpdfraev40n4v40n4a09pdf ltgt Acesso em 01 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwecommercebrasilcombreblog20140715e-commerce-um-mercado-quente-em-evoluccedilatildeo-constante ltgt Acesso em 02 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpwwwprofissionaldeecommercecombre-bit-numeros-do-e-commerce-no-brasil ltgt Acesso em 01 de Agosto de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httpptwikipediaorgwikiHist_da_Internetltgt Acesso em 02 de julho de 2015 BANCO DE DADOS ltgt httplucasguerreirojusbrasilcombrartigos111646478nota-sobre-direito-de-arrependimento-no-decreto-n-7962-13ltgt Acesso em 05 de julho de 2015
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bancaacuteria financeira de creacutedito e securitaacuteria salvo as decorrentes das relaccedilotildees de caraacuteter trabalhistardquo
O doutrinador Leonardo de Medeiros Garcia ensina que
ldquoJaacute o serviccedilo eacute qualquer atividade fornecida no mercado de consumo mediante remuneraccedilatildeo (sect2) Segundo o artigo estariam excluiacutedas da tutela consumerista aquelas atividades desempenhadas a titulo gratuito como as feitas de favores ou por parentesco (serviccedilo puramente gratuito) Mas eacute preciso ter cuidado para verificar se fornecedor natildeo estaacute tendo uma remuneraccedilatildeo indireta na relaccedilatildeo (serviccedilo aparentemente gratuito) Assim alguns serviccedilos embora sejam gratuitos estatildeo abrangidos pelo CDC uma vez que o fornecedor esta de alguma forma sendo remunerado pelo serviccedilo
O Superior Tribunal de Justiccedila nesse sentindo jaacute se pronunciou senatildeo vejamos
ldquoInexiste violaccedilatildeo ao art3ordm sect2ordm do Coacutedigo de Defesa do Consumidor porquanto para a caracterizaccedilatildeo da relaccedilatildeo de consumo o serviccedilo pode ser prestado pelo fornecedor mediante remuneraccedilatildeo obtida de forma indireta (STJ Resp566468RJ Rel Min Jorge Scartezzini DJ 17122004)rdquo
Assim os serviccedilos podem ser classificados como duraacuteveis satildeo os que tecircm
continuidade no tempo devido agrave estipulaccedilatildeo contratual e natildeo duraacuteveis se esgotam uma vez
prestados
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CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
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Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
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22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
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vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
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Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
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CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
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ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
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CAPITULO 2 ndash COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
O surgimento da internet se deu durante a Guerra Fria no ano de 1969 por parte
dos Estados Unidos da Ameacuterica visando manter todas as bases militares interligadas por meio
de uma rede de comunicaccedilatildeo evitando com esse novo tipo de comunicaccedilatildeo serem pegos
desprevenidos em um ataque realizado pelos sovieacuteticos
Contudo antes do desenvolvimento do projeto Arpanet o governo Americano
possuiacutea uma rede de comunicaccedilatildeo que interligava todas as bases e departamentos ligados
diretamente ao Pentaacutegono entretanto caso o Pentaacutegono sofresse um ataque todas as bases
militares e seus departamentos sofreriam um colapso em natildeo possuiacuterem mais informaccedilotildees
Visando evitar que as bases militares perdessem a comunicaccedilatildeo foi desenvolvida
pela Advanced Research and Projects Agency (Agecircncia de Pesquisa em Projetos Avanccedilados)
uma nova de rede de comunicaccedilatildeo o projeto denominou-se Arpanet tal tecnologia tinha o
objetivo conectar ou interligar todas as bases e departamentos militares juntamente com o
governo americano tornando essa nova rede praticamente indestrutiacutevel visto que natildeo
possuiacuteam centro definido dando aos militares a certeza de que natildeo perderiam a comunicaccedilatildeo
entre si
Nos meados dos anos de 1970 o governo Americano concedeu a permissatildeo agraves
universidades que realizavam pesquisas relativas agrave defesa terem acesso a Arpanet
Contudo ao fim da deacutecada de 70 devido o grande crescimento de pesquisas
realizadas pelas universidades ao projeto Arpanet seu pacote original chamado de Network
Control Protocol (NCP) comeccedilou se tornar obsoleto ou inadequado Tendo que ser
desenvolvido uma nova forma que natildeo impedisse a evoluccedilatildeo dessa tecnologia
Assim apoacutes estudos em como fazer evoluir o acesso de modo que natildeo viesse mais
a terem esse problema de limitaccedilatildeo de acessos e que essa tecnologia viesse a crescer de forma
quase ilimitada desenvolveram um novo protocolo nomeado de Transfer Control Protocol
Internet Protocol ndash TCPIP
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Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
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22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
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vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
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Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
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Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
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CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
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ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
36
I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
37
sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
38
CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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Jaacute nos anos 90 a internet comeccedilou a sofrer uma nova evoluccedilatildeo em seu uso
comeccedilou a deixar de ser exclusivamente acadecircmico comeccedilando a ser explorada com intuito
mercantil trazendo consigo uma discussatildeo sobre a soberania do Estado e uma nova visatildeo
sobre estabelecimento comercial
21 - Histoacuteria da Internet no Brasil
No Brasil a internet comeccedila a surgir no ano de 1991 com Rede Nacional de
Pesquisa ndash RNP estando subordinada ao Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia
Jaacute no ano de 1994 a empresa Embratel lanccedila o serviccedilo de internet com propoacutesito
experimental com a finalidade conhecer essa nova tecnologia que vinha crescendo ao redor do
mundo
Com a conduccedilatildeo desse experimento tiveram um resultado positivo em 1995 o
Ministeacuterio das Telecomunicaccedilotildees e Ministeacuterio de Ciecircncia e Tecnologia promoveu a abertura
da exploraccedilatildeo dessa tecnologia pelo setor privado
O experimento com a internet foi tatildeo bem sucedido que a partir da abertura da
exploraccedilatildeo da internet pelo setor privado o Ministeacuterio das Comunicaccedilotildees regulou pela
portaria de ndeg 148 em 31051995 aduzindo
ldquoO nome geneacuterico que designa o conjunto de redes os meios de transmissatildeo e comunicaccedilatildeo roteadores equipamentos e protocolos necessaacuterios agrave comunicaccedilatildeo entre computadores bem como o software e dados contidos nesses computadoresrdquo
Para que os computadores tivessem esse acesso agrave internet a responsabilidade para
intermediaccedilatildeo ficara a cargo da Rede Nacional de Pesquisa fazendo o controle do backbone
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22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
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vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
22
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
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ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
36
I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
37
sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
38
CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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18
22- O Inicio da Exploraccedilatildeo de um Novo Mercado
Nos anos 80 com o grande crescimento do interesse no uso da internet nos
setores educacionais nos institutos de defesa e pesquisas
Fez com que novas empresas surgissem como Cisco Systems Proteon 3Com e a
Wellfleet com intuito de fabricar equipamentos para que dessem acessos a internet criando
assim um novo ramo mercantil
23- O Surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico
O surgimento do Comeacutercio Eletrocircnico comeccedila a dar seus primeiros passos nos
anos 80 com a ideia de expandir o mercado e angariar novos consumidores diminuindo as
barreiras geograacuteficas
O expert Alberto Luiz Albertin aduz que o comeacutercio eletrocircnico eacute ldquoO novo ambiente
empresarial eacute fundamentalmente baseado no ambiente digital que tem como componente baacutesico a
Internet considerada infraestrutura de comunicaccedilatildeo puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Ainda o especialista definiu comeacutercio eletrocircnico como
ldquo [] que comeacutercio eletrocircnico eacute a realizaccedilatildeo de toda cadeia de valores dos processos de negocio em um ambiente eletrocircnico por meio da aplicaccedilatildeo intensa das tecnologias de comunicaccedilatildeo e de informaccedilatildeo atendendo aos objetivos de negoacutecio Os processos podem ser realizados de forma completa ou parcial incluindo as transaccedilotildees negoacutecio-a-negoacutecio negoacutecio-a-consumidor e intra-organizacional em uma infra-estrutura de informaccedilatildeo e comunicaccedilatildeo predominantemente puacuteblica de acesso faacutecil livre e de baixo custordquo
Para que o comeacutercio eletrocircnico seja realizado de forma eficaz satildeo necessaacuterios
que sejam obedecidos dois pontos
Entre esses pontos haacute de se ressaltar de suma importacircncia da necessidade de um
bom merchandising colocando em sua loja virtual boas imagens do produto que estaacute sendo
19
vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
20
Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
22
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
23
ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
24
comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
25
ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
26
Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
27
ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
28
a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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vendido como informaccedilotildees e preccedilos claros e precisos E um oacutetimo atendimento ao cliente
tendo em vista que agora como a utilizaccedilatildeo do comeacutercio eletrocircnico natildeo haacute mais barreiras
geograacuteficas
231ndash E-commerce Brasil
O comeacutercio eletrocircnico no Brasil comeccedila a dar seus passos mais profundos no fim
dos anos de 1999 e inicio dos anos 2000 visto com muita desconfianccedila por muitos
empresaacuterios como meio em ser realizar negoacutecios segundo a Fundaccedilatildeo Getulio Vargas nessa
eacutepoca somente aproximadamente 150 empresas de vaacuterios setores serviccedilo induacutestria e
comeacutercio exploravam esse novo ramo conforme graacutefico
Ainda nos referidos anos o comeacutercio eletrocircnico brasileiro por ser tratado com
certa desconfianccedila dos empresaacuterios muitos especialistas na aacuterea apresentavam entusiasmos
com o novo ramo para se realizar negoacutecio como Alberto Luiz Albertin em seu artigo aduz
ldquoEmbora os iacutendices de valores praticados nesse ambiente em relaccedilatildeo ao mercado como sejam ainda
baixos apresentam crescimento significativordquo
Vejamos o graacutefico desse iacutendice mencionado
Serviccedilos 49
Induacutestria 41
Comeacutercio 10
Fonte Albertin (2000d)
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Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
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Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
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CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
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ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
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Contudo apoacutes os anos se passarem o mercado foi se tornando otimista com o
novo meio de se realizar negoacutecio ficando cada vez mais atrativo para o empresaacuterio investir no
e-commerce atraindo novos consumidores
Nos uacuteltimos dez anos a meacutedia de investimentos e gastos com e-commerce
cresceu 127 nos uacuteltimos dez anos Sendo atualmente que 96 das empresas utilizam a
internet para realizaccedilatildeo de suas atividades
Natildeo obstante o e-commerce no Brasil movimentou no ano de 2011 a ateacute 2014
um total de R$1058 bilhotildees sendo estimado que no ano de 2015 tenha um crescimento de
20 do que foi arrecadado em 2014
020
015
010
005
000 Negoacutecio-a-negoacutecio Negoacutecio-a-consumidor
Fonte Albertin (2000d)
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Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
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CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
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ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
38
CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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21
Desta forma com o passar dos anos o comeacutercio eletrocircnico passou de uma ideia
pessimista para uma realidade muito lucrativa para os fornecedores visto que o e-commerce
caiu no gosto dos consumidores brasileiros devido sua praticidade e na grande maioria das
vezes de encontrar produtos mais baratos
22
CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
23
ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
25
ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
26
Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
27
ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
29
realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
31
20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
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CAPIacuteTULO 3 ndash DIREITO DE ARREPENDIMENTO NO COMEacuteRCIO ELETROcircNICO
31 ndash Conceito
Com a evoluccedilatildeo da economia capitalista os comerciantes e empresaacuterios
comeccedilaram a ter necessidade de realizar novos meacutetodos de venda com intuito de alcanccedilar os
consumidores obtendo majoraccedilatildeo em seus lucros
De modo que ao perceberem que muitos dos consumidores natildeo iam aos
estabelecimentos comerciais por conta da distacircncia de suas residecircncias ou por natildeo a ver um
determinado estabelecimento comercial em sua regiatildeo
Incentivou os comerciantes e empresaacuterios a traccedilarem novos meacutetodos de
comercializar seus produtos e serviccedilos expandido seus territoacuterios geograacuteficos de venda e
conquistando a novos consumidores atraveacutes desses novos meacutetodos e de venda empregados
A primeira teacutecnica utilizada pelos comerciantes a fim de expandir seus negoacutecios
foi agrave venda porta a porta foi uma teacutecnica comercial de vendas fora do estabelecimento
comercial amplamente difundida nas sociedades de consumo
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques traz em sua obra Contratos
no Coacutedigo de Defesa do Consumidor a estatiacutestica que ldquoNa deacutecada de 70 calculava-se que
35 das vendas ao consumidor nos Estados Unidos eram vendas door-to-doorrdquo
Esse novo tipo de venda trouxe diversos prejuiacutezos ao consumidor sem o tempo
necessaacuterio para refletir se desejava realmente efetuar compra do produto atraveacutes de um
marketing agressivo informando que as condiccedilotildees oferecidas lhe eram realmente favoraacuteveis
acreditando ser essa uma oportunidade uacutenica
Entretanto a venda em domicilio apresenta dois inconvenientes como descritos
por Claudia Lima Marques ao citar Oriana
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ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
36
I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
38
CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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23
ldquo[] apresentaria inconvenientes de duas ordens quanto a concorrecircncia desleal e quanto ao respeito ao consumidor A venda de porta me porta prejudicaria a concorrecircncia leal pois sem suportar os ocircnus fiscais e econocircmicos para manter um estabelecimento comercial o fornecedor que utiliza essa teacutecnica vai ao encontro do cliente que sem poder comparar os preccedilos e a qualidade do produto apresentado e por vezes para se livrar de importuno vendedor decide-se pelo produto oferecido Igualmente dos vendedores natildeo eacute exigido um niacutevel profissional maior pois natildeo existe viacutenculo empregatiacutecio entre ele e o fornecedor do produto e sua remuneraccedilatildeo se daraacute por precircmios e porcentagens Tudo acaba por incentivar que o vendedor se utilize de qualquer artificio inclusive o de mascarar ou omitir informaccedilotildees importantes para o consumidor sobre o preccedilo a qualidade e os riscos do produto para vender mais e alcanccedilar um retribuiccedilatildeo adequada De outro lado o consumidor perturbado em sua casa ou no local de trabalho natildeo tem o necessaacuterio tempo para refletir sobre se deseja realmente se obrigar se as condiccedilotildees oferecidas lhe satildeo realmente favoraacuteveis natildeo tem o consumidor agrave chance de comparar o produto e a oferta com outras do mercado nem de examinar com cuidado o bem que estaacute adquirindordquo
De modo que o consumidor eacute praticamente obrigado inconscientemente a
acreditar nas informaccedilotildees adquirindo o produto sem que houvesse tempo para analisar e
refletir sobre as informaccedilotildees do produto e serviccedilo oferecido Desrespeitando os elementos
que faz com que o uma negociaccedilatildeo comercial seja segura para o consumidor Conforme
Amaral Junior citou o doutrinador Correia
ldquoO interesse do consumidor em receber informaccedilotildees somente se justifica se ele dispotildee de tempo suficiente para assimilaacute-las ou apreciar o seu alcance O desenvolvimento de meacutetodos agressivos de venda provocou o aparecimento de situaccedilotildees em que se tornou notoacuterio o desequiliacutebrio das relaccedilotildees contratuais Isto ocorre principalmente no caso das vendas que tecircm lugar fora do estabelecimento comercial do fornecedor Em tal circunstacircncia o aderente normalmente se encontra em posiccedilatildeo de inferioridade jaacute que eacute levado a contratar pela pressatildeo de vendedores especialmente treinados e remunerados em funccedilatildeo do nuacutemero de contratos celebradosrdquo
A partir da evoluccedilatildeo tecnoloacutegica os comerciantes comeccedilaram a inventar novos
meacutetodos vendas com marketing agressivo a fim de aumentarem seus lucros As novas
praticas de comercializaccedilatildeo agora realizadas comeccedilaram a ser efetuadas atraveacutes dos meios de
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
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comunicaccedilatildeo por correspondecircncia catalogo por telemarketing telefone teleshopping e
recentemente atraveacutes da internet
Estas novas praacuteticas de venda mudaram por completo o jeito em que se faz
negoacutecio ganhando o gosto do consumidor pela comodidade em efetuar compra de produtos e
contrataccedilatildeo de serviccedilo
Entretanto esses contratos realizados fora do estabelecimento comercial atraveacutes
dos meios de comunicaccedilatildeo demonstram a vulnerabilidade de informaccedilatildeo do produto
oferecido pelo vendedor por natildeo ter o contato direto no momento da compra baseando-se sua
ldquoconfianccedilardquo nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Estas praacuteticas trouxeram agrave tona a vulnerabilidade do consumidor pela falta de
expertise e pela impossibilidade de identificar o comerciante ou empresaacuterio (fornecedor) em
caso de viacutecio do produto
O legislador ao visualizar que novos meacutetodos estavam sendo empregados pelos
comerciantes para realizarem seus negoacutecios como vender fora do estabelecimento
empresarial por meio de venda porta a porta correspondecircncia catalogo telemarketing com a
finalidade de conquistar novos clientes obtendo assim mais lucro
Gerando ao legislador preocupaccedilatildeo com essas praacuteticas agressivas de vendas
tambeacutem chamadas de ldquovendas sob impulsordquo Claudia Lima Marques aduz que levou o
legislador do Coacutedigo de Defesa do Consumidor a editar a norma especifica para que fosse
assegurado um miacutenimo de boa-feacute nessas relaccedilotildees entre fornecedores e consumidores pois os
instrumentos tradicionais que o direito colocava agrave disposiccedilatildeo dos consumidores esbarrando
em dificuldades praacuteticas e de prova
Assim foi estabelecido no Coacutedigo de Defesa do Consumidor o direito ao
consumidor se arrepender do contrato realizado fora do estabelecimento comercial conforme
o artigo 49 do CDC in verbis
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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ldquoArt49 O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 (sete) dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial especialmente por telefone ou a domicilio
O direito de arrependimento veio com a finalidade de proteger a declaraccedilatildeo de
vontade do consumidor para que essa possa ser decidida e refletida com calma protegida das
teacutecnicas agressivas de vendas a domicilio instituindo prazo de reflexatildeo obrigatoacuterio e um
direito de arrependimento
Igualmente com intuito protetivo ao consumidor no momento que adquira
produto por esses novos meios de venda na qual o consumidor natildeo teve o contato direto com
o produto natildeo podido realizar uma analise sem ter a convicccedilatildeo de que sua necessidade seria
saciada
Soacute tendo contato com o produto ou serviccedilo adquirido no momento da entrega o
consumidor teraacute tempo para refletir se realmente tem interesse em manter o contrato ou em
caso negativo do produto ou serviccedilo natildeo corresponder com expectativa gerada no momento da
contrataccedilatildeo teraacute o consumidor o prazo de 7 (sete) dias apoacutes o recebimento do produto ou da
assinatura do contrato para refletir e se arrepender
Neste sentido o doutrinador Nelson Nery Junior
ldquoSe o produto ou serviccedilo for entregue ou prestado no dia da assinatura do contrato a partir daiacute eacute que se conta o prazo para o exerciacutecio do direito de arrependimento Caso o contrato seja assinado num dia e o produto ou serviccedilo entregue ou prestado em eacutepoca posterior prazo de reflexatildeo tem iniacutecio a partir da efetiva entrega do produto ou prestaccedilatildeo do serviccedilo Isso porque na maior parte das vezes as compras por cataacutelogo ou por telefone satildeo realizadas sem que o consumidor esteja preparado para tanto e ainda sem que verifica que estaacute aqueacutem de suas expectativas pois se o tivesse visto e examinado natildeo teria comprado Natildeo teria sentido portanto contar-se o curto prazo de reflexatildeo a partir da assinatura do contrato ou da postagem do pedido nos correios sendo que a surpresa do consumidor somente ocorreraacute quando efetivamente receber o produto em suas matildeos A proteccedilatildeo que a lei lhe confere restaria inoacutecuardquo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
36
I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
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Natildeo obstante os Tribunais de Justiccedila de todo paiacutes tem se posicionado de forma
idecircntica
ldquo APELACcedilAtildeO COM REVISAtildeO CONSUMIDOR BEM MOacuteVEL COMPRA VENDA DIREITO DE ARREPENDIMENTO POSSIBILIDADE INTELIGEcircNCIA DO ART 49 DO CDC DANOS MORAIS EVIDENCIADOS MAS REDUZIDOS O consumidor pode desistir do contrato no prazo de 7 dias a contar de sua assinatura ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo sempre que a contrataccedilatildeo de fornecimento de produtos e serviccedilos ocorrer fora do estabelecimento comercial Elementos dos autos que revelam a responsabilidade da requerida pela cobranccedila indevida Danos morais configurados Montante reduzido RECURSO DO AUTOR DESPROVIDO E APELO DA REacute PARCIALMENTE PROVIDO PRELIMINAR AFASTADA(APELACcedilAtildeO Nordm 0000259-9320098260320 ndash VIGESIMA SEXTA CAMARA DE DIREITO PRIVADO ndash RELATRO DESEMBARGADOR ANTONIO NASCIMENTO ndash JULGADO 14052014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DE SP)rdquo
O consumidor ao verificar que o produto ou serviccedilo por ele contratado fora do
estabelecimento comercial natildeo corresponder com as informaccedilotildees prestadas teraacute direito de
requerer o desfazimento do negoacutecio requerendo a restituiccedilatildeo imediata do valor por ele pago
sem que o fornecedor se escuse impondo prazo para restituir o valor dispendido pelo
consumidor conforme dispotildee o paragrafo uacutenico do artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
ldquoArt49 [] Paraacutegrafo uacutenico Se o consumidor exercitar o direito de arrependimento previsto neste artigo os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo seratildeo devolvidos de imediato monetariamente atualizadosrdquo
A restituiccedilatildeo tem que ser feita de imediato logo apoacutes o consumidor exercitar o
direito de arrependimento no negoacutecio realizado mesmo que no contrato disponha claacuteusulas
contratuais que retirem do consumidor de reaver as quantias por ele pagas pois tais claacuteusulas
seratildeo consideradas nulas com base no artigo 51 inciso II do Coacutedigo de Defesa do
Consumidor
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
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ldquoArt51 Satildeo nulas de pleno direito entre outras as claacuteusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviccedilos que II ndash Subtraiam ao consumidor a opccedilatildeo de reembolso da quantia jaacute paga nos caso previstos neste Coacutedigordquo
Ao fazer exerciacutecio do direito de arrependimento o consumidor voltaraacute ao status a
quo tornando o contrato inexistente
32 ndash Dos requisitos necessaacuterios para o direito de arrependimento
Para o consumidor ter a efetividade do direito ao arrependimento eacute necessaacuterio que
aleacutem da existecircncia de uma relaccedilatildeo do consumo que se obedeccedila a alguns requisitos expressos
no artigo 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor que seratildeo demonstrados a seguir
321- Fora do estabelecimento comercial
Entende-se por estabelecimento comercial segundo Cirina Gomes Lima em seu
artigo em que cita a definiccedilatildeo do professor Fabio Ulhoa Coelho
ldquoEstabelecimento empresarial eacute o conjunto de bens que o empresaacuterio reuacutene para a exploraccedilatildeo de sua atividade econocircmica Compreende os bens indispensaacuteveis ou uacuteteis ao desenvolvimento da empresa como as mercadorias em estoque maacutequinas veiacuteculos marca e outros sinais distintivos tecnologia etc () Aleacutem desses bens o empresaacuterio deveraacute encontrar um ponto para o seu estabelecimento isto eacute um imoacutevel (normalmente alugada) em que exerceraacute o comeacuterciordquo
Ou seja para que se tenha direito ao arrependimento da compra realizada eacute
necessaacuterio que natildeo seja efetuada em um estabelecimento fiacutesico mas sim por um meio a qual
natildeo se tenha tido contato direto com o produto no momento realizaccedilatildeo da compra soacute
confiando nas informaccedilotildees prestadas pelo vendedor
Ainda Cirina diz que para se definir que a compra foi realizada fora do
estabelecimento comercial eacute necessaacuterio que estejam presentes alguns requisitos
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
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a) Falta de tempo para o consumidor refletir sobre a compra e adoccedilatildeo de teacutecnicas
agressivas de venda
b) Impossibilidade do consumidor conhecer todas as qualidades e defeitos do
produto ou serviccedilo adquirido
Neste sentido Cirina cita o ilustre professo Nelson Nery Junior
ldquoO caso concreto eacute que vai determinar o que seja venda fora do estabelecimento comercial sujeito ao direito de arrependimento ou natildeo Se for dos usos e costumes entre as partes a celebraccedilatildeo de contratos por telefone por exemplo natildeo incide o dispositivo e natildeo haacute o direito de arrependimento O consumidor pode ter relaccedilotildees comerciais com empresa que fornece suporte para informaacutetica e adquirir mensalmente formulaacuterios contiacutenuos para computador fazendo-o por telefone Conhece a marca as especificaccedilotildees e o fornecedor jaacute sabe qual exigecircncia e preferecircncia do consumidor Negociam assim haacute seis meses continuados sem reclamaccedilatildeo por parte do consumidor Nessa caso eacute evidente que se o contrato de consumo se der nas mesmas bases que os anteriores natildeo haacute direito de arrependimento Havendo mudanccedila da marca do formulaacuterio ou das especificaccedilotildees sempre exigidas pelo consumidor tem ele o direito de arrepender-se dentro do prazo de reflexatildeo
Seguindo essa definiccedilatildeo o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado
ldquoADMINISTRATIVOCONSUMIDOR DIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC RESPONSABILIDADE PELO VALOR DO SERVICcedilO POSTAL DECORRENTE DA DEVOLUCcedilAtildeO DO PRODUTO CONDUTA ABUSIVA LEGALIDADE DA MULTA APLICADA PELO PROCON 1 No presente caso trata-se da legalidade de multa imposta agrave TV SKY SHOP (SHOPTIME) em razatildeo do apurado em processos administrativos por decorrecircncia de reclamaccedilotildees realizadas pelos consumidores no sentido de que havia claacuteusula contratual responsabilizando o consumidor pelas despesas com o serviccedilo postal decorrente da devoluccedilatildeo do produto do qual pretende-se desistir 2 O art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor dispotildee que quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 dias (periacuteodo de reflexatildeo) sem qualquer motivaccedilatildeo Trata-se do direito de arrependimento que assegura o consumidor a
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
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realizaccedilatildeo de uma compra consciente equilibrando as relaccedilotildees de consumo 3 Exercido o direito de arrependimento o paraacutegrafo uacutenico do art 49 do CDC especifica que o consumidor teraacute de volta imediatamente e monetariamente atualizados todos os valores eventualmente pagos a qualquer tiacutetulo durante o prazo de reflexatildeo entendendo-se incluiacutedos nestes valores todas as despesas com o serviccedilo postal para a devoluccedilatildeo do produto quantia esta que natildeo pode ser repassada ao consumidor 4 Eventuais prejuiacutezos enfrentados pelo fornecedor neste tipo de contrataccedilatildeo satildeo inerentes agrave modalidade de venda agressiva fora do estabelecimento comercial (internet telefone domiciacutelio) Aceitar o contraacuterio eacute criar limitaccedilatildeo ao direitode arrependimento legalmente natildeo previsto aleacutem de desestimular tal tipo de comeacutercio tatildeo comum nos dias atuais 5 Recurso especial provido(RESP 1340604 RJ 20120141690-0 ndash RELATOR MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES ndash SEGUNDA TURMA - JULGAMENTO 15082013)rdquo
Este posicionamento do Superior Tribunal de Justiccedila tem como base a
vulnerabilidade do consumidor e o conceito que os dispositivos legais estabelecidos no
Coacutedigo de Defesa do Consumidor satildeo principioloacutegicos usando de analogia para vendas
realizadas fora do estabelecimento natildeo descrita no artigo 49 do CDC
Assim em todos os casos que as partes venham realizar contrataccedilatildeo ou compra
atraveacutes de meios em que o comprador natildeo tenha contato direto com o produto teraacute direito ao
arrependimento
322 ndash Do prazo para o direito de arrependimento
Para tanto para exerciacutecio do direito de arrependimento o Coacutedigo de Defesa do
Consumidor estabelece o prazo de 7 (sete) dias sendo denominado pelos doutrinadores de
prazo de reflexatildeo essa nomenclatura dada ao prazo de 7 (sete) dias eacute conceituada devida pelo
consumidor natildeo ter tido contato direto com o produto ou serviccedilo no momento do contrato
A ilustriacutessima doutrinadora Claudia Lima Marques ensina em sua obra Coacutedigo de
Defesa do Consumidor comentado sobre o prazo de arrependimento na existecircncia do
contrato
ldquoTanto no caput do art49 como em seu paraacutegrafo o CDC refere-se agrave desistecircncia do contrato no prazo de sete dias a contar da assinatura do contrato ou do ato de recebimento do produto ou serviccedilo (execuccedilatildeo da prestaccedilatildeo principal) Parece claro
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
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portanto que o sistema brasileiro pressupotildees a existecircncia do contratordquo
Continua a ilustriacutessima doutrinadora ensinando sobre prazo agora falando sobre a
eficaacutecia do contrato
ldquoQuanto a eficaacutecia podemos imaginar trecircs hipoacuteteses Na primeira o contrato tem sua eficaacutecia suspensa durante o prazo de reflexatildeo soacute podendo o fornecedor e exigir o pagamento fundo o prazo e natildeo ocorrido o evento futuro e incerto da desistecircncia do consumidor Seria algo anaacutelogo a uma condiccedilatildeo suspensiva taacutecita em virtude da natureza da venda (venda door-to-door) Examinando-se o paraacutegrafo uacutenico do art 49 que dispotildee sobre um dos efeitos do contrato que eacute a prestaccedilatildeo do consumidor isto eacute o pagamento verificamos que no sistema brasileiro a venda agrave domicilio jaacute estaacute surtindo efeitos mesmo antes de findo o prazo de reflexatildeo e que estes fatos natildeo devem inibir o consumidor de exercitar o seu novo direito de arrependimentordquo
De modo que o legislador estabeleceu o prazo de reflexatildeo para possibilitar o
consumidor averiguar o contrato realizado a distacircncia se batem com as informaccedilotildees prestadas
pelo vendedor no momento de efetuar o contrato
Assim o Superior Tribunal de Justiccedila tem se posicionado sobre o prazo de
reflexatildeo
ldquoAGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO DE INSTRUMENTO INDENIZACcedilAtildeO DANO MORAL NEGATIVA DE PRESTACcedilAtildeO JURISDICIONAL NAtildeO OCORREcircNCIA FUNDAMENTOS NAtildeO INFIRMADOS SUacuteMULA Nordm 283STF FALTA DE PREQUESTIONAMENTO SUacuteMULAS NordmS 282STF E 211STJ COMPRA DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL ART 49 DO CDC1 Natildeo haacute falar em negativa de prestaccedilatildeo jurisdicional se o tribunal de origem motiva adequadamente sua decisatildeo solucionando a controveacutersia com a aplicaccedilatildeo do direito que entende cabiacutevel agrave hipoacutetese2 A ausecircncia de impugnaccedilatildeo dos fundamentos do acoacuterdatildeo recorrido enseja o natildeo conhecimento do recurso incidindo o enunciado da Suacutemula nordm 283STF3 Ausente o prequestionamento ateacute mesmo de modo impliacutecito de dispositivos apontados como violados no recurso especial incidem as Suacutemulas nordms 282STF e 211STJ4 Conforme o disposto no art 49 do Coacutedigo de Defesa do Consumidor quando o contrato de consumo for concluiacutedo fora do estabelecimento comercial o consumidor tem o direito de desistir do negoacutecio em 7 (sete) dias sem nenhuma motivaccedilatildeo (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1388017 RS
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
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20110015554-4 ndash RELATRO MINISTRO RICARDO VILLAS BOAS CUEVA ndash JULGAMENTO 08102013)rdquo AGRAVO REGIMENTAL ACcedilAtildeO DE INDENIZACcedilAtildeO COMPRA SISTEMATELEVENDAS DIREITO DE ARREPENDIMENTO PRAZO LEGAL DE SETE DIAS ART 49 DO CDC DECISAtildeO AGRAVADA MANUTENCcedilAtildeO I- E facultado ao consumidor desistir do contrato de compra no prazo de 7 (sete) dias a contar da sua assinatura quando a contrataccedilatildeo ocorrer fora do estabelecimento comercial nos termos do art 49 do CDC (AGRAVO REGIMENTAL Nordm 1189740 RS 20100071949-0 ndash RELATOR MINISTRO SIDNEI BENETI ndash TERCEIRA TURMA - JULGAMENTO 22062010)
Neste mesmo sentindo os Tribunais de todo paiacutes tem se posicionado
PODER JUDICIAacuteRIO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO QUINTA TURMA RECURSAL CIacuteVEL Recurso nordm 0182468-4120118190001 Recorrente GUILHERME DE OLIVEIRA JAMEL Recorrido B2W - COMPANHIA GLOBAL DO VAREJO VOTO Relaccedilatildeo de consumo Contrato de compra e venda pela internet Solicitaccedilatildeo de troca do produto Direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Dano moral configurado O autor alega que solicitou a troca de uma bicicleta adquirida no site da reacute na internet por uma de outro modelo pois aquele originariamente selecionado natildeo correspondeu as suas expectativas Reacuteu que natildeo recolhe o produto na residecircncia do autor nem entrega outro apoacutes requisiccedilatildeo A sentenccedila recorrida julgou improcedentes os pedidos ao argumento de que natildeo havendo viacutecio insanaacutevel do produto natildeo estaacute a fornecedora obrigada a efetuar a troca (fls 41-42) Sentenccedila que natildeo deu correta soluccedilatildeo agrave lide e merece reforma Aplicaccedilatildeo do art 49 do CDC que faculta ao consumidor o exerciacutecio do direito potestativo de arrependimento de compra de produto adquirido fora do estabelecimento comercial no prazo de 7 dias Autor que solicita a troca da mercadoria dois dias apoacutes o recebimento fato incontroverso Reacuteu que natildeo se nega agrave troca mas alega problemas com a transportadora Responsabilidade objetiva do fornecedor que prescinde de apuraccedilatildeo de culpa natildeo a eximindo outrossim da eventual falha dos seus parceiros operacionais como no caso da empresa transportadora por ela escolhida Fortuito interno Obstaculizaratildeo imotivada do direito de arrependimento Falha na prestaccedilatildeo do serviccedilo Farta jurisprudecircncia do TJRJ nesse sentido verbis Apelaccedilatildeo Ciacutevel Leilatildeo via internet aquisiccedilatildeo de duas prensas com capacidades de carga de 12 e 30 toneladas que natildeo passavam de sucatas conforme laudo pericial Informaccedilatildeo essencial natildeo constante do anuacutencio Propaganda enganosa por omissatildeo Esvazia-se a finalidade da aquisiccedilatildeo por meio eletrocircnico se o consumidor necessitar ir ao local vistoriar as peccedilas tendo o fornecedor a obrigaccedilatildeo de informar os dados essenciais entendendo-se agravequeles que influenciariam na decisatildeo da compra E mesmo se diverso o entendimento tratando-se de negoacutecio celebrado virtualmente exercido dentro do prazo o direito de arrependimento do consumidor - art 49 do CDC Cabimento da restituiccedilatildeo de todos os valores pagos devidamente corrigidos conforme previsatildeo do paraacutegrafo uacutenico do
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
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CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
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I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
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mencionado artigo Sentenccedila de improcedecircncia reformada Recurso provido (DES KATYA MONNERAT - Julgamento 08022011 - OITAVA CAcircMARA CIVEL- 0002758-6120078190208 APELACAO) Autor que informa vaacuterios nuacutemeros de protocolo de reclamaccedilotildees efetuadas junto agrave empresa reacute no prazo legal que natildeo foram impugnadas (fls 03) Consumidor que faz jus agrave restituiccedilatildeo do preccedilo comprovadamente pago R$ 29900 (fls 06) Dano moral configurado ante a frustraccedilatildeo da legiacutetima expectativa do reclamante em receber o bem desejado para regular utilizaccedilatildeo Quantum indenizatoacuterio que fixo em R$ 150000 observando o princiacutepio da razoabilidade e o da proporcionalidade Ante o exposto conheccedilo do re curso e dou-lhe parcial provimento para 1condenar a reacute a restituir ao autor o valor de R$29900 corrigido monetariamente desde o desembolso e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a citaccedilatildeo 2- condenar o reacuteu a retirar a bicicleta originariamente selecionada da residecircncia do autor no prazo de 20 dias a contar do tracircnsito do acoacuterdatildeo sob pena de perda do bem em favor do autor 3- condenar a reacute ao pagamento de R$ 150000 a tiacutetulo de indenizaccedilatildeo por danos morais corrigido monetariamente e acrescido de juros legais de 1 ao mecircs desde a publicaccedilatildeo desta decisatildeo Sem ocircnus sucumbenciais por se tratar de recurso com ecircxito Rio de Janeiro 03 de novembro de 2011(TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO RIO DE JANEIRO ndash RECURSO INOMINADO Nordm 0182468-4120118190001 ndash RELATORA DOUTORA JUIZ DE DIREITO MARCIA DE ANDRADE PUMAR ndash QUINTA TURMA RECURSAL ndash JULGAMENTO 08022011) AGRAVO DE INSTRUMENTO DECISAtildeO MONOCRAacuteTICA DIREITOPRIVADO NAtildeO ESPECIFICADO ACcedilAtildeO DE OBRIGACcedilAtildeO DE FAZER CC INDENIZACcedilAtildeO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS TUTELA ANTECIPADADIREITO DE ARREPENDIMENTO ART 49 DO CDC PRAZO DE 7 DIAS Demonstrado nos autos que a parte autora adquiriu um refrigerador por telefone bem como manifestou dentro do prazo de 7 dias previsto no art 49 do CDC o desinteresse do negoacutecio perante o vendedor ora agravante de ser mantida a decisatildeo que concedeu a tutela antecipada no sentido de o reacuteu providenciar na remoccedilatildeo do produto e devoluccedilatildeo dos cheques emitidos para pagamento sob pena de multa AGRAVO DE INSTRUMENTO A QUE SE NEGA SEGUIMENTO (AGRAVO DE INSTRUMENTO Nordm 70063485296 DECIMA SETIMA CAcircMARA CIVEL TRIBUNAL DE JUSTICcedilA do RS RELATOR GELSON ROLIM STOCKER JULGADO 05032015) DIREITO DO CONSUMIDOR APELACcedilAtildeO RESCISAtildeO CONTRATUAL CONTRATO DE CREacuteDITO DIRETO AO CONSUMIDOR - CDC DIREITO AOARREPENDIMENTO PRAZO DE REFLEXAtildeO CONTRATACcedilAtildeO PELA INTERNET DEVIDA A RESTITUICcedilAtildeO DOS VALORES COBRADOS APELO IMPROVIDO 1 AFIRMA A CONSUMIDORA QUE REALIZOU APENAS UMA SIMULACcedilAtildeO DE EMPREacuteSTIMO CONSIGNADO NO SIacuteTIO DO BANCO DO BRASIL ENTRETANTO VERIFICOU NO DIA SEGUINTE EM SEU EXTRATO QUE FOI DEPOSITADO O VALOR DO EMPREacuteSTIMO EM SUA CONTA PASSANDO A SER DESCONTADAS PRESTACcedilOtildeES EM FOLHA
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DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
34
realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
35
CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
36
I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
37
sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
38
CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
BIBLIOGRAFIA
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Brasileiro Revista de Administraccedilatildeo de Empresas OutubroDezembro 2000
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33
DE PAGAMENTO 2 INDEPENDENTEMENTE DE O EMPREacuteSTIMO TER SIDO OU NAtildeO CONTRATADO POR EQUIacuteVOCO PELA AUTORA O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR POSSIBILITA O PRAZO DE REFLEXAtildeO DE 7 (SETE) DIAS PERMITINDO O ARREPENDIMENTO E DESFAZIMENTO DO NEGOacuteCIO JURIacuteDICO SEMPRE QUE A CONTRATACcedilAtildeO DE FORNECIMENTO DE PRODUTOS E SERVICcedilOS OCORRER FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL ESPECIALMENTE POR TELEFONE OU A DOMICIacuteLIO 21 O PARAacuteGRAFO UacuteNICO DO REFERIDO DISPOSITIVO Eacute CLARO AO ESTABELECER QUE SE O CONSUMIDOR EXERCITAR O DIREITO DEARREPENDIMENTO PREVISTO NESTE ARTIGO OS VALORES EVENTUALMENTE PAGOS A QUALQUER TIacuteTULO DURANTE O PRAZO DE REFLEXAtildeO SERAtildeO DEVOLVIDOS DE IMEDIATO MONETARIAMENTE ATUALIZADOS 3 PRECEDENTE DO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTICcedilA ldquo2 O ART 49 DO COacuteDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR DISPOtildeE QUE QUANDO O CONTRATO DE CONSUMO FOR CONCLUIacuteDO FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL O CONSUMIDOR TEM O DIREITO DE DESISTIR DO NEGOacuteCIO EM 7 DIAS (PERIacuteODO DE REFLEXAtildeO) SEM QUALQUER MOTIVACcedilAtildeO TRATA-SE DO DIREITO DE ARREPENDIMENTO QUE ASSEGURA O CONSUMIDOR A REALIZACcedilAtildeO DE UMA COMPRA CONSCIENTE EQUILIBRANDO AS RELACcedilOtildeES DE CONSUMO () 4 EVENTUAIS PREJUIacuteZOS ENFRENTADOS PELO FORNECEDOR NESTE TIPO DE CONTRATACcedilAtildeO SAtildeO INERENTES Agrave MODALIDADE DE VENDA AGRESSIVA FORA DO ESTABELECIMENTO COMERCIAL (INTERNET TELEFONE DOMICIacuteLIO) ACEITAR O CONTRAacuteRIO Eacute CRIAR LIMITACcedilAtildeO AO DIREITO DE ARREPENDIMENTO LEGALMENTE NAtildeO PREVISTO ALEacuteM DE DESESTIMULAR TAL TIPO DE COMEacuteRCIO TAtildeO COMUM NOS DIAS ATUAIS RECURSO ESPECIAL PROVIDO (RESP 1340604RJ REL MINISTRO MAURO CAMPBELL MARQUES SDJE 22082013) (APELACcedilAtildeO Nordm 0031108-5820128070001 ndash QUINTA TURMA CIVEL ndash RELATOR DESEMBARGADOR JOAtildeO EGMONT ndash JULGADO 04062014 ndash TRIBUNAL DE JUSTICcedilA DO DF)
33 - Direito de Arrependimento no Comeacutercio Eletrocircnico
A doutrinadora Claudia lima Marques traz a definiccedilatildeo desse novo tipo de
comercio
ldquoO chamado ldquocomercio eletrocircnicordquo eacute realizado atraveacutes de contrataccedilotildees a distancia por meios eletrocircnicos (e-mail etc) por internet (on-line) ou por meios de telecomunicaccedilotildees de massa (telemarketing TV TV a cabo etc) eacute um fenocircmeno pluacuterimo multifacetado e complexo nacional e internacional em que haacute
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
35
CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
36
I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
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41
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realmente certa ldquodesumanizaccedilatildeo do contratordquo (disumanizzazione del contrato) A expressatildeo escolhida pela doutrina italiana (oppo Rivista P 525) choca eacute esta sua principal finalidade Assim como Ghersi denominava de ldquocontrato sem sujeitordquo o primeiro tipo de contrato poacutes-moderno aqui temos um outro tipo de contrato poacutes-moderno em que a impessoalidade eacute elevada a graus antes desconhecidos e no qual todas as teacutecnicas de contrataccedilatildeo de massa se reuniratildeo do contrato de adesatildeo das condiccedilotildees gerais dos contratos ao marketing agressivo agrave catividade do cliente aacute internacionalidade intriacutenseca de muitas relaccedilotildees aacute distancia entre o fornecedor e o consumidor Na atualizaccedilatildeo do CDC o comercio eletrocircnico foi tema de destaque (veja PLS 2812012) ()rdquo
Seguindo essa definiccedilatildeo Tarcisio Texeira em seu artigo publicado na internet
conceitua comercio eletrocircnico como
ldquoO comeacutercio eletrocircnico eacute uma extensatildeo do comeacutercio convencional pois se trata de um ambiente digital em que as operaccedilotildees de troca compra e venda e prestaccedilatildeo de serviccedilo correm com suporte de equipamentos e programas de informaacutetica por meio dos quais se possibilita realizar a negociaccedilatildeo a conclusatildeo e ateacute a execuccedilatildeo do contrato quando for o caso de bens intangiacuteveis Apesar de o ambiente virtual propiciar os mais variados tipos de contrato puacuteblicos e privados como por exemplo negoacutecio entre empresas (B2B ndash business to business) e entre particulares no acircmbito da contrataccedilatildeo civil (C2C ndash consumer to consumer) sem duvida a grande massa e negoacutecios eletrocircnicos satildeo entre fornecedor e consumidor (B2B ndash business to business)rdquo
Quando o direito de arrependimento foi regulamentado atraveacutes do Coacutedigo de
Defesa do Consumidor o comeacutercio eletrocircnico ainda natildeo tinha se iniciado no mercado
brasileiro
Entretanto a partir de 1995 quando esse novo tipo de meio comercial comeccedilou a
ser visado pelos comerciantes com intuito de angariar novos clientes e vender seus produtos e
serviccedilos
O direito de arrependimento foi estendido a esse tipo de contrato realizado fora do
estabelecimento comercial pelos Tribunais e doutrinadores entenderem que o artigo 49 de
35
CDC poderia recepcionar esse novo jeito de realizaccedilatildeo de contrataccedilatildeo e compra de serviccedilos
pelo artigo consumerista ser meramente exemplificativo
O doutrinador Leonardo Roscoe Bessa traz a explicaccedilatildeo pela qual o comercio
eletrocircnico foi recepcionado pelo artigo 49 do CDC
ldquoNo caso do comeacutercio eletrocircnico (internet) a razatildeo para o direito de arrependimento eacute a impossibilidade de contrato fiacutesico com o produto Por mais que se mostrem diversas fotos sejam esclarecidas as caracteriacutesticas e qualidades do produto nada substitui o contato direto do consumidor com o bem fator imprescindiacutevel para uma decisatildeo de compra Acrescente-se complexidade inerente ao ambiente virtual no qual ateacute o consumidores mais informados podem com uma digitaccedilatildeo equivocada cometer erros em relaccedilatildeo a aspectos do produto ou da proacutepria forma de pagamentordquo
331 ndash Direito de arrependimento regulado pelo marco civil
O legislador visando a dar uma maior seguranccedila ao consumidor nas realizaccedilotildees de
compra por meio da internet Devido agrave falta de fronteira causada pela globalizaccedilatildeo
Comeccedilou a discutir sobre e como regulamentar as transaccedilotildees comercias realizadas
atraveacutes da internet tendo como embriatildeo da discussatildeo o PLS 281 que em 2013 se transformou
no Decreto nordm 79622013 denominado Marco Civil da Internet
Contudo algumas perguntas foram feitas quando o Marco Civil entrou em vigor
se seria aplicaacutevel ao comercio eletrocircnico Mas ao analisar profundamente o Marco Civil
percebe-se que suas regras e princiacutepios implicam diretamente em tudo que ocorre no acircmbito
da internet brasileira e principalmente no e-commerce
Tanto que afim de natildeo deixar nenhuma duacutevida sobre a aplicabilidade do Marco
Civil no comercio eletrocircnico o legislador estipulou o artigo 4ordm e 6ordm visando facilitar o
atendimento ao consumidor
ldquoArt4ordm Para garantir o atendimento facilitado ao consumidor no comeacutercio eletrocircnico o fornecedor deveraacute
36
I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
37
sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
38
CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
BIBLIOGRAFIA
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Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
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sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
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ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
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maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
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CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
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arrependimento no e-commerce
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36
I - apresentar sumaacuterio do contrato antes da contrataccedilatildeo com as informaccedilotildees necessaacuterias ao pleno exerciacutecio do direito de escolha do consumidor enfatizadas as claacuteusulas que limitem direitos II - fornecer ferramentas eficazes ao consumidor para identificaccedilatildeo e correccedilatildeo imediata de erros ocorridos nas etapas anteriores agrave finalizaccedilatildeo da contrataccedilatildeo III - confirmar imediatamente o recebimento da aceitaccedilatildeo da oferta IV - disponibilizar o contrato ao consumidor em meio que permita sua conservaccedilatildeo e reproduccedilatildeo imediatamente apoacutes a contrataccedilatildeo V - manter serviccedilo adequado e eficaz de atendimento em meio eletrocircnico que possibilite ao consumidor a resoluccedilatildeo de demandas referentes a informaccedilatildeo duacutevida reclamaccedilatildeo suspensatildeo ou cancelamento do contrato VI - confirmar imediatamente o recebimento das demandas do consumidor referidas no inciso pelo mesmo meio empregado pelo consumidor VII - utilizar mecanismos de seguranccedila eficazes para pagamento e para tratamento de dados do consumidor Paraacutegrafo uacutenico A manifestaccedilatildeo do fornecedor agraves demandas previstas no inciso V do caput seraacute encaminhada em ateacute cinco dias ao consumidor Art 6ordm As contrataccedilotildees no comeacutercio eletrocircnico deveratildeo observar o cumprimento das condiccedilotildees da oferta com a entrega dos produtos e serviccedilos contratados observados prazos quantidade qualidade e adequaccedilatildeordquo
Ainda o Marco Civil contempla em seu artigo 5ordm disciplina o direito de
arrependimento do consumidor a maneira que o fornecedor deve informar de forma
ostensiva e clara os meios pelo qual o direito seraacute garantido
ldquoArt 5o O fornecedor deve informar de forma clara e ostensiva os meios adequados e eficazes para o exerciacutecio do direito de arrependimento pelo consumidor sect 1o O consumidor poderaacute exercer seu direito de arrependimento pela mesma ferramenta utilizada para a contrataccedilatildeo sem prejuiacutezo de outros meios disponibilizados sect 2o O exerciacutecio do direito de arrependimento implica a rescisatildeo dos contratos acessoacuterios sem qualquer ocircnus para o consumidor
37
sect 3o O exerciacutecio do direito de arrependimento seraacute comunicado imediatamente pelo fornecedor agrave instituiccedilatildeo financeira ou agrave administradora do cartatildeo de creacutedito ou similar para que I - a transaccedilatildeo natildeo seja lanccedilada na fatura do consumidor II - seja efetivado o estorno do valor caso o lanccedilamento na fatura jaacute tenha sido realizado sect 4o O fornecedor deve enviar ao consumidor confirmaccedilatildeo imediata do recebimento da manifestaccedilatildeo de arrependimentordquo
Entretanto a legislaccedilatildeo em comento na aborda sobre o prazo para que o
consumidor exerccedila o direito de arrependimento
Toda via a primeira vista pode parecer que haacute uma lacuna com relaccedilatildeo ao prazo
que seraacute estipulado o direito de arrependimento Contudo natildeo haacute lacuna alguma pois o prazo
se aplicaraacute o prazo de 7 (sete) dias estipulado pelo dispositivo legal 49 do Coacutedigo de Defesa
do Consumidor
Essa afirmaccedilatildeo pode ser feita sobre inocorrecircncia de lacuna com base no artigo 7ordm
inciso XIII da lei n 129652014 que segundo Tarciso Texeira
ldquo[] reafirma a aplicaccedilatildeo das normas de defesa do consumidor nas relaccedilotildees firmadas pela internet desde que configurada uma relaccedilatildeo de consumo Uma questatildeo muito interessante para efeitos de e-commerce estaacute no artigo 6ordm da lei n129652014 ao prever que na interpretaccedilatildeo desta norma seratildeo levados em consideraccedilatildeo os seus fundamentos princiacutepios e objetivos bem como a natureza da internet seus ldquousos e costumes particularesrdquo e sua importacircncia para a promoccedilatildeo do desenvolvimento humano econocircmico social e cultural Vale explicitar que usos e costumes satildeo praacuteticas reiteradas por determinados agentes que satildeo aceitas como regras juriacutedicas positivadas e obrigatoacuterias mas que vatildeo sendo ajustados de forma dinacircmica conforme a necessidade dos operadores do mercadordquo
Assim o Marco Civil da internet tem por finalidade garantir ao consumidor
maior seguranccedila nas compras realizadas pela internet como tambeacutem estabelecer a forma
como os fornecedores iram se comportar fazendo com que as relaccedilotildees juriacutedicas sejam mais
transparentes e como maior facilidade a acesso a informaccedilotildees sobre os fornecedores
38
CONCLUSAtildeO
De maneira acelerada como mercado de fornecimento de produtos e serviccedilos vem
crescendo atraveacutes da internet O legislador natildeo se manteve imoacutevel mas pelo contrario
regulamentou decretos e lei que junto com Coacutedigo de Defesa do Consumidor
A partir da regulaccedilatildeo do Marco Civil o mesmo assumiu papel importante para
reger as condutas no comeacutercio eletrocircnico em conjunto com Coacutedigo de Defesa do
Consumidor visando garantir ao consumidor maior seguranccedila devido agrave vulnerabilidade e
hipossuficiecircncia do consumidor no momento da contrataccedilatildeo e consolidar o direito de
arrependimento no e-commerce
Assim o direito de arrependimento eacute de extrema importacircncia para que o
consumidor em caso de ser vitima de falta de informaccedilatildeo do produto ou serviccedilo ou ateacute
mesmo ser impulsionado a comprar por causa do marketing agressivo natildeo tendo tempo para
refletir venha desfazer o negoacutecio sem que sofra qualquer prejuiacutezo
39
BIBLIOGRAFIA
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