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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A LUDICIDADE COMO FERRAMENTA PSICOPEDAGÓGICA
Por: Luciana Fernandes dos Santos de Sousa
Orientador
Profª. Mary Sue Pereira
Rio de Janeiro
2008
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
PROJETO A VEZ DO MESTRE
A LUDICIDADE COMO FERRAMENTA PSICOPEDAGÓGICA
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em
Psicopedagogia.
Por: . Luciana Fernandes dos Santos de Sousa.
AGRADECIMENTOS
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
3
Agradeço primeiramente à Deus, por ter
me fortalecido, me amparado e me
protegido com suas bênçãos, a minha
orientadora e a todos os meus
professores e minhas amigas que me
apoiaram e me deram ajuda para superar
todas as minhas dificuldades, sem
esquecer de todos aqueles que passaram
pela minha vida.
A vocês dedico toda a minha eterna
gratidão e a minha amizade.
DEDICATÓRIA
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
4
Dedico este trabalho de conclusão ao
meu marido, minha mãe, meu pai, a
minha filha e todos aqueles que com
muito carinho contribuíram com grande
dedicação, atenção, compreensão e
apoio.
Essa vitória é nossa!
EPÍGRAFE
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
5
“O jogo não pode ocupar o lugar de lições
morais e não deve absorver o tempo de
estudo, embora ninguém no mundo possa
ficar sempre estudando. É preciso, nesta
idade, sobretudo, dançar, correr, saltar,
mover-se por seu próprio elã (...). Se o
jogo não forma diretamente o espírito, ele
o recreia”.
Brougère
RESUMO
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
6
Esta pesquisa trata da importância do lúdico no processo de
aprendizagem e no atendimento da criança com problemas escolares,
auxiliando no trabalho do psicopedagogo, fato este de extrema relevância para
que a criança tenha um desenvolvimento harmônico. Através dos jogos e
brincadeiras, a criança interage com o meio, com crianças e adultos,
favorecendo o desenvolvimento social e afetivo.
Nos jogos e nas brincadeiras, a criança também se desenvolve nos
aspectos cognitivo e psicomotor, pois o ato de brincar dá subsídios para que
sejam desenvolvidos tais aspectos, nos jogos de construção, no faz-de-conta,
nas brincadeiras livres e até mesmo nas dirigidas e mediadas por um adulto
mais experiente.
Deste modo os jogos tornam-se de extrema importância para o
desenvolvimento, pois amplia o conhecimento do mundo em que vive,
desenvolve-se afetiva e socialmente através das relações de troca que
estabelece com o conhecimento, partindo das próprias conclusões.
O objetivo principal desta pesquisa é mostrar a importância e a
influência dos jogos e brincadeiras como ferramenta psicopedagógica, sendo
utilizados como referencial teórico às teorias de Piaget, Vigotsky e Winnicott.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
7
METODOLOGIA
A metodologia utilizada destina-se a situar quais os referenciais
teóricos utilizados nesta pesquisa, temos como exemplo às teorias de Piaget,
Vigotsky e Winnicott, assim como os livros que falaram sobre a importância dos
jogos e das brincadeiras no desenvolvimento infantil e no auxílio ao trabalho do
profissional de psicopedagogia, além das pesquisas realizadas na internet.
SUMÁRIO
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
8
INTRODUÇÃO 09
CAPÍTULO I - A Função da brincadeira no desenvolvimento
psicológico da criança. 11
CAPÍTULO II - A Ludicidade como instrumento de aprendizagem. 20
CAPÍTULO III – A Intervenção dos jogos e das brincadeiras
no trabalho psicopedagógico. 32
CONCLUSÃO 48
BIBLIOGRAFIA 50
ATIVIDADES CULTURAIS 52
ÍNDICE 53
FOLHA DE AVALIAÇÃO 54
INTRODUÇÃO
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
9
Esta é uma pesquisa bibliográfica, com objetivo de mostrar como os
jogos e as brincadeiras podem auxiliar como ferramenta no trabalho do
psicopedagogo, assim como sua importância e influência no desenvolvimento
da criança.
Partindo de um estudo mais abrangente sobre o assunto, espera-se
contribuir aos educadores e pasicopedagogos, fornecendo-lhes recursos para a
melhoria de sua prática profissional, tornando-se necessário que reconheça-se
a importância do papel que se deve desempenhar com os alunos, para que se
desenvolvam de forma harmônica, lúdica e prazerosa.
No cotidiano escolar, percebe-se que os educadores utilizam os jogos
e as brincadeiras apenas como um momento de lazer e gasto de energia e
nunca era visto como uma forma lúdica de aprender e construir o
conhecimento.
Brincar é de extrema importância para a integração social da criança e
deve ser sempre associado à idéia de estudo com prazer, é uma atividade
criativa e curativa, pois permite à criança (re) viver ativamente as situações
dolorosas que viveu passivamente, modificando os enlaces dolorosos e
ensaiando na brincadeira as suas expectativas da realidade.
O jogo psicipedagógico deve ser visto como estratégia para
compreender os processos que podem ter levado à estruturação de uma
patologia no aprender. Tal atividade possibilita o desenvolvimento e osterior
análise das significações do aprender para a criança, pois o aluno ao brincar
expressa os mais variados sentimentos e passa a compreender o mundo em
que vive.
É fundamental, que as atividades lúdicas sejam observadas, pois são
através delas que o profissional terá a oportunidade de compreender as
necessidades de cada criança do seu grupo de trabalho, pois permitirá também
o conhecimento da aptidão da criança para criar, refletir, organizar e integrar.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
10
Para o desenvolvimento desta pesquisa, foi utilizado como
embasamento teórico autores considerados na área educacional e psicológica.
CAPÍTULO I
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
11
A FUNÇÃO DA BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO
PSICOLÓGICO DA CRIANÇA.
“Se um pinguinho de tinta
Cai num pedacinho azul do papel,
Num instante imagino
Uma linda gaivota a voar no céu...”
(Toquinho e Vinícius)
De acordo com Piaget, o desenvolvimento da inteligência está voltado
para o equilíbrio; a inteligência é adaptação. O homem estaria sempre
buscando uma melhor adaptação ao ambiente. Dessa forma podemos
entender a importância do brincar para o desenvolvimento da criança.
Através da brincadeira, a criança se apropria de conhecimentos que
possibilitarão sua ação sobre o meio em que se encontra. Toda atividade do
homem visa atingir o equilíbrio; suas ações acontecem em função de alguma
necessidade que irá provocar no sujeito um estado de desequilíbrio.
Nesse momento o sujeito é obrigado a buscar novas formas de se
relacionar com o meio para melhor adaptar-se ao mesmo. Podemos ver aí os
processos de equilibração. A criança passa de um estado de equilíbrio para
outro.
Para Piaget (1971), quando brinca, a criança assimila o
mundo à sua maneira, sem compromisso com a realidade,
pois sua interação com o objeto não depende da natureza
do objeto, mas da função que a criança lhe atribui.
(KISHIMOTO, 1999, p. 59).
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
12
Podemos afirmar e constatar que a brincadeira está relacionada
intimamente ligada ao desenvolvimento psicológico da criança.
Destaca-se a seguir alguns autores e suas posições sobre a
importância dos jogos e brincadeiras na vida do ser humano:
Freud em “O poeta e a fantasia” diz: “Não deveríamos procurar os
primeiros traços das atividades poéticas já nas crianças? Talvez devêssemos
dizer: Cada criança em suas brincadeiras comporta-se como um poeta,
enquanto cria seu mundo próprio, ou, dizendo melhor: enquanto transpõe os
elementos formadores do seu mundo para uma nova ordem, mais agradável e
conveniente para ela”.
Na ótica da teoria da psicologia genética, tendo Piaget como uma das
principais expressões, “o brincar representa uma atividade por meio da qual a
realidade é incorporada pela criança e transformada quer em função dos
hábitos motores (jogos de exercícios) quer em função das necessidades do seu
eu (jogo simbólico) ou em função das exigências de reciprocidade social (jogos
de regras)”.
Winnicott, diz que “é o brincar, e somente no brincar que o indivíduo,
criança ou adulto, pode ser criativo e utilizar sua personalidade integral: e é
somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu”.
Macedo defende os jogos principalmente os de regra porque criam um
contexto de observação e diálogo sobre os processos de pensar e construir o
conhecimento de acordo com os limites da criança.
A técnica do jogo em psicanálise foi elaborada por Melanie Klein, Ana
Freud e outros que aprofundaram o simbolismo inconsciente do jogo.
Para Melanie Klein, brincando a criança expressa de modo simbólico
suas fantasias, seus desejos e suas experiências vividas.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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Para Vigotsky, o brincar tem origem na situação imaginária criada pela
criança, em que desejos irrealizáveis podem ser realizados com a função de
reduzir a tensão e ao mesmo tempo, para construir uma maneira de
acomodação a conflitos e frustações da vida real.
Logo é importante entender o lugar que o jogo ocupa para que se
possa ser usado de forma adequada. Ele só é educativo quando o educador o
desenvolve com o objetivo e intencionalidade, caso contrário é apenas uma
brincadeira.
O mundo do lúdico é um mundo onde a criança está em constante
exercício. É o mundo da fantasia, da imaginação, do faz-de-conta, do jogo e da
brincadeira. Podemos dizer que o lúdico é um grande laboratório que merece
toda ação dos pais e educadores, pois é através dele que ocorrem
experiências inteligentes e reflexivas, praticadas com emoção, prazer e
seriedade.
Através do brinquedo e das brincadeiras ocorre a descoberta de si
mesmo e do outro, portanto, aprende-se. É no brincar que a criança está livre
para criar e é através da criatividade que o indivíduo descobre seu eu.
Segundo Platão: “Você aprende mais sobre uma pessoa em uma hora
de brincadeira do que uma vida inteira de conversação”.
Pode-se dizer, que as brincadeiras e os jogos são as principais
atividades físicas da criança; além de propiciar o desenvolvimento físico e
intelectual, promove saúde e maior compreensão do esquema corporal.
É jogando que a criança aprende a respeitar regras, limites, esperar a
vez e aceitar resultados. O brincar e o jogar para a criança não é apenas um
passatempo ou simples diversão, mas um momento sério, pois está
aprendendo o que ninguém pode lhe ensinar, descobrindo o mundo e as
pessoas que a cercam.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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O faz-de-conta é exercitar e promover o seu raciocínio abstrato. Por
exemplo: uma criança ao amassar uma folha de papel, formará uma bola, que
para ela poderá ser a bola de um famoso time de futebol, ou de um famoso
jogador de tênis... Enfim, estará fazendo uso da abstração para construir
através da imaginação o seu mundo.
É muito importante perceber o significado do brincar para a criança.
Através da brincadeira, a criança cria uma ponte do imaginário para o real e
manipula a realidade. É brincando de casinha que ela consegue entender as
emoções que vivencia na realidade. Ao brincar, ela explora suas emoções,
criar as hipóteses necessárias para o entendimento do que antes lhe parecia
tão fácil.
O brinquedo é parte integrante da vida da criança. Ao brincar organiza
seu pensamento, faz uso da linguagem e da sua criatividade.
Brincar é uma realidade cotidiana na vida das crianças, e neste
momento, estão exercitando sua imaginação, que é uma atividade mental,
onde as crianças relacionam seus desejos e necessidades com a realidade em
que se inserem, e que ainda está sendo descoberto por ela.
“No entanto, constata-se que através da brincadeira que a criança
representa o discurso externo e o interioriza, construindo seu próprio
pensamento”. (MULTIEDUCAÇÃO, 1996, p. 85).
Na brincadeira a criança expressa sua forma de ver o mundo a sua
volta, ela ordena, desordena, constrói e reconstrói o mundo a sua maneira,
para que na brincadeira ocorra essa fusão entre o real e o imaginário, a criança
precisa estar psicologicamente desenvolvida para a realização de tal atividade.
Neste estágio de desenvolvimento, a brincadeira assume caráter
importante para aquisição do código de linguagem e para a organização do
pensamento.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
15
A brincadeira é um momento de investigação e construção de
conhecimentos sobre si e sobre o mundo, e são momentos de interação nas
brincadeiras, que ela vai gradativamente desenvolvendo-se psicologicamente.
Segundo Vygotsky a cultura vai influenciar a visão de vida
de cada um, orientando o fazer e o imaginar individual e
interferindo na própria educação da sensibilidade,
ampliando ou congelando suas possibilidades.
A cultura torna-se parte da natureza humana. É através
das relações dialéticas com o meio físico e social que a
criança constrói seu pensamento, transformando os
processos psicológicos elementares em processos
complexos, fazendo com que a cultura torne-se parte de
cada pessoa. (apud, KISHIMOTO, 2001).
Brincando a criança desenvolve-se psicologicamente, pois ao brincar
ela necessita de subsídios, ou seja, precisa estar preparada psicologicamente
para conhecer o mundo, seus símbolos e significados e refletir sobre ele.
A maneira de viver de modo lúdico as situações do cotidiano amplia as
oportunidades não só de compreensão das próprias experiências como
também de progressos do pensamento.
Segundo Piaget (1969), a importância dos movimentos é fundamental
para o desenvolvimento da inteligência, pois as ações constituem o início das
operações intelectivas.
Através da brincadeira ela irá cresce, aceitar e conhecer o mundo.
A criança deve praticar uma atividade física o mais cedo possível. Se a
atividade esportiva que a interessa for de nível competitivo, a idade escolar é o
período certo para iniciar um programa regular de treinamento. São
recomendados os esportes chamados básicos como atletismo, a ginástica, o
futebol. Nestas disciplinas a criança aprende diferentes formas de movimento
(correr, saltar, arremessar e lançar). A pratica do esporte coletivo desde cedo é
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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benéfica e deve ser preconizada, mas é importante manter o caráter
espontâneo e infantil do jogo esportivo.
Praticado nas condições devidas, isto é, tendo em conta as
necessidades e possibilidades fisiológicas, o esporte contribui para o
desenvolvimento harmonioso da criança e favorece a interação das funções
essenciais do organismo, assegurando sua adaptação gradual ao esforço.
Ao praticar esportes a criança adquire destrezas psicomotoras e
psíquicas de primeira ordem, desperta confiança em si mesma e para com os
outros. Surgem amizades que neutralizam ou canalizam sua tendência à
instabilidade e à agressividade.
Uma atividade esportiva bem dirigida cuida de um equilíbrio do
treinamento corporal total e não coloca a competição em primeiro plano.
As atividades esportivas, nas quais uma determinada parte do corpo é
sobrecarregada, não são recomendadas para crianças em idade pré-escolar.
Caso estas atividades sejam praticadas deve ser desenvolvido um treinamento
compensatório.
Quanto mais variada for a oferta de movimento no começo da “carreira
esportiva” mais fácil será reconhecer mais tarde com maior certeza, qual a
atividade é de maior interesse da criança e quais são as suas habilidades
motoras.
Antes de ser encaminhada para uma determinada atividade esportiva,
alguns aspectos da criança devem ser considerados, como a sua faixa etária, o
desenvolvimento motor, o interesse por determinada atividade física e ter em
mente que a atividade física tem por objetivo: propiciar o desenvolvimento
motor e psicossocial.
A brincadeira infantil permite que a criança reviva suas alegrias, seus
conflitos e seus medos, resolvendo-os a sua maneira e transformando a
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
17
realidade naquilo que ela quer. Com isso internaliza regras de conduta,
desenvolvendo o sistema de valores que irá orientar seu comportamento.
O importante, nessa fase, é variar os objetivos oferecidos. Dependendo
do tipo de material apresentado às crianças. Elas vão construir coisas
diferentes. O uso de jogos de construção é uma das atividades mais
desejadas. É preciso deixar que elas explorem e criem situações através de
jogos de encaixe, sucatas, fantasias, fantoches, máscaras... Todo e qualquer
material posto ao alcance da criança faz com que ela vá criando e imaginando
uma forma diferente de brincar com esse objeto.
Como nos informa Winnicot: “A brincadeira fornece uma organização
para a iniciação de relações emocionais e assim propicia o desenvolvimento de
contatos sociais”.
A criança de quatro anos tem uma intensa atividade motora, corre,
salta trepa cobrindo maiores extensões. Sobe e desce escadas correndo,
maneja o triciclo na velocidade máxima, gosta das atividades que requerem
equilíbrio, sente-se capaz de realizar experiências novas.
Nesta fase os jogos assumem um papel definitivo; passam a ter mais
seriedade, ficando muito importantes na vida das crianças. Elas passam a
gostar de participar de brincadeiras com o próprio corpo, movimentando-se.
Dessa forma elas desenvolvem cada vez mais os músculos correndo,
brincando, pulando. Os músculos responsáveis pela coordenação motora fina,
aquela responsável pelos movimentos da escrita, serão desenvolvidos através
das brincadeiras, onde se faça necessário rasgar, picar papel, costurar,
amassar etc.
Nas crianças de cinco anos suas economias de movimentos são
notáveis no contraste com a expansividade dos quatro anos. Possui equilíbrio e
controle, trepa com segurança de um objeto para o outro. Parece mais contido
e menos ativo porque pode manter uma posição por um período mais longo.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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O funcionamento dos olhos e mãos parecem tão completos como no
adulto, embora na realidade tenham ainda que desenvolver as estruturas mais
finas. Dá preferência às atividades motoras grossas. Maneja o seu triciclo com
velocidade, destreza e maior liberdade. Trepa, salta de uma altura, talvez se
dedique a subir em árvores ou saltar corda.
Há maior facilidade e domínio da atividade corporal geral. Começa a
usar as mãos mais do que os braços para receber uma bola pequena. A
organização do espaço visual com suas três dimensões: altura, largura e
profundidade estão intimamente ligados. Seu espaço de locomoção aumenta
por causa do número de relações espaciais dependentes de seu próprio corpo
e de percepção de si mesmo, desta maneira conhece: em cima, em baixo,
atrás, próximo, perto e distante, distingue o que está a sua frente e às suas
costas, frente de si e atrás de si.
É interessante sabermos o desenvolvimento de cada idade para
percebermos o que lhe importa mais, o que irá atrair a sua atenção.
A educação infantil tem demonstrado ser uma excelente fonte de
desenvolvimento cognitivo para nossas crianças.
Além das atividades motoras voltadas para a educação física serem
importantes para o desenvolvimento psicológico da criança, o brincar de faz-
de-conta e o brincar com jogos lúdicos também são essenciais para esta fase.
As brincadeiras aparentemente simples são verdadeiras fontes de
estímulos para o cérebro das crianças.
Segundo Vygotsky: “O brinquedo não é o aspecto predominante da
infância, mas é um fator muito importante do desenvolvimento...”.
Quanto mais oportunidades de brincar a criança tiver, refazendo
diferentemente o seu dia-a-dia, maior e melhor será seu desenvolvimento em
todos os aspectos, principalmente no aspecto psicológico, sendo o
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
19
comportamento imitativo uma característica marcante nas brincadeiras entre as
crianças, por ser uma forma de representação social do comportamento infantil.
Assim como também é marcante, a força do sentimento e das emoções
que ocorrem em relação ao outro, que geralmente são pessoas estimadas por
ela ou que lhe atraem de alguma maneira.
A importância de se criar um espaço maior para a fantasia e para o
jogo imaginário tem sido apontada como fundamental para o desenvolvimento
psicológico da criança.
É importante lembrar da importância também da interação do adulto
com a criança para o seu desenvolvimento, pois realiza papel de mediador
entre o mundo imaginário da criança e o mundo real que nós vivemos.
Cabe ao adulto, educador, estimular a brincadeira, oferecendo para a
criança diferentes brinquedos e objetos para serem manipulados, conversar
sobre o que elas estão realizando.
Teremos oportunidade de acompanhar esse aspecto tão
importante da socialização se deixarmos as crianças com
liberdade suficiente para que aprendam a assumir
decisões. Isso significa ignorar o que elas fazem.
Devemos interferir no sentido de colaborar para que a
socialização se manifeste, não apenas nos papéis
assumidos e na forma como eles são desempenhados,
mas também nos combinados. (SEBER, 1995, p. 62).
Com esta conduta a criança amplia as possibilidades de refletir sobre
suas ações, desempenhando cada vez melhor seu papel social, interagindo
com outras crianças e os objetos que compõe o ambiente em que está
inserida, e aos poucos ir se apropriando do mundo e seus significados.
Mais importante do que o brinquedo propriamente dito é o que revela e
como é explorado pela criança.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
20
Tudo o que as crianças fazem por puro prazer chama-se brincadeira e
esta é para a criança e pela criança, sua atividade mais séria.
CAPÍTULO II
A LUDICIDADE COMO INSTRUMENTO DE
APRENDIZAGEM.
Precisamos antes de falar nos objetivos de ensinar brincando
propriamente dito de, situar o contexto em que o jogo deve acontecer,
principalmente ao pensar o jogo como meio educacional.
Entendendo o papel da Educação na sociedade como a ciência capaz
de suscitar a transformação social, é preciso que se definam quais as
contribuições junto a outras instâncias da vida que ocasionam de fato estas
transformações.
Seguindo esta linha de pensamento, a educação deve ter uma visão
global de seus alunos e propiciar a eles a construção e o acesso aos
conhecimentos socialmente disponíveis.
A riqueza de habilidades motoras da criança depende do
desenvolvimento neuromuscular; contudo, a aprendizagem também exerce
influência sobre certas habilidades motoras como falar, escrever, abotoar e
amarrar os sapatos.
Com a prática da atividade motora ocorrem muitas mudanças no
sistema nervoso central, tanto a nível do sistema muscular como a nível do
sistema de memória.
O crescimento da criança em idade pré-escolar exige grande consumo
de energia, portanto não é possível mantê-la calma e quieta quando ela mais
precisa de movimento.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
21
A escola propõe horas determinadas para que sejam realizadas
atividades de coordenação motora, outras para trabalhar a expressão plástica,
outras para brincar sob a orientação do professor e outras sem a direção do
professor.
A sala de aula deve ser um laboratório permanente, o ambiente deve
ser propício para a aprendizagem, pois os meios físico e social contribuem de
maneira determinante para o desenvolvimento, tanto quanto para o
conhecimento.
Assim a pré-escola deve favorecer a criança que está nesta fase de
intenso crescimento, oferecendo-lhe atividades adequadas e prazerosas,
respeitando sempre suas características individuais.
O professor deve criar um ambiente apropriado para a aprendizagem,
para que a criança encontre desejo em aprender a habilidade que está sendo
ensinada e, para que ela possa se expressar livremente.
O bloqueio afetivo provoca um bloqueio físico que inibe toda expressão
natural. O papel do professor é fundamental na orientação das atividades,
devendo criar situações adequadas para estimular a criança a resolver
problemas mediante estímulos apropriados que devem estar ao alcance de sua
maturidade, o que falamos sobre características individuais.
Somente conhecendo de forma ampla e profunda, e principalmente
acreditando na eficácia da brincadeira no desenvolvimento da criança, que o
educador poderá utiliza-la como um instrumento na aprendizagem.
Nessa etapa, o brinquedo é o que mais interessa à criança. Por esta
razão, é importante colocar ao seu dispor uma sala bem equipada, onde ela
possa se movimentar, brincar, colecionar coisas e adquirir múltiplas
experiências através das atividades lúdicas.
“Segundo Winnicott, a brincadeira do adulto está
relacionada com a sua capacidade de lidar de forma
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
22
lúdica, com seus próprios pensamentos. Em suma, o
espaço da criatividade, o humor, constituem a brincadeira
e o jogo do adulto”. (apud, MULTIEDUCAÇÃO, 1996).
Entendendo o significado que a brincadeira tem para nós adultos é que
poderemos nos aprofundar mais e conseguir meios de mediar o ensino através
da brincadeira e dos jogos.
Conhecendo as características da evolução dos jogos de faz-de-conta,
de construção, e etc, o educador pode e deve estimular os progressos da
aprendizagem através das brincadeiras.
Quando o professor tiver se conscientizado de que essa educação pelo
movimento é uma peça mestra do edifício pedagógico que permite à criança
resolver mais facilmente os problemas atuais de escolaridade e a prepara, por
outro lado, à sua existência futura de adulto, essa atividade não ficará mais
relegada a segundo plano. Sobre tudo porque o professor constatará que esse
material educativo não verbal constituído pelo movimento é por vezes um meio
insubstituível para afirmar certas percepções, desenvolver certas formas de
atenção, pôr em jogo certos aspectos da inteligência.
O papel do professor é mais o de um observador, supervisionando as
brincadeiras, afastando perigos e evitando acidentes, encaminhando a criança
para a aquisição das aptidões e habilidades motoras.
O ato de brincar proporciona para a criança a oportunidade de
investigar, experimentar e tirar conclusões sobre o mundo, ou seja, a
aprendizagem do movimento se refere a um processo de melhoria na
capacidade de movimento da criança e a aprendizagem pelo movimento diz
respeito à utilização do movimento para a criança conhecer a si mesma e ao
mundo que a rodeia.
Elas brincam para compreender melhor o mundo em que estão
inseridas, e para isso, fazem uso de objetos, brinquedos, jogos pedagógicos e
até mesmo, utilizam umas às outras quando brincam, elas interagem e trocam
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
23
experiências e muitas vezes elas transformam os objetos, de acordo com sua
necessidade, atribuindo-lhe um outro significado, como por exemplo, uma
vassoura que desempenha papel de cavalo, e em outro momento pode ser um
microfone.
A brincadeira pode ser a forma pela qual as crianças desenvolvem
suas potencialidades humanas básicas e uma espontaneidade e
individualidade de resposta à realidade e, portanto, também o auto-respeito e
um apetite saudável por experiência, conhecimento e habilidade.
É fundamental a observação das brincadeiras infantis, pois é através
dela que os educadores passam a compreender as necessidades das crianças,
seus desejos e principalmente, sua socialização com o grupo, seu
comportamento, hábitos e atitudes e principalmente, seu desenvolvimento
cognitivo, afetivo, social e psicomotor.
A tarefa do educador não é fácil, nem deve ser encarada levianamente;
requer planejamento, execução de planos e aprendizagem a partir dos erros
cometidos.
A criança não é capaz de encontrar sozinha a situação mais apropriada
para exercer suas faculdades. Ao invés de aplicar-lhe soluções prontas. O
professor deve orientar a criança para que ela possa refletir sobre suas
próprias ações e explicar os fatos que observa.
O professor deverá criar oportunidades para que todas as crianças
participem dos jogos, quer estimulando os inibidos ou refreando os excessos
dos mais irrequietos.
A brincadeira de uma criança pode ser a maneira pela qual desenvolve
não apenas suas capacidades potenciais, mas também sua percepção da
realidade das coisas e pessoas como realmente são.
São inúmeras as possibilidades de utilização das brincadeiras e jogos
na educação infantil, mas para que ocorra de forma satisfatória, o educador
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
24
deve ter muito bem definido o significado e a importância de jogos e
brincadeiras para a educação e o desenvolvimento infantil.
O professor que faz uso do seu conhecimento, para junto com seus
alunos participar da brincadeira, nesta interação, ele ensina aos seus alunos a
valorizar a brincadeira, com isso, eles sentem-se estimados a cada vez mais se
empenhar na brincadeira e maior será seu desenvolvimento nos aspectos
relevantes, como: cognitivo, afetivo, social e psicomotor.
Muitos professores já tiveram em sua vivência pedagógica,
brincadeiras inseridas no contexto de suas aulas, criando um espaço entre
aluno e professor, onde o “não saber” passava ao “saber” de forma lúdica e
prazerosa.
O processo ensino-aprendizagem depende muito da motivação do
educando. Considerar as suas necessidades e os seus interesses, oferecendo-
lhe situações para incentivar sua participação nas atividades propostas,
favorecerá grandemente as suas capacidades de: construção do
conhecimento, formação de idéias próprias e originais sobre os fatos e a
expressão e criação de forma convicta.
Contudo estes fatores irão favorecer a formação integral da
personalidade da criança. Diante do exposto até agora, podemos finalmente
definir como um dos principais objetivos de ensinar brincando.
Proporcionar condições favoráveis para que se promova a construção
do conhecimento integral do educando, levando em conta seus interesses,
suas necessidades e o prazer de ser sujeito ativo desta construção.
Quando o educador propicia as condições necessárias que possibilitem
na sala de aula o “brincar”, também é possível levar o aluno a perceber o
significado cultural. O mesmo acontece quando os pais pedem para as
crianças brincarem no quintal ou outro espaço da casa, por não terem nada
para fazer, é mais significativo que um turbilhão de atividades que caracterizam
nossos dias.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
25
“A nossa inteligência é fruto da gama cultural apreendida
no decurso, em virtude do exposto podemos durante as
aulas “brincar” com esse conhecimento e descobrir como
é gostoso inventar novas maneiras de aprender”. (ROSA,
1998, p. 48).
Na sala de aula é onde vemos a maior quantidade de meios para a
aprendizagem, nossa cultura auxilia nessa hora, a vivência que tivemos, a
forma como lidamos com as brincadeiras, tudo isto pode nos ajudar na hora da
aprendizagem lúdica, podemos ensinar e aprimorar as brincadeiras, ou até
mesmo inventar outras, tudo pode ser uma grande brincadeira e quando menos
esperarmos está lá, o conteúdo fornecido e o conhecimento adquirido, onde o
prazer levou ao êxtase do objetivo.
O papel do educador é observar, atreves dos movimentos que as
crianças fazem, o que estão descobrindo sobre um objeto; isso faz com que o
educador perceba os conteúdos que as crianças estão atribuindo aos objetos,
gestos e falas utilizadas no momento em que estão brincando, partindo daí o
professor encontrará meios para construir recursos, que o ajude a desenvolver
aquela atividade de acordo com a maturidade individual de cada aluno.
Por meio da atividade simultânea de seus sentidos, músculos e mente,
a criança adquire um corpo-de-conhecimentos da natureza e do
comportamento característico das forças físicas, dos objetos e das criaturas
que compõem seu ambiente, e um conhecimento de como responder a eles de
forma eficiente.
Por intermédio dos jogos simbólicos a criança irá adquirir a linguagem
convencional. Aprenderá a nomear os objetos de acordo com seu conceito
cultural. Assim, por meio das brincadeiras e dos jogos simbólicos, a linguagem
vai se estruturando.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
26
Ao mesmo tempo, está aprendendo sobre o estado de suas
capacidades físicas, mentais e emocionais e, portanto, sobre o que é capaz –
no momento presente – de realizar.
Desenvolve-se o discernimento ou aquilo que, em alguns campos de
atividade, é chamado de sabedoria. A capacidade de discernir não pode ser
ensinada. As crianças adquirem-na através de suas atividades espontâneas e
voluntárias.
Com o jogo, o educador pode perceber se as crianças já conseguem
entender o ponto de vista do outro, e forma como lidam com o fato de serem
perdedoras ou vencedoras.
Para garantir a memória do que acontece com o grupo no decorrer do
dia, das semanas, do ano letivo, é preciso fazer um registro, ou seja, fazer
anotações do que foi ou está sendo observado, sendo um importante
instrumento para que o professor faça uma análise de sua prática e do
desempenho de seus alunos.
O registro permite ao educador uma reflexão que o leva a conhecer
mais sobre seu grupo de alunos, pensar sobre seus objetivos educacionais e
planejar o seu trabalho com uma proposta lúdica e prazerosa que inclua as
brincadeiras como uma aliada no processo ensino-aprendizagem.
“A aprendizagem e o desenvolvimento estão inter-relacionados desde o
primeiro dia de vida da criança”. (VYGOTSKY, 1991, pg. 95).
Desde a barriga da mãe a criança aprende as coisas, como mexer
quando a mãe fala ou coloca a mão, não se assustar quando ouve um barulho
de trem, por ter se acostumado a ele, ou quando descobrem que chorar traz a
mãe para perto ou retêm a atenção de alguém, quando colocam a mão no pé e
descobre o mesmo, quando pegam algo errado e a mãe briga e assim por
diante.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
27
Já na fase da pré-escola, a aprendizagem leva ao desenvolvimento e o
desenvolvimento leva a aprendizagem, até a fase adulta, todos estamos em
constante desenvolvimento, aprendizagem, maturidade e personalidade.
Apesar de sabermos disso, cada pessoa tem o seu ritmo de
aprendizagem, segundo o pensador, precisamos ter certeza de que o
desenvolvimento da criança não precisa ou não tem de coincidir com sua
aprendizagem ou com seu potencial de aprender.
Cada assunto ou conceito ensinado na escola relaciona-se com o
desenvolvimento da criança e essa relação é variável. Vygotsky explica bem a
situação quando fala sobre o conceito de Zona de Desenvolvimento Proximal.
O educador deve introduzir desafios para criar uma zona de
desenvolvimento proximal através das brincadeiras. O problema colocado pelo
professor no meio da brincadeira enriquece a experiência da criança que se
esforça para soluciona-lo.
Vygotsky ensina sobre a brincadeira, no desenvolvimento da criança,
dizendo que brincar nem sempre é algo prazeroso. Existem outras coisas que
dão mais satisfação à criança. O ato de ganhar ou perder no final, podem ser
extremamente desagradáveis para elas, mas ajuda a lidar com as coisas ruins
que a vida nos reserva, e aprendermos a lidar com a perda é muito importante,
por isto dizemos que o importante é participar.
A criança satisfaz algumas de suas necessidades usando o brinquedo.
As ações que realiza estão diretamente relacionadas com suas necessidades,
com suas motivações e também de acordo com o seu desenvolvimento.
Posteriormente, quando já esta recebendo na escola a educação
infantil, ela descobre que existem muitas necessidades a serem satisfeitas e se
não fossem os brinquedos, isso não seria possível.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
28
Ela se envolve com o mundo da ilusão, do imaginário. Esse mundo é o
do brinquedo. Entretanto em todos os desejos e necessidades da criança
podem ser totalmente atingidos usando os brinquedos, ou o imaginário.
Ocorre uma integração perfeita entre os aspectos cognitivos,
psicomotores, afetivos e sociais.
Através das brincadeiras espontâneas e das dirigidas, brincando e
jogando, elas apreendem e aprendem o mundo que as cerca, incorporando as
competências necessárias para o seu desenvolvimento.
É através dos jogos e brinquedos que a criança adquire a primeira
representação do mundo e, é por meio deles, também que penetram no mundo
das relações sociais, criando um senso de iniciativa e auxílio mútuo.
Felizmente a criança se desenvolve e precisa avançar no sistema
educacional e, de repente, se quebra o encanto; de um minuto para o outro
deixa de trabalhar ludicamente, passa a ter suas atividades limitadas e embota
seu potencial criador. Agora o problema é sério, é hora de aprender.
Mas não precisa ser sempre assim, aprender pode ser algo
encantador. A criança precisa descobrir o prazer de aprender e nós precisamos
descobrir o prazer de ensinar.
O jogar com normas, o brincar com regras são mais praticados na
idade em que a criança ingressa no pré-escolar e continua daí em diante, no
seu dia-a-dia.
“Pode-se propor que não existe brinquedo sem regras. A
situação imaginária de qualquer forma de brinquedo já
contém regras de comportamento, embora possa não ser
um jogo com regras formais estabelecidas a priori. A
criança imagina-se como a mãe e a boneca como criança
e, dessa forma, deve obedecer as regras do
comportamento maternal... o que na vida real passa
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
29
despercebido pela criança torna-se uma regra de
comportamento no brinquedo”. (VYGOTSKY, 1991, p.
108).
Pelo uso do brinquedo, a criança aprende a agir de forma cognitiva; os
objetos têm um aspecto motivador para as ações da criança, desde a mais
terna idade.
A percepção é um motivo para a criança agir. Mais tarde, a ação
começa a se desvincular da percepção: o pensamento começa a se separar do
que a criança imagina ser o objeto e do que é, realmente; a criança vai
fantasiando o que ela gostaria de que determinado objeto fosse.
Essa transição é gradual no desenvolvimento de cada uma. É
importante notar também que, no brinquedo, a criança transforma as regras em
desejos seus.
De acordo com a maneira de brincar ela percebe qual é a forma para
conseguir alcançar seus objetivos; daí, brincar pode não ser mais tão
prazeroso.
O brincar pode ser visto de um lado como uma ação livre, imaginária, e
de outro, pode ser visto como uma maneira de desenvolver a sua capacidade
de abstração, quando cria uma situação imaginária.
Através do brinquedo, a criança estabelece suas relações com a vida
real. Ela vai experimentar sensações que já conhece e vai desenvolvendo
regras de comportamento que imagina serem corretas, como por exemplo: uma
criança quando brinca de boneca, onde ela faz o papel da mãe e a boneca o da
filha, ela começa a perceber onde ela está errando na vida real, mas com
certeza nem sempre isto funciona muito.
Hoje a criança precisa ser educada de forma globalizada; insistimos
nesse aspecto para que fique clara a importância de não deixarmos de lado os
aspectos psicomotores e o aspecto cognitivo, pois se uma área estiver sendo
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
30
mais desenvolvida em detrimento de outra, certamente esse desequilíbrio
acarretará uma desorganização do indivíduo, em sua dimensão global.
Como mediadores do processo ensino-aprendizagem, precisamos
estar atentos para propiciar meios para favorecer este desenvolvimento.
Um dos grandes problemas que nós, educadores, sofremos é o de não
saber como incentivar nossos alunos. Como leva-los a se sentir motivados para
participar ativamente do processo ensino aprendizagem? O essencial para
resolvermos esta questão é não esquecer que hoje, nossos alunos são sujeitos
questionadores. Não conseguem mais engolir os conteúdos sem perguntar o
porquê, ou, principalmente, para quê estão aprendendo determinados
assuntos.
Portanto, cabe ao professor preocupar-se com o modo pelo qual a
criança aprende, muito mais do que com o modo pelo qual ele vai ensinar.
Cientes de que precisamos buscar meios para tornar eficiente e
atraente a relação ensino-aprendizagem, precisamos fazer com que os
conteúdos programáticos tenham aplicabilidade prática.
Temos de relacionar alguns conteúdos com vivências, de forma que as
crianças possam desenvolver algumas potencialidades, descobrindo aplicações
para o que precisam aprender. Garantir o espaço para o desenvolvimento da
criatividade é essencial.
Devemos ter muito cuidado nesse momento em que tomamos a
decisão de mudar, de inovar, ou melhor, de reciclar, nossa metodologia de
ensino, nossa prática pedagógica.
Não podemos criar no extremismo e pensar que precisamos brincar o
tempo todo, ou seja, oficializar a brincadeira como método e técnica de ensino;
devemos retirar dela justamente o seu bem mais precioso, a espontaneidade.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
31
A criança não pode deixar de criar, de brincar, de ser natural em suas
brincadeiras, pois se isso acontecer, perde o sentido a educação através de
atividades lúdicas.
Precisamos vincular nossos objetivos às atividades às quais nos
propusermos, para que através dos jogos e das brincadeiras possamos atingir
os objetivos propostos e então desenvolver todos os aspectos necessários.
Não há necessidade de esquecer o que fizemos até hoje, temos,
somente, de adaptar o nosso fazer; precisamos lembrar de quando éramos
crianças e do que sentíamos estando em nossa sala de aula.
No processo educacional a utilização de jogos é sugerida como
facilitadora para a aprendizagem e para o desenvolvimento infantil.
“O jogo, pois é um “quebra-cabeça”... não é, como se
pensava, simplesmente um método para aliviar tensões.
Também não é uma atividade que “prepara” a criança
para o mundo, mas é uma atividade real para aquele que
brinca. Verdadeiramente brincamos, envolvemo-nos com
paixão no jogo, sem precisarmos, em absoluto, saber o
que ele significa”. (FREIDMANN, 1998, p. 20).
O jogo se caracteriza por transformações, como todas as atividades
lúdicas, por ser uma atividade dinâmica, capaz de transformar-se com o
contexto, de um grupo para o outro.
A atividade lúdica deve contribuir no processo de aprendizagem e não
ser, simplesmente, uma ato para passar o tempo, sem finalidade pedagógica.
Todos nós deveríamos criar um arquivo onde seriam colocadas as
brincadeiras e os jogos na medida em que fossem sendo utilizados; desse
arquivo constariam as possíveis variações e as áreas de desenvolvimento onde
os jogos poderiam intervir e também os conteúdos a que se prestariam, para
que dessa forma, pudéssemos construir o nosso acervo lúdico em prol de um
ensino mais natural, divertido e muito mais feliz.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
32
É preciso que o objetivo maior da escola seja formar um cidadão
autônomo, crítico, responsável e solidário. Para isto a aprendizagem pode ser
uma grande brincadeira.
CAPÍTULO III
A INTERVENÇÃO DOS JOGOS E DAS BRINCADEIRAS
NO TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO.
“O olho vê, a lembrança revê, a imaginação transvê.
É preciso transver o mundo.”
(Manoel de Barros)
Ensinar / aprender deve ser uma experiência feliz, alegre, plena de
trocas e de descobertas.
O jogo possibilita que a dimensão simbólica do sujeito se manifeste em
um fazer que pode ser partilhado com o outro, ressignificado e transformado.
Articulando o imaginar, o pensar e o fazer, a criança joga com o seu
saber e põe o seu saber em jogo.
O brincar é um direito assegurado na Constituição Federal do Brasil. Ë
uma necessidade para as crianças, pois é fundamental para o seu
desenvolvimento psicomotor, afetivo e cognitivo, sendo uma ferramenta para a
construção do seu caráter.
O desenvolvimento psicomotor é a base de usa relação como mundo,
pois é através de seu corpo que ela vai se relacionar consigo mesmo, com os
outros, com os objetos, enfim, com o mundo ao seu redor. O jogo através do
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
33
desenvolvimento psicomotor contribui para as relações entre a psiquê e o
motor, promove a união entre a ação e o pensamento, assim é uma atividade
integradora do corpo como um todo, não segue o modelo cartesiano de divisão
corporal.
O fator afetivo inclui os relacionamentos intra e inter pessoais, ao
brincar a criança vai experimentar diversas situações, positivas (quando vence
uma brincadeira, alcança um objetivo, entra em acordo com os colegas, etc.) e
negativas (perde alguma atividade, não consegue realizar o esperado, entra
em conflitos com os colegas, etc.) e é através destas situações que a criança
aprenderá a conviver com os outros.
Por fim, o aspecto cognitivo se refere ao desenvolvimento do intelecto
durante as atividades lúdicas. As crianças aprendem brincando, aumentam seu
conhecimento através dos parceiros e podem vivenciar a aprendizagem.
O lúdico é para as crianças, (adolescentes e adultos), uma
possibilidade de desenvolver o afetivo, o motor (como visto), o cognitivo, o
social, o moral e possibilita também aprendizagem de conceitos.
Quando se discute o uso de jogos na educação, aparecem duas
correntes, há autores que destacam sua importância e outros assinalam seus
limites e cuidados.
É importante essa ressalva pois no contexto educativo, o jogo deve ser
usado de maneira justa e não deve substituir a realidade.
Uma das definições que o dicionário Aurélio nos dá sobre o jogo e o
brincar é que o jogo é uma atividade física ou mental organizada, que por um
sistema de regras definem quem ganha ou perde e brincar é “divertir-se
infantilmente”.Por ser um verbo intransitivo, sua ação não passa do sujeito a
nenhum objeto.
Neste ponto percebemos que o brincar está além do decurso, pois vai
muito além de divertir-se infantilmente, pois se pode afirmar que na ação de
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
34
brincar, a criança se desenvolve, conhece e explora o mundo a sua volta,
realiza interações, que favorecem para que ela tenha um desenvolvimento
harmônico.
O jogo é fundamental em todas as suas modalidades e não deve ficar
restrito aos consultórios d psicopedagogia; deve ser levado para a sala de aula,
porque envolve todas as situações de vida.
O jogo só é educativo quando o educador o desenvolve com o objetivo
e intencionalidade, caso contrário é apenas uma brincadeira.
Pode-se dizer que o jogo está muito ligado ao próprio funcionamento
da inteligência uma vez que a sua construção depende de uma série de
assimilações e acomodações que a pessoa faz ao longo da vida.
Com o tempo a criança vai distinguindo os diferentes jogos e
percebendo que alguns necessitam de um grande esforço e concentração, sem
deixar de lado o caracter prazeroso da ação.
É importante destacar que o jogo por si só não permitirá o
desenvolvimento e a aprendizagem mas sim a ação de jogar é que desenvolve
a compreensão. Mas também no lúdico é importante que o aluno seja
percebido como ele é, mesmo apresentando dificuldades, e que o programa de
atividades esteja voltado para atender as suas necessidades.
Por possuir regras supõe-se que o jogo tenha organização e
coordenação que o inserem num quadro de natureza lógica.
É necessário conhecer as regras, compreendê-las, e praticá-las exigindo um
exercício de operação e cooperação.
Ao jogar acontece uma série de relações, de encaixe parte e todo, de
ordem, de antecipação e de retroação.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
35
Como o jogo envolve operações entre pessoas, contato social, a
situação problema que o jogo oferece dá ao participante oportunidade de
empregar procedimentos cooperativos para alcançar o objetivo que é ganhar.
O jogo assume um significado funcional onde a realidade é incorporada
pela criança e transformada, de acordo com seus hábitos motores, com as
necessidades do eu e em função das exigências do social.
Criar situações problema, após jogar é uma atividade que
complementa o trabalho em sala de aula ou clínica. Isso estimula o aluno a
analisar as jogadas, questionar as estratégias e, possivelmente, melhorar seu
desempenho em outros jogos.
Por exemplo, numa resolução de problema do cotidiano, o aluno deve
avaliar a situação, organizar os dados e definir a seqüência de ações a serem
realizadas, exatamente como precisa fazer ao jogar. Nesse sentido o adulto
pode ajudar a criança a estabelecer relações entre jogar e aprender,
aproximando as aquisições no jogo aos acontecimentos escolares.
Além de ser uma atividade divertida e desafiadora, jogar, poder
também ser uma forma de aprender sobre a importância de pensar antes e de
considerar o outro como parte integrante do sistema, com o qual se disputa a
vitória, mas sem o qual não há jogo.
Quanto mais joga, mais evidências o jogador adquire sobre o valor de
observar e coordenar simultaneamente os diferentes aspectos presentes a
cada momento do jogo. Essas conquistas, aliadas às interferências do adulto,
favorecem a aquisição de algumas noções básicas para o desenvolvimento
infantil e para a aprendizagem escolar.
A criança durante a sua infância é regida por seus desejos, e ainda não
é capaz de formular conceitos sobre o mundo que o cerca, pois, ainda está
desenvolvendo e adquirindo capacidade de compreender e agir sobre o mundo
e as inúmeras informações que lhes oferece.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
36
A infância é onde ocorre a maior parte do desenvolvimento cognitivo, o
organismo se torna capacitado a realizar as mais complexas atividades tais
como o uso da linguagem articulada.
São muitas as formulações teóricas que têm concentrado grande soma
de interesse nessa fase da vida humana. Quase todas as teorias do
desenvolvimento humano admitem que a idade pré-escolar é de fundamental
importância na vida humana, por ser esse o período em que os fundamentos
da personalidade do indivíduo começam a tomar formas claras e definidas.
Para Erikson, duas qualidades essenciais do eu emergem nessa fase
evolutiva: autonomia e iniciativa. A cultura desempenha relevante papel na
aquisição dessas qualidades fundamentais. As conquistas realizadas nesse
período são de grande importância e determinarão o grau de competência que
o indivíduo ordinariamente terá.
Segundo a teoria de Piaget, esta fase correspondente ao período pré-
operacional do desenvolvimento cognitivo. As operações mentais da criança
nessa idade se limitam aos significados imediatos do mundo infantil. A primeira
fase desse estágio é caracterizada pelo pensamento egocêntrico. Na segunda
fase a criança começa a ampliar o seu mundo cognitivo, o que constitui o
chamado pensamento intuitivo.
Pedagogicamente, não devemos encarar o “brincar”, apenas como um
recurso, mas estabelecer uma relação na qual a criança possa exteriorizar o
mundo que o cerca, possibilitando fluir a capacidade criativa e ao mesmo
tempo ampliar seus conhecimentos.
O ato de brincar tem importância crucial para o desenvolvimento
pessoal e social da criança, sendo também desenvolvidos os aspectos:
cognitivo, psicomotor e afetivo.
Resumindo uma descrição de Furth, uma criança move
um pedaço de maneira no ar e faz uma exclamação de
“crash” ao colidir com outro objeto sólido, em outras
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
37
palavras, ela está substituindo um elemento real (que
poderia ser um carro) por um objeto capaz de representa-
lo na brincadeira. Isto nos dá a dimensão cognitiva que a
criança tem. De acordo com Piaget podemos dizer que a
mesma passou do período sensório-motor para as ações
simbólicas. (ROSA, 1998).
Brincar é uma história que começa na relação entre mãe e bebê e dele
com o mundo, pois são nas relações com a família que se desenvolvem as
primeiras brincadeiras, e amplia-se quando a criança passa a freqüentar outros
lugares, diferentes do que ela está acostumada, como: festas, clubes e
principalmente quando passam a ir para escola.
É interessante ver como o mundinho da criança se desenvolve rápido,
no momento em que ela entra em contato com outras, que não fazem parte do
seu meio social, são outras visões de mundo, quebra uma boa parte daquilo
que ela estava acostumada a viver e se cria uma nova visão de vida.
Ao entrar numa escola ou creche a criança vivencia outros fazeres,
hábitos e atitudes, e na maioria das vezes modifica até o mundo a sua volta, o
jeito de viver e de ver o mundo de sua família.
Winnicott afirma que existe um continuum tempo entre a ilusão do
bebê, o brincar da criança pequena e a experiência cultural vivida pelo adulto.
O autor dá especial atenção ao significado e importância
ao bebê, no que tange aos objetos ao seu redor e até
mesmo as cantigas, pois são eventos que estão numa
área intermediária e que serão importantes para o
mesmo, assim, compreenderá o valor simbólico e o que é
real. (apud, ROSA, 1998).
Nos primeiros tempos de vida a criança explora o mundo que o rodeia
com os olhos e as mãos, através das atividades motoras. Ela estará, ao
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
38
mesmo tempo, desenvolvendo as primeiras iniciativas intelectuais e os
primeiros contatos sociais com outras crianças.
É função do desenvolvimento motor que a criança se transformará
numa criatura livre e independente.
Assim, os profissionais devem valorizar essa forma alegre e prazerosa
de trabalho, para que a criança possa desenvolver toda a sua potencialidade
em tempo hábil, facilitando as etapas seguintes do desenvolvimento.
Desenvolvimento motor é o conhecimento das capacidades físicas da
criança e sua aplicação na performance de várias habilidades motoras, de
acordo com a idade, sexo e classe social.
Desta forma, a criança ao brincar, se apropria dos significados do
mundo a sua volta e gradativamente, começa a fazer relações entre o real e o
imaginário.
Os termos: jogo, brinquedo e brincadeira, são utilizados com uma única
característica para expressa-los, o que oferece dificuldade para conceitua-los
como sinônimos e tem sido usado com o mesmo significado.
(...) brinquedo será entendido sempre como objeto,
suporte da brincadeira, brincadeira como a descrição de
uma conduta estruturada, com regras e jogo infantil para
designar tanto o objeto e as regras do jogo da criança.
(brinquedo e brincadeiras). (KISHIMOTO, 2002, p. 07).
Também é possível entender o brinquedo como sendo um elemento
cultural, pois o brinquedo não pode ser isolado da sociedade, pelo contrário, na
maioria das vezes, um brinquedo caracteriza uma época, um contexto
histórico-cultural.
É muito gratificante quando mostramos um brinquedo antigo dos
nossos avós aos nossos filhos e estes se deslumbram e não querem pensar
em outra coisa, ou quando levamos os nossos alunos a conhecerem diversos
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
39
brinquedos que são feitos pelos índios, onde trabalham o raciocínio e as
habilidades motoras, algo que um adulto não consegue alcançar.
Um conhecimento rico, que muitos desconhecem ou não fazem
questão de conhecer. Na era em que vivemos o prazer é ter um vídeo game de
última geração, onde só trabalha o raciocínio lógico e rápido da criança, não
que isso não seja importante, mas também não trabalha a motricidade dos
outros órgãos e membros, sem falar que se perde o contato com outros
amigos.
Vivemos em uma sociedade em que os contatos são feitos por internet,
falamos com amigos que trabalham na mesma repartição ou até mesmo atrás
da gente, por via “mensenger”, os amigos viraram virtuais, se continuarmos
assim onde vamos parar?
Esta é a pergunta que não quer calar, por sermos assim, é que o
mundo está onde está, por isto, porque não jogarmos mais bola, termos um
tempo para brincar de pique, de pega-pega, ter contato, pegar/tocar nos outros,
jogar um baralho ou apenas uma conversa fora, cara a cara.
Temos que incentivar as crianças a ter mais apego pelos colegas e
familiares, o conceito de família está cada vez mais falido devido à sociedade
capitalista em que vivemos, onde o prazer está em passar a perna nos outros,
sem justificativa.
Ao trabalhar o jogo fazemos com que a criança desempenhe o fator da
socialização, fazendo-a interagir-se com os amiguinhos cedendo o espaço para
que o jogo aconteça.
A atividade lúdica ajuda significativamente a alfabetização. Os jogos
que facilitam o andar para todos os lados, de todas as maneiras, sob um
determinado comando são importantes para treinar o esquema corporal,
lateralidade, percepção, atenção, concentração e raciocínio, qualidades
necessárias para a aquisição da leitura e da escrita.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
40
O jogo dá o sentido, o objetivo e o treino necessário ao
desenvolvimento da criança.
O prazer ao brincar e o brinquedo adequado vai aguçar a curiosidade,
despertar o interesse da criança, estimulando também sua atenção,
concentração, raciocínio e outras qualidades indispensáveis ao seu
desenvolvimento psicomotor e cognitivo.
Os brinquedos podem ser sugestivos de acordo com o seu uso, mas
devem, acima de tudo, estimular a criatividade, porém devem ser adaptados à
idade da criança e não ser perigosos.
É importante ressaltar, que a importância dos jogos e brincadeiras
nesta fase, é principalmente, a função lúdica que é proporcionada por eles, o
prazer, o caráter “não sério”, que faz com que, os jogos e brincadeiras sejam
eficazes no desenvolvimento das crianças.
O jogo e a brincadeira em si é uma atividade que pode ser
compartilhada, onde as ações tornam-se mais produtivas quando são
realizadas de forma espontânea pela criança, onde ela própria se interessa
pelo que faz, e se sente estimulada pelo resultado que encontra ao final da
brincadeira.
O brinquedo é uma atividade própria da criança pequena, sem regras,
pois a fantasia orienta a criança para brincar seriamente. O brinquedo com
fantasia estabelece uma ponte entre o mundo inconsciente e a realidade que
rodeia a criança, pois nele fantasia e realidade se mesclam.
O jogo imaginário permite a criança à conquista do autodomínio; ela
aprende a se controlar, aproveitando as oportunidades para se auto-afirmar.
Através do jogo de regras a criança vivencia a sensação de
permanência e segurança do ambiente.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
41
Jogos e brincadeiras possuem uma característica social e alegre, onde
se realizam interações entre crianças e adultos, e que eles se descobrem na
brincadeira, trocam informações e experiências, e com isso, vão apropriando-
se do mundo e seus significados.
Falar em qualidade do jogo não significa exclusivamente
enunciar as características peculiares que o diferenciam
de outros “espaços” da experiência infantil, mas significa
descrever nos diferentes contextos onde se realiza (a
casa, a rua, o quintal, as instituições para a infância, a
escola). (...) e o conotam diversamente como
transgressão, recreação, passatempo, mas se qualifica
também, em relação à intencionalidade educacional a ele
atribuída (...). (BONDIOLI, 1998, p. 222).
A qualidade do jogo e da brincadeira em si depende da diversificação
dos ambientes que a criança tem oportunidade de participar, que além do
prazer, do passatempo e recreação da brincadeira, está também embutido o
aspecto educacional no brincar, como por exemplo, para participar das
brincadeiras coletivas, a criança precisa agir em comum com as ações do
grupo, para não serem excluídos da brincadeira. Aí, podemos afirmar, que
nestes momentos a criança se desenvolve socialmente e afetivamente pelas
relações estabelecidas.
As brincadeiras infantis proporcionam um desenvolvimento intencional
independente do lugar em que a criança esteja vivendo aquele momento de
grande valor para a formação social, pessoal, física, motora, cognitiva e afetiva
da criança. Por esse motivo, torna-se muito importante proporcionar condições
para que a criança tenha a possibilidade de freqüentar diferentes objetos, ou
seja, realizar ao máximo as relações de interação proporcionadas pelo ato de
brincar, favorecendo para que tenha um desenvolvimento harmônico.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
42
As brincadeiras sempre existiram entre crianças, mas nem sempre foi
vista como um fator importante e que exerce influência no desenvolvimento
infantil.
Somente com Froebel, que adotou jogos e brincadeiras nos jardins de
infância que a brincadeira passou a ser vista como um importante aliado na
formação, na educação infantil, e nos trabalhos psicopedagógicos.
No mundo infantil, o espaço para o lúdico é essencial. Ensinar às vezes
não é só dar um conteúdo solto ou apenas trabalhar a praticidade do mesmo,
mas sim desenvolver uma criatividade em que, com o conteúdo em poder do
professor o mesmo possa desempenhar o seu papel de forma prazerosa para
ambos.
Através do brinquedo, ela faz o que mais gosta de fazer, porque ele
está unido ao prazer; ao mesmo tempo, ela aprende a seguir os caminhos mais
difíceis, subordinando-se a regras e, por conseguinte, renunciando ao que ela
quer, uma vez que a sujeição às regras e a renúncia à ação impulsiva,
constituem o caminho para o prazer no brinquedo.
O jogo tem sobre a criança o poder de um exercitador universal: facilita
tanto o progresso de sua personalidade integral, como o progresso de cada
uma de suas funções psicológicas, intelectuais e morais.
Através do jogo a criança experimenta sentimentos naturais de vida,
mais tarde vão se traduzir em poder lidar com a dor, a morte, a perda, o
desfazer, o desmontar, o ter que ceder, o dar, o reter, o ter que abrir mão, o
errar, os enlaces e os desenlaces da vida.
Como visto no capítulo I, Piaget diz que tem três estruturas de jogos:
O jogo de exercício ou motor, que através deles o bebê aprende o
mundo físico em que vive.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
43
O jogo simbólico, onde começa a aparecer à medida que se constrói a
representação mental na criança. Ele está diretamente vinculado ao
aparecimento da linguagem. A maioria das causas de problemas de
aprendizagem, residem na pobreza simbólica. Crianças sem uma boa
simbolização ficam empobrecidas e só vão se relacionar com a aprendizagem,
mecânica, fria e desinteressante.
Para o adulto, o brincar e o jogar são vistos como uma forma de
relaxamento que não deve ser levado muito a sério... Para a criança de dois à
seis anos, brincar é o seu trabalho.
E o jogo de regras, que aparece à medida que a criança se socializa. É o
jogo do sujeito socializado. Também no jogo de regras estão contidos jogos
motores (futebol, amarelinha) e jogos simbólicos (polícia e ladrão, batalha
naval, banco imobiliário, etc.). A diferença é que agora existem regras aceitas
por todos os participantes e com sanções para quem não as cumpre.
Segundo Lino Macedo, o jogo de regras envolve uma lógica: jogar bem,
e uma ética: proceder bem. Neste jogo, o erro é um observável, favorecendo
um refletir sobre ele e suas conseqüências.
Além destes citados por Piaget, outros autores definem outros tipos de
jogos ou brincadeiras, que veremos à seguir:
3.1- Jogos tradicionais infantis.
Os jogos tradicionais infantis estão intimamente ligados ao folclore, ou
seja, é um resultado da cultura popular em um determinado contexto histórico,
que vai passando por constantes transformações ao longo do tempo.
Por ser um elemento folclórico, as brincadeiras possuem um certo
anonimato, como por exemplo, não se conhece a origem da amarelinha e de
outras brincadeiras e jogos tão vivenciados nos dias de hoje.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
44
A tradicionalidade e a universalidade das brincadeiras
assentam-se no fato de que povos distintos e antigos,
como os da Grécia e do Oriente brincaram de amarelinha,
empinar papagaios, jogar pedrinhas e até hoje as crianças
o fazem quase da mesma forma. Tais brincadeiras foram
transmitidas de geração em geração através de
conhecimentos empíricos e permanecem na memória
infantil. (KISHIMOTO, 1998, p. 38).
Muitas brincadeiras permanecem da mesma forma na qual foram
inventadas, outras, recebem outras regras e mudam a maneira de brincar, o
importante é que elas continuam estimulando e levando as crianças ao prazer.
Outros aspectos mais importantes nas brincadeiras tradicionais infantis
são o poder da expressão oral, a forma como coisas boas nos nossos
antepassados ainda perdura pela sociedade, a forma como vemos que o
mundo ainda tem solução.
As brincadeiras tradicionais têm a função de perpetuar a cultura
popular e principalmente, de enriquecer a cultura infantil.
Desenvolve-se na criança diferentes formas de convivência social e
permite o prazer de brincar com outros colegas.
As brincadeiras tradicionais infantis são transmitidas espontaneamente,
variam de acordo com o desejo interno da criança, garantindo a presença do
lúdico e da situação imaginária.
3.2- O faz-de-conta.
A criança, por volta dos dois anos de idade, começa a assumir o papel
do outro para melhor compreende-lo. Imita a mãe, o pai, e outras pessoas que
são do seu círculo de convivência.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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Na brincadeira de faz-de-conta a criança assume vários papéis, quase
sempre das situações vividas em seu cotidiano, mostrando que já tem opinião
e vontade, sabe fazer escolhas, deixando claro que quando a criança inventa
uma história ela nem sempre está mentindo, mas brincando de faz-de-conta.
A brincadeira de faz-de-conta tem uma outra função
importante para a criança pequena. Ela permite reviver
situações que lhe causaram enorme excitação e alegria
ou alguma ansiedade, medo ou raiva, podendo nesta
situação mágica e descontraída expressar e trabalhar
essas emoções muito fortes e difíceis de suportar.
(OLIVEIRA, 1992, p. 57).
Essa possibilidade, que a criança tem de interagir e passar diferentes
tipos de situações, faz com que ela se desenvolva afetivamente e socialmente,
além de auxiliar na construção da personalidade da criança.
Nas brincadeiras, a criança trabalha seus conflitos e emoções,
investiga, formula hipóteses e se apropria aos poucos dos significados e
informações que o mundo oferece.
Admite-se que o brinquedo represente certas realidades. Uma
representação é algo presente no lugar de algo. Representar é corresponder a
alguma coisa e permitir sua evocação, mesmo em sua ausência.
O brinquedo coloca a criança na presença de reproduções: tudo o que
existe no cotidiano, a natureza e as construções humanas. Pode-se dizer que
um dos objetivos do brinquedo é dar a criança um substituto dos objetos reais,
para que possa manipula-los.
É importante ressaltar que tais brincadeiras ocorrem geralmente entre
grupos de crianças, e mesmo aquelas que não vivenciaram tal situação, a
experimentaram quando brincam de faz-de-conta, aumentando a cada dia seu
conhecimento de mundo, para melhor interagir com o mesmo e até transforma-
lo.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
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O jogo de faz-de-conta, até mesmo nas suas formas
embrionárias, possui qualidades emocionais e afetivas
que foram salientadas principalmente pela literatura
psicanalítica. Observa-se que a criança não reproduz
somente variações deformando a experiência real em
função dos seus próprios desejos ou para acalmar suas
próprias angústias. (BONDIOLI, 1998, p. 220-221).
Existem dois mecanismos nas brincadeiras de faz-de-conta, onde a
criança se projeta na realidade que deseja, e se identifica como sendo parte
dessa realidade, nesses momentos se estabelecem relações entre o eu da
criança e a realidade em que se insere.
3.3- Jogos de construção.
Froebel foi o criador dos jogos de construção, incentivou os fabricantes
na duplicação dos tijolinhos que constroem cidades e bairros e estimulam a
imaginação da criança.
É construindo, transformando que a criança expressa seu mundo
imaginário, sendo também de grande importância para no aspecto sensorial, na
criatividade e no desenvolvimento das habilidades em geral.
É importante que a criança manipule diferentes objetos, e faça
construções inclusive com elementos da natureza, como: água, areia,
pedrinhas e etc, além dos brinquedos de construção, pois terá possibilidade de
adquirir o maior número de informação sobre o mundo que o cerca.
Brincando, portanto, a criança coloca-se num papel de
poder em que ela pode dominar os vilões ou as situações
que provocariam medo ou que a fariam sentir-se
vulnerável e insegura. A brincadeira de super-herói, ao
mesmo tempo em que ajuda a criança a construir a
autoconfiança, leva-a a superar obstáculos da vida real,
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como se vestir, comer um alimento sem deixar cair, fazer
amigos, enfim, corresponder às expectativas dos padrões
adultos. (apud, KISHIMOTO, 2001, p. 66).
Através da fantasia imaginativa e das brincadeiras, que a criança
começa a compreender a realidade, compreender seus significados e interage
com o meio se socializando com as pessoas, adultos e crianças, brinquedos e
objetos, ela amplia seu conhecimento de mundo e tem um desenvolvimento
mais harmônico.
Lino Macedo diz que o jogo é uma experiência vivida que pode ser
refletida.
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CONCLUSÃO
Através da pesquisa realizada, foi possível retratar e constatar a
importância dos jogos e brincadeiras, para a educação infantil e principalmente
para o desenvolvimento da criança como um todo, ou seja, no desenvolvimento
de seus principais aspectos: social, afetivo, cognitivo e psicomotor.
Atualmente, as brincadeiras possuem uma função lúdica e social, que
envolve a aprendizagem e o prazer de aprender brincando. Sendo possível
também, a apreensão dos significados do mundo, formação de hábitos e
atitudes, construção da sua personalidade, construídos a partir das interações
estabelecidas entre as crianças, entre si e os adultos que o rodeiam.
Também será possível observar, nesta pesquisa, a importância do
professor como mediador nas brincadeiras desenvolvidas e do psicopedagogo
em seu trabalho de intervenção. Desempenhando papel mediador e
estimulador das brincadeiras e observador das atitudes e comportamento da
criança.
Devemos aproveitar a grande oportunidade que temos de observar as
crianças, os jovens, quando estão brincando ou jogando, pois certamente estão
se desenvolvendo, aprendendo a lidar com suas próprias emoções e com o
mundo onde vivemos. Cada oportunidade dessas, com certeza, é única e
inédita. Um espetáculo original e ímpar de crescimento, de convivência.
Diante deste estudo, podemos crer que cabe à educação, a função de
desenvolver a imaginação da criança, levando-a recombinar e produzir a
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novidade através da sua própria criatividade e para o diagnóstico
psicopedagógico a atividade lúdica é um rico instrumento de investigação,
permitindo o sujeito se expressar livre e de forma prazerosa.
Utilizar o jogo e a brincadeira como instrumento educacional e
curricular é descobrir uma importante fonte de aprendizagem e de
desenvolvimento infantis.
Para o psicopedagogo é uma importante ferramenta de observação
sobre a simbolização e as relações que este estabelece com o jogo, permitindo
a formulação de hipóteses e diagnósticos para uma posterior intervenção.
Nas brincadeiras e jogos, a criança amplia seu conhecimento do
mundo.
Exemplo de configuração de monografia A Vez do Mestre
50
BIBLIOGRAFIA
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pedagógicos. São Paulo: Loyola, 1998.
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a 3 anos. Uma Abordagem Reflexiva. 9ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998.
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2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
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Fundamental. Referencial Curricular Nacional para a Educação Infantil.
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noções lógicas e aritméticas. Campinas: Papirus, 1996.
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educação. São Paulo: Cortez, 2000.
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com jogos e situações-problema. Porto Alegre: Artes Médicas, 2000.
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WAISKOP, Gisela. Porque se brinca na pré-escola? IN ____. Brincar na pré-
escola. São Paulo: Cortez, 1999.
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ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
EPÍGRAFE 5
RESUMO 6
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9
CAPÍTULO I
A FUNÇÃO DA BRINCADEIRA NO DESENVOLVIMENTO
PSICOLÓGICO DA CRIANÇA. 11
CAPÍTULO II
A LUDICIDADE COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM. 20
CAPÍTULO III
A INTERVENÇÃO DOS JOGOS E DAS BRINCADEIRAS
NO TRABALHO PSICOPEDAGÓGICO. 32
3.1- Jogos tradicionais infantis 43
3.2- O faz de conta. 44
3.3- Jogos de construção. 46