78
UNIVERSIDA DE CANDIDO MENDES PÓS-GRA DUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO A VEZ DO MESTRE CDC: Tendências, Soluções e as Melhores Práticas no Relacionamento com o Cidadão ... Uma conquista para a Sociedade Por: Simone Jasmelina Alves Braga Orientador: Profº.Sergio Ribe iro Silva Coordenador: João Theotônio Rio de Janeiro 2006

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

CDC: Tendências, Soluções e as Melhores

Práticas no Relacionamento com o Cidadão

... Uma conquista para a Sociedade

Por: Simone Jasmelina Alves Braga

Orientador:

Profº.Sergio Ribeiro Silva

Coordenador: João Theotônio

Rio de Janeiro

2006

Page 2: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

2

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO A VEZ DO MESTRE

CDC: Tendências, Soluções e as Melhores

Práticas no Relacionamento com o Cidadão

... Uma conquista para a Sociedade

Apresentação de monografia à Universidade

Candido Mendes como requisito parcial para

obtenção do grau de especialista em Direito do

Consumidor

Por: . Simone Jasmelina Alves Braga

Page 3: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

3

O Começo Sem fim

Pegue no pé do mentiroso enquanto tem pernas curtas.

Negocie com o intransigente enquanto está em cima do muro.

Argumente com o fanático enquanto a idéia não é fixa.

Quebre o gelo do louco enquanto não é de pedra.

Junte o pó do visível enquanto o vento não vem.

É caminhando no mesmo tempo das coisas

Que você ganha o seu tempo também.

TAO – O Livro

Lao Tse

Page 4: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

4

AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por mais a esta etapa.

E aos demais que contribuíram para mais esta conquista:

Ao Presidente da Appai – Julio César da Costa,

Meu marido Antonio César, meu filho Thiago Matheus,

Minha mãe, Raimunda, Meus sogros Lourdes e Manoel,

Aos colegas de turma, João Cid, Paula e Simone Blanco.

As colegas de trabalho, pelo incentivo,

e de modo especial, o meu carinho e

gratidão a Ouvidora Cristina Vasconcelos.

Page 5: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

5

DEDICATÓRIA

....Dedico esta obra a minha mãe,

Raimunda e ao meu pai, in memorian ,

José Antonio, que me ensinaram que o

estudo é um bem preciso da vida...

...Dedico ao meu marido Cesar e ao

pequeno príncipe que temos em nosso

lar, Thiago Matheus.

... Dedico aos meus sobrinhos: Giovanna,

Thulany, Thaiany, Paulo Victor, José

Guilherme e Maria Isabel, para que

persistam diante dos obstáculos da vida.

Page 6: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

6

METODOLOGIA

Para o estudo do tema apresentado: CDC: Tendências, Soluções e as

Melhores Práticas no Relacionamento com o Cidadão... Uma conquista para a

Sociedade, foram observados a trajetória de sucesso, na empresa em que

trabalho, e atuo como Ouvidora da Appai – Associação Beneficente dos

Professores Públicos Ativos e Inativos do Estado do Rio de Janeiro.

Para melhor contextualização, serviu como base os conhecimento adquiridos

no curso de Capacitação e Formação de Ouvidores – pela Faculdade Estácio

de Sá, bem como a participação de eventos, seminários o qual faço questão

de participar de todos.

As aulas ministradas no Curso de Pós Graduação em que participo , de

maneira especial aos módulos que tiveram como temática, o Direito à

Informação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros.

Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para melhor abordagem e

organização de idéias frente ao desafio de desenvolver esta monografia.

Foram realizadas pesquisas junto a internet, o que culminou inclusive com

textos também reproduzidos como anexos.

Na pesquisa de campo, houve a contemplação para a realização deste

trabalho tendo em vista os estudos de casos que são realizados na Ouvidoria

da Appai, o qual escolhemos um deles para melhor conotar o trabalho

desenvolvido através do árduo papel do novo profissional do mercado, ainda

muito tímido que ganha força no mercado: o Ouvidor.

Page 7: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

7

RESUMO

Esta monografia tem como objetivo o estudo que leve a reflexão sob as

condições atuais existentes no mercado de consumo, suas tendências e

principais soluções na busca constante de melhoria na qualidade, e que

através da determinação e do espírito empreendedor dos Gestores, estarão

preservando a existência de suas Empresas, para uma Sociedade mais

consciente, que utilizarão de ética e transparência nas relações de consumo,

em respeito ao Cidadão.

A coleta e observação dos dados ocorreu na Appai - Associação Beneficente

dos Professores Públicos Ativos e Inativos do Estado do Rio de Janeiro,

representada por seu Diretor Presidente, o Sr. Júlio Cesar da Costa. Uma

Associação de Classe que tem por objetivo, disponibilizar ao seu Quadro

Associativo Benefícios de Saúde, Educação, Lazer , Seguros, entre outras

assistências aos titulares e seus dependentes diretos e/ou agregados.

Diante do cenário em que o mercado em que atuava, de um lado a

preocupação constante em agregar valor ao seu produto (Benefícios), a

evolução dos conceitos de qualidade e evitar as situações indesejáveis de

conflito com o cliente, minimizando os litígios junto ao judiciário, que podem

evidenciar um custo com danos que fatalmente afetam a saúde de seu

negócio, uma vez que não podemos descartar, a hipótese do

comprometimento também da imagem da Instituição Appai; e assim, através

da Direção emergiu a necessidade de ampliar o relacionamento de seus

clientes, conforme as normas constantes no Estatuto Social, da Associação e

daí adotaremos a estes “clientes” o título de colaboradores (associados) . Aos

colaboradores, esperavam-se não apenas ampliar sua satisfação, e sim em

uma visão macro que foi instituída através da concepção da figura do

Ouvidor, que vem a ser a voz do Associados dentro da Empresa (Associação).

Estes consumidores (colaboradores) são formadores de opinião, sendo estes

Page 8: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

8

os responsáveis em reforçar à Imagem da Associação (Instituição) e então

garantir o sucesso da Empresa.

Desta forma, cabe ao Ouvidor, no uso de suas atribuições e do Código de

Defesa do Consumidor promover através dos erros a oportunidade de rever

seus processos e falhas através deste canal e enfim, desenvolver o trabalho

de promoção à Cidadania, garantindo os Direitos e Deveres que

verdadeiramente contribuirão com a evolução de uma sociedade mais justa e

consciente, conforme previsto:

“Lei nº 8.078/90 – Artº 1º O presente código estabelece

normas de proteção e defesa do consumidor, de ordem

pública e de interesse social, nos termos dos arts.5º

inciso XXXII, 170, inciso V da Constituição Federal e artº

48 de suas Disposições Transitórias.” (Código de Defesa

do Consumidor Comentado – Idec – pág.17)

Page 9: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

9

SUMÁRIO

RESUMO 07

METODOLOGIA 06

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I -MOVIMENTO CONSUMERISTA 11

CAPÍTULO II - MERCADO CONSUMIDOR 22

CAPÍTULO III – CONSUMIDOR: DO DIREITO À INFORMAÇÃO

À GARANTIA DA COGNOSCIBILIDADE 30

CAPÍTULO IV – RESPONSABILIDADE SOCIAL 51

CONCLUSÃO 53

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 72

ANEXOS 55

ÍNDICE 77

FOLHA DE AVALIAÇÃO 79

Page 10: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

10

INTRODUÇÃO

O trabalho a ser desenvolvido, teve como base a observação na APPAI -

Associação Beneficente dos Professores Públicos Ativos e Inativos do Estado

do Rio de Janeiro, a respeito dos diferentes modelos de atendimento e a

adequação ao novo modelo de gestão corporativa, voltada para a

Responsabilidade Social.

Neste estudo serão abordados os diversos modelos de movimentos de

consumo no mundo e no Brasil bem como a amplitude do Código de Defesa

do Consumidor, e os princípios que norteiam a atual Política Nacional de

Consumo.

Serão analisados as prerrogativas do CDC, frente ao mercado consumidor, os

modelos de comportamento e perfil deste novo consumidor: mais consciente,

do seu papel junto a sociedade, sendo imprescindível o direito à informação,

visto que o maior conflito das relações de consumo: é a informação.

O Direito a informação, não se limita apenas aos canais de comunicação

existentes hoje nas empresas: Sac e Call center, surge então a necessidade

de ampliar a comunicação através do canal do relacionamento: a Ouvidoria.

Qual a competência e habililidades de uma Ouvidoria, no papel do seu

Ouvidor, que também interage como mediador de conflitos, é ele a voz do

cliente dentro da empresa, é o agente de mudança.

A empresa responsável socialmente, é a nova face da empresa Cidadã: que

respeita o cliente, como consumidor, como cidadão! E assim reforça sua

imagem instituicional, tornando-se mais competitiva frente ao mercado, tão

concorrido.

Page 11: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

11

I – MOVIMENTO CONSUMERISTA

1.1 – Movimento Consumerista : no Mundo

No início século XIX a.C, a relação do comercial era regulada pelo Código de

Hamurabi, que através dos mandamentos existentes ali, preconizavam a

razão como base para os “vícios” de produtos e serviços. No Código eram

previstos as condições para serviços, preço, qualidade, quantidade, prazos e

punições inclusive com a própria vida.

Em outras obras encontramos algumas referências de autores que

demonstravam a preocupação quanto aos interesses do comércio, sob as

formas como eram resguardados os direitos dos consumidores, e daí

entendermos este movimento que norteariam as relações de consumo pelo

mundo. Vejamos:

Código de Massu – eram previstos multas, punições, ressarcimentos

aos que adulterassem produtos; a lei também era aplicada aos que

praticassem vendas de bens de igual natureza a preços distintos.

Já no Direito Romano, cabia ao vendedor a responsabilidade pelos

vícios do produto, da coisa ou serviços, porém desde que fossem

reconhecidos pelo mesmo.

Diferentemente, no Período Justiniano, a responsabilidade era atribuída

ao vendedor, independentemente do seu reconhecimento do defeito; as

ações quanto ao preço menor (ações redibitórias/quanti minoris) eram

amparadas a “Boa fé do consumidor, onde eram reconhecidas o direito

ao ressarcimento, caso existisse vício oculto. Não obstante aos casos

em que o vendedor tivesse a ciência do defeito, caberia a ele a

devolução, em dobro.

No período Romano, diante das dificuldades de abastecimento, o

consumidor indiretamente era beneficiado pela intervenção do próprio

Estado, face as dificuldades existentes naquele período, onde eram

regulados o acesso a distribuição aos indigentes (Lei Clódia), vendas de

Page 12: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

12

alimentos abaixo do valor de mercado(Lei Sempcônia) e foi através da

Lei Aureliana, que coube ao Estado a distribuição do pão.

Em uma citação da obra de Pirenne, é elucidado no subtítulo “A

Proteção ao Consumidor”, onde eram impostas já aos artesãos, com o

objetivo de resguardar a qualidade em produtos fabricados.

Na Europa, no movimento de Defesa do Consumidor foram registrados

ações que repudiavam as práticas comerciais desonestas, na França

pelo então Rei Luiz XI (1481); O Direito Português, conforme relato do

Jurista Carlos Ferreira Almeida (Portugal), a afirmativa constava nos

códigos penais de 1852 e 1886; Na Suécia, em 1910, surge a primeira

legislação protetora do consumidor.

Nos EUA, os movimentos de reação dos consumidores, tiveram início

em 1773, em seu período colônia, marcado pelo episódio contra o

imposto do chá no porto de Boston, também conhecido (Boston Tea

Party). Já em 1776, foi a vez da revolução do consumidor, conhecida

como a Revolução Americana, onde na visão de Miriam de Almeida

Souza “os consumidores americanos eram obrigados a comprar

produtos manufaturados da Inglaterra, pelos tipos e preços

estabelecidos pela metrópole que exercia o seu monopólio”. Mais tarde,

por volta de 1914 foi criada a Comissão Federal de Comércio (Federal

Trade Commission), que tinha por objetivo a aplicação da lei antitruste

que protegia os interesses dos consumidores.

Ainda nos EUA, com o ampliação do capitalismo, o movimento em

defesa dos cidadãos no final do século XIX, teve como seu precursor a

indústria, onde através da exploração do trabalho infantil, teve uma

atuação de exigência que influenciava o mercado de consumo, tendo

em vista a ausência de dignidade humana quanto aos direitos dos

trabalhadores que eram negados.

Em 15 de março de 1962, nos Estados Unidos, o então Presidente John

Kennedy reconheceu os direitos dos consumidores, através da

mensagem encaminhada ao Congresso Nacional Americano, onde

ficam preservados aos cidadãos: a segurança, a informação, escolha e

Page 13: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

13

o direito de ser ouvido. Nesta data então foi criado o Dia Mundial dos

Direitos do Consumidor.

Entre as décadas 60 e 70, começam a surgir os movimentos

organizados por parte dos consumidores, em 1965 – na Malásia surge a

primeira organização em países em desenvolvimento, a “Selangor and

Federal Territoy Consumers Association”. Já em 1970, além dos

movimentos e associações de consumidores, é grande as informações

correlatas sobre legislações, já sendo notado a preocupação dos

movimentos consumeristas em preservar o meio ambiente.

É em 1985, que através da Assembléia Geral da Organização das

Nações Unidas, que foram ressaltadas as Diretrizes para a Proteção

dos Consumidores , destacando-se a importância da participação dos

governos para com as políticas de proteção e defesa do consumidor.

Na década de 90, que este movimento consumerista foi impulsionado

pela Globalização. O avanço tecnológico, levou a maior interação entre

países, sociedades, era a comunidade de consumo que cada vez mais

tinha acesso aos movimentos existentes, a informação era mais rápida,

os direitos dos consumidores, tomavam força, pois já tinham acesso a

produtos e serviços. A difusão do movimento dos consumidores em

escala cada vez maior aos países em desenvolvimento, impactando

cada vez mais aos trabalhos de prevenção e educação, dignificando os

valores e respeito à cidadania.

Outros fatores que contribuíram para a mudança de mentalidade a cerca do

Direito, vale ressaltar a importância da Evolução dos Direitos Humanos, que

passando da Idade antiga, onde a razão era onipotente, na Idade Média os

movimentos do Cristianismo e Humanismo,a Igreja era o centro das ações,

e posteriormente o Renascimento e Iluminismo que preconizavam uma

visão positiva do Direito; entre outros movimentos que revolucionaram o

Direito, em questão, podemos ainda destacar Russeau, Razão e o Contrato

Social, Montesquier e Locke nas referências à Liberdade, Propriedade e

Igualdade. Na época moderna, podemos destacar em 1714 a Declaração

Page 14: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

14

Direitos da Virgínia e 1789 a então Declaração Francesa em 1948, eis que

destacamos com relevância: a Declaração Universal dos Direitos do

Homem e do Cidadão, que tem como prerrogativas a luta entre a Razão e a

Igualdade.

1.2 - Movimento Consumerista, no Brasil e Legislações

pertinentes:

Como no mundo, o Brasil já despontava o movimento que estabelecia regras

de proteção e defesa aos consumidores. Em nosso Código Comercial, de

1840, nos Artigos 629 e 632 eram previstos os direitos e obrigações aos

passageiros de embarcações, em que aos casos de qualquer interrupção na

prestação de serviços, os mesmos teriam a opção em pagar o correspondente

ao novo percurso.

Foram registrados entre os anos 30 e 50, uma crescente manifestação do

movimento do mercado consumidor, que através da iniciativa popular, que

eram impulsionados ora pelos altos preços, noutros momentos à escassez de

produtos, que davam indícios às noções já existentes de proteção aos

consumidores.

Em nosso Código Civil (1916) , o artigo 1245 tratava dos critérios da

responsabilidade do fornecedor, “... o empreiteiro de materiais e execução

responderá, durante cinco anos, pela solidez e segurança do trabalho, assim

em razão dos materiais, como do solo, exceto, quanto a este, se, não o

achando firme, preveniu em tempo o dono da obra”.

Mais tarde, em 1976, em São Paulo, é criado o primeiro órgão de proteção ao

consumidor, o então Grupo Executivo de Proteção ao Consumidor, e que mais

tarde fora chamado até os dias de hoje de PROCON. Ainda na década de

setenta, algumas normas (decretos) foram extensivos aos segmentos de

habitação, alimentos, saúde e locação, e assim o movimento de direito e

proteção aos consumidores tornavam-se cada vez mais difusos.

Page 15: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

15

Por volta da década de 80, em meios as mudanças, decorrentes dos

movimentos políticos, mudança de governos, com a liberdade de expressão

constantes no atual cenário, a nova palavra de ordem era “democracia”,e com

ela as transformações sócio econômicas que decorriam dos planos

econômicos.

E assim, a proteção aos consumidores eram intensificadas cada vez mais

através das questões de consumo, dando lugar as normas técnicas,

regulamentos e atividades afins de Boa Prática. E, por volta do ano de 1985 no

âmbito federal, foi criado o Conselho Nacional de Defesa do Consumidor. Em

1987, foi fundado o IDEC (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e em

1989, a OAB/SP instituiu a Comissão de Defesa do Consumidor.

Ressaltamos que no Brasil, boa parte do século XX, as relações de consumo

eram norteadas basicamente pelo Código Civil.

Os movimentos de globalização, impulsionaram a transformação

economicamente aqui no Brasil, e ainda que timidamente acenavam para a

Proteção, Direito e Defesa dos Consumidores, que eram impulsionados pelas

normas legais, e através de seus dispositivos tinham na Legislação Brasileira,

o que mais tarde, no final dos anos oitenta com o advento da Nova Carta

Cidadã – a Constituição Federal /88 e bem como a década de 90 que foi

marcada pelo auge do movimento consumerista pelo mundo que culminaria o

Código de Defesa do Consumidor, brasileiro.

No Brasil, em 1988, foi a Constituição Federal, que

promulgou os direitos e garantias do cidadão, através de

um novo sistema, o de Defesa do Consumidor, conforme

o Código de Defesa do Consumidor Comentado – Idec –

pág.17)

“somente na Constituição de 1988 é introduzida a figura

do consumidor como um agente econômico e social,

Page 16: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

16

cujos direitos devem ser garantidos, na forma da lei.

Essa lei é o Código de Defesa do Consumidor, que vigora

desde 11 de março de 1991. Nas Constituições

anteriores, a palavra “consumidor” nem sequer existia”.

Como já vimos anteriormente a proteção do consumidor prevista na

Constituição, tem em seu contexto os princípios gerais que norteiam a

atividade econômica, claramente evidenciado em seu artigo 170.

“A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre

Iniciativa, tem por fim assegurar a todos a existência digna, conforme os

ditames da justiça social, observados os seguintes princípios:

I – Soberania nacional;

II – propriedade privada;

III – função social da propriedade;

IV – livre concorrência;

V – defesa do consumidor;

VI – defesa do meio ambiente;

VII – redução das desigualdades regionais e sociais;

VIII - busca do pleno emprego;

IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de

capital nacional de pequeno porte.

Parágrafo único: É assegurado a todos o livre exercício de

qualquer atividade econômica, independentemente de

autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos

em lei.”

Desta forma, há de compreender-se que a defesa do consumidor é um dos

princípios que fundamentam a ordem econômica no Brasil.

Page 17: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

17

1.2.1. – Código de Defesa do Consumidor e as Relações de

Consumo

Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 - CDC- comentado Idec/2001:

“Código ou Lei? Na prática, não há diferença.

Desobedecer a um código ou uma Lei, dá na

mesma. Chama-se de Código a lei que regula

determinado assunto de forma mais completa e

sistematizada. Por isso, você pode falar tanto em

Código como em Lei do Consumidor, pois as duas

formas estão corretas.”

A nova Lei, 8.078/90, tem por objetivo atender e, assegurar o direito e respeito

aos consumidores, tais como: transparência, ética, proteção, segurança, saúde

e uma melhoria continua na qualidade de produtos, serviços e de vida. Ainda

sob os aspectos descritos anteriormente, no que tange aos objetivos do

Código, ressaltamos que o mesmo tem como papel intervir nas relações de

consumo na defesa do consumidor, uma vez que é notável a sua condição de

fragilidade nas relações, isto porque no momento em que adquire, ou mesmo

contrata algum benefício/serviço, alguns itens tipo (características, prazos,

durabilidade, eficácia, planejamento entre outros) são por vezes ignorados por

este consumidor ou até desconhecidas as informações ora contratadas, e que

regularmente seguem as normas e implicações jurídicas. Daí a explicação para

tamanha “fragilidade”.

Em linhas gerais o CDC funciona como elemento elo das relações entre

fornecedores de produtos e serviços junto aos clientes. E assim, ele o Código

dispõe de 119 artigos que são sumariamente identificados nos seguintes

“Títulos”, vejamos:

1. Título I – Dos Direitos do Consumidor – subdivididos em sete Capítulos,

sendo estes : (Disposições Gerais, Da Política Nacional de Relações de

Consumo, Dos Direitos Básicos do Consumidor, Da Qualidade de

Page 18: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

18

Produtos e Serviços, da Prevenção e da Reparação dos Danos, Das

Práticas Comerciais, Da Proteção Contratual e Das Sanções

Administrativas);

2. Título II – Das Infrações Penais;

3. Título III – Da Defesa do Consumidor em Juízo;

4. Título IV – Do Sistema Nacional de Defesa de Consumo

5. Título V – Da Convenção Coletiva de Consumo

6. Título VI – Disposições Finais

É com a Lei 8078 (de 11 de setembro de 1990), que o Legislador vem ratificar

as normas de proteção e defesa do consumidor, através também da ordem

pública e do interesse social.

Embasado no objeto de estudo, estaremos transcrevendo a seguir, alguns

artigos do CDC(Código de Defesa do Consumidor Comentado – Idec –

págs.18 a 19), para melhor compreensão das partes inerentes às relações de

consumo:

Artº 2 – Consumidor é toda pessoa física ou jurídica que

adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário

final.

Parágrafo único: Equipara-se a consumidor a

coletividade de pessoas, ainda que indetermináveis, que

haja intervindo nas relações de consumo.

Artº 3 – Fornecedor é toda pessoa física ou jurídica,

pública ou privada, nacional ou estrangeira, bem como os

entes despersonalizados que desenvolvem atividades de

produção, montagem, criação, construção,

transformação, importação, exportação, distribuição ou

comercialização de produtos ou prestação de serviços.

Page 19: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

19

Primeiro Parágrafo – Produto é qualquer bem, móvel ou

imóvel, material ou imaterial.

Segundo Parágrafo – Serviço é qualquer atividade

fornecida no mercado de consumo mediante

remuneração, inclusive as de natureza bancária,

financeira, de crédito e securitária, salvo as decorrentes

das relações de caráter trabalhista.

Vejamos o que em linhas gerais, dispõe a Lei 8078/90:

Prevenção e responsabilidade no que se refere a segurança, adequação

e funcionalidade;

Direito a informação sobre composição, condições de uso e

funcionamento;

Prevenção à todo e qualquer tipo de publicidade enganosa;

Prevenção contra contratos abusivos e práticas comerciais coercitivas;

Facilitação à defesa dos direitos do consumidor, inclusive com eventual

inversão do ônus da prova.

Desta forma, espera-se por parte dos magistrados, o julgamento com os

modernos princípios do Direito, fulcrado no equilíbrio real na relações de

consumo, tais como boa fé e equidade.

Em objetos de estudos, a Sociedade vem frequentemente adquirindo novos

meios que promovam o respeito à Cidadania, através de ações que promovem

o desenvolvimento de campanhas educativas e de incentivo à Informação,

como prerrogativa de Direito básico do Cidadão.

No Brasil, acompanhamos no Estado do Rio de Janeiro, a forte contribuição

por parte de vários segmentos da Sociedade que através da mídia, contribui

para o acesso às informações inclusive a outras camadas da Sociedade, inclui-

se aí também as Empresas existentes neste mercado.

Page 20: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

20

É notório a divulgação de eventos, seminários e cursos de aperfeiçoamento

em locais públicos, como é o caso dos encontros anuais, “Expo-Consumidor”,

promovidos pela Associação Pró-Consumidor, representada por seu

Presidente e atuante defensora dos Direitos dos Consumidores, na pessoa da

Dra.Sônia de Carvalho que tem como um de seus objetivos propiciar encontros

com diferentes segmentos do mercado de consumo de nosso Estado, sendo

alguns deles (Detran, CEDAE, Telemar, BR, Metro Rio, Senac Rio, Estado e

Município, Furnas, OAB, outras Ouvidorias, Agências Reguladoras,

Assembléia Legislativa, entre outros).

Ressaltamos com relevância, a idealização da Campanha “Mania de Bom

Atendimento”, também desenvolvida pela Associação Pró-Consumidor, que

visa defender o consumidor e trabalhar em prol da harmonia das relações de

consumo, e assim orienta aos consumidores e fornecedores, que através de

mecanismos buscam ainda a solução de conflitos, conscientizando os

fornecedores de produtos e serviços, visando acima de tudo seu

aperfeiçoamento, proporcionando maior interação com seus consumidores, e

assim promover a fidelização através da filosofia do bom atendimento. É neste

ínterim que são agregados novos valores à imagem Institucional, perante a

concorrência.

Não obstante a mídia ainda corrobora, através de programas de orientações

ao consumidor, semanalmente em redes de TV, rádios e jornais.

Atualmente, a mobilização do judiciário, vêm disponibilizar o que há de melhor

interação no mercado das relações de consumo, facilitando o acesso do

judiciário atuando não só na Capital, como em outras cidades, são levados aos

consumidores o acesso a Proteção e Defesa dos Direitos dos Consumidores,

com novos fóruns (juizados especiais) e também através do ônibus itinerante,

que tem alcançado um significativo trabalho, ainda que vez por outra podem

interferir negativamente na contextualização das relações (consumidor e

fornecedor).

Page 21: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

21

Como vimos o CDC veio para regular as relações, através de mecanismos que

possibilitem o equilíbrio nas relações de consumo. O Código não tem o

aspecto punitivo, ele visa a extensão do poder de negociação frente a

eventuais conflitos que por ventura venham intermediar as relações entre

consumidores e fornecedores. É notável que o Código de Defesa do

Consumidor, assegura além dos direitos individuais e subjetivos, busca

também soluções para as lides coletivas.

Desta forma, passaremos a expor, como foi a mudança de comportamento do

consumidor, frente ao acesso à informação, que vem acender a nova realidade

do mercado, que requer transparência, qualidade, segurança entre outros

atributos que darão forma a uma nova visão da Sociedade.

Page 22: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

22

2- MERCADO CONSUMIDOR

2.1 – Comportamento do Consumidor

Dentre as inúmeras transformações após a Segunda Guerra Mundial, alguns

fatores que influenciaram a sociedade em que vivemos, desencadearam

alguns movimentos que deram início a preocupação constante em satisfazer

os clientes e consumidores, entre estes podemos destacar:

Um consumidor mais exigente;

A busca constante pela melhoria da qualidade, por parte das Empresas.

De um lado, clientes exigem respeito e satisfação, de outro, o ambiente cada

vez mais concorrido, a exigir das organizações crescentes esforços para obter

ganhos de eficiência.

Embora a princípio possam parecer divergentes, os interesses de clientes e

fornecedores convergem para um mesmo ponto: a necessidade de produzir

qualidade capaz de satisfazer usuários e consumidores.

A busca constante pela excelência deixou de focalizar apenas qualidade dos

produtos, os ganhos de produtividade e o atendimento às solicitações dos

clientes. Indo além, proporcionando o aprimoramento das melhores práticas de

gestão. É através da racionalização dos processos internos que as empresas

buscam a promoção da relação harmoniosa das atividades com o sistema e

ecossistema. Como referência utilizaremos, os critérios de avaliação para o

Prêmio Nacional da Qualidade, que admite como fundamentos da Excelência:

1. Liderança e constância de propósitos

2. Visão de futuro;

3. Foco no cliente e no mercado;

4. Responsabilidade social e ética;

5. Decisões baseadas em fatos;

6. Valorização das pessoas;

7. Abordagem por processos;

8. Foco nos resultados;

Page 23: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

23

9. Inovação;

10.Agilidade;

11.Aprendizado organizacional;

12.Visão sistêmica.

Os fundamentos de Qualidade, apresentados anteriormente, eram segundo

Duran e Deming, suficientes para que o consumidor (cliente) fosse o centro

dos processos, e preconizam que as empresas seriam voltadas para o foco no

cliente, de tal forma que a existia a necessidade de superar suas expectativas.

Porém, a qualidade evoluiu, e com ela surge uma nova perspectiva, agora:

mercadológica: a Qualidade é o fator determinante da escolha, que levará um

cliente a preferir determinado fornecedor em vez dos seus concorrentes.

Considerando a Qualidade como fator determinante de escolha, destacaremos

a seguir o quadro evolutivo desde o século XVII, vejamos:

Fases Tipo de Produção Identificação do

Conceito de Qualidade

... desta época:

Período Pré

industrial

artesanal Lavor artesanal

1ª fase da

Revolução

industrial

Produtos industrializados,

baixo acabamento, por vezes

inferior aos artesanais.

Preço

1880 - 1910 Produtos industrializados

elevados padrões de

acabamentos.

Durabilidade

1915 - 1939 Novos produtos

industrializados... elétricos. Modernidade

1945 - 1960 Indústria: produtos semi-

automáticos Avanço tecnológico

1965 - 1980 Produtos automáticos

eletromecânicos

Assistência Técnica,

Qualidade é de

PRODUTO a SERVIÇO!

Page 24: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

24

1985 - 2000 Produtos descartáveis,

demolindo os conceitos de

durabilidade e assistência

técnica.

Atendimento

2001 -

atualmente

Atendimento como Diferencial Aliança Estratégica – e

posicionamento Social

Ao abordar o comportamento do consumidor são necessários o conhecimento

dos fatores que influenciam no comportamento na compra.

Algumas teorias contextualizam o que vem a ser o comportamento do

consumidor, vejamos a definição de comportamento do consumidor, segundo

Solomom :(Livro Comportamento do Consumidor e Pesquisa de Mercado –

FGV – 2ª edição revista – página 13):

“O comportamento do consumidor, é entendido como o

“estudo dos processos envolvidos quando indivíduos ou

grupos selecionam , compram, usam ou dispõem de

produtos, serviços, idéias ou experiências para satisfazer

necessidades e desejos”. Desta maneira, seu âmbito gira

em torno dos processos cognitivos, motivacionais e

emocionais que antecedem e sucedem a obtenção, o

consumo e a disposição de bens tangíveis e intangíveis,

produtos ou serviços.”

Dada a própria complexidade do tema, o comportamento do consumidor é uma

área interdisciplinar, envolvendo conceitos e ferramentas metodológicas de

diferentes áreas do conhecimento, como a psicologia, a economia, o

marketing, o direito, a sociologia, a antropologia cultural, a semiótica, a

demografia e a história.

O mercado onde a empresa atuará dividem-se basicamente em quatro

categorias a saber:

Page 25: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

25

1. Mercado Potencial: aquele em que, a princípio, já existe algum nível de

interesse por um serviço-produto.

2. Mercado Disponível: formado por consumidores potenciais que têm

interesse, renda e acesso a um serviço/produto.

3. Mercado-Alvo: parcela do mercado que a empresa decide atender.

4. Mercado Penetrado: universo de consumidores que já usufruíram do

serviço/produto.

O comportamento do consumidor é afetado por estímulos:

Conjunturais – econômico, político e cultural

Tecnológicos

Marketing – produto, preço, ponto de distribuição e promoção.

Ao analisarmos o mercado consumidor, há de se compreender que não há

necessidade de que o fornecedor e consumidor estejam em contato direto, e

para exemplificar destacamos os vendas por internet e por telefone.

Para viabilizar o direito do consumidor, o mercado é visto como um processo

de uma conotação geográfica. E assim podemos dizer que é um processo

através do qual compradores e vendedores interagem com o intuito de obter

informações sobre aquilo que desejam comprar e vender, determinar preços,

quantidades e condições das mercadorias, produtos e/ou serviços.

Outrossim, destacam-se que os objetos do mercado consumidor são: a

obtenção da informação e a composição dos interesses. O direito do

consumidor dirige-se, fundamentalmente, ao mercado de consumo, deixando

para as outras disciplinas jurídicas o regramento da produção, isto é, do

mercado de recursos.

Na origem do direito do consumidor – e, portanto, do CDC – encontramos o

movimento social organizado: o consumerismo.

Page 26: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

26

Para finalizarmos, há de se exaltar a complementação do que tange ao

consumerismo, conforme passamos a expor: (Código de Defesa do

Consumidor Comentado – Idec – Introdução ao CDC )

“o neologismo consumerismo designa esse movimento

organizado de consumidores, próprio da chamada

sociedade de consumo. Como fenômeno moderno,

poderia ser visto como “esforços organizados dos

consumidores em busca de reparação, restituição e

solução para a insatisfação que acumularam na aquisição

de seu padrão de vida” .

Page 27: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

27

2.2 – Perfil do Consumidor

Dando prosseguimento ao objeto de estudo proposto, como já vimos, o

mercado, o comportamento do consumidor, o CDC e a CF/88 (artº 170, inciso

V), solidificam à Economia de Mercado.

Não obstante, há de se conhecer o perfil desta figura que permeia a relação

de consumo no Brasil, o Consumidor.

O Critério de Classificação Econômica Brasil (CCEB), endossado pela

Associação Brasileira de Anunciantes (ABA), Associação Brasileira dos

Institutos de Pesquisa de mercado (Abipeme) e Associação Nacional das

Empresas de Pesquisa (Anep), que tem como função estimar o poder de

compra e/ou capacidade de consumo das pessoas, através da distribuição dos

grupos, de acordo com a posse bens e o grau de instrução do chefe da família.

Estes grupos são formados por consumidores potenciais, subdivididos por

classe, vejamos na tabela a seguir:

Classes - Consumidores Percentual/classe - %

A1 1

A2 5

B1 9

B2 14

C 36

D 31

E 4Fonte: versão do CCEB – dezembro/2002

Ressalta-se que a o CCEB ou qualquer outro critério econômico não é

suficiente para uma adequada classificação e identificação do perfil do

consumidor, que pode variar de acordo com o segmento a ser explorado,

pesquisado. Sendo necessários outras informações sobre os entrevistados

Page 28: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

28

(pesquisados), como por exemplo: comportamento, regiões, razões de compra,

preferências, interesses, motivações e características de personalidade.

A relação de consumo, possui peculiaridades que devem ser observadas pelos

dois tipos de consumidores existentes, a saber:

Consumidor final, também chamado de consumidor pessoa ou usuário

final - representado pelas pessoas físicas que compram bens e serviços

para o seu uso, para o uso do lar ou para outras pessoas;

Consumidor organizacional – inclui organizações de todos os tipos,

pessoas jurídicas, com ou sem fins lucrativos, os órgãos do governo

municipal, estadual e federal e as instituições civis (organizações não-

governamentais) que necessitam comprar produtos, equipamentos e

serviços.

Para fins de aprofundamento desta pesquisa, por se tratar o objeto de estudo

estará sempre representado pelo Consumidor Final (pessoa física) e assim,

observamos a importância das empresas em melhor identificar dentro do perfil

de seus colaboradores (clientes externos) os seguintes aspectos:

Fatores Culturais: a própria cultura na qual está inserida a pessoa, as

sub-culturas e a classe social;

Fatores Sociais: os grupos de referência (atividade profissional, de lazer,

a família, os papéis e posições sociais);

Fatores Pessoais: a idade, o ciclo de vida (estado civil, filhos),

ocupação, condições econômicas, e estilo de vida;

Fatores Psicológicos: motivação, percepção, crenças e atitudes.

Estes fatores bem compreendidos, poderão ser utilizados para definir melhor o

perfil de consumidores a serem assistidos, e eventualmente minimizar as

situações de conflitos, uma vez que os dados acima servirão base (dados)

para segmentação e melhor orientação dos produtos e serviços.

Page 29: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

29

Como já vimos, há poucas décadas o consumidor brasileiro mostrava-se

conformado, aceitava falhas e restrições, adaptava-se as condições impostas

para o atendimento e a prestação de serviços.

Atualmente a realidade dos consumidores apresentam elevado nível de

informação na hora de comprar bens e serviços, é interessado sob os aspectos

que indiretamente impactam ecologicamente, têm se mostrado preocupado

sob as condições dos colaboradores internos das empresas e principalmente

quanto ao posicionamento social, onde escolhe seus produtos, bens ou

serviços.

O consumidor brasileiro, diante dos parâmetros internacionais de qualidade e

consciente dos seus direitos e deveres de cidadão, no uso de suas atribuições

frente aos novos conceitos adquiridos e postos a disposição, através do CDC,

apresenta-se muito exigente, não se limita as características da nova aquisição

(produto).

Desta forma, encerramos este capítulo, apresentando o Novo Perfil de

Consumidor, que antes de tudo é um formador de opinião, é informado e,

interessado com o meio em que vive. Questiona a empresa, busca à

assistência do judiciário (institutos de defesas para o consumo) e em outras

esferas das empresas (como por exemplo através das Ouvidorias), que será

analisado separadamente devido a amplitude do tema “Ouvidoria”. É um

militante da consciência de desejos de Cidadania.

Sua contribuição para Sociedade vai muito além, de ações, acordos e

indenizações, desde a concepção do Código, observa-se duas vertentes

evolutivas: a consciência do consumidor e a busca da excelência pelas

empresas.

Page 30: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

30

3- CONSUMIDOR: DO DIREITO À INFORMAÇÃO À GARANTIA DE COGNOSCIBILIDADE

Como vimos nos capítulos anteriores, o consumidor apresenta segundo as

legislações pertinentes um papel desafiador para as empresas.

Não obstante, serão necessários a compreensão da relevante análise do novo

perfil de Consumidor... É obstinado, determinado e consciente do seu papel no

meio em que interage, frente a Sociedade em que vive. Para melhor

compreensão dessas transformações, há de se entender que esta realidade,

este crescimento é fruto das novas conquistas oriundas do Código de Defesa

do Consumidor.

Como sabemos os princípios que norteiam o CDC, como sistema, destacamos

à Proteção, Defesa e fundamentalmente o Direito à Informação, nosso objeto

de estudo, por entender que a base pela qual são enfrentadas pelas empresas

as diversas situações de litígios que ocorrem basicamente por desencontros

das informações, muitas vezes por falhas de comunicação, falta clareza e

sobra transparência da ineficiência da comunicação nas relações de consumo.

Assim faremos um espelho de modelo a ser seguido, com precaução, como

forma de harmonizar as relações de consumo. Dentre as pesquisas/literaturas

realizadas fizemos a opção de partes da Doutrina, de Paulo Luiz Netto Lobo,

vejamos:

“A informação como direito fundamental do consumidor

1. Inserção constitucional do direito à informação

O direito à informação adequada, suficiente e veraz é um dos pilares do direito

do consumidor. Nas legislações mundiais, voltadas a regular as relações de

consumo, a referência quase uniforme ao direito à informação fortalece as

características universalizantes desse novo direito. Afinal, os problemas e

dificuldades enfrentados pelos consumidores, em qualquer país, são comuns,

a merecerem soluções comuns.

Page 31: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

31

Por tais razões, a Resolução nº 30/248 da Assembléia Geral das Nações

Unidas, de 16.04. 1985, determina em seu artigo 3º que é necessário promover

o acesso dos consumidores à informação.

Os efeitos do direito à informação não estão contidos, apenas, no âmbito da

legislação infraconstitucional, pois as constituições mais recentes elevaram-no

ao nível dos direitos fundamentais. Portanto, não diz respeito apenas à ordem

privada dos sujeitos, mas irradia-se na consideração pública do campo

indisponível da cidadania ativa, segundo a concepção contemporânea que não

a vê apenas no exercício do direito oponível ao poder político, mas em face do

poder econômico.

O Código do Consumidor brasileiro, em seu artigo 34, é explícito a respeito. Do

mesmo modo, a Lei de Defesa do Consumidor portuguesa (art. 8º,5 ): "O

fornecedor ou prestador de serviços que viole o dever de informar responde

pelos danos que causar ao consumidor, sendo solidariamente responsáveis os

demais intervenientes na cadeia da produção à distribuição que hajam

igualmente violado o dever de informação".

Nesse sentido, um dos mais importantes consumeristas brasileiros, Antônio

Herman de Vasconcelos Benjamin, in Código Brasileiro de Defesa do

Consumidor,Ada Pellegrini Grinover et al., Rio de Janeiro, Forense

Universitária, 1998, p. 266.

Cf. A Teoria Geral da Relação Jurídica, Coimbra, Centelha, 1981..

A tensão entre globalização econômica e Estado social levou à contradição

entre a demanda econômica do Estado mínimo, dominado pelo mercado, e a

demanda social da função regulatória. Mas, a substituição do Estado

empreendedor pelo Estado regulador não altera, substancialmente, a natureza

jurídica de Estado social, que se diferencia do Estado liberal, da etapa anterior,

justamente por intervir nas relações privadas. Ou seja, enquanto houver ordem

econômica constitucional, independentemente do grau de intervenção

legislativa, judiciária e administrativa, nela fundado, haverá Estado social. O

direito do consumidor, incluindo o direito à informação, insere-se nesse

Page 32: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

32

contexto de reforço do papel regulatório, pois suas regras tutelares configuram

contrapartida à liberdade irrestrita de mercado, na exata medida do espaço de

humanização dos sujeitos consumidores.

Afinal de contas, já se tornou um truísmo a afirmação de que todos e cada um

de nós somos consumidores, e a dignidade humana não estará assegurada se

a realidade existencial de submissão, no mercado de consumo cada vez mais

despersonalizado, não for levada em conta pelo direito. A presunção de

vulnerabilidade jurídica impõe ao direito a imensa tarefa de estabelecer o

equilíbrio material nas relações de consumo. O acesso à informação, em

especial, é indeclinável, para que o consumidor possa exercer dignamente o

direito de escolha, máxime quando as necessidades não são apenas reais,

mas induzidas pela publicidade massificada.

A Constituição brasileira incluiu explicitamente a defesa do consumidor no

elenco dos direitos fundamentais (art. 5º, XXXII) e, por sua destacada

importância, previu que (art. 5º, XIV) "é assegurado a todos o acesso à

informação". Do mesmo modo, a Constituição portuguesa (art. 60º) estabelece

que os consumidores têm direito à informação. O diálogo entre as ordens

jurídicas brasileira e portuguesa marcará esta exposição, doravante, mercê da

interessante experiência que ora vivenciam, é dizer, de uma lado pela origem

comum, de outro lado pela integração a grupos nacionais distintos .

Não se desconhece a relevância do papel da comunicação, na relação de

consumo, bem demonstrada no Congresso Internacional sobre "Comunicação

e Defesa do Consumidor", realizado em novembro de 1993, sob a iniciativa e

organização do Instituto Jurídico da Comunicação da Faculdade de Direito da

Universidade de Coimbra. Nele foram abordadas "as cinco vertentes do direito

da comunicação": comunicação social, audiovisuais, informática,

telecomunicação e publicidade. Essa importância vem da constatação de estar

o consumidor sistematicamente vulnerado pelas distintas técnicas de

comunicação. Sob outro ângulo, a informação é mercadoria para a indústria da

comunicação. As informações são bens que as pessoas podem trocar. Nessa

Page 33: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

33

hipótese, quem comunica assume a posição de fornecedor, na relação de

consumo.

O direito à informação, no âmbito exclusivo do direito do consumidor, é direito

à prestação positiva oponível a todo aquele que fornece produtos e serviços no

mercado de consumo. Assim, não se dirige negativamente ao poder político,

mas positivamente ao agente de atividade econômica. Esse segundo sentido,

próprio do direito do consumidor, cobra explicação de seu enquadramento

como espécie do gênero direitos fundamentais.

2. Direito à informação

Cumpre, inicialmente, delimitar o campo da investigação, pois o tema

apresenta dimensão polissêmica, levado ao paroxismo com a revolução da

informática. Todavia, em dois âmbitos interligados e estreitos, a informação se

apresenta com significados aproximados: no direito da comunicação e no

direito do consumidor.

O direito à informação, no âmbito do direito da comunicação, tem significado

diferenciado.

Na perspectiva do direito fundamental da liberdade de expressão, é direito

oponível ao Estado, e a qualquer pessoa, de não impedirem o acesso e a

transmissão de informação, assim para quem comunica e para quem recebe a

comunicação. É um direito sensível e vulnerável ao autoritarismo político.

Enquadra-se entre os direitos fundamentais de primeira geração, direitos de

liberdade ou direitos à prestação negativa. Em sentido estrito, relaciona-se com

o direito à comunicação, entendido este como direito de procurar, receber,

compartilhar e publicar informações.

Não se desconhece a relevância do papel da comunicação, na relação de

consumo, bem demonstrada no Congresso Internacional sobre "Comunicação

e Defesa do Consumidor", realizado em novembro de 1993, sob a iniciativa e

organização do Instituto Jurídico da Comunicação da Faculdade de Direito da

Universidade de Coimbra. Nele foram abordadas "as cinco vertentes do direito

Page 34: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

34

da comunicação": comunicação social, audiovisuais, informática,

telecomunicação e publicidade. Essa importância vem da constatação de estar

o consumidor sistematicamente vulnerado pelas distintas técnicas de

comunicação. Sob outro ângulo, a informação é mercadoria para a indústria da

comunicação. As informações são bens que as pessoas podem trocar. Nessa

hipótese, quem comunica assume a posição de fornecedor, na relação de

consumo.

3. Direito fundamental à informação

O direito do consumidor recuperou a dimensão humana do consumidor, na

medida em que o afirma como sujeito, titular de direitos constitucionalmente

protegidos. Proteger o consumidor é, na incisiva lição de Antônio Pinto

Monteiro "lutar pela qualidade do relacionamento humano, no que ele implica

de respeito pela dignidade do Homem e pelo seu poder de autodeterminação,

e no que ele significa de uma solidária e responsável participação na vida em

comunidade". Desse modo, a migração para o campo dos direitos

fundamentais, na concepção ampla que ostentam na atualidade, tornou-se

inevitável.

6. Titular do direito à informação

O consumidor, tantas vezes referido, é o titular do direito à informação. Mas

qual consumidor? Por certo não é consumidor individual e concreto em

determinada relação de consumo, pois o dever de informar é objetivamente

concebido em relação a todos os adquirentes e utentes do produto ou do

serviço fornecido. Dessarte, há de ser considerado o consumidor típico,

independentemente do maior ou menor grau de acesso individual à

informação(10).

7. Dever de informar

O direito fundamental à informação resta assegurado ao consumidor se o

correspectivo dever de informar, por parte do fornecedor, estiver cumprido. É o

Page 35: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

35

ônus que se lhe impõe, em decorrência do exercício de atividade econômica

lícita.

O princípio da boa fé objetiva foi refuncionalizado no direito do consumidor,

otimizando-se sua dimensão de cláusula geral, de modo a servir de parâmetro

de validade dos contratos de consumo, principalmente nas condições gerais

dos contratos. Anteriormente ao advento das legislações específicas, a

jurisprudência dos tribunais socorreu-se à larga da boa fé como cláusula geral

definidora do limite das condições gerais dos contratos e do efetivo

cumprimento do dever de informar.

Contudo, o dever de informar não é apenas a realização do princípio da boa fé.

Na evolução do direito do consumidor assumiu feição cada vez mais objetiva,

relacionado à atividade lícita de fornecimento de produtos e serviços. A teoria

contratual também construiu a doutrina dos deveres anexos, deveres

acessórios ou deveres secundários ao da prestação principal, para enquadrar

o dever de informar. O desenvolvimento do direito do consumidor foi além,

transformando-o no correspectivo do direito à informação, como direito

fundamental, e o elevando a condicionante e determinante do conteúdo da

prestação principal do fornecedor. Não se trata apenas de dever anexo.

A Constituição brasileira (art. 170) estabelece que a atividade econômica deve

observar, entre outros, o princípio de defesa do consumidor. O princípio é

dirigido não só ao Estado mas, principalmente, aos agentes econômicos. O

princípio é abrangente do direito à informação, referido explicitamente no artigo

5º, XIV.

8. Requisitos do dever de informar

Cumpre-se o dever de informar quando a informação recebida pelo

consumidor típico preencha os requisitos de adequação, suficiência e

veracidade. Os requisitos devem estar interligados. A ausência de qualquer

deles importa descumprimento do dever de informar.

Page 36: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

36

A adequação diz com os meios de informação utilizados e com o respectivo

conteúdo. Os meios devem ser compatíveis com o produto ou o serviço

determinados e o consumidor destinatário típico. Os signos empregados

(imagens, palavras, sons) devem ser claros e precisos, estimulantes do

conhecimento e da compreensão. No caso de produtos, a informação deve

referir à composição, aos riscos, à periculosidade.

Maior cautela deve haver quando o dever de informar veicula-se por meio da

informação publicitária, que é de natureza diversa, como adiante se dirá.

Tome-se o exemplo do medicamento. A informação da composição e dos

riscos pode estar neutralizada pela informação publicitária contida na

embalagem ou na bula impressa interna. Nessa hipótese, a informação não

será adequada, cabendo ao fornecedor provar o contrário.

A suficiência relaciona-se com a completude e integralidade da informação.

Antes do advento do direito do consumidor era comum a omissão, a

precariedade, a lacuna, quase sempre intencionais, relativamente a dados ou

referências não vantajosas ao produto ou serviço. A ausência de informação

sobre prazo de validade de um produto alimentício, por exemplo, gera

confiança no consumidor de que possa ainda ser consumido, enquanto que a

informação suficiente permite-lhe escolher aquele que seja de fabricação mais

recente. Situação amplamente divulgada pela imprensa mundial foi a das

indústrias de tabaco que sonegaram informação, de seu domínio, acerca dos

danos à saúde dos consumidores.

Insuficiente é, também, a informação que reduz, de modo proposital, as

conseqüências danosas pelo uso do produto, em virtude do estágio ainda

incerto do conhecimento científico ou tecnológico.

A veracidade é o terceiro dos mais importantes requisitos do dever de

informar. Considera-se veraz a informação correspondente às reais

características do produto e do serviço, além dos dados corretos acerca de

composição, conteúdo, preço, prazos, garantias e riscos. A publicidade não

Page 37: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

37

verdadeira, ou parcialmente verdadeira, é considerada enganosa e o direito do

consumidor destina especial atenção a suas conseqüências.

O artigo l º do Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária

estabelece que todo anúncio deve ser "honesto e verdadeiro".

9. Efeitos jurídicos da informação publicitária

Para o Código Brasileiro de Auto-Regulamentação Publicitária, publicidade é

"toda atividade destinada a estimular o consumo de bens e serviços, bem

como promover instituições, conceitos e idéias". Para atingir suas finalidades,

a publicidade deve observar os princípios básicos de liberdade, identificação,

veracidade, lealdade e ordem pública. Porém, há uma distinção qualitativa com

a informação em sentido estrito. A publicidade tem por fito atrair e estimular o

consumo, enquanto s informação visa a dotar o consumidor de elementos

objetivos de realidade que lhe permitam conhecer os produtos e serviços e

exercer suas escolhas.

Sem embargo da distinção, para realizar o direito fundamental à informação, o

direito do consumidor toma a publicidade sob dois aspectos: no primeiro, a

publicidade preenche os requisitos de adequação, suficiência e veracidade,

considerando-a lícita; no segundo, a publicidade ultrapassa limites positivos e

negativos estabelecidos na lei, para defesa do consumidor, tornando-a ilícita. A

publicidade ilícita é enganosa quando divulga o que não corresponde ao

produto ou serviço, induzindo em erro; é abusiva quando discrimina pessoas e

grupos sociais ou agride outros valores morais. A publicidade ilícita não produz

efeitos em face do consumidor, que pode resolver o contrato por esse

fundamento e espécies do gênero informação, incidindo o dever de informar.

10. Informação: oferta ou integração ao contrato?

É sabido que a oferta, seja ela individual ou ao público, classifica-se como

negócio jurídico unilateral, para cuja existência e eficácia vinculante basta a

única manifestação de vontade do ofertante ou proponente. Produz, portanto,

efeitos jurídicos próprios, antes da aceitação e de sua consumação no

Page 38: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

38

contrato. A oferta, como qualquer outro negócio jurídico unilateral, pode ser

revogada, nos limites que a lei admita, extinguindo o vínculo obrigacional, além

de estar sujeita às vicissitudes dos vícios subjetivos de vontade, em especial

do erro.

A informação nas relações de consumo, e particularmente a publicidade lícita

(adequada, suficiente e veraz), integra-se aos contratos de modo objetivo e

inevitável, desde quando concretizados. Não pode ser objeto de retratação ou

de escusa da obrigação, sob alegação de erro. A lei portuguesa de defesa dos

consumidores, de 1996, é clara, a respeito (art. 7º, 5): "As informações

concretas e objectivas contidas nas mensagens publicitárias de determinado

bem, serviço ou direito consideram-se integradas no conteúdo dos contratos

que se venham a celebrar após a sua emissão, tendo-se por não escritas as

cláusulas contratuais em contrário". Do mesmo modo, o Código do

Consumidor brasileiro (art. 36) determina que toda informação ou publicidade

suficientemente precisa "obriga o fornecedor que a fizer veicular ou dele se

utilizar e integra o contrato que vier a ser celebrado".

11. Vinculação da informação não explícita

A informação insuficiente ou deficiente (informação não explícita) não pode

ser óbice à vinculação obrigacional do fornecedor, em benefício do

consumidor. Em outras palavras, a informação obriga, ainda que não esteja

explicitada, pouco importando que essa omissão seja intencional ou

involuntária.

A informação não explícita, que vincula, é toda aquela necessária ao

conhecimento e compreensão do consumidor típico, e no seu interesse,

emergente da natureza do produto ou do serviço. Nesse sentido, também

integra o contrato de consumo. As regras técnicas aplicáveis à segurança de

determinado produto, por exemplo, integram a informação como nelas

estivessem. Do mesmo modo, as características de qualidade utilizadas em

produtos e serviços similares, pelos demais fornecedores.

Page 39: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

39

12. Direito à informação e garantia de cognoscibilidade

O direito fundamental à informação visa à concreção das possibilidades

objetivas de conhecimento e compreensão, por parte do consumidor típico,

destinatário do produto ou do serviço. Cognoscível é o que pode ser conhecido

e compreendido pelo consumidor.

Não se trata de fazer com que o consumidor conheça e compreenda

efetivamente a informação, mas deve ser desenvolvida uma atividade razoável

que o permita e o facilite. É um critério geral de apreciação das condutas em

abstrato, levando-se em conta o comportamento esperado do consumidor

típico em circunstâncias normais. Ao fornecedor incumbe prover os meios para

que a informação seja conhecida e compreendida.

O Código do Consumidor brasileiro (arts 46 e 54) estabelece que os contratos

de consumo não serão eficazes, perante os consumidores, "se não lhes for

dada a oportunidade de tomar conhecimento prévio de seu conteúdo", ou

houver dificuldade para compreensão de seu sentido e alcance, ou se não

forem redigidos em termos claros e com caracteres ostensivos e legíveis, ou se

não forem redigidos com destaque, no caso de limitação de direitos.

Todas essas hipóteses legais configuram elementos de cognoscibilidade,

situando-se no plano da eficácia, vale dizer, sua falta acarreta a ineficácia

jurídica, ainda que não haja cláusula abusiva (plano da validade). Os contratos

existem juridicamente, são válidos mas não são eficazes. O direito do

consumidor, portanto, desenvolveu peculiar modalidade de eficácia jurídica,

estranha ao modelo tradicional do contrato. No lugar do consentimento,

desponta a cognoscibilidade, como realização do dever de informar.”

Page 40: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

40

3.1 – Os sistemas de Informação e o Canal de

Relacionamento

Ao darmos início a este sub-título, faz-se necessário da compreensão das

diferenças das atividades que são desenvolvidas pelas empresas a fim de

prestar as melhores práticas de atendimento aos seus clientes (consumidores).

Os sistemas de atendimentos (termos) até então conhecidos como: Call

Center, SAC ou CRM, mas como identificar qual o mais eficaz? Para melhor

análise faz-se necessário a apresentação dos sistemas atuais. Os termos

utilizados no mercado são baseados em atividades específicas que

apresentam o foco voltado ao atendimento. E assim, vejamos o que

preconizam as literaturas pertinentes aos diferentes sistemas de canais de

informação/comunicação:

SAC – Serviço de atendimento ao Consumidor – existe com a finalidade

de atender aos usuários, clientes, as questões mais ou menos

específicas relativas á utilização dos produtos e/ou serviços de uma

empresa. Dentre as funções específicas podemos destacar o

fornecimento de informações e orientações quanto ao uso, dúvidas mais

freqüentes e ainda solucionar problemas decorrentes da má utilização

do cliente.

CALL CENTER – literalmente, conhecido como central de chamadas,

que tem por finalidade a abrangência, assumindo assim o caráter

genérico na interface da empresa, não somente com seus

consumidores (clientes) como também através de seus fornecedores,

além das tarefas descritas anteriormente também realizadas pelo SAC.

No call center, através da atividade de telemarketing, são realizadas

pesquisas de opiniões, cobranças e a cabe as monitorias o

acompanhamento dos demais atendimentos que poderão ser ativos e

receptivos.

Page 41: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

41

Uma evolução do Call Center, conhecida como Contact Center, que

concentra todas as vias de comunicação remota com os clientes,

agregando o e-mail ao binômio telefone/fax, agilizando e intensificando

a interatividade com os clientes.

CRM – é uma ferramenta gerencial, utiliza a estrutura do call center

como fonte de dados que se transformam em informações aplicáveis na

implementação de mudanças internas e no desenvolvimento de

produtos e serviços, com vistas a alcançar maior satisfação dos clientes.

Esta ferramenta interpreta os dados coletados, facilitando a antecipação

de dados que servirão como base no lançamento de novos

produtos/serviços, auxiliando também na correção dos desvios de

qualidade, já que os dados coletados compõem os relatórios que

viabilizam a análise do momento atual da empresa.

Os sistemas apresentados possuem características muito similares, ou seja,

existem para tratar do dia-a-dia, solucionam casos rotineiros que interferem no

processo de comunicação como os clientes/consumidores de seus produtos

e/ou serviços. Em via de regra podemos considerar as atividades de Call

Center, SAC, Contact Center e CRM como instâncias paralelas de

atendimento.

Por diversos motivos as empresas têm identificado a necessidade de

adequação do sistema atual de comunicação, e assim buscam uma nova

forma de agregar valor competitivo aos seus novos e atuais consumidores.

Frente à nova realidade encontrada nas relações de consumo, acirrada pela

mudança do perfil dos consumidores, e ainda outros fatores que propiciam

uma reestruturação estratégica,como solução diante das crises encontradas

:instabilidades do mercado de consumo, concorrência e principalmente o

despertar do cliente para as melhores práticas de consumo e responsabilidade

social.

Page 42: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

42

Em capítulos anteriores vimos o quão é importante que as empresas se

preparem para a realidade do mercado, um cliente conhecedor de seus

direitos, num passado recente antes as pessoas compravam e depois

reclamavam. E hoje, o consumidor está mais preocupado em buscar

orientações sobre seus direitos para realizar uma compra mais consciente.

A empresa que deseja permanecer no mercado, de modo competitivo, é

imprescindível o conhecimento do CDC, bem como suas implicações sobre a

atividade específica, para então tomar as providências necessárias de forma a

assegurar o respeito aos direitos do consumidor em todas as etapas e

procedimentos internos da organização.

Desta forma, as empresas vêm adequando seus meios de comunicação de tal

forma que propiciem aos usuários e/ou consumidores, um novo canal de

comunicação, com foco no relacionamento e que doravante chamaremos de

Ouvidoria.

Para tanto faz necessário apresentar as diferenças dos sistemas de

informações anteriores diante da nova realidade do mercado, a Ouvidoria.

Uma Ouvidoria é voltada para os casos excepcionais, que não foram

solucionados satisfatoriamente pelo atendimento habitual, há um tratamento

diferenciado, na busca de resolução mais adequada a situação, e através

desta vislumbra a oportunidade de melhorias. Á Ouvidoria assume a atitude

proativa, de forma a antecipar-se aos problemas e prevenindo erros. Este

canal de relacionamento, não concorre com os demais, cabendo a ela

cooperar, pois trata-se de uma instância superior, desta forma poderá interagir

com as demais áreas com objetivo de harmonizar e eliminar as contradições

internas.

Page 43: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

43

A Ouvidoria interna, também faz parte da missão da empresa, que amplia o

processo de comunicação, que através da livre expressão das opiniões e

sugestões dos colaboradores internos, realizam a fidelização também dos

funcionários, garante um bom ambiente de trabalho, conquista o

comprometimento de todos e assim garantem as melhorias e excelência junto

ao cliente externo.

Uma organização que estabelece uma Ouvidoria tem por objetivo:

Atender melhor seus clientes, usuários e/ou consumidores;

Preservar e melhorar a imagem da Instituição;

Reduzir a exposição a litígio com seus consumidores;

Promover a cidadania;

Assimilar críticas e sugestões, de modo a promover ações de correções

quanto aos processos, produtos, serviços.

Melhorar sua comunicação;

Manter o foco;

Ajustar o seu posicionamento.

Na Ouvidoria, a proposta não se limita apenas em atender melhor os clientes,

tendo em vista que este objetivo já é explorado para efeitos de marketing. A

empresa têm a consciência do seu papel, diante da realidade e da Sociedade

em que atua. É sabido, que de alguma forma haverá o retorno: a credibilidade,

o ganho financeiro e o mais importante, proporcionar benefício e satisfação ao

consumidor.

Outros fatores que evidenciam a viabilidade da implantação de um sistema de

comunicação eficaz, através do canal de fidelização (Ouvidoria): é o foco no

relacionamento, é através dele que são proporcionadas ações de correções

imediatas decorrentes de episódios, decorrentes de falhas internas ou mal-

compreendidos, que se controladas pela Ouvidoria, através do seu

representante, o Ouvidor inibirá o desgaste dos consumidores junto a opinião

pública. Cabe à Ouvidoria funcionar como canal de informação

Page 44: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

44

desburocratizado, que permita agilidade no tratamento das informações, e

adoção das sugestões recebidas .

Outro fator que contribui para o investimento para as empresas faz-se através

dos Indicadores de Redução de Litígios, conforme veremos posteriormente,

baseados nos dados de uma empresa, que já implantou o sistema de

Ouvidoria, e já denota com sabedoria, sua opção em ampliar as melhores

tendências e práticas de gestão estratégica.

3.2 – O Ouvidor: Perfil, competências e habilidades do

Mediador de Conflitos

O ombudsman é uma palavra ainda desconhecida em nosso vocabulário.

Ouvidor é uma palavra antiga, com diversos significados. No tempo do império

o Ouvidor do rei era o representante da coroa imperial , e em seu nome

fiscalizando e aplicando a justiça. O completo oposto do ouvidor da máquina

estatal de hoje que é o representante do cidadão perante o Estado. No Âmbito

do serviço público, a instituição da ouvidoria surgiu como experiência

inovadora, contribuindo par aumentar a credibilidade dos órgãos prestadores e

humanizar a relação com os usuários.

Surgido no seio da administração governamental com objetivo de preservar o

cidadão do esmagamento pelo gigantismo e insensibilidade da máquina estatal

o ombudsman nasceu sueco em 1809 e assumiu múltiplas nacionalidades,

transcendendo da esfera estatal para o ambiente empresarial.

O termo sueco (ombud) significa delegado, representante e (man) homem ou

cidadão, e assim podemos definir sua conjugação que funciona como

representante do povo, que tem a missão de defender os interesses do

cidadão perante o sistema.

Page 45: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

45

O termo em português “ouvidor“ ( aquele que ouve ), etimologicamente

aparentado de “ auditor “, sugere um funcionário investido de autoridade para

ouvir denúncias e promover auditorias internas a fim de apurar irregularidades

no serviço público. Um árbitro para questões controversas envolvendo os

interesses do cidadão. Note-se que a palavra não flexiona em gênero (não

existe “ombudswoman”) porque nesse caso “man” refere-se ao cidadão

representado e não ao seu representante.

Para melhor compreensão do conceito de Ouvidor, pode-se dizer que é o

fiscalizador das leis e protetor dos direitos individuais.

Em geral o termo Ouvidor é utilizado nas instâncias públicas e ombudsman são

mais utilizadas nas instituições privadas, mas é aceitável o uso indistinto de

ambos em qualquer situação.

Podemos destacar como características do perfil para o desempenho das

habilidades para o profissional (Ouvidor), tais como: a credibilidade, a

respeitabilidade, a confiabilidade , a amabilidade, ser ético e seguro para a

tomada de decisões, estabilidade e a empatia são valores essenciais para o

desempenho deste papel.

Compete ao Ouvidor a busca da excelência , garantindo o acesso, captando e

encaminhando as demandas, reafirmando os princípios que norteiam a ética e

a transparência, nas relações Empresa e Cidadão.

O Ouvidor como Mediador de Conflito, vejamos a atuação de um Ouvidor

através de um estudo de caso:

Page 46: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

46

3.2.1 – O Ouvidor como agente de mudança

O Ouvidor é o agente fomentador das mudanças dentro da empresa, que

através da agilidade, precisão, transparência e clareza, funciona como

conciliador e mediador de conflitos, bem como aproveita os dados coletados

para a melhoria de procedimentos internos. Ressalta o valor da dignidade da

pessoa, humana, que se sobrepõe a supremacia do interesse do Direito

Público, conforme previsto na Carta Cidadã.

Por este motivo deve estar preparado para as mais diversas

reclamações/queixas /sugestões , enfim tudo que para o cliente deixou a

desejar , e lembrando que enquanto o consumidor reclama é porque ainda

acredita na organização, e sua queixa é uma oportunidade. O cliente que não

busca a empresa para reclamar, simplesmente é porque deixou de acreditar, e

migra para a concorrência.

Por que gerenciar as reclamações? Por que elas são um dos meios mais

diretos e eficazes de os clientes informarem que há espaço para melhoria.

Essas informações podem ser usadas como ferramenta estratégia para gerar

mais negócios. Esse cliente que reclama deve ser visto como parceiro para

melhoria, pois ele permite que se capte rapidamente as mudanças de interesse

do consumidor. Clientes que reclamam e são bem tratados podem tornar-se

aliados capazes de identificar práticas internas que criam entraves para o bom

desempenho da empresa.

Em tempos de alternância democrática , livre concorrência e mercado

globalizado , o consumidor – cidadão exerce o direito de escolha, nesse

exercício desenvolve critérios próprios de preferência , que acabam por

estabelecer novos padrões de qualidade, mais adequados às suas reais

demandas e necessidades.

Assim, a presença de um Ombudsman que possua um adequado perfil e visão

de mercado, atuante (interna e externamente), investido das prerrogativas

necessárias ao eficaz exercício da função, uma vez que remete-se diretamente

Page 47: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

47

ao topo da pirâmide organizacional (Diretor-Presidente), deverá trabalhar em

sintonia (parceria) com as demais áreas da Instituição , o que acelera muito o

processo de alinhar a empresa ao atendimento das necessidades dos

clientes/mercado e de monitorar mais rapidamente seus desvios e tendências.

Vejamos agora o estudo de um caso, assistido pela Ouvidoria da Appai:

Tratamento odontológico: tratamento proposto sem conclusão por

divergência do plano de tratamento inicial (parte pago pelo benefício odonto )

autorizado pela Appai(canal) e a coroa estética (pela paciente) .

A beneficiária Joana Dedequinha, procurou a Ouvidoria da Appai, a fim de

formalizar uma reclamação tendo em vista que ao iniciar o tratamento o

elemento 22 com uma credenciada Appai, o mesmo após a conclusão,

segundo a profissional que a assistia, apresentava sensibilidade e por vezes

dores, após radiografia foi identificada uma fratura. A colaboradora, questiona

qual o posicionamento da Appai, diante do profissional direcionado por esta

Instituição, uma vez que deseja rever seus direitos, haja visto o recibo que

possui, pago pela diferença do tratamento (concluído?), insiste que irá ajuizar

uma ação pelos danos, idas/vindas e desgastes, sofridos pela associada.

Papel da Ouvidoria:

Encaminhada a área de benefício odonto, e definido o encaminhamento

para avaliação de profissional de “referência” dentro da rede, e ainda

uma nova auditoria com os dentistas interno (auditores).

Solicitado ao profissional(inicial) um relatório(laudo) do tratamento em

que assistia esta paciente, radiografias e consentimento informado

(protocolo).

Tão logo o laudo técnico (segunda opinião) chegou à Appai, a Ouvidoria

reuniu-se com a área de benefício odonto (credenciamento, auditoria e

fatura) onde ficou constatada a imperícia e imprudência do profissional.

Solução por parte da Ouvidoria, em acordo com as áreas:

Comprovada a questão foi acordado junto ao dentista credenciado que

a Appai custearia a recuperação deste elemento (dente), só que este

ônus seria estornado via fatura.

Page 48: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

48

A Associação arcou com as despesas de medicamentos que foram

reembolsados e evitou-se uma ação judicial que fatalmente seria

comprovada, o que representaria um custo bem expressivo, já que por

tratar-se que uma comprovação através de perícia, não poderia ser

utilizado neste caso o juizado especial.

Como ação corretiva a Ouvidoria propôs a reciclagem dos auditores,

profissionais e colaboradores.

Certo ou errado ele, o Consumidor é o fomentador da mudança ,as empresas

têm que ter ciência de que não basta investir maciçamente em recursos

tecnológicos e não capacitar adequadamente os recursos humanos.

Para tanto, compete a Ouvidoria formular estratégias para a consolidação de

um plano de ações, vejamos o que foi idealizado, e os resultados alcançados

recentemente:

Disseminação de informações através de manuais, instrumentos e

metodologias para pesquisa pesquisas periódicas e permanentes sobre o

perfil e desejos do cliente consumidor.

Desenvolvimento e análise de relatórios analíticos das demandas

(sugestões, críticas, elogios e reclamações) acolhidas pela Ouvidoria e

assim promover o melhor aproveitamento do banco de dados.

Serão criados redes multidisciplinar junto as áreas internas, para o

desenvolvimento de competência e habilidades (treinamentos) para as

áreas a fim de prestar o melhor atendimento ao quadro social.

Desenvolvimento da equipe de Ouvidoria para o atendimento dos idosos, e

portadores de necessidades especiais, onde serão priorizados a atenção

prioritária, e terá por vertente o programa de atenção, prevenção e

informação a este público que merece atenção especial .

A partir de um plano de ação, vislumbrou através do sistema de Ouvidoria, sua

ampliação na fatia do mercado em que atua, como veremos a seguir:

Page 49: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

49

RESULTADOS—ALCANÇADOS:

* Prazo de retorno (soluções) aos registros de reclamações em no máximo 30

dias;

* aumento de 55% no total de registros de reclamações;

* 65% dos clientes que requerem ajuizamentos/indenização procuram primeiro

a Ouvidoria e só depois o Juizado Especial;

* para cada cliente com ação judicial, outros vinte são atendidos pela Ouvido-

ria;

* mais 19,35% de sugestões foram implementadas pela Empresa;

* visibilidade da Empresa em razão do serviço de Ouvidoria cresceu 20%, via

e-mail, demandas internas, cartas, faxes, telefone e atendimento in loco.

Os custos que antes eram gastos com indenizações, até o fechamento desta

pesquisa estão em fase conclusão, o que nos impede de melhor conceituar os

índices de retorno destes custos “invisíveis/variáveis”, que posteriormente

seriam embutidos no cálculo do reajuste da mensalidade associativa, ou seja

todos os demais clientes assumiriam o ônus destes custos(perdas).

Nas organizações privadas, a Ouvidoria além de funcionar como instância

resolutivas, atua como mediadora de conflitos da empresa , clientes e no

judiciário. Como as reclamações chegam por meio da Ouvidoria , esta trabalha

de forma preventiva para evitar os litígios judiciais.

Atualmente uma única reclamação pode ser repassada via internet, em forma

de "corrente", multiplicando em muito a imagem negativa da empresa. O

acesso a internet permite às pessoas comunicarem-se entre si de um modo

nunca antes imaginado, podendo levar as reclamações a repercussões

imensuráveis.

Como vimos, o Ouvidor é o cliente/cidadão, dentro da organização, seja

pública ou privada, onde tem o poder de efetivamente defender o pensamento

de seus representados e desta forma acelerar, através de um canal ágil e veloz

Page 50: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

50

as mudanças na organização de forma a manter a sua competitividade frente

aos concorrentes quanto na iniciativa privada, ou garantir e ampliar o nível das

Instituições Públicas e Privadas.

O Ouvidor, é a voz do cliente, Cidadão dentro das organizações.

Page 51: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

51

4- RESPONSABILIDADE SOCIAL: CLIENTE, COM “C”

DE CONSUMIDOR, C de CIDADÃO...

4.1 – A face da Empresa cidadã

O Prêmio Nacional da Qualidade em seus fundamentos de “Excelência”, inclui,

entre outros critérios, a Responsabilidade social e ética, a valorização das

pessoas, o foco no cliente e no mercado.

Dentro dessa nova realidade, as empresas e organizações enfrentam a busca

pela excelência num mercado globalizado, e em tempos de concorrência, que

diante dos reflexos de suas políticas e atividades, aderem ao modelo de

gestão voltada para a responsabilidade corporativa, voltando seus processos

ao respeito ao Cliente, Consumidor, ao Cidadão.

Cada vez mais, o Consumidor (Cidadão) está mais interessado em conhecer a

ideologia de cada organização, bem como o impacto de seus produtos e

serviços, sob o ponto de vista do meio ambiente, as condições de seus

colaboradores internos, e atividades voluntárias assistidas pela empresa.

Grandes grupos corporativos estão investindo na criação de fundações

culturais, assistenciais, projetos sociais, promovem a inclusão social dos

indivíduos ao meio, através de campanhas e mobilização da sociedade. Este

investimento também é conhecido como marketing cultural, social e ecológico,

que tem como objetivo a garantia do retorno à imagem institucional, que

posteriormente se traduz em participação no mercado.

Investimentos e marketing à parte, a Empresa Cidadã, respeita o cliente, está

engajada em ser responsável com a clareza das informações sob a forma,

transparente e ética chegará ao cidadão. Cabe a empresa preocupar-se com

os riscos que seus serviços disponibilizando o acesso para a melhor utilização

dos mesmos, evitando ônus e desencontros por conta da ausência de

informações.

Page 52: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

52

A responsabilidade social, inicia-se dentro da empresa, através da valorização

do seu maior patrimônio “ativo – colaboradores externos (consumidores)” e

passivo “colaboradores internos(funcionários)”, que através do

comprometimento e respeito aos artigos e parágrafos constantes no Código de

Defesa do Consumidor e a Carta Magna, CF/88, denotam o novo modelo de

gestão, da Empresa socialmente responsável.

É através da implantação do Sistema de Ouvidoria, que as empresas buscam

a melhoria de seus processos internos, facilitando o acesso às informações e,

projetam ações de melhorias, de reconhecimento das falhas internas e de

respeito ao Cidadão, Consumidor, Cliente...

Além de resolver problemas, tratar com cordialidade as demandas dos

consumidores, é preciso assumir um compromisso ético. Mais do que facilitar

vias de acesso e relacionamento, é preciso comprometer-se com o exercício

da cidadania, com o sucesso do cliente na busca de seus objetivos pessoais e

coletivos, com sua saúde, segurança e bem estar, sua comodidade e facilidade

de acesso as informações dos produtos e serviços. Comprometer-se com a

comunidade, com o meio ambiente, com a responsabilidade social , etc. A

Ouvidoria permite o acesso à Cidadania.

O caminho do comprometimento precisa ser estruturado por mudanças

efetivas na atitude das organizações perante o mercado. Com a instituição do

Ombudsman, este demonstra um novo posicionamento, a parte sensível e

visível do comprometimento da empresa com seus consumidores, a sociedade

e ao exercício de cidadania. O Ouvidor é a face da Empresa Cidadã.

Cabe ao Ouvidor, no uso de suas atribuições, ser o fiel defensor do respeito a

Política Nacional das Relações de Consumo, baseado nos princípios que

norteiam o CDC, ser o fomentador das tendências, soluções e melhores

práticas agindo com imparcialidade, transparência e ética, no relacionamento

com o Cidadão... Juntos o consumidor (cliente), a Empresa, e o Meio, geram:

mercado, cultura, crescimento... Uma conquista para a Sociedade...

CONCLUSÃO

Page 53: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

53

CONCLUSÃO

Para a conclusão deste trabalho, são necessários algumas reflexões quanto ao

tema escolhido, sem deixar passar os capítulos abordados, uma análise as

questões que envolvem as relações de consumo, e o caminho a ser seguido

por empresas que desejam ampliar sua imagem institucional frente a

sociedade.

Vejamos parte do tema: “Tendências... no mundo globalizado, o crescimento

da sociedade de consumo, fez uma revolução nos movimentos consumeristas

que em séculos passados alavancam o crescimento da consciência de novos

produtos e serviços... de qualidade, agilidade, credibilidade, confiança etc. Eis

que a situação no Brasil é definida com o advento do CDC, e até os dias de

hoje há resistências que o judiciário, tenta coibir as práticas desordenadas,

através de ações punitivas aos que por vezes insistem em não se adequar e

disponibilizar o acesso e Direito à Informação. Além de sobrecarregar o

Sistema (judiciário), e que me desculpem os colegas do Direito, apesar de

conhecer o trabalho da Ouvidoria da OAB/RJ.

As Soluções, foram encontradas a partir da identificação do mercado,

comportamento e perfil do consumidor moderno: consciente do seu papel,

buscam seus direitos junto as empresas através dos canais de acesso já

existentes tradicionalmente ( SAC e Call center).

Nas empresas preocupadas e engajadas com a Responsabilidade Social, há

uma mobilização para Ouvir a solicitações, críticas, reclamações, queixas e

sugestões quanto a forma sob as disponibilizam seus produtos e serviços. Este

novo modelo de gestão corporativa, corrobora com seu cliente interno e

principalmente o externo, através de um canal de comunicação, voltado para o

relacionamento, a Ouvidoria.

E o que a empresa busca com a implantação do modelo de Ouvidoria ?

=> clientes satisfeitos, e que por estarem satisfeitos compram cada vez mais,

além de recomendarem a empresa e seus produtos/serviços para outros

Page 54: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

54

potenciais consumidores. Desta maneira é que se estabelece e se consolida o

fluxo de prosperidade de qualquer empresa.

O cliente é um formador de opinião, a repercussão negativa da marca perante

o consumidor pode afetar fatalmente uma organização. Um cliente insatisfeito

dissemina isto aproximadamente 10 clientes que provavelmente deixarão de

consumir determinada marca .

Uma organização que pensa estrategicamente identifica este “deslize” como

ferramenta gerencial, pois os clientes prestam um consultoria gratuita à

organização.

A Ouvidoria, tem através do Ouvidor, o papel de buscar as melhores práticas

que viabilizem a redução de conflitos, que antes sem opção o consumidor,

contava com o apoio somente do judiciário. Compete a este profissional a

demonstração para a empresa que a chave para bons serviços está no interior

da própria organização . Desta forma, a implantação de uma Ouvidoria

representa para uma redução dos custos não só para as empresas

(indenizações, honorários etc) como também para a máquina pública. E as

melhores Práticas no Relacionamento com o Cidadão, representa uma

conquista para a Sociedade, que emerge a necessidade de respeito ao

Cidadão.

Page 55: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

55

ANEXOS 01 – Fonte: site da Associação Pro-Consumidor

MANDAMENTOS DO CONSUMIDOR:

Estar atento para os detalhes e ter alguns cuidados básicos são

fundamentais para assegurar boas compras e bons serviços.

1. Leia com atenção os contratos antes de assiná-los. Exija que sejam

escritas as condições que são prometidas verbalmente pelos

vendedores;

2. Exija a nota fiscal de compra. Ela já é sua garantia na hora de

reclamar por eventuais defeitos ou a não entrega do produto;

3. Não aceite nenhum serviço sem orçamento prévio. Faça valer o que

está escrito;

4. Não compre por impulso. Examine minuciosamente o produto que

está adquirindo. Qualidade é fundamental;

5. Peça o certificado de garantia devidamente preenchido pela empresa;

6. Certifique-se de que a oferta de produtos ou serviços estejam

condizentes com a propaganda, que deverá ser cumprida na íntegra;

7. Não esqueça que os prazos para reclamar defeitos aparentes no

produto ou serviço não duráveis serão de 30 dias e, de 90 dias, emse

tratando de produtos e de serviços duráveis;

8. Consulte os órgãos públicos para se prevenir de eventuais maus

fornecedores antes de contratar um serviço ou adquirir um produto;

9. Exija todas as informações relativas à forma de pagamento e ao prazo

de entrega do produto ou serviço;

Page 56: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

56

10.Pesquise os preços antes de comprar. Diga não aos preços abusivos.

Page 57: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

57

ANEXO 02 – PASSO-A-PASSO PARA CRIAR UMA OUVIDORIA

Elaborado por Associação Brasileira de

Ouvidores - Nacional – Presidente Edson Vismona

Fonte: Site ABO – Nacional

O primeiro passo é se estabelecer um consenso em torno da criação da

ouvidoria, convencendo-se os dirigentes e lideranças internas de empresas,

instituições e órgãos governamentais da importância da ouvidoria. Esse

processo deve indicar os ganhos em qualidade, produtividade, satisfação de

clientes e usuários, responsabilidade social e melhor ambiente de trabalho.

A partir daí, é necessário identificar um(a) profissional com o perfil adequado a

essa missão - espírito de colaboração, paciente no trato com o público, com

conhecimento dos serviços prestados pela empresa, com empatia junto ao

público, proativo(a), com equilíbrio emocional, tenacidade, adaptabilidade,

análise crítica, autodesenvolvimento e persuasão.

A conquista do público interno é essencial à credibilidade e à conscientização

dos profissionais da empresa ou instituição. Todos têm de saber que há uma

ouvidoria, quem a exerce, quais são os objetivos e de que forma cada um se

integrará a esse processo. Esse convencimento e transparência podem ser

obtidos com palestras, boletins, reuniões e conferências. Com isso,

estabelecem-se parcerias internas. Sugere-se uma equipe de apoio com, no

mínimo, uma secretária e um(a) assistente. Além disso, é fundamental que a

equipe conte com uma linha telefônica, computadores, aparelho de fax,

endereço eletrônico (e-mail) e, se possível, material de divulgação (cartazes,

caixas de sugestão etc.) O(a) ouvidor(a) deve estabelecer um plano de

trabalho, com estratégias, metas, procedimentos e avaliações. A prestação de

contas deve ser feita por meio de relatórios, com gráficos e números. Com

isso, garante-se que as mudanças sejam realizadas.

E para que tudo isso seja um projeto da empresa ou instituição, é importante a

independência, autonomia e livre-acesso do(a) ouvidor(a) a todas as áreas da

Page 58: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

58

organização, inclusive sua diretoria. É fundamental, ainda, a definição de

mandato do profissional e de estabilidade por algum tempo após o final desse

mandato.

Page 59: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

59

ANEXO 03 – O OUVIDOR NO BRASIL

Fonte: Site ABO – Nacional

Até a década de 80, quando se falava de Ouvidor no Brasil, a idéia que

inicialmente surgia era a figura de um representante do soberano português,

que no Brasil colônia tratava de aplicar as leis da metrópole e informar ao Rei o

que aqui ocorria. Assim, era um representante do governante.

A partir de 1986, começou a ser aplicada no Brasil a concepção do

Ombudsman, palavra de origem sueca que significa representante. Esta

concepção envolvia uma evidente mudança de conceitos. De representante do

Rei, o Ouvidor assumiu a nobre função do Ombudsman, de representante do

cidadão, junto às instituições públicas ou privadas.

Esta função passou a ser adotada na administração pública (que prefere a

denominação de ouvidor), e com o Código de Defesa do Consumidor, em

1990, teve um grande incentivo junto às empresas privadas (que adota a

denominação ombudsman), como um meio de se estabelecer um canal de

comunicação com o consumidor, atuando na prevenção de conflitos.

Hoje, a Associação Brasileira de Ouvidores/Ombudsman - ABO conta com

cerca de 380 associados em todo o Brasil, com atuação na administração

pública (União, Estados e Municípios) em órgãos da administração direta,

indireta e concessionárias e nas empresas privadas das mais diversas

atividades.

Este crescimento demonstra a consolidação da ouvidoria em nosso País, o

que representa um claro avanço para a cidadania que encontra nesta função

mais um auxílio no exercício dos seus direitos.

O atendimento do cidadão, além de ser uma demonstração de respeito aos

direitos constitucionalmente assegurados, com o ouvidor/ombudsman as

empresas privadas estabelecem um diferencial perante o mercado, pois

demonstram a preocupação em estabelecer um canal direto de comunicação,

Page 60: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

60

privilegiado, pois está em contato direto com a alta administração, procurando

solucionar as questões apresentadas, agindo na melhoria da qualidade dos

produtos e serviços.

A função de representante do cidadão dentro das instituições públicas e

privadas, defendendo seus legítimos interesses, é uma inovação no Brasil.

Inovação que fortalece a cidadania e o sentido de participação, fatores que

aprimoram a nossa democracia.

Page 61: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

61

ANEXO 04

Código de Ética do Ouvidor/Ombudsman

Fonte: Site ABO – Nacional

Proposta aprovada na Assembléia Geral Extraordinária, convocada para essa finalidade, realizada em Fortaleza - CE, no dia 19/12/97.

Considerando que, a natureza da atividade da Ouvidoria está diretamente ligada à compreensão e respeito às necessidades, direitos e valores das pessoas.

Considerando que, por necessidades, direitos e valores entende-se não apenas questões materiais, mas também questões de ordem moral, intelectual e social, e que direitos só têm valor quando efetivamente reconhecidos.

Considerando que, no desempenho de suas atividades profissionais e dependendo da forma como essas sejam desempenhadas, os Ouvidores/Ombudsman podem efetivamente fazer aplicar, alcançando esses direitos.

Considerando que, a função do Ouvidor/Ombudsman visa o aperfeiçoamento do Estado, da Empresa, a busca da eficiência e da austeridade administrativa.

Finalmente, considerando que, no exercício das suas atividades os Ouvidores/Ombudsman devem defender intransigentemente os direitos inerentes da pessoa humana, balizando suas ações por princípios éticos, morais e constitucionais.

Os membros da ABO - Associação Brasileira de Ouvidores resolvem instituir o Código de Ética, nos termos enumerados a seguir:

1. Preservar e respeitar os princípios da "Declaração Universal dos Direitos

Page 62: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

62

Humanos, da Constituição Federal e das Constituições Estaduais".

2. Estabelecer canais de comunicação de forma aberta, honesta e objetiva,

procurando sempre facilitar e agilizar as informações.

3. Agir com transparência, integridade e respeito.

4. Atuar com agilidade e precisão.

5. Respeitar toda e qualquer pessoa, preservando sua dignidade e

identidade.

6. Reconhecer a diversidade de opiniões, preservando o direito de livre

expressão e julgamento de cada pessoa.

7. Exercer suas atividades com independência e autonomia.

8. Ouvir seu representado com paciência, compreensão, ausência de pré-

julgamento e de todo e qualquer preconceito.

9. Resguardar o sigilo das informações.

10. Facilitar o acesso à Ouvidoria, simplificando seus procedimentos, agindo

com imparcialidade e justiça.

11. Responder ao representado no menor prazo possível, com clareza e

objetividade.

12. Atender com cortesia e respeito as pessoas.

13. Buscar a constante melhoria das suas práticas, utilizado eficaz e

eficientemente os recursos colocados à sua disposição.

14. Atuar de modo diligente e fiel no exercício de seus deveres e

responsabilidades.

15. Promover a reparação do erro cometido contra o seu representado.

16. Buscar a correção dos procedimentos errados, evitando a sua repetição,

estimulando, persistentemente, a melhoria da qualidade na

Page 63: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

63

administração em que estiver atuando.

17. Promover a justiça e a defesa dos interesses legítimos dos cidadãos.

18. Jamais utilizar a função de Ouvidor para atividades de natureza político-

partidária ou auferir vantagens pessoais e/ou econômicas.

19. Respeitar e fazer cumprir as disposições constantes no "Código de

Ética", sob pena de sofrer as sanções, que poderão ser de advertência,

suspensão ou expulsão dos quadros associativos, conforme a gravidade

da conduta praticada, devendo a sua aplicação ser comunicada ao

Órgão ou Empresa na qual o Ouvidor exerça suas atividades.

20. As sanções serão impostas pela Diretoria Executiva da ABO, ex-ofício

ou mediante representação, com direito a recurso ao Conselho

Deliberativo, em prazo de 15 dias após a imposição da penalidade aos

membros do quadro associativo.

21. As Seções Estaduais poderão ter o seu "Código de Ética e Conduta",

que deverão ser submetidos à apreciação do Conselho Deliberativo da

ABO.

22. As sanções impostas pelas Seções Estaduais da ABO poderão ser

objeto de recurso ao Conselho Deliberativo da ABO, no prazo de 15

dias.

23. Os procedimentos para a avaliação e aplicação das sanções serão

definidos por Resolução da Diretoria Executiva.

Page 64: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

64

ANEXOS – 05: Outras habilidades do Profissional

Ouvidor

Fonte: www.mundorp.com.br/rp.ouvidoria-estudo.htm

Para Entender RP

O Profissional de Relações Públicas como Ombudsman

No decorrer do capítulo, tratou-se da instituição do

ombudsman/ouvidor nas organizações, como forma de garantir o

fortalecimento das relações com seus públicos e numa dimensão

mais ampla permitir o desenvolvimento da cidadania. Esses

objetivos, se analisarmos mais profundamente, têm o mesmo

enfoque quando tomamos o processo e/ou atividade de relações

públicas, nas suas especifidades, que é a questão da relação

organização-públicos, em que ambos podem interferir no

comportamento um do outro.

Caracterizar o profissional de Relações Públicas como

ombudsman/ouvidor, é, de todo, conveniente, quando se

compreende a sua função na sociedade que é buscar a

legitimidade das ações organizacionais ante aos públicos. Simões

(1995, p.185) posiciona-se sobre a questão ao analisar o papel do

ombudsman nas organizações, destacando que, ‘’... Cabe a este

profissional auscultar aos públicos, em especial aos clientes,

provocados ou não, quando as suas expectativas, frustadas ou

não, sobre os produtos e serviços e tudo mais que diga respeito à

organização. E, após análise dos fatos, apresentar à direção os

problemas e as alternativas de solução”

Page 65: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

65

Nessa concepção, percebe-se haver uma correlação ainda maior

ao definir-se as quatro funções básicas de relações públicas, tais

como: diagnóstico, prognóstico, pareceres e ações ou seja, as

atividades que compõem o exercício da profissão. Assim, o autor

enfatiza: “... a tarefa do ombudsman, nas empresas e nos

governos, corresponde à atividade de relações públicas,

diminuída da última atribuição - implementar programas

planejados de comunicação.

Em contrapartida, Giangrande (1999, p. 68) defende ou mesmo

considera o profissional de relações públicas como ombudsman

quando afirma:‘’Compete ao ombudsman trabalhar de forma clara

e transparente para manter a imagem da empresa livre de

máculas. Quando algum problema ocorrer, deve esclarecê-lo

rápida e eficazmente junto à opinião pública. O ombudsman deve

ajudar de acordo com as características da empresa a criar

programas de comunicação que esclareçam e informam cada vez

mais e melhor os consumidores sobre os produtos e serviços”

Independente das divergência dos autores, quanto à elaboração

de programas de comunicação, julga-se pertinente ressaltar que a

atuação do ombudsman nas organizações vem crescendo

vertiginosamente dada a sua postura na sociedade e

principalmente do público-consumidor, daí a preocupação das

organizações sejam públicas ou particulares para o

desenvolvimento de relacionamentos a longo prazo com os seus

públicos. Dessa forma, pode-se depreender que as organizações

que fazem relações públicas excelentes, tem a oportunidade de

abrir um canal de comunicação que represente esse público como

cidadão.

ANEXO 06 : A Ouvidoria no Brasil e seus Princípios

Page 66: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

66

Edson Luiz Vismona

Advogado, Secretário Adjunto da Secretaria da

Justiça e da Defesa da Cidadania e

Presidente da Associação Brasileira de Ouvidores

"Representar o cidadão zelando pelos seus

legítimos interesses junto às instituições

públicas e privadas ".

Esta é, em síntese, a função

do Ouvidor, ou como também

é conhecido, Ombudsman.

A figura do Ombudsman surgiu na Suécia, no início do século XIX, em uma

clara reação do cidadão frente ao poder do Estado. Esta palavra na sua língua

original significa "representante", "procurador", e não comporta gênero

feminino, portanto, é equivocado falar-se em "Ombudswoman".

No Brasil, esta função foi adotada pela iniciativa privada, visando conferir uma

maior transparência às suas atividades e, também, estimular o consumidor a

defender seus direitos e interesses junto à instituição, privilegiando a

prevenção e, por conseqüência, evitar confrontos nas relações de consumo.

Assim, a empresa se posicionaria melhor no mercado, aperfeiçoaria a

qualidade de seus produtos e serviços e criaria um canal importante de

comunicação direta com o consumidor.

O jornal "Folha de São Paulo" em 1989, ao instituir o seu Ombudsman,

divulgou o seu significado, e, com a promulgação do Código de Defesa do

Consumidor em 1990, outras empresas e instituições fizeram o mesmo. Assim,

em seguida, a ABINEE - Associação Brasileira da Indústria Elétrico e

Eletrônica, o Banco Nacional e o Grupo Pão de Açúcar também adotaram seus

Ombudsman, como demonstração de respeito ao consumidor.

Page 67: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

67

O Ombudsman ou Ouvidor ao receber uma reclamação do cidadão, procura

identificar as causas, a sua procedência e os meios para solucioná-la, ou, se

isto não for possível, explicar o porquê. Não é a solução para todos os males,

porém agindo dentro da instituição, em contata direto com a sua cúpula, busca

a satisfação do cidadão e apresenta propostas que evitem a repetição de

erros, estimulando processos de melhoria contínua da qualidade. O resultado

do seu trabalho deve ser informado ao cidadão, individualmente, e, quando for

de interesse público, coletivamente.

Não obstante o interesse empresarial estar diretamente ligado aos conceitos

mercadológicos, o Ombudsman foi instituído respeitando-se claros princípios

de natureza pública. Dessa forma, autonomia, independência, estabilidade no

emprego por um período, mandato certo, enfim, conceitos de certa forma

estranhos ao ambiente das empresas foram adotados, objetivando dotar o

Ombudsman de respeitabilidade e confiança junto ao público, em uma clara

demonstração de que esta função não seria uma jogada de marketing.

De outro lado, se com o Código de Defesa do Consumidor o Ombudsman

ganhava espaço na iniciativa privada, o que ocorria junto aos órgãos públicos?

Na esfera pública a adoção do Ombudsman, ou como é mais conhecido neste

âmbito, o Ouvidor, teve uma evolução mais lenta. Curitiba e, posteriormente, o

Paraná adotaram esta função, seguido por outras cidades, dentre elas: Santos,

Maringá, Campinas, Fortaleza, e o Estado do Ceará. Além de cidades e

Estados, diversos órgãos públicos, como a Fundação PROCON, o IPEM e a

Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo, assim como

empresas públicas prestadoras de serviços, também seguiram este caminho,

em uma clara demonstração que esta função vem se espraiando junto aos

diversos ramos de atividade, pública e privada. A ABO - Associação Brasileira

de Ouvidores identificou cerca de 250 (duzentos e cinqüenta)

Ouvidores/Ombudsman atuando no Brasil. Este crescimento é movido pela

necessidade de atender o cidadão e aperfeiçoar os serviços e produtos, mas

também, representa uma inequívoca conscientização da cidadania, que cada

vez mais, exige respeito e participação.

Page 68: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

68

Não obstante estes interesses meritórios, não devemos esquecer que existem

aqueles que procuram se aproveitar da existência da Ouvidoria para

estabelecer um falso sentimento de busca da qualidade e de respeito ao

cidadão. Isto deve ser combatido.

Visando preservar os princípios que regem a Ouvidoria e a sua função de

prestadora de serviços ao público, a Associação Brasileira de Ouvidores -

ABO, criada em 1995, aprovou em 1997 o seu Código de Ética, expressando

os valores que devem nortear a atuação dos Ouvidores/Ombudsman,

conscientizando os cidadãos sobre o alcance desta função e as suas

obrigações junto à comunidade.

O Código de Ética instituído pela ABO, conta com 19 (dezenove) pontos

específicos, relacionados com a postura que o Ouvidor/Ombudsman deve

adotar e 4 (quatro) pontos de caráter processual.

Dentre esses pontos, salienta-se o reconhecimento de que os

Ouvidores/Ombudsman devem defender intransigentemente os direitos

inerentes da pessoa humana; agir com integridade, transparência e respeito;

exercer suas atividades com independência e autonomia, de forma ágil e

precisa, buscando a correção dos procedimentos errados.

O Código de Ética da Associação Brasileira dos Ouvidores representa um

compromisso dos Ouvidores/Ombudsman de exercerem suas funções,

respeitando fundamentos imprescindíveis para quem se propõe a atuar em

defesa dos interesses do cidadão, nas instituições públicas e privadas.

Definidos os parâmetros éticos, importa identificar as áreas que estão

relacionadas com a formação do Ouvidor. No IV Encontro Nacional de

Ouvidores, recentemente realizado no Rio de Janeiro, na Fundação Getúlio

Vargas, este foi o tema. Nas palestras e debates foram identificadas as

disciplinas e as suas ligações com o instituto da Ouvidoria. O Direito,

Constitucional e do Consumidor; a Administração e os seus instrumentos; o

Jornalismo e o necessário respeito ao cidadão; a Psicologia e as Relações

Públicas como apoio à atividade do Ouvidor, foram temas objeto das reflex0es

Page 69: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

69

deste Encontro. A idéia é elaborar uma proposta curricular que fundamente um

Curso de Aperfeiçoamento para as pessoas que exerçam ou queiram exercer

esta função. Como resultado, verifica-se que o Ouvidor não é o crítico de

plantão, mas sim, um agente permanente de defesa da cidadania, e, para

tanto, deve se municiar de conhecimentos multidisciplinares, para poder

enfrentar o complexo desafio de representar o cidadão dentro de uma

instituição, sem estabelecer um contencioso permanente e desgastante.

Legitimando a sua ação junto ao cidadão, por atender às suas expectativas, e

conseguindo firmar um espírito de parceria interna na instituição em que atua,

o Ouvidor/Ombudsman estará alcançando o seu objetivo, aprimorando o

relacionamento entre a organização e o cidadão.

Em um país como o Brasil, onde o autoritarismo ainda é defendido por muitos

como uma virtude, a Ouvidoria auxilia no fortalecimento do indivíduo perante

as grandes e cada vez mais complexas estruturas prestadoras de serviços e

produtos, incentivando a participação e, por conseqüência, o grau de

conscientização da cidadania e valorização da democracia.

ANEXO 07 : DECÁLOGO DO OUVIDOR

Fonte: Site ABO – Nacional

Page 70: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

70

1. Ao receber uma reclamação, evitar conclusões intuitivas e precipitadas.

Conscientizar-se de que a prudência é tão necessária quanto a produção da

melhor e mais inspiradora decisão. Jamais se firmar no subjetivismo e na

precipitada presunção para concluir sobre fatos que são decisivos para os

interesses dos indivíduos e da sociedade. Concluir pelo que é racional e

consensual na prática convencional das ações de um Ouvidor.

2. Agir com modéstia e sem vaidade. Aprender a ser humilde. Controlar o afã

ao vedetismo. O sucesso e a fama devem ser um processo lento e elaborado

na convicção do aprimoramento e da boa conduta ética e nunca pela presença

ostensiva do nome ou do retrato nas colunas dos jornais e nos vídeos das

tevês. Não há nenhum demérito no fato de as atividades do Ouvidor correrem

no anonimato, delas tendo conhecimento apenas a administração e as partes

interessadas.

3. Manter o sigilo exigido. 0 segredo deve ser mantido na sua relativa

necessidade e na sua compulsória solenidade, não obstante os fatos que

demandem investigações terem vez ou outra suas repercussões

sensacionalistas e dramáticas, quase ao sabor do conhecimento de todos. Nos

seus transes mais graves, deve o Ouvidor manter sua discrição, sua

sobriedade, evitando que suas declarações sejam transformadas em ruidosos

pronunciamentos e nocivas repercussões.

4. Ter autoridade para ser acreditado. Exige-se também uma autoridade capaz

de se impor ao que se afirma e conclui, fazendo calar com sua palavra as

insinuações oportunistas. Tudo fazer para que seu trabalho seja respeitado

pelo timbre da fidelidade a sua arte, a sua ciência e à tradição. Decidir com

firmeza. A titubeação é sinal de insegurança e afasta a confiança que se deve

impor em momentos tão delicados. Se uma decisão é vacilante, a arte e a

ciência tornam-se fracas, temerárias e duvidosas.

5. Ser livre para agir com isenção. Concluir com acerto através da convicção,

comparando os fatos entre si, relacionando-os e chegando às conclusões

sempre claras e objetivas. Não permitir de forma alguma que suas crenças,

Page 71: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

71

ideologias e paixões venham influenciar um resultado para o qual se exige

absoluta imparcialidade e isenção.

6. Não aceitar a intromissão de ninguém. Não permitir a intromissão ou a

insinuação de ninguém, seja autoridade ou não, na tentativa de deformar sua

conduta ou dirigir o resultado para um caminho diverso das suas legítimas e

reais conclusões, para não trair o interesse da sociedade e os objetivos da

justiça.

7. Ser honesto e ter vida pessoal correta. É preciso ser honesto para ser justo.

Ser honesto para ser imparcial. Só a honestidade confere um cunho de

respeitabilidade e confiança. Ser íntegro, probo e sensato. Ser simples e usar

sempre o bom senso. A pureza da arte é como a verdade: tem horror ao

artifício. Convém evitar certos hábitos, mesmo da vida íntima, pois eles podem

macular a confiança de uma atividade em favor de quem irremediavelmente

acredita nela.

8. Ter coragem para decidir. Coragem para afirmar. Coragem para dizer não.

Coragem para concluir. Ter coragem para confessar que não sabe. Coragem

para pedir orientação de alguém mais experiente. Ter a altivez de assumir a

dimensão da responsabilidade dos seus atos e não deixar nunca que suas

decisões tenham seu rumo torcido por interesses inconfessáveis.

9. Ser competente para ser respeitado. Manter-se permanentemente

atualizado, aumentando cada dia o saber. Para isso, é preciso obstinação,

devoção ao estudo continuado e dedicação apaixonada ao seu mister, pois só

assim suas decisões terão a elevada consideração pelo rigor que elas são

elaborados e pela verdade que elas encerram.

10. Acreditar piamente que o seu papel de representante do cidadão comum,

mais do que uma procuração de fato, é um sério compromisso em busca da

satisfação do reclamante, do aperfeiçoamento do fato reclamado e da

otimização da qualidade da instituição em que orgulhosamente é o seu

Ouvidor.

Page 72: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

72

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA

Page 73: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

73

[livro]RAUEN, Fábio José. Elementos de iniciação à pesquisa. Rio do Sul,

SC: Nova Era, 1999.

(livro), SANTOS, Antonio Raimundo dos.Metodologia Científica: a

construção do conhecimento, 2.ed - Rio de Janeiro: DP&A Editora, 1999.

Larosa, Marco Antonio.Como produzir uma monografia passo a passo...

Siga o mapa da mina.Marco Antonio Larosa e Fernando Arduini Ayres. – Rio

de Janeiro: WAK Editora, 2002.

Brasil. Código de Proteção e Defesa do Consumidor (1990) e legislação

correlata. - Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas,

2003.

Rios, Josué de Oliveira. Código de Defesa do Consumidor:

Comentado/Josué de Liveira Rios, Marilene Lazzarini, Vidal Serano Nunes

Jr.(comentários).São Paulo:Globo, 2001 –Série cidadania)

Palominos, Roberto. Nem acaso, nem milagre: a gestão do

compromisso/Roberto Panominos. – São Paulo:Editora Gente, 1997.

Centurião, Alberto.Ombudsman:a face da empresa cidadã: Como e por

que instalar uma Ouvidoria?Alberto Centurião. São Paulo: Educator, 2003.

Pinheiro, RobertoMeireles.Comportamento do consumidor e pesquisa de

mercado/Roberto Meireles Pinheiro, Guilherme Caldas de Castro, Heldes

Haddad Silva, Jose Mauro Gonçalves Nunes. – 2 ed.rev. – Rio de

Janeiro:Editora FGV, 2005.

Page 74: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

74

Lewis, James P.,1941 – Como Gerenciar projetos com eficácia/James

P.Lewis;tradução Gilberto de Araújo Brandão Couto – Rio de Janeiro: Campus

2000 – Série Trabalho Eficaz.

[Informação de Internet (www)]ABO.org.br. Associação Brasileira de

Ouvidores - Acessos em 2005 e 2006.

[Informação de Internet (www)]ABORJ.org.br. Associação Brasileira de

Ouvidores – Seção Rio de Janeiro - Acessos em 2005 e 2006.

[Informação de Internet (www)].CONSUMIDOR.GOV.BR – PROCON RJ -

Acessos em 2005 e 2006.

[Informação de Internet (www).PORTAL DO CIDADÃO.RJ.GOV.BR -

Acessos em 2005 e 2006.

[Informação de Internet (www).DEFESA DO CONSUMIDOR. Associação

Pro-Consumidor - Acessos em 2005 e 2006.

Conforme a NBR 6023:2002 da Associação Brasileira de Normas Técnicas

(ABNT), este texto científico publicado em periódico eletrônico deve ser citado

da seguinte forma:

LÔBO, Paulo Luiz Netto. A informação como direito fundamental do

consumidor . Jus Navigandi, Teresina, a. 5, n. 51, out. 2001. Disponível em:

<http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2216>. Acesso em: 26 jan. 2006.

Page 75: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

75

ANEXOS

Índice de anexos

Neste espaço, são apresentados a remissão aos textos que serviram de

complemento durante a pesquisa para o desenvolvimento desta Monografia.

Os conteúdos servem de base para aprofundar a prática da pesquisa e suas

diversas formas de produção.

Anexo 01 >> Internet- Mandamentos do Consumidor

Anexo 02 >> Internet- Passo a Passo para Criar uma Ouvidoria

Anexo 03 >> Internet;-A Ouvidoria no Brasil

Anexo 04 >> Internet;-Código de Ética do Ouvidor/Ombudsman

Anexo 05 >> Internet-Outras Habilidades do Profissional Ouvidor

Anexo 06 >> Internet;-A Ouvidoria no Brasil e seus Princípios

Anexo 07 >> Internet.-Decálogo do Ouvidor

Page 76: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

76

ÍNDICE

FOLHA DE ROSTO 02

AGRADECIMENTOS 04

DEDICATÓRIA 05

METODOLOGIA 06

RESUMO 07

SUMÁRIO 09

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I

MOVIMENTO CONSUMERISTA

1.1 – Movimento Consumerista: no Mundo 11

1.2– Movimento Consumerista : no Brasil e

Legislações Pertinentes 14

1.2.1-CDC e as Relações de Consumo 17

CAPÍTULO II

MERCADO CONSUMIDOR

2.1 – Comportamento do Consumidor 22

2.2 – Perfil do Consumidor 27

CAPÍTULO III

CONSUMIDOR:DO DIREITO À INFORMAÇÃO

A GARANTIA DA COGNOSCIBILIDADE 30

3.1 – Sistemas de Informação e o Canal de Relacionamento 40

3.2 – O Ouvidor: Perfil, Competências e Habilidades do

Mediador de Conflito 44

3.2.1 – O Ouvidor como agente de mudança 46

CAPÍTULO IV

RESPONSABILIDADE SOCIAL: O CLIENTE COM “C” DE

CONSUMIDOR, C DE CIDADÃO

4.1 – A face da Empresa Cidadã 51

CONCLUSÃO 53

Page 77: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

77

ANEXOS 55

BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 73

ÍNDICE 76

Page 78: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … JASMELINA ALVES BRAGA.pdfInformação, a Ouvidoria X Defensoria Pública, entre outros. Os livros constantes na bibliografia, contribuiram para

78

FOLHA DE AVALIAÇÃO

Nome da Instituição: UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES – Pós

Graduação “Lato Sensu” – Projeto A Vez do Mestre

Título da Monografia: CDC: Tendências, Soluções e as Melhores

Práticas no Relacionamento com o Cidadão... Uma conquista para a

Sociedade

Autor: Simone Jasmelina Alves Braga

Data da entrega: 02/03/2006

Avaliado por: Conceito:

Ouvidoria, adote esta idéia ! Cidadão Ouvidor é Consciente e Socialmente Responsável .