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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A EVOLUÇÃO E A LIDERANÇA DA MULHER NO MERCADO DE
TRABALHO.
Por Danielle Gonçalves de Oliveira
Orientador:
Adélia Araújo
Niterói
2012
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”
AVM FACULDADE INTEGRADA
A EVOLUÇÃO E A LIDERANÇA DA MULHER NO MERCADO DE
TRABALHO
Apresentação de monografia à AVM
Faculdade Integrada como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Gestão de Rh.
Por: Danielle Gonçalves de Oliveira
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus que mais uma vez mostrou sua
fidelidade na minha vida. Senhor tu és fiel!
A minha mãe Marilene que amo muito, a principal por eu chegar até
aqui.
Ao meu irmão Ricardo pela sua compreensão.
Ao meu padrasto Lemos, por sua dedicação.
A minha sogra Cristina pelas suas palavras de carinho e determinação,
por todos os conselhos dados que me tornaram uma pessoa melhor.
Ao meu namorado Nold pela sua cumplicidade, pelo seu cuidado
comigo, por ser essa pessoa especial que me faz muito feliz.
Enfim, quero agradecer a todos que de alguma maneira me ajudaram a
concretização deste projeto.
4
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho ao meu Deus, que é
digno de toda honra glória e louvor.
5
RESUMO
O universo feminino abrange várias situações que colocam a mulher
numa escassez de tempo e de oportunidades para desenvolver sua satisfação
profissional. Como o papel de administradora do lar, onde os problemas
domésticos, maternais e matrimoniais passam por ela para serem
encaminhados às suas devidas soluções. Quem é mulher, esposa e mãe
conhecem bem o “jogo de cintura” para lidar com um cotidiano cheio de
afazeres. Contudo, existe na mulher um interesse de prosperar, de se realizar
em uma profissão. Levada por necessidades econômicas, percepção de
oportunidades de mercado e concretização de sonhos pessoais, ela tem se
destacado com desenvoltura no mundo organizacional.
As mudanças e alterações visíveis que decorrem da entrada das
mulheres no mercado de trabalho não as brindaram certamente, com uma nova
vida. Somos o reflexo da imagem de todas as mulheres, e a modernidade é
exclusivamente dada pela nova fase do sistema capitalista e não em novas
relações humanas igualitárias.
O tipo da mulher estabelecida em determinados momentos históricos,
está em relação direta com o grau de desenvolvimento econômico por que
atravessa a sociedade. Ao mesmo tempo em que se experimentam
modificações nas condições econômicas com a evolução das relações de
produção, experimentam-se mudanças nos aspectos comportamentais das
mulheres. A mulher moderna, como “tipo ideal” não poderia surgir a não ser
com o aumento quantitativo da força de trabalho feminino assalariado, e da
inserção em massa das mulheres no mercado de trabalho.
Mas, apesar das reconhecidas transformações por que tem passado a
situação das mulheres em relação a sua participação no mercado de trabalho e
nas conquistas de direitos civis e políticos, persiste, evidente e visivelmente,
uma diferença gritante na inserção produtiva entre os gêneros,o que ainda não
proporciona a mulher o seu devido valor.
6
METODOLOGIA
Essa pesquisa tem como objetivo estudar a História das questões
Sociais, econômicas e políticas que desenvolvem um contexto propiciando a
evolução das lideranças femininas no Brasil. Estudando a evolução e a
liderança feminina no mercado de trabalho, buscando fatores contribuintes para
o crescimento e a liderança feminina.
Pesquisa teórica, de caráter exploratório, que tem como fonte de coleta
de dados a bibliografia disponível em mídias impressas e digitais, como Livros,
artigos e trabalhos acadêmicos, publicados nos últimos anos.
A pesquisa tem como objetivo mostrar resultados e as conclusões que
ao longo da história a mulher tem procurado alcançar no mercado de trabalho.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO 8
CAPÍTULO I-A Evolução histórica no mercado de trabalho 10
I.2 – O progresso e a revolução nos parâmetros femininos 14
CAPÍTULO II - A diversidade de Gêneros e desigualdade salarial 20 CAPÍTULOIII Liderança feminina 29 CONCLUSÃO 36 BIBLIOGRAFIA 39
8
INTRODUÇÃO
O seguinte trabalho tem como objetivo estudar a evolução e a liderança
da mulher no mercado de trabalho. Descrevendo o contexto político e
econômico no Brasil dos últimos 50 anos.
O mundo vem apostando nos valores femininos, isto é, a mulher vem
ocupando seu espaço em postos nos tribunais superiores, nos ministérios, nos
topos de grandes empresas, em organizações de pesquisa em tecnologia de
ponta. Inclusive em “trabalhos braçais”, antes muito visto como um espaço para
o publico masculino, hoje já notamos mulheres à frente de obras, dirigindo
ônibus, pilotando aviões, entre outras atividades.
Não há dúvidas que nos últimos anos a mulher vem ocupando mais
seu espaço no mundo organizacional. Essa mudança não vem ocorrendo
somente nos países desenvolvidos, mas também nos países em
desenvolvimento como no Brasil. Isto tem sido um ponto favorável para o
mundo feminino.
Foi com a consolidação do sistema capitalista no século XIX, que
algumas leis passaram a beneficiar as mulheres. O Advento da Constituição
Federal de 1988, a igualdade entre homens e mulheres em todos os níveis,
inclusive na questão do trabalho foi promulgada e amplamente alardeada. Esta
igualdade promoveu uma nova fase no direito do trabalho da mulher, o
chamado direito promocional.
A mulher no século XXI passa a ter sua própria renda, é maioria
entre os detentores de cartão de crédito, impulsionam a economia e são donas
de seus próprios narizes. Mas ainda há muito para ser conquistado, pois os
salários não são iguais aos dos homens. Esse é o ponto doloroso, a
desigualdade salarial, e o preconceito ainda existem, ou seja, as mulheres
continuam em uma condição de desvantagem em relação ao homem. Um dos
9
fatores históricos deu início na I e II Guerras Mundial, as mulheres tiveram que
assumir a posição dos homens no mercado de trabalho.
Nesta pesquisa abordaremos a evolução e a independência da
mulher nos últimos tempos, apresentaremos conceitos e características de
liderança de forma geral Identificando as oportunidades e ameaças da mulher
no Mercado de trabalho e as possibilidades de liderança.
A luta das mulheres por igualdade profissional vem de longa data.
Melhores salários, oportunidades iguais às dos homens, mas, acima de tudo,
respeito no ambiente profissional.
10
CAPÍTULO I
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA INSERÇÃO DA MULHER
NO MERCADO DE TRABALHO
As relações históricas que envolveram as mulheres, sempre foram
pautadas em condições que traduziam costumes patriarcais, e
conseqüentemente, a submissão do sexo feminino perante o masculino. O
papel das mulheres estava bem definido.
Responsabilizadas pela educação dos filhos, pela coesão familiar e por
todos os afazeres domésticos, as mulheres estavam distanciadas do mercado
formal de trabalho.
Os homens, no entanto, responsabilizados em manter o sustento da
família, tornavam-se legítimos “chefes familiares” com um leque grande de
poderes perante todos da casa. Estabelece-se a partir deste momento o
enaltecimento da figura masculina perante a feminina.
(Madeira (1997 pág.3) ressalta que a mulher era moldada sob a
condição de mãe e de esposa, seguindo-se daí atividades de gestão da casa,
do filho e do marido, enquanto o homem era visto como o pai e o marido,
provedor das necessidades da família, daí ser considerado o chefe.
Esse par mantém idealizada uma relação que determina o comando e
a subordinação, distanciando-se, primeiro, através dos costumes, em seguida,
formalizando-se e institucionalizando-se em práticas que podem ou não podem
ser realizadas por um ou por outro.
11
“O cuidado com as crianças, com os doentes e com os
velhos e as tarefas domesticas, diz-se geralmente que
são próprias da mulher, enquanto que o homem pela
racionalidade, o auto-controle,a tomada de decisões
assume a autoridade de chefe, no lar, muito embora, às
vezes ele não esteja no comando material e nem nas
decisões da casa e sim a mulher. “ (Madeira 1997, pág.3)
A partir do momento em que as mulheres saíram das casas para
buscarem um mercado formal de trabalho, as relações alinhavaram-se a partir
da idéia de progresso, as mentalidades foram se abrindo para a mudança e
elas aos poucos ganham espaço, cercadas de olhos curiosos e
discriminatórios. Ressalta-se, que os primeiros contatos da mulher com o
mercado de trabalho foram drasticamente discriminatórios, ou ainda quando
eram vistas como “custo benefício” para o empregador, por ofertar salários
baixíssimos e incompatíveis com as atividades exercidas, apenas com o intuito
de obter lucro sobre a força de trabalho feminina.
No entanto, graças ao processo evolutivo da sociedade e aos modelos
jurídicos propostos pelo estado na tentativa de regulamentar as relações de
trabalho da mulher, foi possível estabelecer sua efetiva permanência no
mercado de trabalho com suas garantias asseguradas juridicamente, ao passo
de evitar tais abusos que eram praticados com freqüência. Dessa forma,
acompanhando tais aspectos, podemos perceber as relações entre o progresso
do direito ao acesso ao trabalho conquistado pelas mulheres ao longo da
história, demonstrando a força ideológica estabelecida que este exerce sobre
as bases sociais.
A mulher por anos restringiu-se a desenvolver ações que a preparavam
para ser uma boa esposa e mãe, consequentemente, deste modo, desfrutaria
de um bom casamento. Desde criança recebia os princípios de uma moral
12
comportamental que a tornaria futuramente em uma “esposa perfeita”.
Recebidos estes ensinamentos e alimentados pela fragilidade do sexo
feminino, as mulheres acabavam aceitando tal condição e tornavam-se
mecanismos de autocontrole da sociedade em torno do comportamento das
outras mulheres.
Estigmatizadas e com um futuro já traçado, restava-lhe desenvolver os
ensinamentos da melhor forma possível. Distanciadas da vida política e dos
direitos, a mulher era então excluída da vida social, de qualquer função política
e religiosa. Era considerada como invisível, pois não havia representatividade
alguma, além de que, a grande maioria era analfabeta e subordinada
juridicamente ao homem.
A historiadora Priore (2000 pág.9) em sua obra “Mulheres no Brasil
Colonial” tece algumas considerações atinentes ao regime patriarcal:
“O sistema patriarcal instalado no Brasil colonial sistema
que encontrou grande reforço na Igreja Católica que via
as mulheres como indivíduos submissos e inferiores,
acabaram por deixar-lhes, aparentemente, pouco espaço
de ação explicita. Mas insisto: isso era apenas mera
aparência, pois, tanto na sua vida familiar, quanto no
mundo do trabalho, as mulheres souberam estabelecer
formas de sociabilidade e de solidariedade que
funcionavam, em diversas situações, como uma rede de
conexões capazes de reforçar seu poder individual ou de
grupo, pessoal ou comunitário.” (PRIORE; 2000 p. 9).
Uma vez que o sistema jurídico não proporcionava direitos iguais aos
do homem, as mulheres aos poucos se colocavam a luz do sol e saiam de suas
13
casas, mesmo que para realizar trabalhos voluntários e com pouca ou
nenhuma representatividade social, no entanto, era um começo.
Diferentemente da historiadora Giron (2008 pág.103), que acredita que
as mulheres acabaram garantindo sua própria exclusão de direitos, seja ela,
nas relações familiares ou jurídicas.
“São as próprias mulheres que garantem a
exclusão de sua existência como mulheres, pois agiram
sempre de forma a garantir o poder dos homens.” (Giron
2008, p. 103),
Para Maluf; Mott (1998 pág.138) a mulher possuía seu horizonte
limitado ao lar, a qual aspirou ao cargo de “rainha do lar”, enfatizando o tripé
mãe – esposa – dona de casa.
“A crença de uma natureza feminina propunha à mulher a
vida privada: casar, ter filhos e educá-los”. (Maluf; Mott,
1998, pag.138)
Isto é Acostumadas a vivenciar um modelo de sociedade em que as
mulheres não possuíam vez e nem voz, este condicionamento ao homem se
tornava natural.
Com todo acontecimento ocorrido a vida moderna pulverizada no meio
literário auxiliava a propagação pelo rompimento de determinadas regras e
costumes em prol da inovação que se apresentava.
Nem que para atingir determinado grau de progresso, fosse necessário
romper com antigas instituições moralizadoras como as que envolviam a
família.
14
1.2 - O progresso e a revolução nos parâmetros femininos
Ao passo que a mulher detinha o “poder biológico”, ou seja, de
reprodutora da prole, o homem ao longo da história foi desenvolvendo o “poder
cultural” na medida em que os processos tecnológicos foram sendo
aprimorados.
A introdução de novas tecnologias e de capitais estrangeiros no Brasil
desenvolvem a idéia de progresso a todo custo. A modernização das cidades,
principalmente as maiores, favorecia mudanças sociais, estruturais e mentais
na sociedade. A modernidade se aproximava e o progresso fazia-se
necessário.
Segundo o historiador Fausto (2002 pág.140), o progresso significava
uma sociedade mais moderna, onde ampliaria os conhecimentos técnicos e os
movimentos de várias expansões.
“A modernização significa a modernização da sociedade
através da ampliação dos conhecimentos técnicos, do
industrialismo, da expansão das comunicações.
(FAUSTO, 2002, p. 140)
No entanto, como obter o progresso efetivo se nas bases
constitucionais o reconhecimento da mulher ainda estaria por vir?
O Código Civil brasileiro de 1916, em seu artigo 233, atribuía “O marido
é o chefe da sociedade conjugal, função que exerce com a colaboração da
mulher, no interesse comum do casal e dos filhos” além de que cabia ao
marido a representação legal da família e o direito de autorizar a profissão da
15
mulher. O referido modelo jurídico colaborava com a idéia de mulher
subordinada ao homem. O marido decidia e administrava todos os bens do
casal, inclusive os de posse da esposa. Além do mais, por anos as mulheres
estiveram a mercê dos direitos e declaradas como inabilitadas para o exercício
de determinados atos civis. No entanto, a partir deste ordenamento jurídico, a
manutenção da família passou a ser responsabilidade dos cônjuges.
Michel Focault (1985 pág.149) em “História da sexualidade”, afirma
que:
“O casamento exigia um estilo particular de conduta,
sobretudo na medida em que o homem casado era um
chefe de família, um cidadão honrado ou um homem que
pretendia exercer, sobre os outros, um poder ao mesmo
tempo político e moral; e nessa arte de ser casado, era o
necessário domínio de si que devia dar sua forma
particular ao comportamento do homem sábio, moderado
e justo.” (FOCAULT, 1985, p. 149).
Observa-se, portanto, que em muitos momentos históricos de
ampliação de direitos, as mulheres não foram abrangidas. Isso contribui para
retardar o seu direito à plena cidadania, cujo conceito sofreu modificações no
curso da história. Ocorre que a humanidade demorou a descobrir que o mundo
é feito de homens e mulheres, ou seja,mesmo após as revoluções americana e
francesa, das quais fizeram parte, as mulheres encontravam-se entre os
desfavorecidos de cidadania, pois não desfrutavam dos avanços legislativos
que, muitas vezes, sonegavam-lhe não só direitos políticos e civis, mas
também o direito à educação. E assim é que, no campo do trabalho, mormente
no das relações coletivas, registra a oposição sindical à integração das
mulheres nos seus quadros no início do século XX.
Entretanto, as transformações ocorridas nas três primeiras décadas do
século XX em relação ao comportamento feminino deixaram vários
16
progressistas extasiados com tantas mudanças. O que antes era impensável, a
partir daquele momento tornava-se nítido aos olhos de quem quisesse ver.
Mulheres da classe média e alta passavam a sair sozinhas as ruas. Revistas
da época apresentavam formas para esculpir as silhuetas da mulher moderna,
bem como, a nova moda dos cabelos curtos. Diga-se que isto foi uma grande
revolução para os parâmetros da época. Antes o visual pautava-se nos cabelos
longos e ornamentados, assim como, as vestimentas que não marcavam tanto
a constituição do corpo feminino.
Discussões em torno das mudanças na ordem social acirravam os
ânimos. Possíveis culpados pela ruptura nos bons costumes eram procurados.
Os novos comportamentos, a modernidade e o consumo modificaram
as bases sociais. A industrialização deslocou a produção para fora do
domicílio. A mulher chega ao “mercado formal de trabalho.
Enquanto as mulheres de classes mais abastadas dedicavam-se a
conseguir um casamento que provesse seu sustento, desse modo, acabavam
dedicando-se as tarefas domésticas e ao cuidado dos filhos. As mulheres de
classes mais baixas necessitavam trabalhar para manter o subsídio da casa e
dos filhos, uma vez, que nestas classes a figura do marido nem sempre era
presente e tornavam-se comuna relações em que a mulher era a provedora do
lar.
Soihet (1989 pág.166) faz menção a seguinte passagem a respeito
das atividades femininas:
Estas mulheres, apesar de seus parcos ganhos, pois as
atividades femininas em geral são as mais desvalorizadas
e menos remuneradas, tinham papel relevante na
economia familiar, sendo que muitas delas viviam
sozinhas, garantindo sua subsistência e a de seus filhos.
(SOIHET, 1989, p. 166).
17
Entre as atividades que eram desenvolvidas pelas mulheres, estavam
as profissões como professora, enfermeira, datilógrafa, taquigrafa, secretária,
telefonista, operária da indústria têxtil, de confecções e alimentícia. Mas ao
contrário do que se pensam as mulheres também desempenharam profissões
e trabalhos que exigiam força física, derrubando a teoria do sexo frágil,
proposta por médicos e juristas. Entre os trabalhos executados estava à
derrubada de matas, a construção civil, o artesanato doméstico, confecção de
produtos manufaturados e o pequeno comércio.
O progresso da sociedade contribuiu com a inclinação da mulher ao
mercado de trabalho. Além de trabalhar fora, a mulher necessitava garantir que
era boa mãe e esposa, dando conta de todos os afazeres domésticos. A
evolução em alguns aspectos como água encanada e energia elétrica
auxiliavam na vida doméstica, no entanto, poucos tinham condições para
comprarem eletrodomésticos e usufruir das tecnologias trazidas pelo
progresso.
As lavadeiras foram também profissionais que mesmo trabalhando em
casa, desempenharam um papel significativo no mundo que seguia a passos
largos rumo ao progresso. Foram durante muito tempo, elas que auxiliavam no
sustento do lar, lavando enormes quantidades de roupas das classes mais
abastadas.
Tomando por base os salários pagos para as mulheres, encontra-se
significativa diferença em relação ao trabalho de cunho masculino.
Normalmente as mulheres recebiam menos em função de haver a concepção
de que deveriam ser providas pelo marido ou homem da casa, não
necessitando deste modo, ganhar à mesma quantia salarial. Independente da
carga horária, esta era a concepção que permanecia.
Verifica-se que quando a mulher trabalha em casa, cria-se a idéia de
que “estará segura”, pois ainda está sendo vigiada. Quando o trabalho está
18
fora do recôndito do lar, a autorização do marido era fundamental. Se não
ocorre a autorização existem duas hipóteses: a condição financeira da família
era baixa e a situação obrigava a mulher auxiliar no sustento do lar, ou então, a
mulher desafiou os “poderes” do marido e ingressou no mercado de trabalho
sem prévia autorização.
Por outro lado, as mulheres que podem buscar a ocupação fora do lar
têm mais recursos para proteger, dentro dele, sua integridade corporal diante
das agressões, pois a independência econômica é uma forte arma que poderá
contribuir para vencer essa humilhação. Ainda hoje, a violência sofrida por
mulheres no lar, nos diversos continentes, é um fato aterrorizador, que se
projeta também no trabalho, principalmente sob a forma de assédio sexual e
assédio moral, dos quais elas são as principais vítimas.
Para Ardaillon (1997 pág.34) em sua obra “O salário da Liberdade:
profissão e maternidade, negociações para uma igualdade na diferença”,
assegura os seguintes aspectos:
Desde os primórdios da Revolução Industrial, mulheres
trabalhavam fora de sua casa para assegurar o sustento
dos seus filhos e tiveram cotidianos angustiados pelos
problemas de casa levados para o emprego. A situação
nova com a profissionalização das mulheres é que o seu
cotidiano não se resume ao agora, mas é um projeto.
Profissionalizar-se é adquirir outra identidade, outro modo
de sociabilidade. Além do exercício de uma profissão e
além do significado de sua remuneração, o trabalho fora
de casa é, para as mulheres de classe média, um projeto
individualizador. (ARDAILLON, 1997, p. 34).
A profissionalização e a entrada no mercado formal de trabalho
favoreceram a concepção de busca pela liberdade no universo feminino, dando
inicio há uma série de movimentos feministas. No entanto, a busca por um
19
lugar ao sol, não a livrou do peso de continuar exercendo os afazeres de uma
dona de casa, boa esposa e mãe.
No capítulo II abordaremos a diversidade de Gêneros e desigualdade
social, o que mostrará a dificuldade da mulher em ser inserida no mercado de
trabalho,a desigualdade salarial e todo os desafios enfrentados pela mulher
para chegar ao seu nível de valor.
20
CAPÍTULO II
A DIVERSIDADE DE GÊNEROS E DESIGULDADE
SALARIAL.
As mulheres são a maioria da população e predominam entre os
desocupados, mas ainda são menos numerosas que os homens na população
ocupada: 44,4%, ou 9,4 milhões de trabalhadores nas seis regiões
metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego. Já o
rendimento das trabalhadoras com nível superior equivale a 60% do recebido
pelos homens com a mesma escolaridade. Ainda assim, entre as mulheres
trabalhadoras, 59,9% tinham 11 anos ou mais de estudo em janeiro de 2008,
contra 51,9% dos homens. Por outro lado, enquanto o percentual de
trabalhadoras com carteira assinada era de 37,8%%, entre os homens ele já
atingia 48,6% em 2008. Esses são alguns dados do estudo especial da PME
sobre a mulher no mercado de trabalho.
Em janeiro de 2008 havia 21,2 milhões de pessoas ocupadas (PO) no
total das seis regiões metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de
Emprego (PME) do IBGE, sendo que as mulheres representavam 44,4% desse
contingente, isto é, 9,4 milhões. Em relação à População em Idade Ativa (PIA),
elas eram 53,5% e na População Economicamente Ativa (PEA), eram 45,5%,
enquanto que na População Desocupada (PD), representavam 57,7%.
Em janeiro de 2008 a taxa de desocupação entre as mulheres foi de
10,1% e de 6,2% entre os homens. Em relação a janeiro de 2003 observou-se
queda na taxa de desocupação entre homens e mulheres, sendo que entre
elas essa queda foi de 3,4 pontos percentuais, enquanto que entre os homens
essa redução foi de 3,2 pontos percentuais, como mostra o gráfico a seguir.
21
De acordo com a pesquisa realizada vimos que as mulheres possuem
um rendimento equivalente a 71,3% do recebido pelos homens. Ou seja,
rendimento médio habitual das mulheres em janeiro de 2008 foi de R$ 956,80,
enquanto que o dos homens foi de R$ 1.342,70 para o conjunto das seis
regiões metropolitanas investigadas pela Pesquisa Mensal de Emprego. A
partir desses valores, verifica-se que as mulheres recebem 71,3% do
rendimento dos homens. Na análise de cada região metropolitana, esse
percentual foi de 75,9% em Recife, 74,2% em Salvador, 65,2% em Belo
Horizonte, 75,6% no Rio de Janeiro, 70,4% em São Paulo e 69,3% em Porto
Alegre.
A partir dos dados da tabela abaixo, observa-se que entre 2003 e 2008,
o crescimento do rendimento da mulher foi maior no Rio de Janeiro, 16,5% (de
R$ 817,20 para R$ 952,90) e menor em São Paulo, onde houve redução de
2,2% (de R$ 1.100,86 para R$ 1076,40). Nota-se, ainda, que na região
metropolitana de São Paulo ocorreram os maiores rendimentos médios
habituais, tanto para os homens quanto para as mulheres. Por outro lado, em
Recife, homens e mulheres têm os menores rendimentos.
22
Para as mulheres que possuem nível superior completo, o rendimento
médio habitual foi de R$ 2.291,80 em janeiro de 2008; enquanto que para os
homens esse valor foi de R$ 3.841,40. Ainda que comparando trabalhadores
que possuem o nível superior, o rendimento das mulheres é cerca de 60% do
rendimento dos homens, indicando que mesmo com grau de escolaridade mais
elevado as discrepâncias salariais entre homens e mulheres não diminuem.
Para a pesquisadora Amanda Fellows, doutoranda no Instituto de
Psicologia da Universidade de Brasília (UnB), a explicação para tal fenômeno
reside em uma questão sexista: de posse das mesmas possibilidades que os
homens, as mulheres ainda são alvo de preconceito de gênero. Fellows chegou
a essa conclusão ao estudar as condições de acesso a cargos de alta chefia na
Câmara dos Deputados. “Elas entram por meio de concurso, mas internamente
têm dificuldades de ascender profissionalmente”, afirma. A pesquisadora
concentrou o olhar na massa de funcionários concursados da Casa para balizar
o acesso inicial às vagas. A diferença de gênero aparece nos cargos de alta
chefia, que são ocupados por processos internos, nos quais a mulher leva
desvantagem.
Segundo dados do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
utilizados na pesquisa, em 2005, apenas 16,4% dos cargos de DAS-6, um dos
de maior responsabilidade e remuneração, são ocupados por mulheres. Já o
23
percentual de mulheres com DAS-1, de menor peso, chega a 45,2%. Em toda a
Câmara, apenas 25% das vagas de liderança são ocupadas por mulheres.
Outro resultado da pesquisa é que a sensualidade não é usada como
ferramenta para angariar conquistas profissionais.
A caminhada até o topo é árdua. Segundo os números, para elas as
mulheres ainda mais. Se os cargos de chefia são, em maioria, ocupados por
homens, seria natural que, ao chegar lá, as mulheres incorporassem algumas
características masculinas. Segundo o psicólogo Rommel Nogueira, seria de
grande importância algumas mudanças de comportamentos no mundo feminino
para melhor inserção no mercado de trabalho.
A mulher, principalmente, devido a seu grau maior de instrução, de
evolução da sua escolaridade e da conquista pela sua cidadania, se dá ao
direito de, assim como o homem, escolher a sua carreira. Com o mercado de
trabalho mais flexível e o nível intelectual superior as circunstâncias ajudam a
construção da carreira.
Mulheres mais instruídas, de nível sócio-econômicos mais elevados e
economicamente ativos passam a ter menor número de filhos e, ao mesmo
tempo,
tornam-se mais disponíveis para o trabalho. Desse modo à mulher, escolhe
uma carreira sem fronteira, onde ela consiga conciliar todos os seus
compromissos domésticos e profissionais, de maneira a não comprometer a
responsabilidade de cuidar do lar e educar os filhos. Isso para aquelas que
desejam constituir família. Existe ainda outro grupo de mulheres que abdicam,
por escolha própria ou por necessidade, de todos esses preceitos e sentem-se
satisfeitíssimas,surgindo um novo perfil de família, onde, por exemplo, existem
mulheres assumindo o papel de chefes de família, colaborando para que a
mulher escolha a sua carreira. Diversificando ainda mais o perfil dos
trabalhadores.
24
Por isso, o entendimento de que uma forma de alcançar bons
resultados nesse universo é adotar alguns posicionamentos tipicamente
masculinos.
Segundo Yannoulas, (2002 pág.16) as mulheres, ainda, encontram
dificuldades de ascensão profissional.
“Enquanto, na ocupação dos cargos gerenciais,
exceto naqueles em que força física ou resistência é o
diferencial, a participação das mulheres deveria ter certa
igualdade com a dos homens, pois atualmente a
capacitação intelectual e a busca pelo conhecimento têm
sido cada vez maiores.” (Yannoulas,2002,pág.16)
A entrada da mulher no mercado de trabalho vai além de uma
sustentação familiar ou à busca por uma independência. A satisfação do bem
estar pessoal e psicológico torna-se fundamental e são pontos fortes para essa
conquista.
Nos dias de hoje em vários países do Mundo milhares de mulheres
ainda sentem os horrores da ignorância, da incongruência e do egoísmo
masculino, países como o Afeganistão onde os sanguinários Talebans em
nome da religião proíbem as mulheres de tudo (trabalhar, estudar, etc.), na
maior parte dos países árabes em nome desta tal religião as mulheres não
podem mostrar os seus rostos e muito menos rezar com os homens, em alguns
países africanos as mulheres vem os seus órgãos genitais serem mutilados
selvagemente em nome de tradições e praticas retrogradas, mesmo atem no
Mundo desenvolvido as mulheres tem tido diferenciações no trabalho, o seu
salário é inferior em relação ao dos homens, as mulheres sofrem ainda com a
brutalidade masculina dentro das suas casas sendo espancadas por maridos
bêbados, dementes e arrogantes que muita das vezes na ânsia de ter uma
relação sexual não correspondida violentam as suas próprias mulheres não se
importando com a dor e de dar a ela prazer. Na África as mulheres tem que
25
suportar homens polígamos que muita das vezes são responsáveis pelo
contágio do vírus da AIDS (sida).
A análise das relações entre características do cargo e diferenças no
comprometimento de homens e mulheres nas organizações sugere que os
cargos ocupados por mulheres são piores remunerados e possuem menores
perspectivas de promoções, de maneira geral, os cargos ocupados por
mulheres também tem um menor número de características que estimulam o
comprometimento com a organização. Mulheres ocupam cargos de supervisão
em menor.
Segundo Laniado; Milani (2007 pág.214) a conquista de espaços no
mercado de trabalho e, logo, nas organizações, se deve aos movimentos
feministas de muitos anos antes, que acreditavam na transformação a partir da
conscientização, visando romper com as formas de dominação do masculino
sobre o feminino em todas as esferas da vida.
Conforme já afirmava Beauvoir (1980 pág.54) algumas décadas antes,
a emancipação feminina ocorre primeiramente pela emancipação econômica,
fazendo da mulher um ser capaz de prover suas próprias necessidades em
condição de igualdade com os homens. Assim ocorreu com o movimento
feminista, lutando primeiramente pela igualdade de direitos e emancipação
econômica.
Tempos depois Beauvoir (1999, p.470) faz uma distinção entre as
características de liderança masculina e feminina. Para ela, o homem dentro da
organização se impõe e tenta fazer com que os demais acreditem em sua
competência.
26
“Nos negócios, e na administração, mostra-se
escrupulosa, minuciosa, facilmente agressiva.”
(Beauvoir 1999, p.470)
Souza-Lobo (1991 pág.152) destacou a diferença entre
movimentos feministas e movimentos de mulheres. Segundo a autora, no
Brasil, os movimentos sociais foram pouco estudados com o enfoque de
gênero, e muito pouco se explicou sobre a grande presença de mulheres nos
movimentos sociais reivindicatórios.
Embora sejam confundidos, não podemos dizer que
movimento feminista seja sinônimo para movimento de
mulheres. Este, de caráter eminentemente popular,
reivindicava melhorias das condições socioeconômicas
das mulheres, inclusive exigindo a solução de problemas
da esfera da reprodução, como creches públicas, por
exemplo. Não podemos perder de vista que, nesses
movimentos, embora estivessem ocupando espaços
políticos, as mulheres atuavam seguindo seus papéis
tradicionais. (Souza-Lobo 1991, pág.152)
De acordo com o autor articular estas categorias possibilitaria redefinir
o conceito “força de trabalho” em outras bases, reconhecendo que o capital
dialoga com o masculino e o feminino de forma diferenciada, discriminando a
mão-de-obra utilizada nos postos de trabalho.
Algumas novas modalidades de carreira são observadas no cenário
contemporâneo. Essas alternativas de carreira podem ser ótimas
oportunidades para a inserção da mulher no mercado de trabalho em
condições igualitárias em relação ao homem, uma vez que fogem do desenho
tradicional de carreira e possibilitam um tipo especial de relação entre o
colaborador e a empresa.
27
As adaptações necessárias das organizações aos efeitos das
mudanças ambientais externas, crises, avanços tecnológicos etc. possibilitaram
a criação de novas modalidades de carreira, como: contrato de risco, contrato
temporário, teletrabalho, terceirização, quarteirização, trabalho em redes, além
de outras não citadas.
A participação feminina nas novas modalidades de trabalho é
significativa. E ocorre, principalmente, pela possibilidade de carga horária
reduzida, poder trabalhar em casa e a flexibilidade que oferece. Para aquelas
mulheres que desejam constituir um lar e uma família as novas modalidades de
trabalho são uma oportunidade para conciliar melhor a vida pessoal e
profissional. Atualmente, as mulheres conquistaram novos postos de trabalho,
novas profissões e, com isso, firmam-se como força de qualquer país.
Segundo Antunes (2001, p. 108) o trabalho feminino tem sido
reservados a áreas de trabalho intensivo, com níveis de exploração do
trabalho.
“Em que, salvo raras exceções, ao trabalho feminino têm
sido reservadas as áreas de trabalho intensivo, com
níveis ainda mais intensificados de exploração do
trabalho, enquanto aquelas áreas caracterizadas como de
capital intensivo, dotadas de maior desenvolvimento
tecnológico permanecem reservadas ao trabalho
masculino. Consequentemente, a expansão do trabalho
feminino tem se verificado sobretudo no trabalho mais
precarizado, nos trabalhos em regime part-time, marcados
por uma informalidade ainda mais forte, com desníveis
salariais ainda mais acentuados em relação aos homens,
além de realizar jornadas mais prolongadas”.( Antunes
2001pág.108)
28
Pode-se notar alguma peculiaridade em todas essas novas
modalidades de carreira deixando o colaborador mais livre e menos
dependente do contato físico com a empresa.
No capítulo III abordaremos a Liderança feminina, de que forma as
mulheres estão lutando para conquistar seu espaço no mercado de trabalho, e
como tem conseguido permanecer almejando seus objetivos.
29
CAPÍTULO III
A LIDERANÇA FEMININA
O papel da mulher na sociedade tem sido essencial. Cada vez mais ela
desempenha diversas atividades profissionais, derrubando fronteiras e
desfazendo preconceitos. Um fato que vem chamando a atenção é que a força
de trabalho feminina cresce de forma definitiva e constante, principalmente
entre os segmentos mais elevados. Já entre os de menor poder aquisitivo, o
trabalho informal, que sempre foi desempenhado preferencialmente pelas
mulheres, passou também a ser dividido com os homens. Resultado: menos
opções no mercado de trabalho para elas e redução da renda familiar.
Para Bruschini (1989 pág.), as mulheres desempenharam um papel
muito mais relevante do que os homens no crescimento da população
economicamente ativa, com um acréscimo de cerca de 12 milhões e uma
ampliação da ordem de 63% no período de 1985 a 1995.
Enquanto as taxas de atividade masculina mantiveram patamares
semelhantes, as das mulheres se ampliaram significativamente de 1985 a
1990. Um outro fator indicativo dessas mudanças é a intensa queda da
fecundidade, reduzindo o número de filhos por mulher, o que significa liberá-la
para o trabalho. Sem contar a expansão da escolaridade o acesso às
universidades que viabilizam novas oportunidades. Por fim, transformações nos
padrões culturais e nos valores relativos ao papel social da mulher,
intensificadas pelo impacto dos movimentos feministas desde os anos 70 e
pela presença cada vez mais atuante das mulheres nos espaços públicos,
alteraram a constituição da identidade feminina, cada vez mais voltada para o
trabalho produtivo.
30
Hoje é fato que a participação das mulheres nas organizações ainda
não é igual à dos homens. Eles ainda detêm o poder, ocupando a maioria dos
cargos diretivos, que envolvem maior poder de decisão.
Mas também é fato a tendência de que as mulheres passem a ocupar
estes cargos, embora isso ocorra lentamente.
Conforme levantamento realizado por Neves (2002) na revista Exame,
das 500 maiores empresas do país, apenas duas possuem presidente mulher.
Das diretoras destas empresas (7,7% do total), apenas 9% têm
responsabilidade direta pelos lucros e prejuízos da organização. Apesar de
reduzida, a participação feminina em cargos de prestígio avançou nos últimos
anos, conforme mostra um estudo da Catho Online, realizado em fevereiro de
2009, em que aponta a participação feminina em cargos mais elevados nas
empresas brasileiras (CEOs e presidentes) de 21,43%. A elevação se reproduz
em outros cargos diretivos, como 17,47% vice-presidentes, 26,29% diretoras e
34,14% gerentes. No entanto, a pesquisa mostra também que a proporção de
mulheres é menos desigual em níveis inferiores das organizações brasileiras,
como supervisoras (47,58%), chefes (42,07%), encarregadas (55,58%) e
coordenadoras (55,67%). Percebemos que estruturas de poder nas
organizações são reflexo do poder na sociedade, logo, reproduzem as
desigualdades de gênero. Tendo forte componente cultural.
Segundo Andrade (2002 pág.9), as relações de gênero ocorrem
principalmente pela linguagem que possibilita o compartilhamento de
representações.
Bahia (2002 pág.23) traz a importância de analisar-se a cultura
organizacional para a compreensão da forma como as relações de gênero se
configuram nesses contextos. Tendo em vista que a cultura tem assumido nos
últimos anos grande importância nos estudos organizacionais, cujo enfoque é
na possibilidade de melhorias nos resultados das organizações a partir do
31
controle das contradições internas nas suas dimensões política, ideológica e
psicológica, a inclusão da categoria gênero nestes estudos mostra-se cada vez
mais relevante.
“As organizações não podem ser vistas como neutras,
uma vez que se estruturam de maneira assimétrica na
relação de gênero, mostrando-se, em maior ou menor
grau, pautadas pelo patriarcalismo.” (Bahia 2002, pág.23)
A mulher ainda é tida como um objeto e não se pode perdurar este
estado de coisas, tendo em vista que as batalhadoras que têm conseguido um
espaço são poucas, pois muitas destas não conseguiram, ou não querem
enfrentar essa batalha no processo de conscientização das amigas e
companheiras. É preciso uma organização desse grupo com objetivo de
eliminar esta imagem da mulher boazinha, da mulher que só serve para fazer
propaganda de produtos industriais mostrando seu corpo, ou mesmo em filmes
de sexos explícitos. A mulher tem que dar um basta nisto tudo e partir para
uma igualdade entre todos; portanto, deixar de vender seu corpo para
sobrevivência, sem qualquer pudor e amor para consigo própria.
Como se sabe, a sobrevivência fala mais alto e é neste sentido que
aquele que tem alguns recursos, procuram degradar a raça humana,
depreciando o sexo feminino no afã de matar os seus prazeres pessoais, não
só pela simples vontade, mas objetivando demolir o que há de mais precioso
que é a moral do ser humano. Quer queira, quer não, a mulher é um ser “frágil”,
devido ao processo de ditadura que tem enfrentado ao longo da história e não
é do dia para a noite que se vai acabar com este estado de coisas. Portanto,
são necessários tempos e mais tempos para se ter uma consciência de sua
real contribuição na sociedade do passado, no presente e no futuro, na busca
de querer também ser gente séria e competente em todos os instantes.
32
A luta das mulheres para apenas serem reconhecidas como gentes
vem de longas datas; contudo, é só fazer uma pequena digressão histórica
para ver claramente que a contenda que as mulheres travam hoje em dia,
oriunda dos primórdios da humanidade, na busca de que seus direitos sejam
respeitados como seres humanos.
Pois, é tendo como meta uma participação no processo de
conscientização da humanidade, quanto às arbitrariedades que se praticam
frente aos diversos seres humanos discriminados, tais como: os negros, as
empregadas domésticas, as mulheres propriamente ditas, e muitos outros
estigmas, cujo objetivo deste pequeno ensaio é participar da dinâmica de
libertação das mulheres, como iluminação das mentes atrasadas que ainda
existem nos diversos recantos do País.
As discussões são longas, entretanto, pouco se tem conseguido com
este esforço, tendo em vista que as radicalizações não conduzem a nada e as
frustrações pessoais têm contribuído para uma pulverização de idéias sobre o
assunto, culminando com o afastamento das mulheres de suas reais
reivindicações políticas.
Ao longo da história, a mulher tem conseguido alguns espaços de
fundamental importância para a sua participação no mundo político. Não um
mundo político de partidarismo mesquinho, tal como acontece com aqueles que
lutam para tomar o poder, mas para poder ouvir e ser ouvido. A atuação da
mulher sempre foi árdua em todos os sentidos, a começar como dona de casa,
as famigeradas donas do lar, até a mulher trabalhadora no mercado de
trabalho comum que busca a sua emancipação, submetendo-se a um salário
bem inferior ao mínimo estipulado por Lei.
É este o ônus de quem quer avançar nos espaços que devem estar
abertos para que todos os seres humanos sejam iguais na Lei e na prática.
33
A Presidenta do Brasil Dilma Rousseff, primeira mulher vinda como
presidente do Brasil mostrou ao mundo a força, a coragem e a determinação
como exemplo a ser seguido.
O povo brasileiro vem sendo muito bem representado e mais uma vez
a mulher vem mostrando sua capacidade de liderança e persistência.
São inúmeras as mulheres que hoje ocupam posições de destaque em
diferentes atividades. Todas elas desempenham com competência, disciplina e
capacidade de se relacionar de forma tranquila e sempre gentil, qualidade
típica das mulheres.
Elas imprimem sua marca com determinação e energia, mas de um
jeito agradável que permite que todos se sintam muito bem e a vontade junto
delas. É o jeito feminino que encanta e conquista.
Mesmo sendo grandes profissionais nunca perdem a sensibilidade e a
capacidade de entender, de orientar como se estivessem cuidando de seus
filhos. Talvez por isso estejam tendo tanto sucesso em todas as atividades que
exercem.
O exemplo da presidenta Dilma fortalecerá a vontade de inúmeras
mulheres a enfrentar os desafios para conquistar os postos de comando nas
diversas atividades.
Assim como ela, muitos outros nomes importantes ocupam posições de
destaque em postos do governo, nas empresas e nas instituições. É importante
citar mulheres que são destaques nas pesquisas científicas e que contribuem
decisivamente para o avanço das ciências que beneficiam toda a população
mundial.
Mulheres profissionais liberais que são exemplos de competência e
vontade de servir e contribuir para um mundo melhor. Mulheres de todas as
profissões, mesmo as mais simples, são exemplos de coragem vontade de
crescer e vencer na vida.
34
Mulheres professoras, que cumprem uma das mais nobres missões da
vida, que é formar as futuras gerações. Nada se compara ao trabalho
permanente das mestras que mostram os caminhos que a juventude deve
trilhar.
Aquelas que conseguem se doar totalmente para identificar os
problemas dos alunos e ajudá-los a resolver, merecem ainda mais respeito e
admiração, pois serão lembradas para sempre, tanto pelos alunos quanto pelos
pais, que nunca esquecem o que fazem por seus filhos.
Em todas as profissões as mulheres conquistam posições importantes
e serão cada vez mais reconhecidas e valorizadas, porque ninguém consegue
sufocar talentos, que elas demonstram que tem.
Homens e mulheres precisam andar juntos, construindo um mundo,
cada vez melhor, para todos e com mais qualidade de vida.
Assim mesmo, falta muita coisa que deve ser feita para que as
discriminações sejam abolidas do seio da sociedade e, em especial, do sistema
capitalista que tem o objetivo de explorar o ser humano em demanda de
migalhas que tenham por objetivo acumular e concentrar o capital de um
sistema explorador. As discriminações são visivelmente exacerbadas; pois,
quando se trata das mulheres, as complexidades são maiores, tendo em vista a
própria desorganização delas, a sujeição em perceber remunerações de fome,
dada as suas condições de pobres e frágeis, a Lei do capitalismo que incita a
uma opressão do companheiro sobre sua companheira e, sobretudo, a atuação
da igreja que não incentiva um trabalho sério das mulheres.
Com este clima de subordinação, ocorre um bloqueio da participação
feminina nas atividades cotidianas da vida e, da mesma forma, está-se fazendo
política; porém, não existem condições de se ter uma emancipação rápida das
mulheres, no sentido da igualdade dos direitos e obrigações, mas tão somente
de buscar espaço para ditar as suas normas. O direito da mulher como ser
humano deve ser sagrado, para que o mundo progrida e avance dentro dos
35
princípios de eqüidade, de perseverança e de amor; pois, uma vida com atritos,
com pelejas e ditadura, não pode progredir de maneira que proporcione a todos
os seres viventes, um bem-estar para todos os animais racionais do planeta
terra.
36
CONCLUSÃO
De acordo com a pesquisa feita, podemos constatar que vem
ocorrendo uma quebra de paradigma em relação ao universo feminino, ou seja,
as mulheres estão a cada buscando sua independência. Naturalmente, não
devemos imputar total responsabilidade sobre o sucesso ou não das ações
adotadas pelas empresas somente ao parâmetro de comparação de gênero.
Homens e mulheres possuem suas características peculiares e diretamente
relacionadas ao seu gênero.
Mas não devemos esquecer a necessidade de buscar-se um equilíbrio.
Se por um lado as mulheres apresentam certas habilidades comumente não
relacionadas aos homens, não há o que impeça que estas sejam
desenvolvidas neles, pois percebemos, ao longo dos anos, que as mulheres,
para tentar provar sua competência, optaram por incorporar características
particularmente relacionadas ao estilo de liderança masculina.
Ao longo dos anos, devido a uma cultura predominantemente
masculinizada, os homens tiveram uma maior ascensão profissional devido ao
seu maior tempo de inserção no mercado de trabalho e o acesso mais
acentuado aos níveis de ensino e qualificação. Isso lhes deu uma maior
vantagem de tempo no mercado e de aprendizagem. Além disso, ainda por
questões culturais, às mulheres sempre foi imputada a responsabilidade maior
pelo lar e pela criação dos filhos, fazendo com que mesmo já inseridas no
mercado de trabalho, dele abrissem mão para os cuidados com a família,
atitude esta vista com o curso natural a ser seguido, enquanto que aos homens
era devido o papel do provedor e a eles cabia o sustento e das condições de
manutenção deste lar. O sentimento de culpa pela ausência no
acompanhamento no crescimento dos filhos sempre foi mais presente nas
mulheres que nos homens. Comumente, quando estavam em seu melhor
37
momento profissional, se retiravam do mercado para cuidar de sua vida
familiar.
Podemos observar também a real diferença de remuneração ao
comparar-se o exercício de funções similares por homens e mulheres, havendo
significativa vantagem na remuneração dos homens. Porém mesmo diante de
algumas dificuldades ainda existentes, é notório o crescimento da mulher no
mercado de trabalho, a sua liderança e o seu diferencial no âmbito profissional
é marca registrada que favorece para a continuidade de sua valorização.
A maior ascensão da mulher no mercado de trabalho e o maior
comprometimento com o desenvolvimento de sua carreira tem ajudado na
diminuição das barreiras da sociedade e organizacionais. Visto que, a mulher
tem sido como uma importante força de crescimento econômico, mas ainda
encontra dificuldades em organizações tradicionais.
As características básicas dessa imagem originária vão tender a
sempre se superpor à outra, sendo vistas como barreiras e limitações a uma
adequada inserção da mulher no trabalho, em especial no mundo industrial,
que continua sendo visto como basicamente masculino.
O crescimento de formas alternativas de gerenciamento de carreira
pessoal,mostrou-se, no caso da mulher, apenas uma forma de diminuir o
preconceito e questões discriminatórias sociais ainda bem latente na realidade
do mercado de trabalho. De modo geral, a menor remuneração em relação ao
trabalho desenvolvido pelo homem e o tipo de trabalho ao qual são orientadas
fazem diferença significativa ainda nos dias de hoje, e a escolha por carreiras
alternativas pode ser uma forma de driblar esse problema.
As crescentes transformações do mundo corporativo têm contribuído
para o surgimento de novas modalidades de carreira.
38
O grande desafio do século XXI é sem dúvida a implantação da política
integrada da igualdade do gênero em todos os programas das ações correntes.
Isto implica uma reorganização da sociedade em que mulheres e
homens, com as suas características específicas de valor equivalente e
complementar, vão contribuírem para a melhoria da vida de todos. Só desta
forma a sociedade poderá progredir. Só desta forma a democracia será
plenamente vivida na realidade.
39
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