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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” INSTITUTO A VEZ DO MESTRE EAD: UMA DIALÉTICA CAPITALISTA-TECNOLÓGICA Por: Chayana Leocádio da Silva Orientador Profa. Mary Sue Rio de Janeiro 2011

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO … Se até a segunda metade do século XVI a busca pelo desenvolvimento ... e o Iluminismo, ... maior serão suas possibilidades de invenções

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EAD: UMA DIALÉTICA CAPITALISTA-TECNOLÓGICA

Por: Chayana Leocádio da Silva

Orientador

Profa. Mary Sue

Rio de Janeiro

2011

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

INSTITUTO A VEZ DO MESTRE

EAD: UMA DIALÉTICA CAPITALISTA-TECNOLÓGICA

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Tecnologia

Educacional.

Por: Chayana Leocádio da Silva

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AGRADECIMENTOS

Ao meu marido pelo apoio em mais um

objetivo alcançado.

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DEDICATÓRIA

Ao meu filho Victor Leocádio, por ser minha motivação para seguir em frente, e ao meu marido Marcelo Bezerra, meu alicerce em minhas realizações.

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RESUMO

Se até a segunda metade do século XVI a busca pelo desenvolvimento

cognitivo não era de interesse do Estado - que até então era representado pela

Igreja - e se as pesquisas e inventos científicos eram considerados heresias,

após movimentos de cunho religioso e filosóficos como a Reforma Protestante

e o Iluminismo, o homem passou a voltar-se para si, para suas necessidades,

para o questionamento dos paradigmas até então impostos e seguidos e, com

isso, iniciou a busca pelo desenvolvimento, por conseguinte, se tornou ávido

pela busca do conhecimento.

Inicia-se uma nova Era, onde a tecnologia, a comunicação e a

informação permeiam as atitudes e os pensamentos da sociedade, sobretudo

no Ocidente. Esta quebra de paradigmas traz consigo novas interposições

econômicas e sociais que ditarão o novo caminho a ser trilhado na estrada da

educação e na forma como esta educação pode chegar a maior parte das

pessoas, pois quão maior forem as oportunidades de aquisição de

conhecimento de uma nação, maior serão suas possibilidades de invenções e

inovações tecnológicas, para competição e consumo impulsionados pela

economia que, através da história se tonou cada vez mais liberal, competitiva e

excludente para os “não preparados”, se consagrando assim o capitalismo.

Sendo assim, esta pesquisa se propõe a demonstrar, a partir de

pressupostos históricos, de forma diacrônica e sincrônica, como se deu o

surgimento deste método educacional a distância, seu aperfeiçoamento e sua

expansão cada vez mais fecunda na contemporaneidade, tida por

consequência das necessidades deste novo mercado de economia capitalista.

Propõe ainda, vislumbrar a EAD como uma dialética capitalista e tecnológica

pautada num processo ininterrupto e constantemente mutável, onde nada é

definitivo e tudo é fugaz.

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METODOLOGIA

Este trabalho se propõe a ser uma pesquisa qualitativa, uma vez busca

estabelecer paralelos entre questões reais e objetivas na história da EAD,

principalmente no Ocidente e fatores que influenciaram este crescente método

de ensino. Esta pesquisa pretende ainda, descrever o quanto o pensamento

científico justaposto a econômia liberal foram a matizes do desenvolvimento

tecnológico que, direta e, necessariamente, permeou a busca pelo

desenvolvimento cognitivo. Para tanto, serão tomadas como base teórica

algumas obras de autores estudiosos da história geral do mundo, de

correntes filosóficas, sociológicas, pedagógicas, de teóricos que

dissertam acerca das Tecnologias da Informação e Comunicação e de

especialistas de Educação a Distância. Dentro vários, alguns ícones destas

áreas foram de extrema relevância para esta pesquisa como: Manuel

Castells, Fredric Litto, Manuel Marcos Formiga, Jean-Jacques Rousseau e

Alberto Tosi Rodrigues. Além disto, foram feitas pesquisas na internet,

jornais e revistas que abordaram assuntos inerentes a esta pesquisa.

Palavras-chave: tecnologia, desenvolvimento, EAD, capitalismo,

conhecimento.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I - As luzes do saber como engrenagem do desenvolvimento 9

CAPÍTULO II - A tecnologia a serviço da educação 24

CAPÍTULO III – A EAD, seus pontos positivos e negativos: Uma questão de

ponto de vista 35

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

ÍNDICE 41

FOLHA DE AVALIAÇÃO 42

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INTRODUÇÃO

A partir do que filosofa Engels a cerca da dialética capitalista, em que

nada é definitivo, absoluto, mas sim o que existe em sua essência é um

processo ininterrupto do devir e do transitório, abre-se uma lacuna para uma

discussão sobre o paralelismo filosófico entre a tríade: o desenvolvimento das

tecnologias, a economia capitalista e das novas metodologias de ensino que

vêm surgindo ao longo da história.

É neste contexto que observamos a EAD como consequência de uma

dialética capitalista-tecnológica e, que basta uma análise do contexto histórico

diacrônico para que entendamos a relevância desta modalidade de ensino,

mas, sobretudo, para que levantemos a questão: A EAD surgiu de um

oportunismo empreendedor permeado pela filosofia capitalista em voga? Ou

surgiu como inovação num desenvolvimento natural das metodologias de

ensino?

É notório que a tecnologia vive um processo ininterrupto de

desenvolvimento, onde o rótulo de inovação é fugaz e transitório, bastando

alguns instantes de inteligência humana associada a essas TICs (Tecnologia

da Informação e Comunicação) para que o novo se torne obsoleto, para que o

mercado precise de novas habilidades e competências, e para que nós

descubramos algo que ainda nos falta e alimentemos cada vez mais esta roda

viva. Então, aliamos, através da história, a descoberta de novas necessidades

que se transformaram em invenções/inovações que, ao mesmo tempo se torna

oportuno e necessário, métodos educacionais que acompanhem e suportem

esta dinamicidade social e econômica, e é aí que entra a EAD, democratizando

o acesso a formação e a informação e que serve que ora serve como alicerce,

ora é consequência desta transitoriedade capitalista-tecnológica.

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CAPÍTULO I

AS LUZES DO SABER COMO ENGRENAGEM DO

DESENVOLVIMENTO

È fato que todo o aparato científico-tecnológico nos possibilitou

chegar ao patamar de desenvolvimento social e econômico que nos

encontramos hoje. Mas, por outro lado, é irrefutável que a engrenagem que

move a máquina do desenvolvimento está no potencial cognitivo humano que,

a partir de seu despertar cientifico deixou as trevas da ignorância para entrar

num caminho sem volta em direção às luzes do conhecimento. Sobre este

despertar disserta o ícone da Filosofia da razão humana, Jean Jacques

Rousseau:

“Um grande e belo espetáculo ver o homem sair, de

qualquer maneira, do nada, por seus próprios esforços;

dissipar, com as luzes da razão, as trevas nas quais a

natureza o envolvera; elevar-se acima de si mesmo;

atirar-se pelo espírito até às regiões celestes; percorrer, a

passos de gigante, como o sol, a vasta extensão do

universo; e, o que ainda é maior e mais difícil, entrar de

novo dentro de si mesmo para aí estudar o homem e

conhecer sua natureza, seus deveres e seu fim.” 1

1 ROUSSEAU, Jean Jacques. Se o restabelecimento da ciência e da arte contribuiu para purificar os costumes. http: //dominiopublico.gov.br/ acesso em 24/08/2010.

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1.1 - Das trevas da ignorância à luz da busca pelo

conhecimento

Iniciado ainda na Idade Média, a expansão do conhecimento através da

aquisição da leitura e da escrita (sec. XVI à XVIII) desembocando em uma

nova Era adrede ao teocentrismo, temos como alicerce de todo nosso

desenvolvimento científico e, consequentemente tecnológico, movimentos que

foram divisores de águas entre o pensamento tutelar, ou seja, subserviente as

métricas impostas pela Igreja, e o pensamento crítico racional que teve sua

gênese no século XVI com a Reforma Protestante, seguido pela Revolução

Científica e que se fecunda no século XVIII com o Iluminismo e Revolução

Industrial.

A expansão da escrita e da leitura e o aumento das taxas de

alfabetização transcendem a função de acréscimo cultural, mas é a garantia

para liberdade

do sujeito, assim como disserta o ícone filósofo e Iluminista Jean

Jacques Rousseau. Mas, por conseguinte, afirma também que com esta

liberdade, em que o homem se torna sujeito de sua ação, ele também é

sujeitado por ela.

Sendo assim, a prática da escrita e da leitura foi, sem dúvida, o primeiro

grande passo para evolução da sociedade Ocidental e para democratização do

saber que, por séculos teve seu monopólio assegurado pela Igreja Católica,

que por sua vez, teve sua hegemonia abalada pela busca social pelo saber,

bem como nos elucida Roger Chartier:

“A difusão da capacidade de ler e escrever, a multiplicação dos objetos

impressos afligem os clérigos, eclesiásticos e seculares, que pretendem

monopolizar a produção ou a discussão do conhecimento. Com a Revolução

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Científica do começo do século XVII, caem as proibições e os limites que antes

se impunham ao trabalho do conhecimento[...]”2

O domínio da escrita coloca o homem numa situação de ser pensante,

permitindo uma nova relação com a divindade que, sem a necessidade de

mediadores da palavra divina tem uma nova visão da sociedade, seu papel

nesta, sua intimidade individual, se subtraindo assim, do controle de grupos

que detinham o conhecimento.

O homem, de posse da sua liberdade de pensamento adquirida com a

leitura, propõe dar vida a um novo saber. O intelecto tem um novo viés, o de

dar sentido aos fenômenos naturais através de experimentações, medições

com métodos empíricos, não mais pautados no tradicionalismo teológico, do

direito, da literatura, é a gênese da Revolução Científica.

A Revolução Científica e o Iluminismo foram movimentos de cunho

multifacetado, abrangendo visões políticas, econômicas, sociais, filosóficas e

religiosas refutavam as teorias absolutistas e o mercantilismo, sendo contrário

à intervenção do Estado na economia, exercendo veemente influência sobre

as bases do futuro pensamento econômico e político, principalmente no

Ocidente.

Livre das influências místicas da Idade Média o homem estabelece

novos objetivos científicos pautados nas necessidades humanas. A zona de

conforto de uma era que primava pela estabilidade de pensamento, ou pela

anarquia de pensamento e de cognição por um grupo dominante, foi deposta

pelo acender das luzes dos pensamentos de um grupo que a partir do

desconforto da busca pelos porquês resultaram em estudos valiosíssimos

para, o que hoje denominamos sociedade em desenvolvimento. Estudos como

a lógica-matemática de Isaac Newton e as teorias filosófico-científicas de

Descartes que foram de imprescindíveis para que pensássemos, e assim

existíssemos. E buscando no limiar desta existência no fim da verdade

2 ARIÈS, Philippe, DUBY,Georges. História da vida privada. Volume 3: Da Renascença ao século das Luzes. São Paulo: Companhia das Letras, 1991.

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absoluta, o homem descobria que sua razão era capaz de transformar uma

sociedade, sendo então, instigado a duvidar, a experimentar e a refletir. O

Século das Luzes representou mais que um movimento social, mas foi o

impulsionador da liberdade e a criticidade de pensamento.

Conquistada a habilidade de ser crítico o homem conquista também

verdadeira consciência da existência e da busca racionalizada dos porquês, o

passando a ser e a se colocar como o centro das ações e dos pensamentos,

percebendo assim sua posição enquanto ser vivente em uma sociedade, sua

importância e responsabilidade por mudá-la, adequá-la, arranjá-la de acordo

com seus desejos e necessidades.

Esta luz irradiada nos pensamentos foi o primeiro passo para a busca

incessante pelo desenvolvimento, crescimento e adaptação sócio-político-

econômico de vários países no mundo. Assim iniciava-se o ciclo que vivemos

até hoje da busca pela perfeição humana na autonomia intelectual, transposta

na descoberta de que a razão é capaz de transformar uma sociedade e

progredir.

Esta base para o pensamento científico representou uma quebra de

referencial paradigmático e para suprir a necessidade que o homem descobriu

ter, se considerando incompleto e insatisfeito, cheio de lacunas.

Num equilíbrio dinâmico, na dialética do saber-ignorância-saber, o ciclo

de refutar ou de corroborar com as teorias já existentes e a criação de novas é

o que mantém a máquina social do desenvolvimento do conhecimento

resultando cada vez mais em desenvolvimento.

Tendo findado a época onde a liberdade de pensamento e

desenvolvimento intelectual era privilégio apenas da nobreza e do clero, inicia-

se uma nova ótica de como relacionar-se com o mundo através da razão, o

que desencadeou na busca pelo pensamento democrático, a expansão de

conhecimento, tendo no saber a base para o desenvolvimento do homem.

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Era chegado o momento de identificação definitiva de um novo saber, a

sua legitimação, a sua consolidação institucional(...) à crescente

especialização, à necessidade de chegar em pouco tempo a qualquer forma

de profissionalização”3 pois foi atribuído a ciência o papel de produzir riquezas,

melhorar a saúde e desenvolver o comércio. Sendo assim, era preponderante

a necessidades de se criar mais centros de estudos, mais academias, de se

produzir mais literaturas tecnicistas, bibliotecas, enfim desenvolver todo

aparato facilitador para o desenvolvimento cognitivo.

1.2 – Da Idade Média a Idade Moderna. A sociedade

industrial, seus novos paradigmas educacionais e o início

oportuno da EAD.

Para que entendamos o desenvolvimento acelerado do processo da

democratização da educação paralelo ao desenvolvimento social e ao

preenchimento de lacunas profissionais cada vez mais emergentes,

precisamos fazer uma retrospectiva na história dos pensadores que tornaram

possível as teorias e vertentes pedagógicas atuais. Tema preconizado por

Sócrates, seguido por Aristóteles e Platão, a Educação permeada pelo

idealismo e o realismo, que nesta teoria os ensinamentos reais objetivavam

adquirir virtude e sabedoria, aquela acreditava que nem todos estavam

preparados para o conhecimento e que este conhecimento deveria ser

utilizado para o exercício da política e do governo. Essas teorias,

historicamente receberam uma nova “roupagem”, mas nunca deixaram de

existir, a Idade Média, por exemplo, mesmo dominada pelo cristianismo as

correntes pedagógicas de Santo Agostinho e São Tomás de Aquino beberam

da fonte do realismo e do idealismo de Platão e Aristóteles.

Embora, em sua gênese de desenvolvimento se deu com objetivo um

tanto quanto diferente as práticas educativas para o mercado capitalista, pois

3 VOVELLE, Michel (Dir.). O homem do Iluminismo. Lisboa: Presença, 1997.

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visava atender suas necessidades básicas (comida, vestimenta e alojamento),

ainda na Idade Média já havia “escolas” voltadas para o ensino técnico,

industrial e comercial eram os chamados Grêmios, que era onde os filhos dos

alfaiates e boticários, por exemplo, aprendiam o ofício de sua família de forma

prática, já que como aprendizes realizavam tarefas da vida cotidiana das

oficinas e, após apreendida a técnica, migravam de lugar para aprenderem

novas técnicas ou ensinarem seu ofício a outros. E ainda que fiéis a teologia,

esse foi um dos impulsos para o surgimento das primeiras universidades

européias no século XIV, que eram centros de investigação científica da

Teologia, do Direito, da Medicina e das Artes.

Passado a Idade Média, o Renascimento veio para dar uma nova

concepção de mundo e de vida a humanitas, fundamenta o ensino e a luz dos

ideais sociais, políticos, econômico, científico e filosófico de nomes como:

Maquiavel, Lutero, Montaigne, Copérnico, Galileu, Descartes, Bacon a

sociedade toma um novo rumo e com ela a pedagogia que a priori mimetizou a

retórica dos romanos para posteriori tomou o povo helênico como matiz de

conhecimento.

O Renascimento da Reforma Protestante de Martin Lutero que defende

o direito de todos lerem e interpretarem a bíblia e Contra-Reforma que reage

com rígida disciplina intelectual e física, trouxe grandes conquistas e novas

tendências pedagógicas de grande relevância para o desenvolvimento humano

e que permanece como legado da contemporaneidade, pois substituiu a forma

abstrata e retórica pela verossimilhança e a praticidade, levou a educação a

todas as classes sociais e, ainda, iniciou o processo de tornar o ensino mais

atraente e menos mecânico. Estes fatores somam-se ao descobrimento e

conquista da América que se estendeu até o século XVIII trouxe consigo

influxos e culturas européias, dentre eles soluções e desenvolvimento no

campo educativo.

Pautado na convicção liberalista de John Locke que afirmava que as

ideias não são inatas do ser humano, mas nascem da experiência, o século

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seguinte se tornou preponderante os direitos civis: igualdade, liberdade,

propriedade e privacidade. É a sociedade moderna exercendo seu

aprendizado sob as luzes da razão. Era o inicio da materialização da chamada

consciência coletiva de Durkheim.

Essa materialização da consciência coletiva tem suas primeiras

motivações no século XVIII com a Revolução Industrial, que foi o primeiro

movimento tecnológico fruto dos pensamentos científicos e da busca pelo

desenvolvimento da humanidade partindo do princípio da necessidade

constante que tende a ser suprida pela ciência tecnológica primada pelo

pensamento humano. Este foi o divisor de águas entre a tradição e a mudança

rápida e constante.

A era da manufatura dá espaço a máquina, máquina esta, criada e

manipulada pelo homem e o homem pelo liberalismo econômico, culminando

no capitalismo. A identidade única de cada ser que era transposta para cada

item produzido manualmente dá lugar para pluralidade mecânica, é o fim da

identificação para o início da marca registrada. Mudam os costumes, muda a

economia, muda a sociedade frente a avidez pelo ciclo saber-transformação-

desenvolvimento.

O artesão da condição de criador passa a criado. E, é necessário se

adaptar a esta nova realidade de empregado, de manipulador de cada etapa

de manuseio da máquina para obtenção do produto final. É a subsistência do

trabalhador versus o lucro “dos donos das máquinas”.

O carvão mineral que antes alimentava apenas as máquinas das

indústrias toma um papel decisivo no desenvolvimento dos países, sendo o

combustível para os barcos que, somado a siderurgia moderna que

possibilitou o advento das ferrovias foi a grande solução para importação e

exportação de matérias-prima e produtos industrializados, reduzindo custos,

aumentando a velocidade nas transações comerciais internas e externas, e

estabelecendo vínculos comerciais entre países.

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É a gênese da competitividade, da disputa pelo mercado de trabalho. A

competitividade pelo conhecimento de manipulação das primeiras máquinas

existentes, pelo desenvolvimento de novas máquinas para suprir lacunas cada

vez maiores frente às necessidades cada vez mais plurais para a sociedade e,

paralelo a isso a competitividade pelo lucro moveu não apenas o chão de

fábrica que era obrigado a expandir seus conhecimentos, os donos das

fábricas na corrida pelo desenvolvimento como também a competitividade

entre países que, eclodiu em Revoluções e em violentos combates como a

Primeira e a Segunda Guerra Mundial.

Esta competitividade torna o mundo mais veloz, porque se impõe ritmo a

produção, e cada vez que se tornava indispensável surgia nova necessidade

de satisfazê-lo. Era a especialização da mão de obra através do avanço

tecnológico da produção.

O novo mercado exige novos conhecimentos de forma tão acelerada

quanto o avanço das novas tecnologias. É necessário conhecimento para

manipular as máquinas, para repará-las e, mais relevante que tudo isso é

imprescindível o avanço do conhecimento para construção de novas máquinas

e para novas descobertas, numa busca incessante pelo desenvolvimento que

viria para suprir as lacunas que o homem descobriu ter. Esta construção do

conhecimento, este processo de educação entra num ciclo contínuo e

permanente, afinal é preciso aprender a inovar, pois segundo o economista

austríaco Joseph Schumpeter, quando uma invenção tem uma aplicabilidade

produtiva esta perde sua hegemonia de inovação passa a ser tradicional,

baixando os índices de lucro e a competitividade no mercado.

Esta nova consciência deu novo rumo as técnicas de produção do

Continente Americano. Os instrumentos que até então eram individuais agora

se tornam coletivos e por cooperação, pois precisam atender as necessidades

de um novo mercado comercial, ao desenvolvimento do continente e, portanto,

foi necessária uma pedagogia que suprisse esta passagem da manufatura

para o produto industrial. Este domínio do homem sobre a natureza trouxe

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para a pedagogia novas ideologias pautadas na mutação da verdade, na

evidência e na experimentação e, por conseguinte, houve reestruturação no

conteúdo (mais técnico e voltado para o universalismo), na finalidade da

educação (para o trabalho), no método (mais realista) e na organização do

sistema escolar que passou a ser dividida por faixa etária, por localidade

geográfica e de acordo com o objetivo o que desencadeou em escolas laicas,

públicas e gratuitas. Destacam-se como grandes pensadores da pedagogia

desta época: Johann Heinrich Pestalozzi, com sua formação universal do

humano e a escola popular; Friedrich Fröebel, fundador dos Jardins- de-

infância e Johann Friedrich Herbart, A ciência da Educação - o

desenvolvimento de um sistema pedagógico com maior rigor científico.

Neste cenário em que o saber se desenvolveu e se racionalizou, no

mesmo século da Revolução Industrial e da quebra de paradigmas sociais e

educacionais, Caleb Philips já vislumbrou oportunidades com o

desenvolvimento metodológico, e em 20 de março de 1728 já oferecia aulas

por correspondência na Gazzete de Boston – EUA (primeiro registro de EAD

que se tem notícia). Mas se no século XVIII os avanços nesta área foram

tímidos, não se pode afirmar o mesmo do século XIX que ainda se

desenvolveu a pequenos passos, mas foi a matiz para o grande e acelerado

desenvolvimento que estava por vir nos séculos XX e XXI.

No século em que o trabalhador é que precisava seguir o ritmo da

máquina e não ao contrário, e que a educação teve papel preponderante,

segundo Marx e Engels, nas formas de perpetuação e exploração de uma

classe sobre a outra. E se em 1840 Isaac Pitman oferecia aulas de taquigrafia

por correspondência na Grã Bretanha para atender uma necessidade

profissionalizante do mercado da época, logo a seguir, em 1844 a legislação

inglesa permitia que crianças trabalhassem nas fábricas desde que se ficasse

comprovado que essas crianças freqüentavam as escolas, tivessem instrução

primária e já tivessem o conhecimento mínimo de sua língua materna e dos

números, o que era considerado positivo na visão capitalista-industrial de Marx

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que julgava necessário “romper, na formação das futuras gerações, com a

separação do trabalho manual com o intelectual”.

Paralelo as idéias Comunistas de Engels e Marx de que era “preciso

educar o novo homem comunista de tal modo que ele pudesse de fato superar

a divisão do trabalho que o alienava sob o capitalismo” o novo paradigma

educacional de aperfeiçoamento de mão de obra para os adultos se propagava

a distância com a criação de cursos preparatórios para concursos públicos em

1880 pelo Skerry’s College, em 1884 a Foulkes Lynch Correspondence Tuition

Service ministrou cursos de Contabilidade e em 1891, nos EUA foi ofertado o

curso de seguranças de minas por Thomas J. Foster. Foi o início da

transposição da Sociedade Pré-Indústrial e Industrial para a Sociedade Pós-

Industrial, ou melhor, a Sociedade da Tecnologia, da Informação e da

Comunicação.

1.3 – Do Moderno ao Contemporâneo. A EAD e a

democratização de oportunidades na Educação

No século XX as metodologias de ensino se diversificam e são

influenciadas pela Psicologia com o behaviorismo de Frederic Skinner, pela

Filosofia pragmática de John Dewey, bem como a lingüística, antropologia, a

economia e a sociologia, dentre outros.

Figuraram com grande relevância para o desenvolvimento de novas

práticas pedagógicas que iniciaram no século XX, mas que contribuem até hoje

na forma de ensinar os movimentos: escolanovista, com Pestalozzi e Dewey

como precursores e o método Montessori que, desenvolvido por Maria

Montessori, tem características primordiais da EAD já que fundamenta a

educação na autodeterminação pelo estudante, utilizando o material didático

na ordem que escolher, tendo na figura do professor o facilitador do

conhecimento. Outro movimento que contribuiu para as teorias de ensino da

EAD foi a tendência educacional tecnicista, que lança mão de diversas

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técnicas e instrumentos no processo de ensino-aprendizagem, dentre estes as

que tiveram maior expressividade foram os recursos audiovisuais e

computadores. Houve ainda, como viés pedagógico que sublinha a história da

educação o Construtivismo de Jean Piaget e de Lev Vygotsky, partindo do

princípio que o conhecimento é um processo contínuo de construção, invenção

e descoberta, sendo assim de suma importância a interação com o meio e com

o outro.

Inicia-se uma nova Era Educacional pautada na informação, na

linguagem, nas tecnologias e nas ciências, o que exige um novo padrão

metodológico que acompanhe a mudança da sociedade, suas tendências e

necessidades.

Neste cenário a educação a distância se expande pelo mundo, com A

Universidade de Queensland, na Austrália, iniciando programas de ensino por

correspondência, Fritz Reinhardt cria a Escola Alemã por correspondência de

Negócios, BBC começa a promover cursos para a educação de adultos

usando o rádio e a Colliery Engineer Scholl of Mines lança cursos por

correspondência para treinar funcionários de empresas de transportes

ferroviários, respectivamente em 1910, 1924, 1928 e 1930.

No Brasil a difusão da EAD iniciou-se em 1923 com a Rádio Sociedade

do Rio de Janeiro que proporcionava educação popular via radiodifusão. De

iniciativa privada em sem fins comerciais, a rádio não conseguiu manter-se e

em 1936 a emissora foi doada para o Ministério da Educação e Saúde. Com o

movimento Escolanovista, educadores lançaram em 1932 o Manifesto da

Escola Nova, dissertando sobre a importância do uso dos recursos do rádio,

cinema e impressos, na educação brasileira, seguido pela iniciativa de

Roquette Pinto que em 1934 fundou a Rádio Escola Municipal do Rio,

disponibilizando materiais de apoio pedagógico impressos. E em 1939 foi

criado o Instituto Rádio Técnico Monitor, que ofertava cursos

profissionalizantes por correspondência.

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A educação via rádio se desenvolveu sendo grande disseminador de

informação e educação para adultos a distância, ficando atrás apenas da

educação via correspondência que, segundo o IUB/ Instituto Universal

Brasileiro – IUB (criado em 1941), oferecendo cursos nesta modalidade

registra ter formado mais de 4 milhões de estudantes.

Voltada para o ensino de adultos, num afã de suprir de forma rápida e

prática as necessidades emergentes do mercado e da sociedade que se

desenvolvia, a EAD teve seus métodos de ensino aperfeiçoado cada vez mais

a medida que se tornava uma solução possível e promissora para sociedade

adulta que precisava de conhecimentos específicos.

O grande impulso para o desenvolvimento de tecnologias educacionais

e primeiro grande desafio para EAD foi a necessidade de se desenvolver

treinamento apropriado para manuseio de armas e equipamentos sofisticados

para soldados norte-americanos durante a Segunda Guerra Mundial, que

partindo das teorias de Edward Thorndike - segundo as quais o ensino deve

ser forma seqüenciada, controlada e reforçada para que um tema seja

assimilado pelo aluno – foram utilizados recursos audiovisuais do cinema para

expor filmes de treinamento para os militares. Esta metodologia também foi de

extrema relevância para as experiências de Fred Keller para o ensino da

recepção do código Morse, essencial desde a capacitação dos recrutas para a

guerra até para integração social e atividades laborais para a população que

migrou para a Europa no pós-guerra.

Na mesma década da Segunda Guerra Mundial foi criado no Brasil, o

Instituto Monitor. Criado para oferecer cursos profissionalizantes para

instalação, manutenção e montagem de receptores de rádio, recém

introduzidos no país, o Instituto partiu de um deficit de mão de obra surgido

com o a nova tecnologia. E, partindo deste mesmo princípio o Instituto

expandiu sua área de abrangência educacional a distância paralelo a

expansão tecnológica, como o surgimento da televisão na década de 1950, e

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mais tarde diversos outros cursos que são oferecidos até hoje por intermédio

da Internet.

Também com o propósito de preencher necessidades de mão de obra

especializadas ainda deficitárias, o SESC e o SENAC lançam, em 1947, a

Universidade do Ar oferecendo cursos de capacitação na área radiofônica que

em 1950 chega a tingir a marca de 80 mil alunos. Esta iniciativa se desenvolve

e abrange, em 1976 a TV e mais tarde em 1995 é criado o Centro Educacional

de Educação a Distância que além de oferecer a população diversos cursos

profissionalizantes oferecem ainda, cursos de capacitação para sua equipe

técnica que vem se desenvolvendo desde então, tendo a ampliação de suas

atividades com o advento da internet e da transmissão via satélite que hoje

consegue abranger de forma quantitativa e qualitativa uma grande área com

seus cursos.

Buscando solução educacional para adultos que ainda não possuíam o

ensino fundamental, o governo do estado do Maranhão em 1967 iniciou

programas educativos para atender a população citadina e interiorana através

da TV.

Já em 1969 o governo do Estado da Bahia além de ofertar o ensino

fundamental também disponibilizava o curso de formação de professores a

distância por intermédio do Instituto de Radiodifusão do Estado da Bahia

(IRDEB). Um ano depois, os cursos de Capacitação Ginasial, Madureza

Ginasial, Curso Supletivo de 1º Grau passaram a ser oferecidos via rádio em

cadeia nacional a partir do Projeto Minerva que envolvia o Ministério da

Educação, a Fundação Padre Landell e a Fundação Padre Anchieta.

Em 1971 a Educação a Distância ganha reforços importantes no que

concerne a incentivo e propagação acerca das tecnologias educacionais com a

fundação da Associação Brasileira de Teleducação (mais tarde renomeada

como Associação Brasileira de Tecnologia Educacional) que difunde a

importância desta modalidade através de Seminários e da revista Tecnologia

Educacional.

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Foi só em 1972 que o Governo Federal resolveu investir em EAD com a

criação da Fundação Centro Brasileiro de Televisão Educativa que, em 1981,

passou a se chamar FUNTEVE e que fortaleceu o Sistema Nacional de

Radiodifusão Educativa (SINREAD) que aliada a várias rádios educativas e

canais de televisão colocavam a disposição da população programas

educativos. Na mesma ocasião foi oferecido cursos na modalidade a distância

para jovens e adultos, em níveis de 1º e 2º graus, na cidade de Niterói (região

metropolitana do Rio de Janeiro) CEN Centro Educacional de Niterói para

alunos que não podiam frequentar as aulas presenciais de modalidade e

horário convencional.

A preocupação com os diversos níveis de aprendizado configuradas na

crescente oferta de cursos a distância em diferentes níveis e faixa etária, após

as teorias de Bloom que diferenciavam informação verbal, habilidades

intelectuais e estratégias cognitivas a década de 1970 teve avanços

preponderantes para qualificação profissional para o ascendente mercado, e a

mente humana passou a ser estudada por David Paul Ausubel como “máquina

de processamento de informações” onde os conhecimentos se relacionavam

com informações preexistentes que servirão como base para formar solução

de problemas apresentados pelo cotidiano. Foi neste âmbito que 1973 a UnB

serviu permear novos projetos educacionais como: o Projeto SACI (Sistema

Avançado de Comunicações Interdisciplinares) sistema de teleducação via

satélite; a Revista Científica Internacional em EAD, em 1977 - O Programa

LOGOS para qualificação de professores em 17 estados brasileiros; em 1978

o lançamento do Telecurso 2º Grau sendo uma associação entre a Fundação

Padre Anchieta (TV Cultura) e a Fundação Roberto Marinho (TV Globo)

lançaram o Telecurso de 2º Grau; em 1979 - O Movimento Brasileiro de

Alfabetização (MOBRAL); no mesmo ano foi implantado POSGRAD (Pós-

graduação Tutorial a Distância), em caráter experimental (1979-83) pela

Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de Ensino Superior (CAPES-

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MEC), mas administrado pela Associação Brasileira de Tecnologia Educacional

(ABT).

Já na década de 1980, tomando impulsos cada vez maiores, o

Conselho Internacional de Ensino a Distância/CIED já contabilizava mais de 10

milhões de estudantes nesta modalidade. Com os avanços tecnológicos, tendo

como aliado do ensino a distância não só o material impresso, o rádio e a

televisão, mas já é possível e propagado as soluções multimídias, que

trouxeram também junto a internet, novas abordagens de teorias já utilizadas

como o Construtivismo que segundo teóricos como Thomas Duffy, David

Jonassem e Seymourt Papert poderiam ser melhor exploradas com o

computador e a internet. A linguagem de programação LOGO, por exemplo, já

utilizada na década de 1980 foi “repaginada” em 1990 e seguiu sob o nome de

Programa de Valorização do Magistério que qualificava professores desde as

primeiras séries do ensino básico até a formação para o magistério. Na mesma

década o Governo Federal, mais uma vez vislumbrando possibilidades de

alavancar os níveis educacionais do Brasil, faz parceria com a Fundação

Roquette Pinto e com a Fundação Roberto Marinho e lança os programas: Um

Salto para o Futuro e Telecurso 2000. Em 1995 o programa “Um Salto para o

Futuro” sublinha a história da educação a distância no Brasil se incorporado ao

canal educativo da Secretaria de Educação a Distância do Ministério da

Educação - TV Escola.

Na década seguinte o Governo Federal expande o programa para 375

Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs) que foram cadastrados pela

Secretaria de Educação a distância, e receberam aparelhos de DVD para atuar

como pólos de difusão e atualização permanente das novas programações da

TV Escola.

Em 1996 houve um grande avanço no que concerne a

instrumentalização e legalização da EAD, data deste a reformulação da LDB

que institui esta modalidade de ensino em todos os níveis tirando da EAD o

status de informal, evoluindo em seguida com os referências de qualidade

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referentes aos cursos de ensino superior a distância com os decretos 5.622 de

2005, 5.773 de 2006 e 6.303 de 2007.

A propagação do ensino a distancia cresce e em levantamento feito em

2006 pela Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed), mostra que

no Brasil já se totalizava cerca de 2,3 milhões de alunos em instituições de

ensino a distância credenciados pelo MEC, distribuídos em educação

corporativa e em projetos nacionais e regionais do Sebrae. Em quantitativo

nacional, podemos representar que um em cada 80 brasileiros participou de

algum curso a distância no ano em questão.

Amplamente difundida, em todos os níveis, na educação formal e não

formal, a Educação a Distância já está presente nos cinco Continentes, em

mais de 80 países, democratizando o ensino e beneficiando milhões de

estudantes, proporcionando ainda, aperfeiçoamento a professores e a

profissionais de diversas áreas de conhecimento. Tendo inserido em sua

amplitude de atuação, várias Empresas investem nesta modalidade para

treinamento de Recursos Humanos, como por exemplo, a Europa que já

consegue com estes treinamentos, inclusive, maior produtividade redução de

custos na ponta.

CAPÍTULO II

A TECNOLOGIA A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO

A imprensa, o selo postal, os anúncios em jornais, a calculadora, a

máquina de escrever, o rádio, a televisão, o computador... foram inúmeros os

avanços tecnológicos dos últimos cinco séculos que, se a priori foram criados

com finalidades comerciais ou para o uso em guerras, a posteriori estes

avanços se tornaram premissas para a democratização no processo de ensino-

aprendizagem. È acerca desta congruência entre estas tecnologias com o

pensamento científico e com as novas necessidades de mercado que descreve

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o sociólogo, especialista em tecnologia da informação e comunicação, Manuel

Castells:

“Por capacidade tecnológica entende-se a articulação

adequada entre ciência, tecnologia, gerenciamento e

produção em um sistema de níveis complementares em

que cada nível é abastecido pelo sistema educacional

dotado de recursos humanos com as qualificações e em

quantidades necessárias.”

2.1 - A imprensa de Johannes Gutenberg, o motor a vapor de

James Watt e a Apple de Steve Jobs: urge o desenvolver

cognitivo

Muito antes da grande invenção do motor a vapor - considerado

propulsora da Revolução Industrial que serviu de pontapé inicial para toda

tecnologia que temos hoje – é imprescindível destacar a impressão

tipográfica, datada do século XV, de Gutenberg. Poder transpor para o papel o

que antes era apenas possível pela oralidade ou pelo manuscrito, foi um

grande passo para democratização da cultura, ensino e informação, já que o

livro manuscrito tinha custo elevadíssimo e, com isso, o acesso era apenas a

famílias da alta sociedade. Com a tiragem maior possibilitada pela tipografia o

custo era menor o que tornava mais acessível para maior parte da sociedade o

acesso aos livros, folhetos e a bíblia.

A bíblia foi a maior e mais importante obra de Gutenberg. Foi a partir de

sua impressão em 1456 que o povo conquistou o direito a leitura solitária, o

que possibilitou a novas devoções e modificou a forma de relação do homem

com as divindades. Essa quebra de paradigma dogmático, em que o a palavra

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divina necessitava de um interprete ou mediador faz com que os novos leitores

das palavras divinas partam para a busca pelo esclarecimento a fim de

entender as propostas do Deus soberano, deixando de ser refém da

interpretação da Igreja ao ter acesso a este símbolo antitético que era a bíblia,

pois conhecê-lo representava ao mesmo tempo liberdade para viver agora sob

nova interpretação da Reforma Protestante Martin Lutero ou sob a rigidez

católica imposta, de acordo com os desígnios do senhor, pregada pela Contra-

Reforma.

A imprensa marcou de tal forma a avidez pelo conhecimento que se

encontrava a sociedade que se no século XV a leitura e a escrita era uma

realidade para poucos, dois séculos depois, após a vasta campanha Luterana

de ensino da leitura para que os fiéis pudessem “aprender a ler e ver com os

próprios olhos o que Deus ordena e comanda através da palavra sagrada”4,

entre 1650 e 1670, já era possível inferir, nas colônias americanas, uma taxa

de alfabetização de 61% entre os homens, ascendendo para 69% em 1705-

1715, 84% em 1758-1762, 88% em 1787-1795. Já para as mulheres este

cenário era inferior, sendo de 31%, 41% e 46% nos três primeiros períodos

supracitados.

A invenção de Gutenberg foi o marco inicial das tecnologias e relevante

marco divisor entre as trevas da ignorância rumo à luz do saber e

desenvolvimento. Era o início da economia baseada no conhecimento e,

primeiro grande passo para a educação em massa.

Três séculos depois da grande invenção tecnológica de Gutenberg, no

final do século XVIII, outra grande invenção tecnológica mudaria por completo

a forma de produção, a economia e, por conseguinte inicia-se a relação entre

as nações e cultura em massa que busca pelo conhecimento específico que

seria necessário para fazer parte desta nova Era, o homem descobria que o

carvão poderia ser utilizado como fonte de energia e cria o motor a vapor.

James Watt, com sua invenção, muda por completo o meio de produção que

4 ARIÈS, Philippe, DUBY, Georges. História da vida privada. Volume 3: Da Renascença ao século das Luzes.

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antes era manufatureiro e passa a ser industrializado, sendo o precursor e

motivador para uma série de invenções e inovações tecnológicas como o tear

mecânico e máquinas a vapor, o que traria junto consigo, uma urgência ainda

maior no estabelecimento de novos paradigmas de busca pelo conhecimento.

Eram novos e grandes passos para o desenvolvimento tecnológico, que

desembocaria na Sociedade da Informação contemporânea.

A chamada Primeira Revolução Industrial, refletiu nos interesses da

sociedade em relação a pesquisa tecnológica. Mostra disto é que se nas

bibliotecas francesas, nos anos 20, a cota de volumes de caráter científico era

de 18%, no início dos anos 80 este índice evoluí para 30%.

No mesmo século, nas colônias Americanas, as bases do

desenvolvimento tecnológico estava pautado na educação e nas atividades em

seu redor. Com a descoberta que o uso da imprensa poderia ser lucrativo,

empresários começaram a utilizar os jornais como meio para influenciar a

população e para comercializar através da venda de seus espaços na forma de

anúncios, foi assim que em 1728 a Gazzete de Boston registrou a primeira

oferta de EAD que registra a história.

Ainda no “século das luzes”, Noah Webster, ícone americano em

política, lexicografia e da educação, em 1790 propôs que nas escolas públicas

se ensinasse princípios de leis, ética, finanças e governo enquanto que no

Brasil a educação ainda pautava-se no ensino de latim, religião e oratória.

A Segunda Revolução Industrial (segunda metade do século XVII)

trouxe consigo inovações do que já havia sido inventado e inspiração para

novas invenções, o mundo não parava mais de criar e os homens de evoluir.

Nesta segunda fase, foram grandiosas as descobertas e inovações

tecnológicas.

A invenção do selo postal, em 1840 facilitava as entregas por

correspondência, determinando quem arcaria com os custos da entrega, foi

então que se popularizou a comunicação por correspondência, expandido

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também a oferta de cursos por correspondência, como o de Isaac Pitman que

ofertava curso de taquigrafia por correspondência na Grã Bretanha buscando

preencher uma lacuna de profissionais no mercado.

O estudo da eletricidade, permitiu a Samuel Morse a invenção do código

Morse que em 1844 ligava Baltimore a Washington DC se tornando o

precursor em comunicação entre pontos distantes. Com código Morse somado

aos progressos das estradas de ferro, o desenvolvimento do petróleo e do aço,

foi possível eclodir a Primeira Guerra Mundial. A rede de coleta de

informações, a cultura de valorização dos registros durante a Guerra,

paradoxalmente, propiciou relevantes descobertas tecnológicas como a

máquina de escrever, a máquina de somar, o cinema dentre outras invenções

que contribuíram para a prosperidade tecnológica.

Os avanços na área tecnológica continua e, em 1887 o alemão Henrich

Rudolph Hertz descobre o princípio da propagação das ondas radiofônicas,

mas só em 1896 que o italiano Gluglielmo Marconi faz com que as

transmissões sejam sem fios. Era o início da possibilidade de propagação de

informações via rádio.

A Rádio Sociedade do Rio de Janeiro, fundada em 1923 por Henrique

Morize e Roquette Pinto foi a primeira rádio brasileira e importante difusora da

educação na modalidade a distância no Brasil.

A TV, por muitos anos a principal aliada para educação a distância,

surgiu no mesmo ano em que surgia a primeira Rádio brasileira, era registrada

a patente do tubo iconoscópico que permitia o funcionamento da televisão

eletrônica. Doze anos mais tarde, a Alemanha contava com 22 salas públicas

com aparelhos de alta definição, mas seu desenvolvimento e popularização só

deu a partir das descobertas científicas advindas das necessidades da

Segunda Guerra Mundial (1939-1945). Assim como na Primeira Guerra

Mundial, e também paradoxalmente, foi em função da Segunda Guerra

Mundial que tivemos o grande maior desafio da EAD, que era o de treinar os

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soldados para o uso de equipamentos bélicos. E foi com patrocínio

governamental desta mesma guerra que surgiram os primeiros computadores.

Ao final deste conflito, entre 1940 e 1950, nos Estados Unidos, estavam

sendo desenvolvidos 12 grandes projetos de computadores em universidades

com influencia centralizada do Estado. E em 1952 era instalado na General

Motors o primeiro computador com a finalidade de controlar as finanças,

contabilidades e produção da empresa.

Junto ao hardware, outro elemento que se desenvolveu em larga escala

e rapidamente foi o software, com isso as informações além de produzidas

podem ser armazenadas. Com tanto desenvolvimento era crescente o

surgimento de profissões ligadas a gestão destas informações, o número de

programadores, por exemplo, cresce de 1,5 mil para um terço da população

nos Estados Unidos de 1950.

Mas logo não era mais suficiente apenas gerar e armazenar informação,

era necessário trocar e compartilhar estas informações. E, em 1960, empresas

aliam-se as universidades e, com o apoio do governo criam a ARAPANet -

Advanced Research Projects Agency Network – que através de backbone

interligava cientistas, engenheiros e o governo. Na década de 70 o número de

interligações de forma tamanha, que foi necessária nova forma de comutação

de protocolo, o Network Control Protocol (NCP) evoluiu para o TCP/IP

(Transmission Control Protocol/Internet Protocol).

Nesta época, a IBM que hoje é uma potência no que se refere a

computação pessoal, produzia mainframes e, inacreditavelmente, quando

perguntado ao executivo da empresa Robert Lloyd acerca da possibilidade de

se produzir microprocessador ele respondeu: "Mas... para que serve isso?".

A Apple, criada em 1976, diferentemente da IBM viu no computador

pessoal uma grande oportunidade de mercado e popularizou o PC, tendo

vendido em 1982 o equivalente a US$ 583 milhões em equipamentos.

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Lançando ainda, em 1984 o Macintosh, facilitando e disseminando o uso do

computador através do mouse e de uma interface gráfica por ícones.

Popularizado o uso do PC, tendo o hadware da Apple de Steve Jobs e

software da Microsoft de Bill Gates, completos para as necessidades pessoais

e comerciais existentes, é chegada a hora de conhecermos a World Wide Web

que conhecemos e nos coloca em rede com o mundo, foi criada em 1990 pelo

Tim Berners-Lee, que mais tarde implementou a ideia de hiperlink. Nesta

mesma época as informações puderam ser transmitidas de forma criptografada

através do protocolo HTTPS criada pela empresa Netscape. Com isso um

número cada vez mais expressivo de pessoas conecta-se a rede mundial, o

quadro abaixo mostra esta evolução:

Ano Computadores conectados1989 80.0001993 1.300.0001994 2.200.0001996 14.700.0001997 26.000.0002000 304.000.000

Histórico de Computadores ligados à internet

Fonte: CORTADA, 2002, P.100.

A internet interliga o mundo, democratiza o acesso a informação e a

cultura, correlaciona pessoas, possibilita pesquisas dantes inimagináveis e se

torna preponderante para o desenvolvimento social e econômico da sociedade,

sendo cada vez mais acessado, não distinguindo posição social, raça ou clero.

Sem barreiras de espaço e tempo, possibilita que portadores de necessidades

especiais possam “ir” a faculdade ou ao “banco”, que crianças vão a Disney,

que estudantes tenham acesso a bibliotecas do mundo inteiro, ou ainda, visitar

obras de arte como a Monalisa no museu do Louvre em Paris. Intercâmbio

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cultural? Curso no exterior? Desde a década de 90 é possível fazê-lo sem ao

menos tirar um passaporte ou pedir um visto.

Com esta evolução cada vez mais expressiva e consolidada da internet,

cresce também a oferta de cursos, em todas as áreas de conhecimento, na

modalidade a distância, atendo a maior premissa do Capitalismo que é o lucro

a partir de duas necessidades básicas do mercado: profissionais qualificados,

em pouco tempo e a baixo custo.

Em análise feita pela associação E-Learning do Brasil aponta que o

investimentos feitos na área, por escolas, universidades e empresas foi de R$

470 milhões entre 1999 e 2005. O que faz alavancar em paralelo o mercado de

profissionais e fornecedores ligados a conteúdo, softwares, equipamentos, ou

seja, produtores de insumos para a prática do ensino a distância, que segundo

a Associação Brasileira de Educação a Distância (Abed) em 2008 movimentou

R$ 59 milhões.

Além das Instituições Privadas, o Governo Federal também investe na

Educação a Distância, o programa TV Escola, por exemplo, está disponível

pela internet no portal do Domínio Público ou, para aquelas escolas logradas

em lugares sem acesso ou com acesso reduzido a internet, o Governo Federal

investe em distribuição de kits com aparelhos de DVD para que os alunos e

professores possam assistir a aulas do TV Escolas e outras programas de

formação básica ou continuada.

Seja pela escrita dos livros e apostilas, pelo rádio, pela TV, pela internet

ou por qualquer outra tecnologia, a educação ainda têm muito a expandir, mas

é fato que a evolução das tecnologias da informação e da comunicação têm

sido grandes aliados na democratização do ensino e no desenvolvimento das

nações capitalistas.

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2.2 – Recursos tecnológicos: novos paradigmas no

processo de ensino-aprendizagem na EAD

A educação a distância vem através da história acompanhando e

utilizando os recursos tecnológicos em seu favor. Através da história, vários

foram os recursos utilizados para atingir o maior número de pessoas

independente da distância geográfica ou temporal.

Com a invenção do selo postal foi possível ofertar cursos por

correspondência, com a difusão do uso comercial dos jornais era possível

divulgar os anúncios destes cursos, com o advento do rádio e da TV a

educação pode ser ainda mais difundida a distância, mas nenhuma outra

tecnologia propagou e democratizou mais a educação do que a internet.

Quebrar a barreira do tempo do espaço em proporção mundial foi de

importância substancial para a evolução da humanidade, estabelecendo novas

profissões, novos paradigmas sociais, criando, inclusive, uma sociedade nova

sociedade: a virtual. Vejamos a seguir os facilitadores tecnológicos e os novos

papéis desta modalidade da educação e da sociedade contemporânea.

2.2.1 – A aprendizagem e a docência por e-learning

Com a crescente oferta, nas últimas três décadas, do uso do

computador para fins educativos, o papel do professor torna-se centro de

discussões a cerca do processo de ensino-aprendizagem. Alguns pedagogos

discorrem sobre este processo, conceituando-o como ensinar é fazer com que

os estudantes pensem, sublinhando a importância de levar o estudante a

refletir, incentivando a autonomia de cada aluno.

É comum conceituar a aprendizagem virtual como colaborativa, mas na

verdade ela não é, uma vez que o professor a partir do planejamento de sua

disciplina, tem o papel preponderante ativo e gerencia a sala de aula virtual,

sendo seu papel determinante no grau de aprendizagem dos alunos. Para

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tanto, é necessário que o professor ou tutor tenha consciência do que

concerne as características da sala de aula virtuais e, a partir daí traçar sua

estratégia para plano de aula. Dentre as várias características destas salas de

aula, destacam-se:

a) A combinação entre grupos, ex: aluno – aluno, aluno-professor;

b) A inexistência de barreiras temporais e/ou geográficas, o que facilita seu

desenvolvimento no que tange a reflexão crítica;

c) A interação via computador desenvolve a capacidade organizacional na

exposição de idéias, uma vez que estas têm de ser na forma escrita e

de forma inteligível.

Estas características induzem a uma mudança no cenário do ensino

tradicional, pois se no presencial o centro é o professor que domina maior

parte do tempo de aula com suas palestras expositivas, no ensino on-line as

aulas são completamente diferentes, pois o papel do professor é o incitar o

debate e a exposição de ideias, encorajando e incentivando os alunos, este

cenário, indubitavelmente nos remete a um novo papel do professor. Partindo

deste pressuposto, esta modalidade requer técnicas de ensino que se

adéquem a ela.

Neste novo cenário de ensino-aprendizagem, os professores se

perguntam: E como avaliar?

Com a docência sob este novo papel de dinamizador da inteligência

coletiva do grupo e sendo a sala de aula um ambiente de estudo e pesquisa,

nos leva a pensar em novas formas de escrever, ler e lidar com o

conhecimento. Os alunos, que antes eram passivos, recebendo informações,

hoje, tem um perfil de bem mais questionadores, interessados, que opinam e

participam de forma integral no processo educativo. Consequentemente,

professores mais dinâmicos buscando outras formas de ensinar, educar, e é

claro, de avaliar. Será tão importante verificar a que respostas o aluno chegou

quanto saber os caminhos utilizados para isso. Porque os percursos dizem

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muito mais sobre o desenvolvimento de habilidades e competências do que as

respostas.

Avaliar será, portanto, medir a qualidade de processos abrangentes, a

partir de critérios como consistência, previsibilidade, motivação, envolvimento,

performance, capacidade de articular conhecimentos, de comunicar-se e

estabelecer relações.

2.2.2 - Hipertexto: um recurso positivo à extensão do conhecimento

São inúmeras as possibilidades hipertextuais na Rede Mundial de

Computadores que podemos dispor de forma sistematicamente organizada e

de acordo com a área de interesse, de textos na íntegra como: jornais, livros e

revistas, de forma rápida, global e econômica. Sendo esta possibilidade aqui

denominada por e-textos [E-Texte]. Um bom, e grande exemplo desta

modalidade é o www.dominiopublico.gov.br/ onde é possível encontrar livros e

artigos de grandes autores disponíveis em pdf para deleite do leitor.

Sobre a abrangência e a abordagem documentos hipertextuais e as

hiper-redes, o primeiro ao abordar um assunto determinado, o faz de forma

abrangente, dispondo ao leitor a possibilidade de interagir com outros textos e

outros temas que tratam da mesma vertente, entretanto diferente dos e-textos

este aperfeiçoamento a cerca dos assuntos abordados se dá através de

hiperlinks de forma interrelacionada e dinâmica o que difere dos arquivos em

pdf ou html. Já as hiper-redes tem uma abrangência macro, pois não delimita

as possibilidades, mas sim contempla todas as possibilidades hipertextuais,

internas ou externas por meio de links no próprio site.

Na contemporaneidade, os cursos oferecidos na modalidade EAD são

os que representam estes recursos de hipertextos, aliás, não só representam

como agregam todas estas possibilidades em cada curso, aula, avaliações e

exercícios. Assim como nas aulas presenciais lançamos mão de “hipertextos”

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palpáveis, como o caderno, os livros que compramos ou que locamos na

biblioteca da IES, na EAD são utilizados os glossários, as bibliotecas virtuais,

os anexos em pdf e html inseridos pelos professores, os sites indicados em

forma de hiperlinks e, até mesmo, os textos escritos pelos colegas em chats e

discussões.

Sem dúvida, as possibilidades de hipertexto agregam de forma

substancial a extensão do conhecimento e do saber, mas é imprescindível que

por parte dos docentes e/ou autores seja dado atenção ao foco em que

direcionará o aluno e/ou leitor, para que o objeto de ensino seja a pauta

discutida e não haja dispersão do assunto. Por parte do leitor e/ou aluno é

necessário manter o foco no objetivo a ser assimilado, para que o aprendizado

não seja pulverizado na dispersão de vários assuntos e hipertextos.

CAPITULO III

A EAD, SEUS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS:

UMA QUESTÃO DE PONTO DE VISTA

A EAD surge para atender as demandas que o ensino regular

gradativamente, vem se tornando incapacitado ou insuficiente para preencher

lacunas proeminentes do desenvolvimento sócio-econômico e da globalização,

que necessitam de transposição como: barreiras geográficas - abrangendo da

metrópole ao limite mais ermo campesino; temporais, em que se pode estudar

no laboratório de informática do pólo matriculado, em seu palm nas horas que

gasta-se no trânsito no deslocamento diário de casa para o trabalho, ou ainda,

no computador de casa, enquanto a dona de casa aguarda o jantar que está

no fogo ficar pronto. Além, é claro, do custo-benefício de profissionalizar-se ou

atualizar-se a custos bem menores, por vezes chegando próximo do nulo. São

estes os principais motivos para que esta modalidade de ensino venha se

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tornando cada vez mais difundida e procurada pela sociedade que precisa se

adequar ao ritmo expresso em que vive.

Numa modalidade em que o aluno é o exclusivo responsável pelo ritmo

e realização de seus estudos a maturidade é a peça chave para sucesso na

atividade, pois é papel do aluno dividir/planejar seu tempo/conteúdo, interagir

com seu professor/tutor e trocar experiências com seus “colegas de turma”

aproveitando ao máximo cada minuto dispensado nas atividades, primando

pela qualidade no processo de absorção e compreensão do conteúdo

proposto.

A sistematização de cada curso, com seu projeto prévio que inclui o

trabalho e influência multidisciplinar de diversos profissionais é extremamente

contributiva e conduz a EAD a excelência qualitativa, pois o que é feito não é

feito na esfera privada da sala de aula, ou seja, só entre o professor e o aluno,

mas sim dentro de um espaço público, envolvendo e estando visível não só

para o corpo discente e docente, mas para todo o corpus da Instituição de

Ensino.

Por outro lado, com o crescimento cada vez mais rápido e massivo das

IES que adotam a EAD como modalidade de ensino, torna-se apreensiva a

ótica de algumas IES adotam frente a esta modalidade, utilizando-a única e tão

somente sob a forma industrializada de ensinar e aprender, desconsiderando

as complexidades que subjaz o processo de ensino-aprendizagem que, neste

cenário, exige maior acuidade.

O professor por sua vez, deve atentar para a relevância da qualidade

extrema que sua contribuição deve ter para com o aluno desta modalidade,

não se deixando levar apenas pelo sentimento de desenvolvimento

tecnológico-capitalista, mas sim acrescentar a isso sua atitude filosófica

enquanto docente, pois já que etimologicamente educar significa “levar de um

lugar para o outro”, não há maneira mais eficiente de se educar uma grande

quantidade de pessoas simultaneamente do que a EAD.

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Conclusão:

Até meados do século XVI o desenvolvimento cognitivo e científico se

dava à pequenos passos, a Igreja Católica detinha o conhecimento que se

dava apenas em nome de Deus. Os movimentos filosóficos, científico-

tecnológico e econômico representados pela Revolução Científica, a Reforma

Protestante, O Iluminismo e a Revolução Industrial que desembocaram na

economia liberal, o chamado Capitalismo e foram condicionantes para a busca

pelo conhecimento na sociedade Ocidental e, por outro lado, a busca de novos

métodos de ensino para atender as necessidades deste novo cenário.

O ser que antes obedecia a palavra da Igreja e produzia a manufatura

para seu próprio sustento, agora pensa e, ao pensar almeja e, ao almejar

impõe ao mercado necessidades que precisam ser supridas. O mercado por

sua vez precisa produzir mais e mais velozmente, para tanto, cria-se na

mesma velocidade mais máquinas e para manuseio destas máquinas há a

necessidade da especialização de mão de obra, bem como para administração

das empresas.

À medida que se desenvolve a economia liberal, pautada cada vez mais

em tecnologia, a educação que antes era centralizada e sob a detenção de

poucos, desde o século XVI, foi se tornando cada vez mais democrática no

que concerne ao acesso, porém, paralelo a isso, o mercado torna-se cada vez

mais exigente em qualificação de habilidades e competências que precisam

ser produzidas em pouco tempo e a baixo custo.

Foram estes condicionantes que históricos, de cunho econômico e

social, sob novos paradigmas tecnológico, filosófico e científico, que levaram

ao modelo educacional tecnológico e a distância, buscando suprir lacunas

educacionais existentes do novo mercado que, com sua economia liberal, vem

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se tornando cada vez mais preponderantemente competitivo e excludente para

aquele que não se adequar às necessidade atual do mercado, que por sua vez

representa a necessidade de uma sociedade que vive uma dialética capitalista-

tecnológica em que tudo se relaciona, tudo se transforma e, ao mesmo tempo,

paradoxalmente, tudo se contradiz.

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ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 2

AGRADECIMENTO 3

DEDICATÓRIA 4

RESUMO 5

METODOLOGIA 6

SUMÁRIO 7

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I

AS LUZES DO SABER COMO ENGRENAGEM DO DESENVOLVIMENTO 9

1.1 - Das trevas da ignorância à luz da busca pelo conhecimento 10

1.2 – Da Idade Média a Idade Moderna. A sociedade industrial, seus

novos paradigmas educacionais e o início oportuno da EAD 13

1.3 - Do Moderno ao Contemporâneo. A EAD e a democratização de

oportunidades na educação 18

CAPÍTULO II

A TECNOLOGIA A SERVIÇO DA EDUCAÇÃO 24

2.1 - A imprensa de Johannes Gutenberg, o motor a vapor de James

Watt e a Apple de Steve Jobs: urge o desenvolver cognitivo 25

2.2 – Recursos tecnológicos: novos paradigmas no processo de

ensino-aprendizagem na EAD 32

2.2.1 - A aprendizagem e a docência por e-learning 32

2.2.2 - Hipertexto: um recurso positivo à extensão do

conhecimento 34

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CAPÍTULO III

A EAD, SEUS PONTOS POSITIVOS E NEGATIVOS: UMA QUESTÃO DE

PONTO DE VISTA 35

CONCLUSÃO 37

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 39

ÍNDICE 41

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: Universidade Cândido Mendes / Instituto A Vez do

Mestre

Título da Monografia: EAD: Uma Dialética Capitalista-Tecnológica

Autor: Chayana Leocádio da Silva

Data da entrega: 25/01/2011

Avaliado por: Conceito: