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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” AVM FACULDADE INTEGRADA O USO CONSCIENTE DO CRÉDITO PESSOAL Por: GABRIELA MERLINO RIBEIRO Orientador(a): Prof. Ana Claudia Morrissy Rio de Janeiro 2012

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES PÓS … que empresta dinheiro a um indivíduo ou a uma instituição se chama credor. 9 CAPÍTULO I CRÉDITO PESSOAL 1 – DEFINIÇÃO DE CRÉDITO PESSOAL

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O USO CONSCIENTE DO CRÉDITO PESSOAL

Por: GABRIELA MERLINO RIBEIRO

Orientador(a): Prof. Ana Claudia Morrissy

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

AVM FACULDADE INTEGRADA

O USO CONSCIENTE DO CRÉDITO PESSOAL

Apresentação de monografia à AVM Faculdade Integrada como

requisito parcial para obtenção do grau de especialista em

Finanças e Gestão Corporativa.

Por: Gabriela Merlino Ribeiro

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AGRADECIMENTOS

“Agradeço a Deus, pois sem ele eu não teria

forças para essa longa jornada, agradeço a meus

familiares, professores e aos meus colegas que

me ajudaram na conclusão da monografia.”

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DEDICATÓRIA

“Dedico esta monografia aos meus pais que me

deram muito apoio nos momentos mais difíceis

da minha vida, e me ensinaram muitas coisas e

uma delas foi que por mais que o caminho esteja

difícil e doloroso, devo prosseguir, pois lá na

frente quando esse caminho já estiver no final,

olharei para trás e me sentirei vitoriosa,

obrigada por sempre estarem ao meu lado me

dando forças. Aos meus professores que me

ensinaram que por mais que achamos que o

nosso conhecimento já está bem profundo,

estamos enganado pois o conhecimento é algo

que está sempre se renovando. Obrigado por

tudo!”

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RESUMO

O objetivo do presente trabalho é mostrar o uso consciente do crédito pessoal, pois é

observado um aumento na inadimplência pela falta do planejamento orçamentário.

Neste trabalho estão englobados alguns conceitos e conhecimentos sobre crédito

pessoal, endividamento bancário, análise de risco de crédito e planejamento financeiro.

Observa-se que a oferta do crédito nos dias de hoje se depara em abundância, sendo

de fácil e rápida a sua obtenção, fazendo com que as pessoas caiam na armadilha do gasto

simples, o que elas não sabem a respeito dessas agressivas publicidades é o conteúdo dos

imensos elementos contratuais, onde minúsculas letras contam o valor real dos encargos

financeiros e condições de pagamento.

Atualmente, o endividamento bancário vem preocupando o país, gerando um

aumento excessivo de dividas. As dividas tem por si os seus motivos contestados

principalmente pelo desemprego.

A análise do risco de crédito das pessoas físicas e utilização da educação financeira

são as principais ferramentas de controle do endividamento.

Através da análise de crédito é possível identificar se o cliente possui idoneidade e

capacidade financeira suficiente para amortizar a dívida que se pretende contrair.

O planejamento financeiro é um processo dinâmico que percorre um ciclo de

confecção de planos, sua implementação e revisão dentro da realidade dos resultados, são

essenciais à Pessoa que pretende organizar as contas e colocá-las em dia, para alcançar a

estabilidade financeira.

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METODOLOGIA

O estudo será organizado através de levantamento de dados secundários, e

caracteriza-se como exploratório, pois visa realizar um paralelo entre planejamento das

finanças pessoais e qualidade de vida.

Foram realizadas pesquisas em algumas obras dentre as quais, incluem os autores,

Macedo (2007), Blatt (1999), Santos (2006), e também artigos científicos e materiais

disponíveis na rede eletrônica, matérias de jornais e revistas. De acordo com Oliveira (1997),

“a pesquisa bibliográfica tem por finalidade conhecer as diferentes formas de contribuição

cientifica que se realizaram sobre determinado assunto.”

A fundamentação teórica e a elaboração de um modelo de planilha para planejamento

das finanças pessoais, foi realizada basicamente por meio de pesquisa bibliográfica. Para a

elaboração do modelo de planilha para planejamento financeiro pessoal consultaram-se os

autores Frankemberg (1999) e Macedo (2007), uma vez que esse modelo de planilha

financeira poderá ser utilizada tanto em Excel como em caderneta ou planilha impressa, no

intuito de juntar o que é proposto para que os indivíduos e as famílias possam observar

benéficos e influências do planejamento financeiro pessoal no uso consciente do crédito

pessoal, através de um instrumento simples e eficaz.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 08

CAPÍTULO I - Crédito Pessoal 09

1.1 – Onde e como conseguir o crédito pessoal 09

1.2 – Vantagens do Crédito Pessoal 09

1.3 – Cuidados a serem observados 10

1.4 – Alguns exemplos de crédito pessoal e empréstimos 11

CAPÍTULO II- Endividamento Bancário 15

CAPÍTULO III – Análise do Risco de Crédito 21

3.1 – Processo de Análise de crédito para pessoa física 22

3.1.1 – Análise Cadastral 23

3.1.2 – Análise de Idoneidade 25

3.1.3 – Análise Financeira 26

3.1.4 – Análise Relacionamento 27

3.1.5 – Análise Patrimonial 27

3.1.6 – Análise de Sensibilidade 28

3.2 – Método Credit Scoring 28

CAPÍTULO IV – Planejamento Orçamentário 33

4.1 – Como planejar e organizar o orçamento pessoal financeiro 34

4.2 – Benefícios e Influências do uso consciente do planejamento 35

na qualidade de vida

CONCLUSÃO 36

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ANEXO I 38

ANEXO II 39

ANEXO III 40

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS 41

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INTRODUÇÃO

Crédito é a possibilidade de concretizar-se o "escambo" ou "troca de

produtos/serviços", que na economia sem dinheiro se verifica quando o crédito é explícito,

seja ele produto/serviço em determinado mercado. O dinheiro portanto é o crédito,

representado de forma concreta pela moeda, que seria a possibilidade concreta da troca ou

investimento. O crédito possui a faculdade de exigir do devedor o cumprimento da obrigação

ou o pagamento da obrigação assumida pelo crédito; quando então o cumprimento deste, se

torna exigível, isto é, se vencido é resgatado ou cumprido pelo devedor.

Crédito é a confiança de atributos positivos (dinheiro, valor moral, conhecimentos

humanos, etc..) de uma pessoa por outra pessoa ou grupo de pessoas. Crédito demonstra a

confiabilidade que uma pessoa tem por outra, em um determinado assunto.

Em finanças, crédito é a capacidade prevista que uma pessoa tem de retornar um

investimento (empréstimo, financiamento) sobre ele. Aquele que empresta dinheiro a um

indivíduo ou a uma instituição se chama credor.

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CAPÍTULO I

CRÉDITO PESSOAL

1 – DEFINIÇÃO DE CRÉDITO PESSOAL

Crédito pessoal é o crédito concedido por agências bancárias para conseguir a

aquisição de qualquer tipo de consumo. É o famoso empréstimo pessoal, onde pode ser

depositado em conta corrente o valor solicitado ou através de cheques nominativos. É um

dinheiro colocado a disposição do devedor para que ele faça uso do valor livremente e por isso

é chamado de crédito pessoal. Para obter o crédito pessoal muitas vezes precisa-se de uma

garantia, como por exemplo, o registro em carteira para comprovar fundos, ou então um

avalista, uma pessoa que se disponibilize a ser fiador e pagar as parcelas caso a outra não o

faça. O prazo geralmente é de 1 a 24 meses e o pagamento pode ser em uma única parcela ou

amortizado mensalmente.

1.1 – ONDE E COMO CONSEGUIR O CRÉDITO PESSOAL

Os lugares mais apropriados para fazer esse tipo de empréstimo são bancos,

financeiras e cooperativas de crédito, que são lugares habilitados e autorizados para trabalhar

com esse tipo de negocio. O crédito pessoal pode ser solicitado, como na maioria das vezes,

para quitação de dívidas e/ou na regularização delas. Mas antes de solicitar o empréstimo, ou

crédito pessoal deve se informar sobre a taxa de juros cobrada pelo banco, e evitar o atraso na

data do pagamento, pois isso implicará em mais juros.

1.2 – VANTAGENS DO CRÉDITO PESSOAL

1.2.1 - O Crédito Pessoal é uma operação financeira flexível nos prazos e nas taxas

de juros. Os prazos são geralmente menores que do empréstimo consignado ou

financiamentos, em geral, as taxas de juros cobradas são mais baixas;

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1.2.2 - O fato de ter bom cadastro na praça e oferecer garantias na obtenção do

crédito reduz e muito as taxa de juros;

1.2.3 – Pode ser utilizado para substituição de dívidas adquiridas com taxas mais

caras por esta alternativa, assim pode-se fazer uma redução substancial dos custos, além de

diminuir os gastos mensais, evitando a famosa inadimplência e os problemas ocasionados por

ela;

1.2.4 - Os pagamentos das parcelas poderão ser adequados a sua renda mensal ou

renda familiar. Não se deve deixar ultrapassar 30% da receita mensal, poderá ser levado em

conta para futura amortização, algum dinheiro extra como: 13º salário, participação nos

lucros, férias, bonificação, premiações em geral;

1.2.5 - Para evitar esquecimentos e/ ou atrasos, o melhor é que as datas de

vencimento das parcelas do empréstimo sejam programadas para o mesmo dia do pagamento

ou equivalente mensal de créditos ex: salário, soldo, pensão, aposentadoria, aluguéis, etc.;

1.2.6 - Membro, sócio ou cooperado de alguma Cooperativa de crédito, essa obtenção

é ainda melhor, as de taxas de juros são bem menores que as cobradas por quaisquer bancos

ou financeiras no mercado. Conta ainda com a isenção de IOF, sem dúvida nenhuma as tarifas

cobradas são menores ou inexistentes em algumas delas, pois muitos bancos, financeiras e

promotoras de crédito oferecem dinheiro rápido, fácil e sem burocracia, mas por outro lado, as

taxas cobradas são muito elevadas, quase sempre superiores até mesmo às cobradas no cheque

especial ou cartão de crédito.

1.3 – CUIDADOS A SEREM OBSERVADOS

1.3.1 – Ler atentamente o contrato antes de assinar;

1.3.2 - Pesquisar taxas de juros em estabelecimentos similares;

1.3.3 – Se informar sobre prazos, garantias, etc;

1.3.4 – Se informar sobre as tarifas cobradas: cadastro, renovação de cadastro, etc,

analisar o valor e a forma que são cobradas;

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1.3.5 – Verificar se o estabelecimento esta de acordo com o Código de Defesa do

Consumidor que exige que informem exatamente os juros que estão sendo cobrados do

cliente;

1.3.6 - Compare as condições dos diversos prazos possíveis, não apenas o valor da

prestação, também o valor dos juros pagos.

1.4 – ALGUNS EXEMPLOS DE CRÉDITO PESSOAL E EMPRÉSTIMOS

Existem diversos tipos de empréstimos e crédito pessoal no mercado financeiro, os

mais comuns são:

1.4.1 – Cartão de Crédito – É uma forma de pagamento eletrônica. Todo cartão

possui um limite de crédito para compra estipulado pelo banco emissor. As compras efetuadas

reduzem o limite disponível, até que o mesmo se torna insuficiente para outras compras e são

negadas, somente com o pagamento da fatura o crédito é liberado para novas compras. O

pagamento pode ser no valor integral da fatura, somente mínimo ou qualquer valor

intermediário, postergando o pagamento do restante para o mês subseqüente mediante a

cobrança de juros;

1.4.2 – Cheque Especial - É um crédito pré-aprovado que os bancos colocam à

disposição dos clientes, levando em conta o seu cadastro e o relacionamento. Sua

disponibilidade é automática, até o limite estabelecido, sempre que há um débito na conta

corrente superior ao saldo disponível. O limite é recomposto de acordo com cobertura do

saldo devedor acrescido de juros e outros encargos. O limite é periodicamente ajustado, em

função das necessidades, cadastro e relacionamento;

1.4.3 – Crédito Imobiliário – crédito liberado para compra da casa própria, imóvel

comercial ou até mesmo que pensa em reforma. Os planos têm até 30 anos para termino do

pagamento;

1.4.4 – Crédito Pessoal com antecipação do Imposto de Renda – boa opção para

quem precisa de dinheiro rápido e urgente, você faz a antecipação de parte dos recursos

provenientes da restituição do Imposto de Renda, com a devolução do pagamento em

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parcela única. É necessário que indique na declaração o nome e número da conta junto

sua instituição financeira;

1.4.5 – Empréstimo Pessoal - é uma operação financeira de crédito rápido, onde

você consegue o recurso (dinheiro) para fazer o que bem quizer, um dos tipos de ajuda

financeira mais praticados no país. O Tomador do empréstimo escolhe o valor, geralmente

dentro dos seus rendimentos até 70%, o número de parcelas e o valor é debitado em sua

conta corrente do devedor;

1.4.6 – Empréstimo Consignado - é uma linha de crédito pessoal aberta para

funcionários de empresas empresa privada optam por esta forma de crédito, também muito

utilizado pelos aposentados e pensionistas do INSS, servidores públicos em geral e

militares das forças armadas. O valor é descontado direto na Folha de Pagamento. É um

empréstimo que não exige avalista e oferece as melhores condições do mercado; 1.4.7 – Empréstimo para Aposentados e Pensionistas do INSS - É

um empréstimo consignado de médio prazo, pode ser pago em até 60 meses, as parcelas

do empréstimo são pré-fixadas, mensais e sucessivas, o que possibilita titular beneficiário o

conhecimento prévio do valor de todas as parcelas;

1.4.8 – Empréstimo para compra de automóveis – É Empréstimo ou

financiamento de veículos, tem como comprovação da destinação do recurso a compra do

veículo. Nesse tipo de empréstimo é exigido como garantia a alienação fiduciária de veículo

de passeio ou de carga. Geralmente feito para carros com até 10 anos de fabricação.

1.4.9 – Leasing – Ou Arrendamento Mercantil, consiste basicamente, na cessão de

um bem por uma empresa (arrendador), para outra pessoa física ou jurídica (arrendatária),

para uso próprio, operação sem cobrança de IOF;

1.4.10 – Penhor - É um empréstimo à pessoa física, mediante garantia, em penhor,

de um bem (jóias, pedras preciosas, metais nobres e outros). Também conhecido como

colocar no “prego” , realizado pela CEF, juros antecipados e prazo de até 120 dias;

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1.4.11 – Consórcio - É uma reunião de pessoas físicas e/ou jurídicas, em grupo

fechado, promovida pela administradora, com a finalidade de propiciar a seus integrantes a

aquisição de bem, conjunto de bens ou serviço turístico por meio de autofinanciamento;

Atualmente é observado que recorrer ao financiamento bancário tornou-se ,mais do

que, um hábito na sociedade dita desenvolvida a tal ponto que se banalizou. Contudo, isso não

significa que sejam conhecidos os termos ou o que significam e muito menos o que podem

implicar a curto, médio ou longo prazo. E porque só um cidadão informado pode decidir sem

quaisquer dúvidas relativamente aos esforços a realizar no futuro, convém esclarecer os

aspectos que geram dúvidas no que àquele dizem respeito.

Em poucas palavras, pode definir-se o crédito pessoal como um serviço bancário que se

contrata a uma entidade autorizada e dirigida à compra de bens de consumo ou outros

produtos, incluindo a aquisição de residência permanente, embora para este exista um crédito

específico à habitação. Porém, sendo o conceito mais vasto do que o enunciado, torna-se

crucial que se avancem outros dados relativos a este gênero de financiamentos em concreto.

Como compreensível pela própria expressão, o crédito pessoal destina-se a fins

privados e não empresariais ou institucionais, apesar de atualmente a sua aplicação abranger

de certa forma outros clientes não individuais, tendo como condição ser concedido para uso

livre, isto é, para objetivos que não se encontrem abrangidos pelos demais créditos à

disposição no mercado.

Esta “opção” financeira é na verdade um empréstimo que se contrai e tem de serem

devolvidas ao credor num período de tempo pré-acordado entre ambas as partes, com os

devidos juros acrescidos, pois o montante não é oferecido, mas facultado em troca de um

determinado valor anexado à mensalidade base que corresponde verdadeiramente à

importância solicitada.

À semelhança de qualquer produto bancário, o crédito pessoal só é aprovado

mediante a apresentação de um conjunto de garantias que assegurem ao credor que o titular do

contrato pagará no tempo estipulado as prestações que lhe serão imputadas consoantes a

quantia demandada.

De entre as garantias exigidas, casa, propriedades imóveis ou carros são as cauções

mais vulgarmente empenhadas, as quais serão penhoradas caso o cliente passe a devedor na

ausência de pagamentos. Outra possibilidade é conseguir um fiador, ou seja, uma pessoa que

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será responsável por liquidar ao financiador todo o valor restante que não tenha sido

reembolsado pelo outorgante principal do acordo.

Em primeiro lugar deve ser realçado o fato de que é ilegal a concessão deste gênero

de financiamentos por empresas não autorizadas. Apenas entidades reconhecidas o podem

fazer. Se essa regra não for respeitada, as autoridades nada poderão realizar, a não ser a

denúncia de atividade ilícita e a abertura do respectivo processo judicial.

Quanto aos prazos de pagamento, a divisão inclui o parcelamento de um a 24 meses

(ou mais, em ocorrências excepcionais), dependendo o período exato de cada caso, não apenas

do montante solicitado, mas também e sobretudo das garantias dadas na hora de assinar o

contrato final. Por isso, tenha muito cuidado ao subscrever um crédito pessoal, uma vez que

essa deve ser a derradeira alternativa e não o colete de salvação para qualquer necessidade, por

mais supérflua que seja.

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CAPÍTULO II

ENDIVIDAMENTO BANCÁRIO

2– ENDIVIDAMENTO BANCÁRIO

As famílias cujos créditos representem mais de 40% do rendimento mensal

encontram-se em risco de endividamento e não devem contrair mais empréstimos. Até final de

Setembro, pesquisas na Deco mostram aproximadamente 2143 processos de sobre

endividamento. O número de processos não é maior do que no ano passado, mas a quantidade

de famílias que pede ajuda é bastante superior.

Muitas dessas situações já se encontram numa fase muito tardia, com processos em

tribunal, ou em situações em que já não há possibilidade de reestruturação de créditos.

Os tempos que se aproximam não vão ser fáceis e significa que as famílias têm de

gerir mais responsavelmente o seu dinheiro. A recomendação é que os créditos não

ultrapassem os 30 por cento do rendimento mensal das famílias. Atualmente, face às medidas

de austeridade anunciadas, muitos consumidores têm já procurado ajuda para reduzirem o

peso das prestações no seu orçamento.

É observado que antes de serem confrontadas com a diminuição dos seus

rendimentos as famílias já se encontram endividadas além do desejável. O desemprego e a

deterioração da situação laboral são as principais causas de pedidos de ajuda, representando

mais de 50 por cento dos motivos que deram origem ao endividamento.

O endividamento da população, mais especificamente das pessoas físicas é levado

em conta além das razões que levam a se endividar e a educação financeira que deve ser

adotada.

Pode-se até dizer que a população de baixa renda é a mais afeta, mas as dívidas

também se constroem nas famílias de classe mais alta. O fato não é renda e sim o modo de

compra e gerir os gastos. Sendo que mesmo gerindo sua renda o fato de entrar para o mundo

das dividas pode ser explicado pelo SPC e IEGV, em pesquisa realizada aponta que 53% dos

endividados em 2007 são de pessoas desempregadas.

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Sendo que se pode ser apresentados os principais causadores da inadimplência e

alguns dados sobre os mesmos, como o desemprego e a precária educação e conhecimento no

momento de adquirir um bem ou serviço.

Hoje o consumo é cada vez mais por obsessão do que por precisão, meramente

atraída visto como potencialidade de compra. Nesse momento as pessoas não se dão conta de

que se compra precisa pagar, que as propagandas de parcelamento precisam ser quitadas.

Um cidadão que deixa de cumprir seus compromissos de 1 a 3 meses consecutivos

pode ser considerado endividado, gerando agravo na estrutura familiar originando o sobre

endividamento.

Para essa causa e outras formas de prevenir as dividas são dispostas na educação

financeira, maneira por qual qualquer pessoa pode interagir com suas contas a pagar e contas a

receber, além de se situar diante de sua vida financeira. Para corrigir alguns abusos financeiros

onde o consumidor é atingido entra o Código de Defesa do Consumidor para regulamentar e

auxiliar no caso de precisar.

Um bom exemplo para entender uns dos principais causadores das dividas são os

cartões de crédito, o plástico que endivida milhares de brasileiros, somente relembrando a sua

origem, seus princípios, a utilidade e facilidade. O cartão de crédito é instrumento de crédito

contratual que possibilita a livre aquisição de bens e serviços obedecidos determinado teto do

limite concedido, dentro do âmbito dos fornecedores conveniados.

O endividamento pode ser acentuado como a impossibilidade de o consumidor não

obter modo de cumprir com suas obrigações contratuais atinente não só a dívida vencida

como as a vencer também, muitas vezes por opressão de entrar no cadastro do serviço de

proteção ao crédito acaba pedindo mais empréstimos sendo na maioria das vezes com altos

juros.

O endividamento, segundo trabalho realizado pelo Centro de Estudos Sociais da

Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra (2002), é definido como o saldo devedor

de um indivíduo e este pode resultar apenas de uma dívida ou de mais de que uma

simultaneamente.

O princípio atrativo do crédito está na forma de pagamento que pode ser parcelado, o

que torna o investimento de um bem ou serviço mais viável, pois em muitas vezes a aquisição

a vista não é admissível, devido a certos bens terem um custo altíssimo.

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Sendo que essa facilidade de levar para casa o seu bem pretendido pode causar

muitas vezes um grande acumulo de faturas a pagar, gerando o endividamento. No atraso da

fatura do cartão de crédito é algo praticamente irreversível, no momento em que pretende

quitar somente no mês subseqüente, as altas taxas de juros praticadas pelas instituições e

administradores são muitas vezes abusivas.

O endividamento exagerado, conhecido como superendividamento ou sobre

endividamento, é acentuado pela melhor doutrina como a “impossibilidade global pessoa

física, consumidor, leigo e de boa fé de pagar todas as suas dívidas atuais e futuras de

consumo” (CARDOSO, 2007).

O sobre endividado é o cidadão que passou do limite no momento onde se

encontrava como endividado ativo e não possui mais condições de quitar com suas obrigações

financeiras, pois o grau das dívidas se encontra em estado agravante. O argumento a respeito

do superendividamento é matéria que delibera fixamente em todas as sociedades de capital

onde se faz do consumo, através de altas propagandas, algo inteiramente estimulador.

Com efeito, em grande parte das vezes o consumidor é seduzido com ofertas

publicitárias e campanhas de alto nível plástico e estético a consumir de modo irrefletido,

especialmente quando se pensa nos hipervulneráveis, como são os idosos, jovens etc. (Da

Costa, 2002).

O método de usar uma modalidade de crédito para financiar outra é um jeito tratado

pela literatura como probabilidade de endividamento subseqüente ao empréstimo.

Alguns artefatos são de extrema seriedade que passam despercebidos como o crédito

fácil, precário conhecimento nas transações de crédito, má gestão das finanças pessoais e

pressão financeira inesperada, esses são itens que permanecem na linha de apoio para as

dívidas.

Pode se ver hoje de um lado, o consumidor com o orçamento familiar envolvido com

as dívidas em estável crescimento, gerando a falta para o mínimo existencial, e, do outro, a

nova ética, ou seja, a precedência do consumo. Todos os fatos indicam ser irreversível esse

artifício de endividamento excessivo, que inviabiliza recursos e qualquer encaminhamento no

sentido da cautela.

A abordagem na rua, pelo telefone e até mesmo na fila do cash é agressiva e acaba

fazendo com que as pessoas se iludam e contratem o empréstimo sem saber realmente do que

se trata e qual a taxa de juros que ele vai pagar – não lendo e entendo o contrato. A maioria

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das cobranças é feita em desconto em folha, impossibilitando o mesmo de sacar no momento

de fragilidade o seu salário.

Em exame feito por alunos do curso de Economia da USP (2007) sobre as

dificuldades que levam as dívidas, pode ser observada a figura a seguir, onde com 21,6% fica

como causa incidentes pessoais, como desemprego e saúde, 35,1% das dívidas é por conta do

consumismo e 43,1% a falta de planejamento financeiro.

Na economia do endividado, tudo se articula com o crédito. O crescimento

econômico é condicionado por ele. O endividado dos lares funciona como meio de financiar a

atividade econômica. Segundo a cultura do endividado, viver a crédito é um bom hábito de

vida. Maneira de ascensão ao nível de vida e conforto do mundo contemporâneo, o crédito

não é um favor, mas um direito fácil.

O consumismo indisciplinado pode ser uma das fisionomias do superendividamento,

o volumoso número de pessoas, jovens ainda, que não conseguem controlar o impulso de

comprar diante da vasta oferta que lhes é proporcionada diuturnamente. Não se podem

imaginar afirmativas de que esta seja uma preocupação da sociedade, mas do indivíduo que

não soubera controlar seus impulsos consumistas, apartando a responsabilidade da sociedade.

O sobre endividamento pode originar implicações sociais e psicológicas importantes,

como a marginalização e a exclusão social, os problemas psíquicos, o alcoolismo, a

dissolução das famílias, as perturbações da saúde física e mental dos filhos das famílias

endividadas.

Em pesquisa feita pela Serasa Experian mostra que em segunda colocação estão as

dívidas com cartões de crédito e financeiras, com uma participação de 33,5% na

inadimplência dos consumidores, nos onze meses de 2008 – sendo que a primeira posição está

nas dívidas bancárias. Em outra matéria que foi apresentada pelo Jornal Nacional (Março,

2009) confirma que a inadimplência com cartão de crédito continua crescendo, isso significa

que houve um aumento no número de brasileiros que não estão conseguindo pagar as suas

dívidas com o cartão.

Outro caso de endividamento muito comum é o do crédito consignado, esse caso

afeta principalmente o aposentado e pensionista, além da pouca instrução de conhecimento

financeira a fragilidade dessas pessoas é muita expressiva.

A oferta de crédito hoje se encontra em extrema fartura, sendo de fácil e rápida a sua

aquisição, improvisando para que as pessoas caiam na armadilha do consumo fácil, o que elas

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não sabem a respeito dessas agressivas publicidades é o conteúdo dos imensos elementos

contratuais, onde minúsculas letras contam o valor real dos encargos financeiros e condições

de pagamento. Mesmo assim o crédito consignado vem aumentando em alta escala no ano de

2004 a 2008.

Na edição de 2006 do Relatório de Desenvolvimento Humano (RDH) foi

apresentado o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) onde três dimensões do

desenvolvimento humano foram constatadas: educação, renda e longetividade.

A Sociedade Central de Proteção ao Crédito (SPC) e o Instituto de Economia Gastão

Vidigal (IEGV) também realizam pesquisas trimestralmente para situar todos os cidadãos,

principalmente os brasileiros, como anda a perspectiva de endividamento no país. E uma

dessas pesquisas realizada pode ser analisada a seguir, como se constata na tabela 1, com as

proporções de 2002, 2006 e 2010, o desemprego ficou como principal motivo da alta taxa de

inadimplência em nosso país.

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Tabela 1-Pesquisa sobre inadimplência no Brasil-SPC e Use cheque

Motivo / Anos 2002 2006 2010

1 – Causas da Inadimplência

Ficou desempregado 37% 47% 53%

Alguém da Família

ficou desempregado

2% 3% 3%

Doença na família 3% 6% 4%

Descontrole nos gastos 22% 15% 10%

Queda da Renda 16% 2% 4%

Ser Avalista - 14% 14%

Outros 20% 13% 12%

2 – Sexo

Masculino 72% 57% 62%

Feminino 28% 43% 38%

3 – Idade

Menos de 20 Anos 4% 2% 3%

De 21 a 30 Anos 42% 40% 25%

De 31 a 40 Anos 32% 40% 34%

De 41 a 50 Anos 17% 13% 26%

Mais de 60 Anos 1% 1% 1%

Fonte: Extraída de SPC e IEGV (2010).

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CAPÍTULO III

ANÁLISE DO RISCO DE CRÉDITO

3 – ANÁLISE DE CRÉDITO

É um processo organizado para analisar dados, de maneira a possibilitar o

levantamento das questões certas acerca do tomador do crédito. "Este processo cobre uma

estrutura mais ampla do que simplesmente analisar o crédito de um cliente e dados financeiros

para a tomada de decisão com propósitos creditícios" (BLATT, 1999, p. 93).

De acordo com Santos (2000), o processo de análise e concessão de crédito recorre

ao uso de duas técnicas: a técnica subjetiva e a técnica objetiva ou estatística. A primeira diz

respeito à técnica baseada no julgamento humano e a segunda é baseada em processos

estatísticos.

Em relação à primeira técnica, Schrickel observa que: "a análise de crédito envolve a

habilidade de fazer uma decisão de crédito, dentro de um cenário de incertezas e constantes

mutações e informações incompletas". (SCHRICKEL, 2000, p. 27). Ou seja, grande parte da

análise de crédito é realizada através do julgamento do agente de crédito, baseada

principalmente na habilidade e experiência do mesmo.

Santos (2006) ainda explica que esta técnica baseia-se na experiência adquirida,

disponibilidade de informações e sensibilidade de cada analista quanto a aprovação do crédito.

A análise subjetiva do tomador do crédito é importante, visto que através da

experiência do agente de crédito é possível identificar fatores de caráter, capacidade, capital e

condições de pagamento. Porém, essa análise não pode ser realizada de maneira aleatória, é

preciso estar embasada em conceitos técnicos que irão guiar a tomada de decisão.

Algumas empresas de pequeno porte não dispõem de capacidade financeira para

manter um analista de crédito, por isso tem surgido empresas que podem dar um suporte a

esses empreendedores, visando a diminuição das perdas financeiras com a inadimplência.

Todos os processos descritos abaixo, são feitos por essas empresas e em seus relatórios com

os resultados da análise de crédito também estão incluídos as consultas no SPC/SERASA.

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3.1 - PROCESSO DE ANÁLISE DE CRÉDITO PARA PESSOA FÍSICA

O principal objetivo da análise de crédito é identificar os riscos para a organização

que está concedendo o crédito, evidenciar conclusões quanto à capacidade de repagamento do

tomador e fazer recomendações sobre o melhor tipo de empréstimo a ser concedido.

A análise ocorrerá conforme as necessidades do solicitante e dentro de um nível de

risco aceitável, a partir de documentação apresentada e análise da mesma, objetivando a

maximização dos resultados da instituição, segundo Schrickel (2000).

Este processo é extremamente importante para a análise de crédito efetuada em

organizações de concessão de microcrédito, principalmente devido à simplificação e

desburocratização desta modalidade, conforme explicado anteriormente.

Além disso, a análise subjetiva de crédito não é um exercício que visa ao

cumprimento de disposições normativas, mas sim tem por objetivo chegar a uma decisão clara

sobre a concessão ou não do crédito ao solicitante.

Porém, o processo de análise subjetiva, como o próprio nome diz, não é uma ciência

exata, podendo existir inúmeras soluções para cada situação de concessão, sendo certo que a

análise pode fazer emergir opções durante o processo decisório.

É preciso dizer, ainda, que a análise de crédito é um processo organizado a fim de

reunir e montar todos os fatos que conduzem ao problema, determinar as questões e

suposições relevantes para a tomada de decisão, analisar e avaliar os fatos levantados e

desenvolver uma decisão a partir das alternativas funcionais e aceitáveis.

A análise será mais consistente quanto mais presentes e valiosas forem as

quantificações dos riscos identificados e praticidade, bem como a viabilidade das conclusões

chegadas.

Portanto, o processo de análise de crédito para pessoa física baseia-se na qualidade

das informações obtidas e nas decisões decorrentes. Essas decisões devem ser práticas e

viáveis dentro de um modelo funcional adaptado à realidade da organização.

Além disso, em qualquer situação de análise de crédito, há três etapas distintas a

percorrer, conforme Schrickel (2000):

� Análise Retrospectiva: avaliação do desempenho histórico do tomador

potencial, analisando os riscos inerentes ao mesmo e como foram contornados. Este processo

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visa a identificar fatores na atual condição do tomador que possam dificultar o pagamento da

divida;

� Análise de Tendências: projeção da condição futura do tomador do crédito, a

fim de avaliar o nível de endividamento suportável e o quão oneroso será o crédito que se

espera obter; e

� Capacidade Creditícia: a partir do grau de risco que o tomador apresenta e a

projeção do seu nível de endividamento futuro, avaliar a capacidade creditícia do tomador,

ou seja, qual a quantia de capital que ele poderá obter junto ao credor.

Para que ocorra uma análise minuciosa de risco da operação de concessão de crédito à

pessoa física, é preciso passar por algumas fases distintas durante o processo. Santos (2006)

define seis fases para este processo, conforme quadro a seguir:

� Análise Cadastral;

� Análise de Idoneidade;

� Análise Financeira;

� Análise de Relacionamento;

� Análise Patrimonial; e

� Análise de Sensibilidade.

3 .1.1 - ANÁLISE CADASTRAL

A análise cadastral refere-se a processo de análise dos dados de identificação dos

clientes. Conforme Blatt (1999) evidencia, o sucesso da concessão do crédito depende de

informações confiáveis a respeito do cliente. Santos (2006) complementa, dizendo que:

"O levantamento e a análise das informações básicas de crédito são requisitos

fundamentais para a determinação do valor do crédito, prazo de amortização, taxas de juros e,

se necessário reforço ou vinculação de novas garantias." (SANTOS, 2006, p. 47).

Segundo o Manual de Normas e Instruções do Banco Central do Brasil, as instituições

de crédito, micro crédito e bancos tradicionais só devem conceder empréstimos (crédito) a

tomadores se possuírem adequadas e não restritivas informações cadastrais. As instituições de

crédito devem munir-se de elementos informativos essenciais e indispensáveis sobre o

potencial tomador do crédito, antes de manter qualquer tipo de relacionamento concreto ou

formalizar alguma operação de crédito.

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Porém, todas as instituições de crédito devem atentar para o sigilo das informações

coletadas pelos agentes de crédito. As informações e documentação pessoal devem ser

mantidas arquivadas sobre minucioso controle. Tal atenção é necessária para que ocorra sigilo

das informações e para que melhor lhe permita o controle, manuseio e atualização dos dados.

Os principais dados que deverão ser identificados para análise, deverão ser os

seguintes:

� Escolaridade;

� Estado Civil;

� Idade;

� Idoneidade;

� Moradia (se própria ou alugada e tempo de residência);

� Número de dependentes;

� Renda (principal e complementar);

� Situação legal dos documentos; e

� Tempo no atual emprego ou atividade exercida.

No processo de análise de crédito deve-se considerar todas as informações

relacionadas com a situação financeira do cliente, pois a análise conjunta dos dados irá

fornecer informações mais precisas para a tomada de decisão. O agente de crédito deve atentar

para a seguinte documentação legal:

� Certidão de Casamento, se casado (a);

� Cédula de Identidade (RG);

� Cartão de Identificação do Contribuinte (CPF);

� Declaração de Bens (anexo da declaração do Imposto de Renda), conforme Lei

8.009/1990 – Lei de Impenhorabilidade do Bem de Família;

� Comprovante de rendimentos;

� Comprovante de residência;

� Procurações (se houver);

� Cartões de Instituições Financeiras (originais); e

� Ficha Cadastral preenchida e assinada.

Por fim, Blatt (1999) explica que a ficha cadastral é um resumo da vida do cliente, por

meio da qual o credor tem a possibilidade de obter um conhecimento inicial sobre o mesmo.

Ele ainda define como “[...] um conjunto de informações financeiras e não financeiras que

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subsidiam o processo decisório de crédito, auxiliando na avaliação [...] do cliente. (BLATT,

1999, p. 78).

3.1.2 - ANÁLISE DE IDONEIDADE

Já a análise de idoneidade consiste no levantamento e análise de informações

relacionadas à idoneidade do cliente com o mercado de crédito. Esta análise baseia-se na

coleta de informações sobre o solicitante do crédito junto às empresas especializadas no

gerenciamento de risco de crédito. Empresas como Serasa, EQUIFAX e SPC (Serviço de

Proteção ao Crédito) são exemplos de organizações que podem fornecer informações úteis

sobre a situação de crédito do cliente.

A análise da idoneidade deve ser um das primeiras informações averiguadas, pois

caso o cliente não possua informações negativas as demais informações poderão ser coletadas

e analisadas para a análise do risco total.

A idoneidade do cliente pode ainda ser classificada em quatro categorias:

� Sem Restritivos: quando não há informações negativas sobre o cliente no

mercado de crédito;

� Alertas: quando há registros antigos no mercado de crédito, já solucionados,

que não impedem a concessão de novos créditos. Apenas ocorre a exigência de uma análise

mais criteriosa por parte do agente de crédito;

� Restritivos: indicam que o cliente possui informações desabonadoras no

mercado de crédito. São exemplos: registros de atrasos, renegociações e geração de prejuízos

a credores. Podem ser classificadas como de caráter subjetivo (de uso interno de instituições

do mercado de crédito) ou de caráter objetivo, tais como protestos, registros de cheques sem

fundo, ações de busca e apreensão, dentre outros; e

� Impeditivos: são apontamentos que impedem que pessoas físicas atuem como

tomadores de crédito, a exemplo de bloqueios de bens, impedimentos no Sistema Financeiro

da Habitação (SFH), proibições legais de concessão de crédito, dentre outros.

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3.1.3 - ANÁLISE FINANCEIRA

Esta análise é primordial para a determinação das forças e fraquezas financeiras do

cliente, a partir das informações das demonstrações financeiras do mesmo. A análise da renda

total do cliente e posterior análise de compatibilidade com os créditos pretendidos é uma fase

de vital importância no processo de análise dos riscos de crédito.

A atenção tem de ser especial à análise da renda, pois consideram existir relação

direta entre a renda e a taxa de inadimplência de pessoas físicas. É de suma importância

determinar o valor exato da renda e a sua regularidade, bem como a probabilidade de

continuar sendo recebida. Desta maneira é possível identificar fatores que poderão vir

a prejudicar o futuro pagamento da dívida contraída.

Os Demonstrativos de Pagamento, fornecidos pelos empregadores dos

solicitantes de crédito, constituem-se na fonte mais utilizada pelas instituições de

concessão de crédito. A Declaração do Imposto de Renda é uma fonte alternativa de

dados que possibilita um melhor cálculo sobre a renda média mensal do solicitante.

No caso de pessoas físicas autônomas ou profissionais que trabalhem em

atividades sazonais, o agente de crédito deve tomar especial cuidado com

discrepâncias na renda média mensal do cliente. Nessa situação, a comprovação da

renda é de extrema dificuldade e por isso o agente de crédito deve se basear em

cálculos aproximados a partir de demonstrativos bancários, tais como extratos de

contas bancárias.

A construção de um Balanço Patrimonial adaptado do solicitante do crédito,

por parte do agente de crédito, é bom instrumento para a melhor visualização dos

ativos e passivos a fim de determinar a situação financeira e capacidade de pagamento

do cliente.

Quanto maior for o saldo do ativo total em relação ao passivo total, maior será

a capacidade de o cliente honrar as dívidas adquiridas. Neste caso, o patrimônio

líquido, calculado pela diferença entre o total dos ativos e o total dos passivos, será um

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excelente indicador da riqueza do cliente e, por conseguinte, da capacidade de

pagamento do mesmo.

3.1.4 - ANÁLISE DE RELACIONAMENTO

Baseia-se principalmente na análise realizada sobre as informações extraídas

do histórico do relacionamento do cliente com o credor e o mercado de crédito.

Quando o cliente já é conhecido da instituição de concessão de crédito, é possível

extrair informações de créditos adquiridos anteriormente, taxas de juros aplicadas,

freqüência de utilização, pontualidade na amortização, dentre outros.

Essa análise de relacionamento auxilia na análise da idoneidade do cliente e

pode garantir uma decisão mais favorável ou não à concessão do crédito. Contudo,

aponta a dificuldade dos agentes de crédito de conseguirem informações precisas junto

a outras instituições de crédito devido à necessidade de manter sigilo sobre as

operações com que trabalham. Conhecer o patrimônio dos clientes é importante no

processo de análise de crédito, principalmente para que seja possível vinculá-lo em

contratos de crédito sempre que for verificada a existência de algum risco maior.

3.1.5 - ANÁLISE PATRIMONIAL

É frequentemente utilizada para a avaliação das garantias que os clientes

podem oferecer para vincularem ao contrato de concessão. Define-se garantia como a

vinculação de um bem que assegure a liquidação do crédito caso o tomador não honre

suas dívidas.

A finalidade da garantia é evitar que fatores imprevisíveis impossibilitem a

quitação do crédito adquirido pelo solicitante. O Banco Central estabelece que as

instituições financeiras que trabalham com a concessão de crédito devem exigir dos

solicitantes garantias suficientes para garantir o retorno do capital utilizado na

operação.

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Porém, fica a cargo da instituição de concessão de crédito definir quais

garantias serão aceitas, bem como a real necessidade das mesmas para a realização da

operação de crédito. Além disso, as garantias reais (bens) devem ser corretamente

analisadas para se verificar a possibilidade de solvência das mesmas, assim como seu

valor de mercado real e a existência de ações legais que impeçam que sejam utilizadas.

3.1.6 - ANÁLISE DE SENSIBILIDADE

É uma fase extremamente importante no processo de análise da concessão de

um crédito. Nesta fase, o agente de crédito ou analista financeiro irá monitorar a

situação macroeconômica a fim de prever situações que poderão aumentar o nível de

risco da operação.

O monitoramento das taxas de juros, é um exemplo. O aumento das mesmas

pode desencadear a redução do nível de atividade econômica ou até levar à recessão,

reduzindo a capacidade de geração e retenção de fluxos de caixa, comprometendo a

capacidade real de pagamento dos compromissos financeiros das mesmas.

É importante que os analistas de crédito monitorem o mercado e a economia

em geral a fim de prever possíveis situações de desequilibro na economia. O objetivo é

evitar o cenário de incumprimento dos pagamentos nas suas carteiras de crédito. A

correta avaliação do mercado pode ajudar a definir quais taxas serão praticadas, quais

prazos de pagamento são mais favoráveis e em quais situações o devedor poderá se

tornar incumpridor.

3.2 - MÉTODO CREDIT SCORING

A aplicação de modelos de credit scoring e outras ferramentas para análises de

crédito se iniciaram na década de 1930, em companhias seguradoras. Porém, seu

desenvolvimento em instituições financeiras deu-se a partir da década de 1960,

conforme Vasconcellos (2002).

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Este modelo proporciona uma vantagem competitiva para a organização,

porém, apenas após a estabilização da economia brasileira, em 1994, é que começou a

ser difundido no Brasil.

O termo credit scoring é utilizado para descrever métodos estatísticos

adotados para classificar candidatos à obtenção de um crédito em grupos de risco. A

partir do histórico de concessões de crédito efetuadas por uma instituição de crédito é

possível, através de técnicas estatísticas, identificar as variáveis sócio-econômicas que

influenciam na capacidade do cliente em pagar o crédito, ou seja, na qualidade do

crédito da pessoa física.

O método de credit scoring é baseado na classificação de candidatos a crédito

em grupos de acordo com seus prováveis comportamentos de pagamento. A

probabilidade de um candidato gerar ou não um risco a organização deve ser estimada

com base nas informações que o tomador fornecer na data do pedido de concessão, e a

estimativa servirá como fundamento para a decisão de aprovação ou não do crédito.

Baseado em informações do passado recente da carteira de crédito, gera notas

(scores) para novos candidatos ao crédito que representam a expectativa de que os

clientes paguem suas dividas sem se tornarem inadimplentes.

Assim, o modelo de credit scoring é uma ferramenta valiosa para decisões de

aprovação ou não de pedidos de crédito, obedecendo à hipótese de que o público alvo

da carteira de crédito, após a implementação do modelo, se mantenha o mesmo que no

passado recente sobre o qual todo o procedimento estatístico se baseia.

A partir de uma equação gerada através de variáveis referentes ao candidato à

operação de crédito, os analistas de credit scoring geram uma pontuação que

representa o risco de inadimplência, ou seja, o escore que resultante da equação de

credit scoring pode ser interpretado como probabilidade de inadimplência.

O escore pode ser utilizado para classificação de créditos como adimplentes

ou inadimplentes, bons ou maus, desejáveis ou não, de acordo com a pontuação obtida

por cada crédito. Esta classificação, por sua vez, pode orientar a decisão do analista

em relação à concessão ou não do crédito solicitado.

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Assim, a idéia essencial dos modelos de credit scoring é identificar certos

fatores-chave que influenciam na adimplência ou inadimplência dos clientes,

permitindo a classificação dos mesmos em grupos distintos e, como conseqüência, a

decisão sobre a aceitação ou não do crédito em análise.

A diferenciação desse modelo em relação aos modelos subjetivos de análise

de crédito se dá pelo fato da seleção dos fatores-chave e seus respectivos pesos ser

realizada através de processos estatísticos. Além disso, a pontuação gerada para cada

cliente, a partir da equação do modelo credit scoring, fornece indicadores quantitativos

das chances de inadimplência desse cliente.

Os modelos de credit scoring podem ser aplicados tanto à análise de crédito de

pessoas físicas quanto a empresas. Quando aplicados a pessoas físicas, eles utilizam

informações cadastrais e sócio-econômicas dos clientes .

Sendo que as seguintes etapas devem ser cumpridas para o seu

desenvolvimento:

� Planejamento e definições: mercados e produtos de crédito para os

quais serão desenvolvidos o sistema, finalidades de uso, tipos de clientes, conceito de

inadimplência a ser adotado e horizonte de previsão do modelo;

� Identificação das variáveis potenciais: caracterização do proponente ao

crédito, caracterização da operação, seleção das variáveis significativas para o modelo

e análise das restrições a serem consideradas em relação às variáveis;

� Planejamento amostral e coleta de dados: seleção e dimensionamento

da amostra, coleta dos dados e montagem da base de dados;

� Determinação da fórmula de escoragem através de técnicas

estatísticas, como por exemplo, a análise discriminante ou regressão logística; e

� Determinação do ponto de corte, a partir do qual o cliente é

classificado como adimplente ou bom pagador: em outras palavras, é o ponto a

partir do qual a instituição financeira pode aprovar a liberação do crédito.

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Os modelos de credit scoring propriamente ditos são ferramentas que dão

suporte à tomada de decisão sobre a concessão de crédito para novas aplicações ou

novos clientes.

As principais vantagens dos modelos credit scoring:

� Consistência: são modelos bem elaborados, que utilizam a experiência

da instituição, e servem para administrar objetivamente os créditos dos clientes já

existentes e dos novos solicitantes;

� Facilidade: os modelos credit scoring tendem a ser simples e de fácil

interpretação, com instalação relativamente fácil. As metodologias utilizadas para

construção de tais modelos são comuns e bem entendidas, assim como as abordagens

de avaliação dos mesmos;

� Melhor organização da informação de crédito: a sistematização e

organização das informações contribuem para a melhoria do processo de concessão de

crédito;

� Redução de metodologia subjetiva: o uso de método quantitativo com

regras claras e bem definidas contribui para a diminuição do subjetivismo na avaliação

do risco de crédito; e

� Maior eficiência do processo: o uso de modelos credit scoring na

concessão de crédito direciona os esforços dos analistas, trazendo redução de tempo e

maior eficiência a este processo.

As principais desvantagens dos modelos de credit scoring:

� Custo de desenvolvimento: desenvolver um sistema credit scoring pode

acarretar custos, não somente com o sistema em si, mas também com o suporte

necessário para sua construção, como por exemplo, profissionais capacitados,

equipamentos, coleta de informações necessárias ao desenvolvimento do modelo,

dentre outros;

� Excesso de confiança nos modelos: algumas estatísticas podem

superestimar a eficácia dos modelos, fazendo com que usuários, principalmente

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aqueles menos experientes, considerem tais modelos perfeitos, não criticando seus

resultados;

� Falta de dados oportunos: se o modelo necessita de dados que não

foram informados, pode haver problemas na sua utilização na instituição, gerando

resultados diferentes dos esperados. Além da falta de algumas informações

necessárias, faz-se necessário analisar também a qualidade e fidedignidade das

informações disponíveis, uma vez que elas representam o insumo principal dos

modelos de credit scoring; e

� Interpretação equivocada dos escores: o uso inadequado do sistema

devido à falta de treinamento e aprendizagem de como utilizar suas informações pode

ocasionar problemas sérios à instituição.

Verifica-se, portanto, que os modelos de credit scoring podem trazer

significativos benefícios à instituição quando adequadamente desenvolvidos e

utilizados. No entanto, eles também possuem limitações que precisam ser bem

avaliadas antes do desenvolvimento e implementação de um modelo dessa natureza.

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CAPÍTULO IV

PLANEJAMENTO ORÇAMENTARIO

4 – PLANEJAMENTO ORÇAMENTÁRIO PESSOAL

O termo “Planejamento” é uma ferramenta administrativa que possibilita perceber a

realidade, avaliar os caminhos, construir um referencial futuro, estruturando o trâmite

adequado e reavaliar todo o processo a que o planejamento se destina.

A economia pessoal é a administração das contas próprias. O orçamento retrata as

receitas e despesas em geral, tendo como função planejar as despesas antecipadamente para

não se gastar mais do que arrecada.

As diferenças verificadas ao comprar os valores de fato acontecidos com os valores

que estavam previstos vão mostrar o quanto é preciso melhorar as previsões feitas. Os itens

fundamentais que devem conter um orçamento são: habitação e moradia, alimentação,

educação, saúde e cuidados pessoais, transporte, vestuário, lazer e outros.

No planejamento financeiro, deve ser levantado todas as contas existentes e separá-

las por prioridades: contas básicas, contas necessárias e contas de manutenções. Contas

básicas são aquelas de difícil negociação, exemplos: contas de água, energia, aluguel,

condomínio. Estas contas precisam de análise da real necessidade e se for o caso a suspensão

temporária deve ser feita, exemplos: telefone, seguro de vida, convênio médico. Contas de

manutenção são aquelas mais fáceis de negociar, evitar ou protelar, exemplos: cartão de

crédito, carnês, internet, salão de beleza, lazer e outros, conforme (SANTOS, 2009).

Considerando as prioridades como as contas que podem gerar problemas mais sérios.

Quanto mais apertado for o orçamento pessoal, maior a necessidade de planejar os gastos.

O planejamento orçamentário pessoal é a melhor maneira de evitar inadimplência, de

visualizar melhor como utilizar o crédito pessoal oferecido conscientemente, garantir um

futuro estável, com reservas para os imprevistos e construção de um patrimônio que garanta

fontes de renda para viver de forma confortável.

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4.1 – COMO PLANEJAR E ORGANIZAR O ORÇAMENTO PESSOAL

FINANCEIRO

De acordo com Crane (1987), “o dinheiro pode tornar-se um servo útil ou um senhor

terrível. A chave do sucesso financeiro é poder dizer ao dinheiro aonde ir, e não tentar

descobrir onde ele foi”. A planilha financeira é maneira gratuita, simples, eficiente e poderosa

para administrar os gastos pessoais. O controle de ganhos e despesas permitirá que além de

organizar as finanças, se possam administrar os limites de gastos, planejar de como adquirir e

quitar o crédito, e ver para aonde estão indo as economias.

Formar uma planilha de controle de gastos é mais fácil do que parece. Primeiramente

basta criar duas colunas, relacionando todas as receitas e despesas, de forma que possa

calcular o saldo liquido, ou seja, quanto falta ou sobra no final do mês. O segrego é dividir em

categorias, assim saberá o quanto gasta em cada uma delas e poderá identificar qual item deve

ser cortado das despesas.

Formular uma planilha de orçamento financeiro pessoal certamente é primordial para

a conquista de um planejamento financeiro eficiente. A planilha deverá refletir os padrões de

renda e consumo atendendo sempre às necessidades.

No anexo I deste estudo, foi elaborada uma planilha através das despesas mais

comuns e rotineiras, mas ela pode ser adaptada à realidade financeira de cada pessoa. Nos

anexos II e III modelos mais complexo de planilha financeira pessoal para pessoas que

utilizam crédito pessoal de alguma forma, como bancos e cartões de crédito.

Após o levantamento e classificação das categorias de despesas, é aconselhável que a

pessoa elabore uma planilha e faça o controle diariamente por um período de no mínimo de

três meses, assim poderá identificar que a categoria de despesas consome mais ou menos do

seu orçamento.

Depois do primeiro mês a pessoa deve fixar metas de consumo para cada categoria de

despesas e assim observar no transcorrer do mês, se as despesas irão ou não exceder as metas

fixadas e assim realizar efetivamente o controle.

Para auxiliar no correto planejamento financeiro, é necessário que as pessoas

registrem os gastos e projetem necessidades futuras, ou seja, é necessário que tenham um

orçamento pessoal para se basear. A partir da organização financeira, elas estarão aptas a

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conhecer melhor as disponibilidades de capital (crédito) e, conseqüentemente, a partir daí

avaliar melhores alternativas.

4.2 – BENEFÍCIOS E INFLUÊNCIAS DO USO CONSCIENTE DO

PLANEJAMENTO NA QUALIDADE DE VIDA

A qualidade de vida é a percepção do individuo de sua posição na vida no contexto

da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos,

expectativas, padrões e preocupações.

Os fatores ligados a este assunto são vários e interferem diretamente no

desenvolvimento na qualidade de vida, na verdade é necessário ter várias saúdes: saúde

mental, saúde física, saúde social, saúde profissional, saúde sexual, saúde espiritual. Todos

esses campos do corpo e da vida precisam estar em equilíbrio, mas ainda é preciso mais: a

saúde financeira. O palestrante e consultor em finanças pessoais Erasmo Vieira em entrevista

ao site Empregos (2007), diz que se a saúde financeira, pessoal e familiar, não estiver bem,

todo o resto é comprometido. Ter bom senso no uso adequado do dinheiro e ter o hábito do

planejamento financeiro indiscutivelmente contribuirá para uma qualidade de vida sadia.

O Brasileiro, não tem inserido na cultura o hábito do planejamento financeiro, o que

é resultado de décadas de inflação, período em que realmente era muito difícil planejar

alguma coisa. Portanto, felizmente hoje se vive uma nova realidade, na qual independente de

quanto se ganha, é possível aprender a viver bem, com qualidade de vida e planejando o

futuro.

Portanto é imprescindível um processo de reeducação financeira aliado ao

planejamento das finanças pessoais para que se possa viver em paz com o dinheiro e para que

a questão financeira não seja um problema na vida das pessoas.

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CONCLUSÃO

O objetivo específico desse estudo que apresenta os benefícios do uso consciente do

crédito pessoal e as influências do planejamento financeiro pessoal, juntamente com um

modelo de planilha orçamentária que oriente a organização das finanças pessoais, foi

alcançado, pois apontou que a educação financeira atenta para o planejamento financeiro

pessoal, assegurador do futuro individual. É extremamente necessário saber planejar a vida

financeira, no que contribui muito para que as pessoas possam organizar-se economicamente.

A pessoa alfabetizada financeiramente sabe aonde quer chegar, sabe lidar com

situações que estão fora da área de autoridade e sabe principalmente lidar com o dinheiro. O

dinheiro tornou-se uma das principais obsessões da sociedade moderna. Espelho das

necessidades e desejos, podendo virar liberdade ou prisão, dependendo da conotação atribuída

por cada individuo. Daí a essencialidade de um planejamento financeiro pessoal. O dinheiro,

para uma pessoa educada financeiramente, nunca será sinônimo de problema, mas sim de

solução.

O dinheiro se tornou um dos conceitos mais problemático da cultura da humanidade.

Objetivamente, ele é apenas um meio de troca, ou seja, um padrão ou denominador comum

quando se barganham mercadorias e serviços. Seu valor deveria terminar aí. Mas não é o que

acontece. O dinheiro, psicologicamente, é um espelho onde se projeta as necessidades, as

carências mais básicas. Mas também é onde se projetam grandes desejos e planos de vida. As

realidades subjetivas pelas quais todos lutam. Por isso ele se transforma em algo obsessivo,

extremamente forte e poderoso.

O objetivo geral desse estudo que, analisa as conseqüências do apelo contemporâneo

ao consumo e o reflexo sobra a qualidade de vida foi atingido, pois demonstrou que, em

tempos delicados, como os da atualidade, onde reinam os apelos ao consumismo exagerado,

depara-se na enorme dificuldade em opor-se as alegrias e satisfações que a tecnologia e a

modernidade oferecem, relacionada a produtos e bens. Imensas são as variedades de produtos,

as qualidades, modelos e cores. A moda é uma metamorfose incessante que encaminha os

consumidores à plena loucura e, ainda existe a questão do status, onde todos necessitam

mostrar de certa forma que adquirindo determinada marca ou produto conquistam o

passaporte para fazerem parte de um determinado grupo social. Sendo que a realidade é

bastante diferente, não se pode querer tudo, o ato de consumir não é algo prejudicial, desde

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que praticado de forma consciente e saudável. Conservar os desejos e sonhos sob controle e

saber a hora certa de torná-los realidade é extremamente importante para que não haja

arrependimento posteriormente, o consumo perfeito será aquele que irá colaborar para a sua

qualidade de vida.

O objetivo específico que verifica as vantagens de planejar e organizar as finanças

pessoais foi alcançado, pois apontou que, em anos difíceis como na década de 80 onde era

quase impossível planejar-se financeiramente em virtude da alta inflação, atualmente se torna

essencial e vantajoso o planejamento das finanças pessoais, visto que influencia diretamente

na qualidade de vida que se deseja. O problema não está em romper prazeres no presente em

favor de prazeres futuros, mas de dar prioridade a uma saúde financeira equilibrada e ser

detentor de um padrão de vida estável e saudável.

O planejamento financeiro pessoal deve ser constante, o ideal é que ele seja como um

mapa de orientação. E deve mostrar a situação em que se encontra, aonde quer chegar e

indicar os caminhos que devem ser percorridos, independente de época situação em que você

se encontra, e serve para qualquer pessoa. Os gastos devem estar sempre em equilíbrio com as

receitas. Independente da classe social, ou, da renda adquirida, torna-se essencial que todas as

pessoas exerçam a atividade de administrar suas finanças, o hábito de manter o controle sobre

as receitas e despesas é fundamental para uma vida saudável, assim, dificilmente enfrentarão

situações difíceis como, por exemplo, antes do final do mês o dinheiro terminar e permanecer

contas a serem pagas.

Educar-se financeiramente e organizar-se economicamente através de um modelo de

planilha financeira pessoal, mostra que lidar com dinheiro exige habilidades, ou seja, precisa-

se saber como ganhar, planejar, gastar, poupar e investir, o dinheiro. E empreender também

faz parte deste processo, para o bem pessoal, das empresas e da sociedade. Assim, organizar-

se financeiramente é investir na vida, é despertar a importância de sonhar, de ter objetivo, de

se desafiar. Esses são fatores primordiais para o sucesso de um planejamento financeiro

pessoal que conseqüentemente garantirá uma boa qualidade de vida.

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