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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” FACULDADE INTEGRADA AVM Marketing de Relacionamento e aplicação de CRM (Customer Relationship Management) Por: Lindsey Felix Carneiro Orientador Prof. Jorge Vieira Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … · Sabe-se que os clientes valorizam muito o atendimento, o pouco tempo de permanência na loja, a cordialidade, vendedores solícitos

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

Marketing de Relacionamento

e aplicação de CRM (Customer Relationship Management)

Por: Lindsey Felix Carneiro

Orientador

Prof. Jorge Vieira

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

FACULDADE INTEGRADA AVM

Marketing de Relacionamento

e aplicação de CRM (Customer Relationship Management)

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Marketing

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer ao professor

Jorge Vieira pela orientação e apoio e

todos aqueles que de alguma forma

contribuíram para a realização deste

trabalho.

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho a todos aqueles que me ajudaram durante o curso, principalmente a minha família e meus amigos, portanto a eles: obrigado pela paciência, compreensão e apoio.

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RESUMO

O presente trabalho estuda uma das ferramentas de marketing mais

utilizadas nas empresas: o Customer Relationship Management. O trabalho

analisa os aspectos críticos relacionados à adoção de estratégia de CRM e

apresenta uma classificação das principais barreiras que bloqueiam a

implantação. O trabalho é baseado em pesquisas bibliográficas e apresenta

algumas ações, propostas pelos autores pesquisados. O objetivo é analisar as

barreiras observadas para que elas possam ser superadas e para que o

conceito de CRM possa ser adotado com sucesso, beneficiando as

organizações que investiram nessa poderosa estratégia.

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METODOLOGIA

O trabalho foi desenvolvido de forma ampla e clara, dando destaque aos

pontos mais importantes para o desenvolvimento das organizações.

As pesquisas foram feitas em diversos meios de informação, tais como:

pesquisas na Internet, em materiais da minha empresa e algumas referências

bibliográficas atualizadas.

Abaixo seguem alguns autores, entre outros, utilizados como exemplo

em citações no trabalho:

PEPPERS, D. and ROGERS, M. CRM Series Marketing 1 to 1: um guia

executivo para entender e implantar estratégias de Customer Relationship

Management. Peppers and Rogers Group do Brasil.

MCKENNA, Regis. Marketing de Relacionamento: estratégias bem-sucedidas

para a era do cliente. Rio de Janeiro: Campus.

GORDON, Ian. Marketing de Relacionamento: estratégias, técnicas e

tecnologias para conquistar clientes e mantê-los para sempre. São Paulo:

Futura.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I

O CRM 14

CAPÍTULO II

CRM – A IMPLANTAÇÃO 35

CONCLUSÃO 54

BIBLIOGRAFIA 57

GLOSSÁRIO 59

ÍNDICE 60

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INTRODUÇÃO

A revolução tecnológica da última metade do século XX gerou grandes

mudanças econômicas e industriais no mundo inteiro transformando o mundo

dos negócios. A velocidade de processamento das informações aumentou

tremendamente e a globalização transformou os mercados e a maneira como

as empresas se relacionam com seus clientes.

Há quinze ou vinte anos, uma transação financeira entre Londres e

Tóquio levaria dias para se concretizar, enquanto que hoje leva segundos. As

empresas tiveram que se adaptar às novas premissas, muitas deixaram de

existir por não conseguirem se adaptar a tempo. Existem novas formas de

comunicação, seja através de aparelhos de fax, telefones celulares ou Internet.

Uma multinacional pode promover reuniões regulares entre suas filiais via

videoconferência em tempo real.

A Internet reduziu a distância entre países, aumentou a velocidade de

transmissão da informação, agilizou processos e possibilitou a integração de

pessoas, empresas e sistemas. A tecnologia trouxe a informação a lugares

antes inimagináveis. E junto com a tecnologia, os consumidores também

evoluíram, estão muito mais exigentes e conscientes de seus direitos.

Há várias décadas, havia empresas direcionadas às vendas,

concentrando suas energias na modificação da mentalidade do cliente, de

modo a adaptá-la ao produto – praticando a escola de marketing do “qualquer

carro, desde que seja preto”.

Com o desenvolvimento da tecnologia e o aumento da competição,

algumas empresas mudaram sua abordagem e começaram a se voltar para o

cliente. Essas empresas expressaram uma nova disposição em modificar seu

produto de modo a atender às exigências dos clientes – praticando a escola

de marketing do “diga que cor prefere”. (MCKENNA, 1992)

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Atualmente, as empresas bem-sucedidas estão se voltando para o

mercado, adaptando seus produtos às estratégias dos clientes. Essas

empresas praticarão a escola de marketing do “vamos descobrir se e como as

cores são importantes para seu objetivo final”. O marketing é orientado à

criação, baseia-se no processo contínuo, no conhecimento e na experiência

existentes na organização. (MCKENNA, 1992)

O conceito de gerenciar o relacionamento com o cliente não é novo, as

empresas vêm interagindo com o cliente desde o início do comércio. Porém, o

foco era vender o produto/ serviço e isso ocorria sem que se levasse em conta

à perspectiva de retenção do cliente.

As empresas descobriram que é extremamente mais lucrativo fidelizar o

cliente do que estar sempre adquirindo novos clientes, logo passaram a buscar

uma relação mais duradoura com os mesmos. Manter um cliente é

extremamente mais barato do que adquirir um novo e sabe-se que um

pequeno percentual de clientes é responsável por um grande percentual de

vendas.

Neste novo contexto, houve uma grande transformação na cultura

organizacional e na maneira como as empresas tratam seus clientes. O

mercado vem descobrindo que graças à crescente competição, aos mercados

mais maduros e ao eterno cliente exigente, tratar bem os clientes existentes é

a melhor maneira de alcançar um crescimento estável e lucrativo. E foi a partir

daí que nasceu o Customer Relationship Management.

Segundo MCKENNA (1992), “o CRM pode ser entendido como sendo o

conjunto de estratégias, processos e ferramentas concebidas dentro de uma

filosofia orientada para o mercado, a qual tem como objetivo identificar os

clientes estrategicamente importantes”.

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O objetivo é conhecê-los melhor de modo a tornar possível a

implementação de ações para satisfazê-los e fidelizá-los, obtendo com isso a

rentabilização das oportunidades de negócios. O CRM possibilita transformar

consumidores esporádicos em clientes fiéis e clientes fiéis em fiéis defensores.

É uma abordagem empresarial destinada a entender e influenciar o

comportamento dos clientes, por meio de comunicações significativas para

melhorar as compras, a intenção, a lealdade e a lucratividade. A idéia é voltar-

se totalmente ao cliente e suas necessidades, criando um marketing one-to-

one, buscando sua fidelidade e satisfação.

Quando uma empresa decide pela implementação de um projeto de

CRM, ela está optando pela sua transformação em uma nova empresa

orientada para o cliente. Nesta nova empresa, o relacionamento com o cliente

passa a se constituir em diferencial competitivo, funcionando como uma

ferramenta de marketing tão importante quanto os 4 Ps (produto, preço, praça

e promoção). A maioria dos autores deste assunto, afirmam que CRM é uma

filosofia. Filosofia esta que envolve avançadas técnicas de relacionamento com

o cliente e novíssimas tecnologias. Muitos estudos já demonstraram os

benefícios que a implementação de um projeto de CRM pode trazer para as

empresas e elas têm investido muito nisso.

O relacionamento com os clientes é muito importante. Sabe-se que um

cliente satisfeito irá contar sua experiência para três ou talvez até cinco

pessoas, enquanto que um cliente insatisfeito irá contar para até dez pessoas.

(MCKENNA, 1992) O marketing boca-a-boca pode ter grande impacto.

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No Brasil a cultura de excelência no atendimento ao cliente é

encontrada somente nos estados mais desenvolvidos e, mesmo assim,

concentrada nas capitais. Estamos vivendo um momento crítico onde a relação

custo-benefício é analisada tanto pelo cliente como pelo empresário, por isso é

necessário estar muito bem focado nos hábitos e desejos do seu maior

patrimônio: o cliente.

Na verdade o mercado de CRM no Brasil ainda tem muito para

expandir. Com a chegada das empresas fornecedoras deste tipo de tecnologia

no país, está sendo cada vez mais divulgado as principais vantagens na

adoção de uma estratégia de CRM.

Os principais inibidores do mercado para a adoção de um projeto de

CRM são: a falta de visibilidade para o retorno sobre investimento em CRM, a

resistência à entrada de novas tecnologias e a falta de conhecimento sobre o

conceito.

Segundo pesquisa da International Data Corporation (IDC) Brasil, o

mercado de software aplicativo de CRM deve crescer à taxa média anual de

32% nos próximos cinco anos. Ainda se trata de um mercado em fase de

crescimento, porém espera-se altas taxas de crescimento.

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1. Relevância do estudo

De acordo com o Gartner Group (2001), as empresas gastaram 22

bilhões de dólares com softwares de CRM no ano de 2001. O propósito da

tecnologia era tornar as interações one-to-one uma realidade, porém experts

dizem que a tecnologia fez com que as empresas desapontassem seus

clientes de maneira mais rápida e eficiente. A lealdade dos clientes não

aumentou e as empresas ainda não conseguiram atingir seus clientes mais

lucrativos. (SANDBERG, 2002)

As empresas não estão sabendo como gerenciar esta nova filosofia,

muitos acreditam somente no poder dos softwares. Este estudo visa

demonstrar as funcionalidades de uma estratégia de CRM, mostrando

aspectos relacionados à implantação.

Os consumidores estão cada vez mais exigentes e quando ficam

insatisfeitos, raramente comunicam isso à empresa. A competição acirrada

está fazendo com que as empresas tenham que ter um ótimo relacionamento

com seus clientes, caso contrário, eles irão migrar para o concorrente. Está

cada vez mais difícil manter os clientes fiéis, logo as empresas devem estar

utilizando de todas as ferramentas possíveis para obter a fidelidade.

Sabe-se que os clientes valorizam muito o atendimento, o pouco tempo

de permanência na loja, a cordialidade, vendedores solícitos e a qualidade das

informações disponíveis sobre os produtos.

Paralelo a isso, não é novidade para ninguém o amadurecimento dos

mercados, o aumento nos custos para se conquistar novos clientes e a

mudança de foco de participação no mercado para participação no cliente.

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Buscar a participação no mercado nem sempre pode significar rentabilidade

crescente. Um aumento de 10% de participação no mercado pode até

representar queda de rentabilidade, pela obtenção de um grande número de

clientes pouco rentáveis. Obter mais clientes ao mesmo tempo em que se

perde outros pode afetar seriamente a lucratividade (BROWN, 2001).

Assim, isto associado ao alto volume de recursos envolvidos na

implantação de sistemas que visam aprimorar o relacionamento com o cliente,

definem a complexidade de se implantar uma estratégia de negócios como um

CRM, principalmente por este necessitar de uma reestruturação total, tanto no

aspecto organizacional como no processual. A chance de falhas em projetos

de CRM é ainda maior do que nos projetos assim chamados tradicionais,

alguns avaliam em cerca de 80% (PEPPERS and ROGERS, 2001).

Deste modo, organizações que pretendam ingressar no mundo dos

negócios ou ainda aquelas que desejam aprimorar seus processos de

atendimento ao cliente podem ter nessa pesquisa um instrumento de apoio à

tomada de decisão.

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O CRM

2.1 Definição

No ambiente altamente competitivo do mundo atual, as empresas têm

que ter um bom posicionamento e estar sempre se adaptando ao ambiente em

constante transformação. Algumas empresas se baseiam em bons preços,

outras em qualidade ou serviços, mas no final elas estão todas buscando a

mesma coisa: aumentar os lucros através da conquista e da retenção de seu

bem mais valioso - os clientes.

Atualmente, os consumidores têm uma variedade de escolhas e eles

têm se tornado cada vez mais exigentes e cientes de seus direitos. As

empresas sabem a importância de se ter um bom relacionamento com o

cliente e têm investido muito nisso. E o que importa não é ter uma imensa base

de clientes e sim, ter uma boa base de clientes rentáveis.

Para sobreviver em mercados dinâmicos, as empresas precisam

estabelecer estratégias que sobrevivam às mudanças turbulentas no mercado.

Elas precisam construir boas relações. A proposta do CRM é desenvolver um

processo contínuo e evolutivo de conhecimento e comunicação interativa com

os clientes. Não se trata mais de somente oferecer promoções e anúncios,

elas têm que desenvolver relações com fornecedores e distribuidores,

investidores, clientes e outras pessoas e empresas importantes do mercado.

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O CRM é uma estratégia de negócios que permite às empresas

gerenciar seu relacionamento com o cliente de modo eficaz. O CRM

transforma a empresa, criando toda uma nova cultura organizacional. As

empresas classificam a possibilidade de se ter uma visão completa dos cliente

como o aspecto mais valorizado do CRM.

Segundo o Gartner Group (2001),

“CRM é uma estratégia de negócio voltada ao entendimento e à

antecipação das necessidades dos clientes atuais e potenciais de uma

empresa. Do ponto de vista tecnológico, CRM envolve capturar os dados do

cliente ao longo de toda a empresa, consolidar todos os dados capturados

interna e externamente em um banco de dados central, analisar os dados

consolidados, distribuir os dados dessa análise aos vários pontos de contato

com o cliente e usar essa informação ao interagir com o cliente através de

qualquer ponto de contato com a empresa”.

A implementação de um projeto de CRM está associada, hoje, a uma

série de sistemas e softwares que auxiliam na implementação do mesmo e

facilitam a obtenção de informações. Os sistemas de CRM (CRM systems)

melhoram o acesso ao cliente, tornam as interações mais eficazes, auxiliam na

identificação dos clientes mais lucrativos, permitem uma resposta mais rápida

às solicitações dos clientes, além de permitir que a empresa conheça seu

cliente mais a fundo. Assim, a empresa irá estar praticando o marketing one-to-

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one e estará recebendo um feedback que resultará num produto ou serviço

aperfeiçoado.

É importante ressaltar que o cliente não é o único personagem no

conceito de CRM. Todas as pessoas envolvidas no processo devem estar em

sintonia e aí alguns fatores, que vão desde treinamento para capacitar

profissionais até a logística, acabam sendo fundamentais para que esta

integração ocorra.

De uma maneira geral, um projeto de CRM bem implementado amplia a

capacidade de uma empresa para servir seus clientes, além de criar uma base

de informações que será vital para garantir que a empresa conheça a

preferência de cada cliente e saiba como maximizar o retorno sobre cada

relacionamento construído em seu portfólio.

Atualmente, o CRM utiliza um conjunto de tecnologias que o

precederam e/ ou evoluíram com o passar do tempo e que lhe dão condições

de por em prática a sua filosofia. O CRM está integrado com alguns sistemas

que auxiliam a implementação do mesmo e facilitam a obtenção de

informações.

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Algumas destas tecnologias são:

Internet

Data Warehouse

Database marketing

Data Mining

Telemarketing

Call center

Business Intelligence

E-commerce

O Data Warehouse (Armazém de Dados) contém dados históricos

relevantes à organização. O Data Warehouse baseia-se na extração de dados

de diversas fontes, transformando-os, filtrando-os de acordo com a

necessidade e armazenando-os em um banco de dados.

O Database marketing é uma das ferramentas pelas quais se processa

o aprimoramento e análise de dados; é um componente do Data Warehouse. A

análise exploratória de dados é feita para encontrar segmentos de clientes,

criando um grupo homogêneo de consumidores. Assim, a empresa pode criar

mensagens específicas para cada cliente.

O Data Mining é o processo de descoberta de novas correlações,

padrões e tendências entre as informações de uma empresa através da

analise de grandes quantidades de dados armazenados em um banco de

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dados. É uma ferramenta de análise e mineração das informações em um

banco de dados que procura tendências ou anomalias sem o conhecimento do

significado dos dados.

O Telemarketing é o diálogo em tempo real e à distância, de forma

padronizada e sistemática, com o intuito de estreitar o relacionamento e

realizar negócios.

O Call-center (central de atendimento) é o local em uma organização

onde se concentram as ligações telefônicas de clientes. Um call center típico

dispõe de tecnologia de informação para automatizar os processos e tem a

capacidade de suportar um grande volume de ligações simultâneas.

O Business Intelligence visa extrair e analisar dados de clientes

armazenados em várias fontes. A missão do Business Intelligence é possibilitar

a correta tomada de decisão, desde capturar a informação num relatório ate

simular e projetar dados para o futuro.

O E-commerce ou comércio eletrônico é o sistema comercial que tem

como característica realizar transações envolvendo trocas de bens ou serviços

entre duas ou mais partes de forma automática, utilizando a Internet como

principal ferramenta.

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2.2 Histórico Evolutivo

O CRM não surgiu de um momento para o outro, ele nasceu em meio à

criação dos novos sistemas de gestão – que visavam aumentar as vendas e,

conseqüentemente, os lucros das empresas.

Um dos sistemas em destaque no momento é o ERP (Enterprise

Resource Planning), sistema que visa o back office de uma empresa. O ERP

ataca um problema comum a sistemas de informação que é a fragmentação da

informação. Os sistemas ERP são compostos por uma base de dados única e

por módulos que suportam diversas atividades das empresas. Os dados

utilizados por um módulo são armazenados na base de dados central para

serem manipulados por outros módulos. O ERP facilita o acesso aos dados,

possibilitando a gerência tomar decisões com base em dados que refletem a

realidade da empresa. Com a utilização do ERP há ganho de produtividade e a

velocidade de resposta da organização é maior, permitindo a mesma dar

prioridade ao front office.

O CRM nasceu da contínua busca do empreendedor na melhoria dos

seus negócios. Ele é um sistema muito eficaz que faz a ponte entre a obtenção

de conhecimento (manipulação dos dados), o seu tratamento (obtenção da

informação) e sua utilização junto aos seus atuais e futuros clientes (front

office) visando sua fidelidade.

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Através de uma completa reestruturação do marketing orientado a

produtos e serviços para o marketing orientado ao cliente, e com o uso de

sofisticadas e poderosas ferramentas de análise e tratamento de dados para a

geração de conhecimento sobre os clientes, tem-se, agora, a possibilidade de

operar programas de relacionamento de alto impacto e baixos custos, com

resultados surpreendentes sobre as vendas e as margens deixadas pelos

clientes em suas interações multicanais com a empresa. A tecnologia CRM dá

continuidade e complementa os investimentos em sistemas ERP.

2.3 Tipos de CRM

O diagrama a seguir propõe 3 tipos de estratégias de CRM, descritos

detalhadamente a seguir, por PEPPERS AND ROGERS (2001).

O CRM Analítico

É a fonte de toda a inteligência do processo, serve para o ajuste de

todas as estratégias de diferenciação de clientes, bem como para o

acompanhamento de seus hábitos, com o objetivo de identificar suas

necessidades. Tudo com o objetivo de tornar, para os melhores clientes, a

relação com a empresa algo fácil e conveniente, buscando sua satisfação e

fidelidade.

Normalmente utiliza recursos de data mining para identificar os padrões

de diferenciação entre estes clientes. Estes tipos são:

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Cliente de Maior Valor (CMV) - São aqueles clientes com o valor real mais alto

para a empresa , ou seja, os que fazem a maior parte dos negócios, geram as

mais altas margens, são mais predispostos a cooperar e tendem a ser os mais

fiéis. Os CMVs são aqueles com os quais a empresa, provavelmente, tem a

mais alta participação.

Cliente de Maior Potencial (CMP) - São aqueles clientes com os

quais o valor estratégico, que é o valor potencial do cliente excede muito o

valor real atual deste cliente. São os clientes que tem o maior potencial de

crescimento.

Below Zero (BZs) – São aqueles clientes que custam mais caro

atender do que irão render para a empresa.

O CRM Analítico seria a área que permitiria identificar e

acompanhar diferentes tipos de clientes (os CMVs, os CMPs ou os BZs) dentro

da carteira de clientes da empresa. Assim, com essas informações a empresa

poderia determinar qual a estratégia escolher para atender as diferentes

necessidades dos clientes identificados.

O CRM Operacional

É a aplicação da tecnologia de informação para melhorar a eficiência do

relacionamento entre clientes e a empresa. Prevê a integração de todos os

produtos de tecnologia para proporcionar o melhor atendimento ao cliente.

Estão entre estes produtos:

Automação da força de vendas - Software que inclui gestão de contatos,

previsão de demanda, gestão de vendas e vendas em grupo.

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Automação de canais de vendas - A empresa estabelece uma extranet

para automatizar o canal de vendas indiretas. Distribuidores, revendas e seus

agentes ganham acesso a informações como posição de pedidos, histórico de

vendas, posição de envio de material, recursos de marketing, formulário de

pedidos, mensagens entre empresas, atendimento on-line, contato e

treinamento para produtos e novidades da empresa.

Sistemas de e-commerce – Refere-se a usar a Internet, comunicação

digitais e aplicativos de tecnologia da informação (IT) para possibilitar o

processo de compra ou venda.

Call-centers – Local em uma empresa onde se concentra as ligações

telefônicas de clientes. Um call-center típico dispõe de IT para automatizar os

processos, e tem a capacidade de suportar um grande volume de ligações

simultaneamente, atendendo, mantendo o registro e redirecionado essas

ligações quando necessário.

O CRM Operacional, em síntese, seria a aplicação da tecnologia da

informação para melhorar a eficiência do relacionamento entre a empresa e o

cliente. Toda tecnologia estaria integrada para proporcionar o melhor

atendimento possível.

O CRM Colaborativo

Engloba todos os pontos de contato com o cliente onde ocorrem as

interações entre ele e a empresa. Os vários canais de contatos devem estar

preparados para não só permitir esta interação mais também garantir o fluxo

adequado dos dados resultantes dela para o resto da organização.

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O CRM Colaborativo baseia-se na aplicação da tecnologia da

informação, permitindo a automação e a integração entre todos os pontos de

contato do cliente com a empresa.

2.4 CRM eletrônico ou e-CRM

A princípio, a Internet é considerada como mais um canal por onde se

pode aplicar o CRM. No entanto, dada a complexidade envolvida na

“experiência de Web”, ou seja, na relação entre quem está navegando na Web

e a(s) pessoa(s) que estão do outro lado da linha da Internet, alguns autores

chegam a pensar em um tipo de estratégia diferente de CRM. (BROWN, 2001)

Os valores de e-CRM derivam da necessidade de fornecer uma

“experiência de Web” total ao consumidor via Internet. Os canais tradicionais

de CRM estariam impossibilitados de fornecer essa experiência, porque são

baseados em aplicações que podem não fornecer as interfaces e

funcionalidades necessárias ao acesso direto do consumidor. Originalmente,

os sistemas de CRM oferecem ferramentas, que apesar de poderem ser

adaptadas à Web, não foram desenhadas para serem utilizadas nesse

ambiente. Um exemplo de característica fundamental do sistema para Web é

a personalização de ferramentas, que para um ambiente cliente/ servidor do

CRM tradicional, não agregaria muito valor.

Na verdade, fica parecendo que o debate do e-CRM versus o CRM

tradicional está muito mais focado na tecnologia do “e” do que em outra

característica do sistema. É nesse ponto que a diferença é sentida. As

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diferenças são mínimas quando se avalia a filosofia, metodologia e funções

sistêmicas e de processo, mas os equipamentos e a arquitetura desenhados

para sua utilização são bastante diferentes em função do meio de

comunicação ser diferente.

O CRM acontece como parte de uma estratégia mais ampla,

sincronizada com as estratégias do negócio e englobando todas as maneiras

com que um cliente possa interagir com a empresa. O risco está em se

otimizar o canal “e” – Canal Web – às custas dos outros canais. O CRM é

inerentemente uma estratégia de múltiplos canais. Assim, certos discursos

como e-CRM não fazem sentido, pois não se pode limitar uma estratégia de

relacionamento apenas à Web. O cliente acessa a empresa não somente pelo

site, mas também pelo telefone, fax ou mesmo em suas lojas físicas. A

Internet, para a maioria das empresas, é uma extensão lógica do seu modelo

de negócios e não uma atividade isolada.

2.5 Funcionalidades

Os programas de CRM podem ser divididos em tipos de acordo com as

suas principais funcionalidades. Há os programas que permitem que uma

organização reconquiste os clientes que a abandonaram ou que planejam fazê-

lo, aumente a fidelização entre os clientes existentes, aumente o volume de

vendas, através do up selling, ou de vendas associadas - cross selling e

explore a possibilidade de novos clientes - prospecting. (BROWN, 2001)

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Recuperação de clientes

Convencer um cliente a permanecer com a organização, no momento

em que ele está interrompendo o serviço ou convencê-lo a voltar uma vez que

ele já abandonou o serviço, é um processo que exige uma grande

sensibilidade em relação ao tempo. É sabido em marketing que uma

campanha de reconquista tem quatro vezes mais chances de obter sucesso,

se o contato for realizado na primeira semana após a deserção do cliente.

(BROWN, 2001) Nesse processo, a organização deve ser seletiva em relação

aos clientes que serão contatados, evitando aqueles de crédito duvidoso, que

troquem de fornecedor com freqüência e aqueles que consomem muito pouco.

A fim de evitar que clientes que têm reduzido suas compras ou que se

desvincularam parcialmente se transformem em candidatos a reconquista, as

organizações os estão incluindo em suas campanhas de reconquista.

Prospecting ou busca por novos clientes

Com os programas de prospecção de novos clientes, as organizações

estão buscando a redução dos custos de conquistas de novos clientes.

Ao definir o mercado-alvo, a organização está automaticamente

determinando quem são os seus suspects, mas não tem nenhuma idéia de

quem são os seus prospects reais, ou seja, aqueles suspects que realmente

fazem parte do público-alvo objetivado e que estão predispostos a iniciar o

processo de compra naquele momento (BRETZKE, 2000). Essa descoberta

terá que ser realizada pelo vendedor, que terá sua produtividade aumentada

ao ser colocado em contato com um cliente potencial, previamente motivado a

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comprar o produto e já conhecedor de uma série de informações sobre ele e

seu fabricante.

Um programa de prospecção tem início com a identificação, a partir de

um banco de dados ou database marketing, dos clientes atuais mais rentáveis.

Em seguida, é feita uma identificação do perfil desses clientes, que servirá

como parâmetro para a busca de prospects com esse mesmo perfil. Esses

prospects, frutos do próprio banco de dados da organização ou adquiridos a

partir de uma lista de pessoas ou empresas com o perfil similar ao dos

melhores clientes, serão ativados através de campanhas de comunicação

integrada - mala direta, telemarketing ou mídia dirigida. Essas campanhas

serão acionadas pelo software de CRM, de modo a enfatizar os aspectos

valorizados pelo segmento.

Observa-se, desse modo, a importância da inter-relação e integração

das ferramentas do marketing, com o banco de dados e o software de

gerenciamento do relacionamento com o cliente e do telemarketing integrado

com a força de vendas, característica da estratégia de CRM.

Fidelização

Como fidelidade é a categoria mais difícil de ser mensurada com

precisão, as organizações na busca pela lealdade de seus clientes, costumam

se apoiar na segmentação baseada nos valores dos clientes, nas suas

necessidades e em algum modelo de previsão de abandono.

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A segmentação baseada no valor do cliente é o fator que vai determinar

o volume de investimento a ser destinado à estratégia de retenção do cliente.

Em casos como os já mencionados, em que o valor vitalício do cliente (CLV) é

inferior ao seu valor real – somatório de toda a lucratividade gerada pelo cliente

em suas transações com a empresa e dos negócios gerados por sua

referência – e potencial (CMP), não há porque a organização investir para

mantê-lo em sua carteira de clientes.

A partir da segmentação por valor, a organização passa à segmentação

com base nas necessidades dos clientes, nesse momento são identificados

benefícios que passam a ser oferecidos através dos chamados programas de

afinidade ou fidelidade.

Esses programas fazem parte de um processo que utiliza a

comunicação integrada para estabelecer um relacionamento continuado,

duradouro e gratificante com os clientes, visando aumentar a lealdade e a

rentabilidade pelo mecanismo de reconhecimento e recompensa dos mais

leais.

Os programas de fidelidade devem ser construídos com base no modelo

de relacionamento que a empresa deseja manter com seus clientes.

O objetivo da fidelização é alcançado, uma vez que:

● os esforços de marketing se tornam mais eficazes, pois a organização

mais hábil em identificar os seus clientes mais importantes passa a lhes

oferecer as ofertas, produtos ou serviços mais adequados, no tempo correto;

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● a organização passa a contar com o apoio de TI para administrar a

vasta quantidade de dados necessárias à interação verdadeiramente

personalizada com o cliente;

● é mantido um “diálogo” verdadeiro com o cliente, a partir da

identificação de interações contínuas, o que revela mudanças de

comportamento e permite à organização antecipar outras mudanças;

● o desenvolvimento de novos produtos é facilitado ao se conhecer

quem tem comprado um produto e como ele tem satisfeito o consumidor.

O componente final de uma campanha de fidelização de sucesso é o

desenvolvimento de um modelo que preveja o abandono dos clientes. Como

há uma importante diferença entre as características e requisitos de retenção

de clientes versus aquisição de clientes, é fundamental que a organização as

transforme em diretrizes para a sua estratégia sobre como planejar a inclusão

de informações e também a forma de utilização das mesmas.

2.6 Estratégias de CRM

Quase a totalidade dos projetos de CRM envolve somente a automação

de aspectos operacionais da empresa, importantes sem dúvida, mas CRM não

é só isso.

Observando-se os aspectos filosóficos das diversas definições de CRM

encontradas durante a pesquisa pôde-se classificá-las segundo o tema

enfocado, pelos autores e especialistas, em: Comportamento do consumidor;

Relacionamento; Marketing x Tecnologia; Adoção de melhores práticas.

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Comportamento do consumidor

O CRM é uma tentativa de modificar o comportamento do consumidor

ao longo do tempo e fortalecer a ligação entre ele e a organização. Para isso,

os bancos de dados continuam sendo importantes numa estratégia de

marketing efetiva, mas é o gerenciamento do relacionamento com o cliente a

grande missão dos profissionais de marketing.

O CRM como um processo de marketing one-to-one, muda o tradicional

objetivo de se adquirir um novo cliente a qualquer preço para o de se reter o

cliente, de market share para o de share of wallet e de transações de curto

prazo para o desenvolvimento do Valor Vitalício do Cliente ou Customer

Lifetime Value (CLV). Colocado de outra forma, o CRM é uma abordagem

empresarial destinada a entender e influenciar o comportamento dos clientes,

por meio de comunicações significativas para melhorar as compras, a

retenção, a lealdade e a lucratividade deles. Deste modo, tem início um

processo de aquisição e distribuição do conhecimento sobre os clientes e uso

dessas informações por meio de vários pontos de contato para equilibrar

rendimentos e lucros com o máximo de satisfação dos clientes. (SWIFT, 2001

e BROWN, 2001)

Relacionamento

O Marketing de Relacionamento, caracterizado pela estratégia de

construir pró-ativamente uma preferência por uma determinada organização

com os seus empregados, canais e clientes, resultando em performance e

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retenção superiores, é considerado por autores e especialistas a estrutura

principal do conceito CRM. Alguns estendem esses relacionamentos até os

clientes, fornecedores, parceiros e empregados, porém todos concordam que

essas relações devem ser construídas a partir de uma série contínua de

interações colaborativas.

Marketing x Tecnologia

Há também o grupo de autores que definem como foco da estratégia de

CRM a relação existente entre marketing e a tecnologia de informação. O

conceito de CRM, na visão deles, vem do encontro das necessidades nas

áreas de atendimento ao cliente de uma empresa com o avanço tecnológico

dos sistemas de gestão integrada e dos sistemas de informação de uma forma

geral.

O CRM é uma combinação de processos de negócios e tecnologia, cujo

objetivo é prover a empresa, como um todo, de meios mais eficazes e

integrados para atender, reconhecer e cuidar do cliente, descentralizando e

padronizando as informações obtidas.

Adoção de melhores práticas

CRM significa aprender a implementar as melhores práticas de gestão

de clientes, assim como os sistemas que permitem tal implementação.

Apesar do foco diferenciado, a maioria das definições considera

relevante a organização tratar o gerenciamento do relacionamento com os

clientes como uma questão estratégica.

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Na verdade, a filosofia central por trás de todas as definições é de que

deve haver uma mudança de orientação por produto para orientação por

serviço. Se tornar focado no cliente é uma questão estratégica e

organizacional. E requer, antes de tudo, novas regras de negócio,

principalmente no que diz respeito a como o contato com o consumidor deve

ser tratado, gravado e transmitido por toda a organização.

Analisando os aspectos não filosóficos das definições, pode-se concluir

que o CRM tem a ver com a captura, armazenamento, processamento, análise

e distribuição de dados, mas com total preocupação com o cliente. Isto é,

CRM não é uma tecnologia em si só. É, do ponto de vista de sistemas, a

integração de uma série de funções, o que em TI é conhecido como back

office e front office.

Os sistemas de back office são aqueles que integram as funções de

suporte aos processos internos da organização, enquanto os de front office

são aqueles voltados para os processos nos quais há algum contato com o

cliente. No entanto, é preciso esclarecer que não há uma definição rígida das

fronteiras entre esses sistemas. Em muitos casos, os processos de front office

para serem concluídos geram atividades intermediárias de back office, como

por exemplo na geração de relatórios de despesas do pessoal de vendas, nos

sistemas de automação da força de vendas.

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2.7 Mudança de foco

Torna-se clara para uma empresa a necessidade modificar seu foco,

trocando o produto pelo cliente. Ela precisa estudar e conhecer todas as

características e necessidades dos seus principais clientes, criando assim uma

relação de aprendizado, que só pode ser alcançada se a organização seguir os

seguintes princípios básicos: (PEPPERS and ROGERS, 2000)

► Identificar: uma vez que conhecer o cliente é fundamental na

abordagem one-to-one, a identificação do cliente, no maior nível de

detalhamento possível, é absolutamente relevante em todos os pontos de

contato, por meio de todas as mídias, em todas as linhas de produto e em

todas as localidades e divisões. Em negócios onde a identificação não é

exigida ou esperada, como supermercados, farmácias ou livrarias, a mesma

deve ser incentivada através de programas de fidelidade. A organização que

optar por adotar o one-to-one, deve, além de garantir a segurança e

privacidade dos dados dos clientes, disponibilizá-los em todos os pontos de

contato com o cliente, de modo que o cliente nunca tenha que lhe dizer a

mesma coisa mais de uma vez. Ao conhecer seus clientes a empresa tem uma

melhor capacidade de definir o preço ideal do produto, da analisar os canais de

venda que estão captando os clientes mais rentáveis e de racionalização do

portfólio de produtos.

► Diferenciar: os clientes podem ser diferenciados pelo nível de

valor que têm para a organização e pelas necessidades que têm em relação a

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organização e seus produtos e serviços. O critério a ser usado pode variar

dependendo da disponibilidade dos dados e da capacidade da organização em

analisá-los e trabalhá-los. O objetivo da diferenciação por valor é de identificar

os clientes de maior valor (CMV) e os de maior potencial (CMP), considerando-

se o valor vitalício (CLV) de cada cliente. Nestes casos, os CMV são aqueles

clientes com o valor real mais alto para a empresa – os que fazem a maior

parte dos negócios, geram as mais altas margens de lucro, estão predispostos

a cooperar e tendem a ser os mais fiéis. Já os CMP são aqueles nos quais o

valor estratégico – que é o valor potencial do cliente – excede muito o valor

real. São clientes que têm o maior potencial de crescimento – crescimento

este que pode ser alcançado por meio de vendas associadas, retenção do

mesmo por um longo período de tempo ou pela alteração de seu

comportamento. Há ainda aqueles clientes que na verdade têm valor real e

estratégico abaixo do custo de atendimento, os de valor abaixo de zero ou

below zero (BZ), ou seja, aqueles para os quais o custo de atendimento é

maior que o seu valor real e potencial. Na verdade, dão prejuízo para a

organização. Nestes casos, como não há perspectiva de lucratividade, não há

porque incentivá-los a continuar a se relacionar com a organização.

► Interagir: o objetivo da interação é conhecer cada vez mais os

CMV e CMP e estabelecer a relação de aprendizado. As interações podem ser

iniciadas pelo cliente e/ ou pela organização. As primeiras são as que têm um

potencial maior, pois quando um cliente entra em contato com a organização

em busca de atendimento, ele está com sua total atenção voltada para a

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organização. Esse momento pode e deve ser aproveitado para se buscar

aumentar ainda mais o conhecimento sobre o cliente. Quando a interação for

iniciada pela organização deve ser utilizado o canal de comunicação preferido

pelo cliente que deve anteriormente ter permitido a sua utilização. É

fundamental que qualquer mensagem tenha algum valor percebido pelo

cliente, pois do contrário ele poderá fechar esse canal de comunicação e a

relação de aprendizado estará prejudicada.

► Personalizar: para incentivar o cliente a manter a relação de

aprendizado, a organização deve fazer com que ele perceba que a sua

participação nessa relação está sendo absorvida. A melhor forma de fazê-lo

perceber isso é através da personalização de um produto ou serviço ou da

personalização das opções oferecidas. Essa personalização deve estar

disponível em todos os canais de contato e a organização deve ter os seus

processos produtivos devidamente estruturados para atender essa nova

demanda.

Resumidamente, pode-se dizer que para alcançar o objetivo estratégico

final do CRM, que é o de aumentar as oportunidades de negócio, melhorando

o processo de comunicação com o cliente certo, fazendo a oferta certa

(produto e preço), por meio do canal certo na hora certa, as organizações

necessitam ser mais específicas na definição dos seus objetivos táticos.

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CRM – A Implantação

Antes de qualquer ação para implementar um projeto de CRM em uma

organização, é preciso que todos os envolvidos neste processo saibam

exatamente do que se trata este tipo de estratégia. É preciso equalizar o nível

de conhecimento, a cerca do tema, entre aqueles indivíduos que estarão

diretamente envolvidos na implementação da estratégia, entre os quais deve

se encontrar, não somente as equipes de marketing e TI, responsáveis pela

implantação do CRM, mas também a alta direção e os acionistas da

organização.

O CRM é um ciclo onde três etapas básicas são continuamente

ativadas. A primeira é o conhecimento do cliente: quem ele é, o que quer, o

que compra? Para esta etapa a tecnologia da informação é fundamental,

principalmente as tecnologias e processos de Business Inteligence e

DataWarehousing. A segunda etapa é o planejamento de campanhas de

marketing e interação com o cliente, baseadas nas informações obtidas na

primeira fase. E finalmente a terceira fase, onde são aplicadas as estratégias

de marketing definidas na fase anterior. Este ciclo deve repetir-se

continuamente buscando seu aperfeiçoamento. Para a automação deste ciclo,

diversas tecnologias podem ser integradas, como softwares de Call-center,

sites na Internet, ERP, DataWarehousing e DataMining. Mas a questão

principal é o desenvolvimento deste processo como um todo.

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É importante ressaltar, mais uma vez, que a implantação de uma

filosofia baseada em CRM é muito mais uma mudança de cultura

organizacional do que uma simples alteração de sistemas ou tecnologias da

informação.

Após a análise das publicações estudadas, pôde-se propor uma

seqüência de atividades para a implantação de uma estratégia de CRM, que

serão detalhadas a seguir.

3. 1 Definição e planejamento do modelo de relacionamento com o cliente

Como já vimos anteriormente, a base filosófica da estratégia de CRM é

a mudança na forma de ver e tratar o cliente. É a mudança do foco da

empresa, que passa a ser focada no cliente, e não mais orientada para

produtos. Com isso a maior dificuldade encontrada em fazer esta transição

está no fato de esta “nova empresa”, centrada no cliente, ter a necessidade de

novas medidas de desempenho, novos processos e de um conjunto integrado

de novas tecnologias.

O fato destes softwares proporcionarem à todos os departamentos da

organização as informações necessárias quase que instantaneamente, não

altera a forma como esta organização atua. Uma ferramenta por si só não

vende mais, nem retém ou adquire novos clientes. São as pessoas envolvidas

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nestes processos que, ao possuírem informações corretas no momento certo,

podem impactar a receita da empresa.

Assim, o estabelecimento de um modelo de relacionamento com o

cliente deve ser precedido pela revisão do planejamento estratégico da

organização. A fim de facilitar a decisão sobre qual modelo adotar, alguns

autores sugerem a utilização dos conceitos de Rapp e Kotler para determinar o

montante de investimento, tipo de comunicação mais adequado e quais efeitos

geram melhores taxas de retenção do cliente. (BRETZKE, 2000)

Quanto ao tipo de comunicação, pode-se ter a comunicação de massa,

segmentada, continuada e one-to-one, implicando recursos e orçamentos

diferenciados.

As ofertas de relacionamento podem ser do tipo: modelo educativo,

quando se oferecem informações para “educar” o cliente sobre os produtos/

serviços; modelo de valor agregado, quando se agrega outros produtos/

serviços; modelo contratual, quando pressupõe uma taxa de adesão para

receber os benefícios disponibilizados e o modelo de recompensa, quando se

oferece algo em troca da fidelidade. (BRETZKE, 2000)

Nesta etapa é essencial o envolvimento da alta direção, pois implica em

uma série de decisões que determinaram uma mudança de postura em relação

ao cliente, atendimento e diversas outras atividades realizadas que precisam

ser repensadas para adaptar a empresa a nova realidade competitiva em

tempo real. O conhecimento e a visão da direção são fundamentais e devem

ser utilizados para orientar cada etapa da implantação.

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Com o fim desta etapa, será definido o modelo de relacionamento a ser

adotado, passa-se então, a etapa seguinte que é a adequação os processos

organizacionais existentes ou mesmo a criação novos que estejam de acordo

com o novo modelo adotado.

3.2 Redesenho dos processos organizacionais

Além do envolvimento de todos, é preciso avaliar os atuais processos da

organização. A implantação de tecnologias para CRM sem o redesenho dos

processos, não conduzirá ao tão desejado estágio de resposta em tempo real.

O principal objetivo desta etapa é o levantamento completo de todo o

processo de atendimento ao cliente, seja na compra, reclamação ou envio de

resposta. Para isso, a avaliação do fluxo do pedido dentro da empresa também

é importante para definir possíveis meios de otimização deste atendimento.

Como já foi dito antes, a empresa passa a ser focada no cliente, então o tempo

de atendimento e resposta para todas as questões levantadas pelos clientes

devem estar de acordo com as suas expectativas e não mais definidas pelas

limitações operacionais, impostas anteriormente pela gerência.

É muito comum que as organizações utilizem consultorias de serviços

de CRM para desenvolver essa fase, uma vez que essas dispõem não só de

metodologias consagradas, como também mão-de-obra treinada e capaz de

realizar a tarefa com uma perspectiva externa, focando além dos limites

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departamentais e operacionais. Atualmente, no mercado, existem várias

consultorias especializadas neste tema.

A organização deve analisar as vantagens e desvantagens de se

contratar uma consultoria de pequeno ou grande porte. As consultorias de

grande porte costumam ser mais caras, porém costumam possuir mais

experiência e recursos. Estes aspectos devem ser analisados e ponderados,

afim de que se tenha condições de escolher a empresa prestadora de serviços

de CRM, que melhor se adapta às necessidades e ao orçamento da

organização.

A análise das informações levantada nesta fase é de extrema

importância no processo de implantação do CRM. Nesse momento, são

identificados aqueles processos que “são feitos assim porque sempre foram

feitos dessa maneira” e aqueles que são descritos em várias etapas, mas na

verdade são realizados em poucas. Esse tipo de situação indica a

necessidade de simplificação do processo, mudança dos procedimentos

envolvidos no mesmo ou alteração do objetivo a ser atingido.

A criação de equipes multidisciplinares e a revisão das medidas de

desempenho devem ser priorizadas e definidas nesta fase, a fim de se

favorecer a troca de conhecimento entre os colegas e de se evitar a formação

de silos individuais de conquista.

Após todas as melhorias feitas nos processos da empresa, é

aconselhável, pelos autores, a revisão completa de todos os processos

modificados antes da implantação das soluções de CRM. Porém, somente os

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processos diretamente ligados com o relacionamento com o cliente devem ser

revistos nesta etapa. Os demais podem ser revistos paralelamente à

implantação do CRM. Estudos comprovam que 80% dos fracassos na

implantação de CRM devem-se à falhas nesta etapa da implantação

(BRETZKE, 2000). Logo toda a atenção voltada para esta fase, é de extrema

importância para o projeto como um todo.

3.3 Seleção da solução mais adequada

Um dos maiores erros que ocorrem nos projetos de CRM, e que acaba

levando a subutilização desta técnica, é iniciar a implantação pela seleção da

solução sem passar pelas etapas anteriormente citadas.

Antes de adquirir um sistema CRM, é importante desenvolver um estudo

da aplicação do CRM para cada negócio específico. Deve-se procurar

entender onde e como as funcionalidades deste produto podem melhorar a

interação com os clientes, conquistar novos mercados, expandir as receitas e

eventuais economias em custos administrativos e operacionais na organização

atual. Existem hoje no mercado, modelos a serem adaptados de acordo com

as necessidades de cada cliente, seja ele uma pequena, média ou grande

empresa.

No caso de organizações cujo número de clientes permite o

gerenciamento do relacionamento através de sistemas simples, não há

necessidade de adquirir pacotes completos de ferramentas tecnológicas para

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CRM. Nesses casos, o que importa é a adoção da filosofia de CRM em todos

os níveis da organização.

Já nas organizações que necessitam tratar um volume muito grande de

dados, a decisão pela estratégia de CRM deve passar pela arquitetura de TI,

que é determinada pelo modelo de relacionamento escolhido. A arquitetura de

TI é que vai, junto com outros critérios, tais como expansibilidade e

compatibilidade com os sistemas, determinar o software a ser adotado.

Os sistemas de CRM devem estar totalmente alinhados aos objetivos

estratégicos da empresa. Sem esse alinhamento, as implantações tendem a

ser pontuais e perdem prioridade para a empresa.

Como a indústria de sistemas lança novas ofertas de CRM a cada dia,

trabalhar numa fase de pré-implantação é interessante a fim de reduzir o

tempo dedicado ao processo de escolha do sistema. Nessa fase de pré-

implantação, adotar critérios de seleção afinados e obter referências dos

fornecedores, facilita consideravelmente o processo de escolha. Alguns

critérios de seleção mencionados na maioria das fontes pesquisadas e comuns

à seleção de qualquer sistema de TI são:

funcionalidade;

escalabilidade do software;

flexibilidade à customização;

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viabilidade econômica do fornecedor;

arquitetura técnica - compatibilidade do sistema de CRM com os

sistemas antigos, de ERP e de Internet;

nível de suporte técnico disponível durante e após a implementação;

disponibilidade de módulos adicionais.

Esses critérios devem ser observados com bastante atenção, pois os

projetos que envolvem a implantação de soluções tecnológicas costumam

fracassar com maior freqüência do que se divulga.

Como sabemos os fornecedores “enfeitam” seus produtos a fim de

serem vistos como a melhor opção entre todas do mercado. Neste momento, é

de extrema importância que saibamos avaliar cada proposta de maneira a

evitar problemas futuros. SWIFT (2001) propõe sete regras que permitem

através do questionamento efetivo de referências que se separe o exagero

exposto pelos fornecedores de tecnologia da realidade:

1.Não aceitar as afirmações do fornecedor como absolutas;

2.Nunca pressupor que a referência do fornecedor é válida;

3.Falar sempre com a equipe de referência de sistemas de informação

(SI) da organização;

4.Nunca aceitar as afirmações da equipe de SI como absolutas;

5.Conversar sempre com o usuário do sistema;

6.Conversar sempre com o seu fornecedor atual;

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7.Conversar sempre com os usuários sem que o pessoal de SI da

organização esteja presente.

Passadas as fases de definição do modelo de relacionamento, revisão

dos processos organizacionais e definição das estratégias a serem adotadas,

tem se finalmente o conhecimento e envolvimento necessários para se definir

qual sistema será adotado. A partir dessa escolha tem início a parte mais

tangível de todo o processo, que é a implantação da tecnologia ou tecnologias.

3.4 Implantação da tecnologia

Depois que a empresa optou pela estratégia de ser focada nos clientes,

redefiniu seus processos e escolheu a solução tecnológica, chega-se à fase

mais delicada de todo o processo: A implantação da tecnologia, a hora de

“colocar o sistema para funcionar”. Esta é a fase mais tangível de todo o

processo.

É de conhecimento de todos que sem a tecnologia não se implementa

um CRM com sucesso, mas apenas com tecnologia não se chega a lugar

nenhum. Já está claro que CRM é muito mais que um conjunto de softwares, é

sim uma filosofia empresarial que tem como objetivo a aquisição e

disponibilização de conhecimentos sobre seus clientes e a análise destes

dados, o que proporciona o conhecimento do potencial de cada cliente e assim

a elaboração de estratégias de vendas diferentes para cada grupo específico.

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Por este motivo não pode ser abordado de forma simplista, como se fosse

mais uma trivial implantação de software.

Um projeto de CRM bem implantado amplia a capacidade de uma

empresa de servir seus clientes, além de criar uma base de informações que

será vital para garantir que a empresa conheça a preferência da cada cliente e

saiba como maximizar o retorno sobre cada relacionamento construído em seu

portfólio.

Todos os autores concordam em um ponto: a maior barreira encontrada

na implantação do projeto de CRM em uma organização está na mudança

cultural.

Como a execução de uma estratégia de CRM envolve mudanças

organizacionais e depende de investimentos, a fase de implantação só pode

ser considerada completa após uma série de 10 passos (GREENBERG, 2001):

1º Passo – Reunião de abertura: escolhida a tecnologia, tudo tem início

na chamada reunião do pontapé inicial. Nesse momento o fornecedor da

tecnologia escolhida se encontra com o cliente e vai iniciar o processo de

reconhecimento das suas necessidades.

2º Passo – Definição de papéis: na reunião de abertura deverão ser

também definidos os papéis de cada um nesse novo relacionamento. É

importante que a organização não só disponibilize os seus melhores

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funcionários, assim como envolva todos aqueles que terão, de alguma forma,

suas atividades afetadas nesse estágio inicial. A organização deverá montar

um time que compreenda um gerente do projeto, analistas de sistemas e

negócios, representantes da área de TI, um especialista em integração e

representantes dos departamentos não técnicos. O líder deve ser alguém com

poder na organização para provocar e sustentar as mudanças. Em

contrapartida, é comum que os fornecedores também apresentem o seu time

normalmente composto de um gerente de projeto, um líder de implantação e

um ou mais engenheiros de sistemas.

3º Passo – Definição de funcionalidades/ tecnicidades do sistema e o

primeiro cronograma: estabelecidos os times, a reunião deve continuar para

esclarecer todas as funcionalidades e tecnicidades do sistema, de modo que

não resistam dúvidas em relação, principalmente, aos limites do sistema. Esse

primeiro encontro deve também ser o momento onde são estabelecidos os

cronogramas.

4º Passo – Coleta de requisitos: a implantação continua com a coleta de

requisitos necessários. Nesse momento, todos que forem utilizar diretamente o

sistema devem ser ouvidos, independente das atividades em que atuam, seja

marketing, finanças, recursos humanos, etc. São analisados os sistemas

antigos, definidas como serão realizadas as entradas e captura de dados,

como será a conectividade com os outros sistemas e tudo aquilo que possa ser

importante na customização do sistema. Nesse ponto, a organização, que já

deve ter se preparado através de um acordo de confidencialidade com o

fornecedor, passa a expor informações de natureza estratégica.

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5º Passo – Avaliação do protótipo: o fornecedor apresenta uma versão

preliminar e reduzida do sistema, de modo que as funcionalidades possam ser

testadas pela organização. Assim, o fluxo de tarefas pode ser analisado,

modificado ou aprovado por representantes de todos os departamentos

envolvidos. Nesse ponto, é definida a versão final da proposta comercial de

fornecimento da solução tecnológica. São definidos os produtos/ serviços a

serem entregues, os custos definitivos e os prazos de entrega.

6º Passo – Customização do sistema: assinado o contrato de

fornecimento, tem início a customização do sistema, que pode levar em média

de 5 a 7 semanas, dependendo de alguns fatores, tais como (GREENBERG,

2001):

● Dimensão do projeto;

● Complexidade das interfaces, do fluxo de tarefas e das

funcionalidades;

● Disponibilidade do time do cliente para dar feedback;

● Problemas técnicos não relacionados à implantação, mas que a

afetam;

● Mudanças de regras e fluxo de tarefas da customização, causadas por

mudanças dos processos de negócio da organização.

7º Passo – Versão beta: após a customização do sistema, passa-se ao

teste de uma versão beta do sistema, ou seja, de uma versão preliminar que

ainda aceita pequenas alterações. Nesse momento, são importados os dados

dos sistemas, o que deve ser feito junto com a organização para se garantir a

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integridade dos mesmos, e realizados os últimos ajustes no que diz respeito a

melhorias no sistema antes que ele entre em produção.

8º Passo – Treinamento dos usuários: o treinamento pode ser divido em

treinamento básico, para aqueles simples usuários do sistema; treinamento de

customização, para aqueles que estavam envolvidos no processo desde o

início e serão responsáveis por realizar adaptações simples ao sistema e

treinamento adicional, que normalmente são usados para gerar outros

treinadores. Além disso, há toda a documentação técnica que deve ser

fornecida relatando os detalhes da customização do sistema.

9º Passo – Produção: finalmente, passa-se ao que é denominado, pelos

fornecedores, como fase de produção. Neste momento, o sistema entra em

operação definitiva. Essa etapa deve ser realizada num fim de semana

quando os sistemas antigos e que serão integrados aos sistemas de CRM

podem ser desligados.

10º Passo – Pós-implantação: considerando-se que tudo tenha

funcionado perfeitamente, o passo seguinte é o de pós-implantação que

consiste num suporte e manutenção do sistema durante o período que o time

da organização considerar necessário.

3.5 Avaliação dos resultados

Segundo GREENBERG (2001), nunca chega ao fim uma instalação de

um sistema CRM. A manutenção é constante, mas a implantação bem

sucedida significa que o pessoal da empresa, de vendas, de marketing, seus

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executivos, analistas e todos aqueles interessados na maneira de percepção

do cliente, estão utilizando o sistema produtivamente.

Devemos ter em mente que provavelmente esse modelo evoluirá com o

tempo. CRM não é algo estático que termina com a implantação do software.

Uma pesquisa recente da Ernest & Young, que mapeou o status do

CRM em 250 empresas, revelou que 42% das empresas pesquisadas não

sabem o retorno de seus investimentos em CRM (B2B Magazine, 2001). Este

fato confirma a preocupação dos dirigentes das empresas em escolher a

melhor maneira de entrar em uma iniciativa de CRM.

A maneira mais comum de avaliação é através das medidas de

desempenho definidas na primeira etapa do processo de implantação do

sistema.

Uma medida de desempenho muito utilizada no mercado é a taxa de

conversão, ou seja, a relação existente entre o número de leads ou clientes em

potenciais atingidos e o número de vendas efetivadas.

Uma pesquisa do CRM Index apontou que 43% das empresas não

sabem apontar a taxa de conversão em seus canais de vendas. (B2B

Magazine, 2001) Sem a identificação dos pontos que devem ser atacados fica

muito difícil a mensuração do retorno de investimento de qualquer iniciativa.

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Baseado no conceito do relacionamento com o cliente, ou seja, é muito

mais barato manter um cliente antigo do que conquistar um novo, outra medida

de desempenho que é freqüentemente utilizada na avaliação dos resultados é

a taxa de retenção.

Considerando-se que pesquisadores da Cranfield University

descobriram que 5 pontos percentuais de aumento na taxa de retenção do

cliente, gera um lucro, em termos de valor presente, que pode variar de 20 a

125 pontos percentuais, e que ainda assim, poucos administradores

conheçam o impacto da retenção do cliente em seus negócios, pode-se

concluir que um dos indicadores chave é a taxa de retenção do cliente.

(PAYNE, 2000).

Este indicador complementado pela identificação das raízes da evasão

e daqueles serviços chave associados ao que se está oferecendo, além do

desenvolvimento de medidas de ação corretivas para melhorar a retenção, se

tornará instrumento fundamental para a avaliação e desenvolvimento contínuo

da estratégia de CRM. (PAYNE, 2000)

Entretanto, somente indicadores desse tipo não são suficientes para

convencer os acionistas do retorno do CRM. O que esse público busca, na

verdade, é o aumento das vendas, das margens e, principalmente, da

lucratividade. Nesse caso, o indicador financeiro que mais se aproximará da

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tradução de fidelidade ou lealdade, nessa nova cultura organizacional com

foco no cliente, é o valor vitalício do cliente (CLV).

No processo de reestruturação organizacional, imposto pela adoção da

estratégia de CRM, os setores que estão diretamente ligados ao cliente, como

os call-centers, são os primeiros a serem revistos.

Geralmente, os call-centers tinham seu desempenho medido em termos

de eficiência operacional, isto é, com base em indicadores do tipo: tempo

médio de espera por chamada, tempo médio de duração por chamada,

número de vendas por campanha, etc. A questão é que não se sabia se o

problema havia sido solucionado ou não. Para o call-center “focado no cliente”,

o agente é incentivado a ficar na ligação mais tempo com os melhores clientes,

assim o importante é medir a eficácia do desenvolvimento da relação de

aprendizado. Passa a ser importante medir quantos problemas foram

resolvidos na primeira ligação, quantas informações novas sobre o cliente

foram “descobertas” por ligação, qual a quantidade de novos produtos ou

serviços que pôde ser oferecida ao cliente com base em diálogos anteriores.

(PAYNE, 2000)

3.5 Fatores críticos na implementação

Como foi dito anteriormente, a implantação de um sistema de CRM não

é uma tarefa fácil. Exige uma série de cuidados para evitar que todo o tempo e

dinheiro, gastos neste processo, não sejam em vão.

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Recentes pesquisas têm alertado que os graus de fracassos previstos

com a adoção da estratégia CRM são alarmantes. Os principais problemas

apontados pelos participantes estavam ligados à dificuldade de

implementação, além dos altos custos das soluções.

Não há nada melhor que aprender com os acertos e principalmente os

erros dos pioneiros, então o conhecimento das principais atitudes que podem

acarretar o fracasso da implantação é fundamental para que possam ser

evitadas. A seguir, serão analisados alguns aspectos críticos para a

implementação de uma estratégia de CRM.

Para implantar CRM não é suficiente contar com o apoio apenas do

pessoal de informática da empresa e do fornecedor do software. Nem tão

pouco, colocar a responsabilidade do CRM nas mãos do pessoal de marketing

e deixar o negócio funcionar como antes. As mudanças a serem efetuadas

precisam do apoio e comprometimento da alta direção e dos responsáveis

pelas diversas áreas de negócio que de maneira direta ou indireta se

relacionam com os clientes.

Sem a participação ativa da alta gerência a probabilidade de sucesso é

quase zero. A adoção de uma cultura organizacional voltada a clientes implica

em mudanças na organização e redesenho de processos, que certamente

cruzarão limites de áreas funcionais.

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Outro grande erro no processo de implantação do sistema é a excessiva

concentração de esforços na tecnologia CRM. Em muitos projetos a tecnologia

é super enfatizada. Se os projetos de contato com o cliente são deficientes,

não será a tecnologia por si que os tornarão mais eficientes. Provavelmente

está ineficiência será apenas processada mais rapidamente.

CRM envolve toda a organização e desenvolver soluções pontuais pode

fazer com que a empresa não chegue a lugar nenhum. É claro que não se

muda toda uma empresa de um dia para outro. A implementação deve ser

gradual, mas não pode ser isolada.

A abrangência do projeto muita das vezes deve estar limitada ao

orçamento pré-definido e não às necessidades da empresa. Existem no

mercado soluções muito caras e outras mais baratas que podem ser

adequadas para a necessidade de cada empresa.

Muitas vezes por razão de custo chega-se a uma solução de tecnologia

inadequada às necessidades da organização. Outras vezes a escolha da

consultoria não foi precedida de uma análise mais profunda de suas

capacidades. Em alguns casos a implantação ficou a cargo da própria

fornecedora do software CRM, que dispunha de profissionais com habilidades

somente na parte técnica do software. Neste caso, a probabilidade de fracasso

é bastante alta. A implementação de um projeto de CRM é algo complexo,

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deve seguir as necessidades de cada empresa e não há um pacote pronto.

Cada caso deve ser estudado para que a implementação tenha sucesso.

Para que tudo ocorra com sucesso, é preciso dar a devida atenção às

pessoas envolvidas na mudança. Se elas não estiverem conscientes de como

este sistemas irá ajudá-las em seu trabalho, mesmo que para isso tenham que

mudar algumas formas de “fazer as coisas”, este provavelmente não será

utilizado da forma devida de todos os esforços antes despendidos terão sido

em vão.

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CONCLUSÃO

Como foi analisado durante a elaboração deste estudo, CRM é muito

mais um conceito do que uma ferramenta tecnológica. Foi possível observar,

durante a elaboração deste estudo, que diferentes tipos de negócios estão

utilizando esta estratégia, consciente ou inconscientemente. Um bom exemplo

deste fato, são restaurantes que dão para seus clientes, no caso de retorno ao

estabelecimento, descontos no pagamento de contas. Existe uma pré-

disposição à filosofia do CRM inerente em todos os pequenos comerciantes.

Nem todas as empresas terão as mesmas oportunidades com o CRM.

Aquelas que atuam em segmentos monopolizados provavelmente não

investirão em CRM, pois seus clientes não têm outra alternativa de compra e

não há razão de se investir na relação com o cliente no caso de monopólios.

Por outro lado, existem empresas com custos fixos elevados e retorno a

longo prazo que precisam de clientes fiéis para garantir o fluxo financeiro que

dê sustentação ao seu negócio. Como exemplo temos o setor automobilístico,

as empresas de transporte aéreo, telecomunicações, financeiras e outras.

Estas, com certeza, serão as empresas líderes na adoção do CRM.

Foi mostrado durante o trabalho, que realmente existem barreiras na

implantação da ferramenta CRM, que não são poucas e muito menos simples.

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Porém isto não pode ser encarado como um empecilho à decisão de adotar

esta técnica, já que ela realmente traz importantes benefícios. A grande

barreira encontrada para a implementação desta ferramenta, foi a mudança

cultural que ela exige. Não é algo que pode ser mudado do dia para a noite, é

complexo e requer muito trabalho.

Quanto menor a flexibilidade da organização, maior terá que ser o

esforço das pessoas que comandam para implementar a filosofia de CRM na

organização.

Outro aspecto bastante relevante que foi observado é que grande parte

das empresas tem como maior dificuldade não identificar claramente qual é e

como agem seus principais clientes, um equívoco estratégico bastante grave.

Essa má identificação dos principais clientes está principalmente ligada

à falta de um planejamento consistente da empresa que defina exatamente o

seu perfil organizacional e a sua postura estratégica.

Como saber se seu projeto de CRM foi bem-sucedido? Quando seus

melhores clientes disserem que é fácil e que dá gosto fazer negócios com a

sua empresa. A conseqüência para a sua empresa? Clientes satisfeitos, fiéis e

lucrativos (PEPPERS and ROGERS, 2000).

No Brasil, as empresas já estão cientes da importância de manter seus

clientes satisfeitos e muitas empresas estão investindo em ferramentas como o

CRM. Porém, é bastante comum encontrarmos no cenário nacional

organizações que possuam a ferramenta parcialmente implementada. O

grande problema é a mudança de foco e as mudanças culturais que essa

estratégia demanda. Podemos citar diversas iniciativas positivas no que diz

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respeito a relacionamento com os clientes, mas isto não é nada se

comparamos estas iniciativas com outras de outros países mais desenvolvidos.

As empresas devem compreender que implementar uma estratégia de

CRM é algo complexo e demanda tempo, dinheiro e flexibilidade por parte da

mesma. O projeto deve ser cuidadosamente estudado e sua implantação deve

ser gradual. A empresa que optar pela implantação de um projeto de CRM

deve estar disposta a mudar seu foco e sua cultura organizacional para se

tornar uma empresa voltada para o cliente.

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BIBLIOGRAFIA

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GASET, Juan Carlos. “O CRM não é software; é uma nova filosofia”.

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PAYNE, Adrian. Customer Relationship Management. Cranfield

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PEPPERS, D. and ROGERS, M. CRM Series Marketing 1 to 1: um guia

executivo para entender e implantar estratégias de Customer Relationship

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SHAPIRO, Benson. “Want a Happy Customer Coordinate Sales and

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SWIFT, Ronald. CRM – Customer Relationship Management: o

revolucionário marketing de relacionamento com o cliente. Rio de Janeiro:

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GLOSSÁRIO

Market share (participação no mercado): vendas de uma organização,

normalmente, expressas como uma porcentagem do total de vendas do ramo

de mercado no qual a organização atua.

Prospecting (busca por novos clientes): é um conjunto de ações

planejadas de acordo com os objetivos e respostas.

Prospects: cliente, pessoa física ou jurídica, que demonstra interesse

em comprar um produto.

Share of wallet (participação na carteira): em contraste a participação de

mercado, refere-se à percentagem do negócio de um determinado cliente que

uma empresa obtêm durante a existência desse cliente como um consumidor.

Suspects: pessoa ou empresa que o vendedor/empresa vendedora

acredita ter características/perfil apropriados para a compra do produto;

Up selling: venda de atualizações, complementos ou aperfeiçoamentos

para um determinado produto ou serviço.

Cross selling (venda cruzada ou associada): venda de produtos e

serviços relacionados entre si para um mesmo cliente.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

1 - Relevância do Estudo 12

CAPÍTULO I

2 - O CRM 14

2.1 - Definição 14

2.2 - Historico Evolutivo 19

2.3 - Tipos de CRM 20

2.4 - CRM eletrônico ou e-CRM 23

2.5 - Funcionalidades 24

2.6 - Estratégias de CRM 28

2.7 - Mudança de Foco 32

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CAPÍTULO II 3 - CRM – A IMPLANTAÇÃO 35

3.1 - Definição e planejamento do modelo 36

de relacionamento com o cliente

3.2 - Redesenho dos processos organizacionais 38

3.3 - Seleção da solução mais adequada 40

3.4 - Implantação da tecnologia 43

3.5 - Avaliação dos resultados 47

3.6 - Fatores críticos na implementação 50

CONCLUSÃO 54

BIBLIOGRAFIA 57

GLOSSÁRIO 59