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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O ORIENTADOR EDUCACIONAL EM BUSCA DE
FERRAMENTAS PARA MINIMIZAR O FRACASSO ESCOLAR<>
Por: Lucia Helena Albuquerque
Orientador
Profa. Mônica Melo
Rio de Janeiro
2011
2
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
O ORIENTADOR EDUCACIONAL EM BUSCA DE
FERRAMENTAS PARA MINIMIZAR O FRACASSO ESCOLAR <>
Apresentação de monografia à Universidade
Candido Mendes como requisito parcial para
obtenção do grau de especialista em Orientação
Educacional e Pedagógica.
Por: . Lúcia Helena Albuquerque
3
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos meus Orientadores
Espirituais que em todos os momentos da
minha vida estiveram presentes, para
indicar qual o melhor caminho a seguir, e
mesmo que por vezes tenha tropeçado
nesses caminhos, com certeza contei com
ajuda deles, para que o tropeço não
passasse de um mero escorregão.
Aos meus filhos que amo demais.
E agradeço antecipadamente por todas
as oportunidades que terei pela vida
afora.
4
DEDICATÓRIA
.....Dedico este trabalho a todos os meus
alunos que serviram de inspiração e
motivação para buscar o
aperfeiçoamento, acreditando sempre na
transformação social do ser humano.
5
RESUMO
O presente estudo tem como objetivo reconhecer a importância da
Orientação Educacional no processo de aprendizagem como alternativa de
buscar ferramentas para minimizar o fracasso escolar. O fracasso escolar é
hoje um grande problema para o sistema educacional. Muitas vezes, para se
livrar da responsabilidade deste fracasso busca-se um culpado, ou seja,
geralmente patologiza o aprendente. Este trabalho tem como objetivo
questionar esta atitude e ampliar o foco. Assim, propõe discutir o fracasso
escolar a partir de outras variáveis: como a pratica avaliativa, que também
influencia no processo de aprendizagem. A partir de tal pratica refletirei a
respeito do papel do Orientador Educacional com relação ao fracasso escolar,
como tal profissional poderá intervir nesta instituição para revertermos tal
quadro.
6
METODOLOGIA
O processo metodológico para alcançar ao que propõe este trabalho
acadêmico, foi a consulta de diversos autores significativos para tal estudo.
Tendo como referencia estudos bibliográficos, procurei sintetiza-los de maneira
clara e objetiva para o aperfeiçoamento da obra.
Para iniciarmos nossa pesquisa bibliográfica primeiramente iremos
conceituar o que é aprendizagem sobre a ótica de Alicia Fernandez, onde ela
ira definir a construção e a transformação que opera no sujeito.
Poderemos através de Júlio Groppa entender qual o trabalho do
Orientador Educacional e sua área de atuação, já Mirian Grinspun, nos dará
contribuições importantes na definição do desempenho escolar e o
desenvolvimento das potencialidades do educando.
Traremos considerações de Moacir Gadotti, sobre trabalhos que
influenciaram uma geração de pedagogos na questão da mediação da
inteligência e o aprendizado já relacionado ao afeto iremos falar sobre a politica
de Moacir Gadotti.
Através de Cipriano Luckesi e Jussara Hoffmann poderemos entender a
relação professor-aluno e o processo de avaliação e suas manifestações.
A partir dessas leituras iremos buscar entender como esta se dando
essa dialética entre a teoria e a pratica.
7
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................................08
CAPÍTULO I - O ORIENTADOR EDUCACIONAL FACE AO FRACASSO ESCOLAR...............................................................................11
CAPÍTULO II - AS DIFICULDADES DA APRENDIZAGEM...................._.........17
CAPÍTULO III – Afeto – Fator de importância para a construção do
Conhecimentos.......................................................................28
CONCLUSÃO....................... ...........................................................................34
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................33
8
INTRODUÇÃO
O objetivo desta pesquisa é reconhecer a importância do Orientador
Educacional no processo da aprendizagem como alternativa de tentar
minimizar o fracasso escolar nos últimos anos.
Muitos pesquisadores têm contribuído com estudos sobre o fracasso escolar no
ensino médio noturno. Nem sempre a escola consegue atingir plenamente seus
objetivos, o índice de repetência e baixo rendimento escolar são preocupantes.
É necessário destacar as possíveis causas responsáveis pelo problema,
apresentando alternativas para mudanças de posicionamento do professor e de
outros profissionais da educação.
Diante das questões levantadas acima, discutirei o trabalho do
Orientador Educacional neste processo, e o cotidiano da escola com suas
praticas educativas, que mais tem sido fator de exclusão do que o momento de
estudo.
A escolha por este tempo surgiu devido a questionamentos em relação à
educação, até porque como profissional da Educação senti a necessidade de
discutir tal tema, tentando assim buscar alternativas para minimizar este
problema. Identificando as possibilidades para reverter tal quadro do fracasso
escolar.
A trajetória histórica que envolve o fracasso escolar, sempre nos
apresentou que as causas dos problemas de aprendizagem escolar
encontravam-se na criança. Isto porque, ela era portadora de atraso no
desenvolvimento cognitivo e emocional. Segundo estudos realizados em
diferentes épocas, tiveram por premissa rotular esses indivíduos como sendo
os maiores responsáveis pelo fracasso escolar. Contudo, ao longo deste
trabalho tentarei desmistificar os mitos que cercam esta temática.
As explicações contraditórias e mal compreendidas que envolvem o
fracasso escolar acabam por perpetuar tais afirmações. E é neste momento
que o Orientador Educacional precisa questionar tais informações, refletindo
9
sobre as verdadeiras causas que envolvem o fracasso escolar. Nesta
perspectiva, destacarei dois polos que se evidenciam nesse processo: o
fracasso escolar, polo negativo e seu reverso: a aprendizagem – ambos os
objetos centrais desse processo. A aprendizagem e a não aprendizagem estão
sendo tratadas como algo individual, muitas vezes inerente ao aluno em
particular, quando na verdade as grandes maiorias das dificuldades de
aprendizagem perpassam o sistema no qual o aluno esta inserido. Seja no
patamar do micro espaço, aquele no qual o aluno esta presente todos os dias –
determinada escola ou sala de ou em um patamar mais amplo – o sistema em
si (municipal, estadual ou federal), as politicas publicas implementada para
esse ou aquele segmento ou ainda, a situação do próprio estado ou pais.
Portanto, cabe destacar que a maneira pela qual concebemos o
significado do fracasso escolar esta intimamente ligado à concepção de escola
e de vida de quem se propõe a analisar e entender o problema. Nos últimos
anos a escola brasileira tem sido responsável por produzir o fracasso escolar,
já que o sucesso, as pesquisas e avaliações tem demonstrado com grande
veemência, que não é para todos, ignora-se que a Educação tem que ser
pensada privilegiando o universo do aluno, seja como função da realidade
socioeconômica e cultural em que esta inserido, ou nas relações e na
veemência, que não é para todos. Ignora-se que a Educação tem que ser
pensada privilegiando o universo do aluno, seja como função da realidade
socioeconômica e cultural em que este inserido, ou nas relações e nas
condições que a escola oferece aos educandos em processo de apropriação
do conhecimento.
Dessa forma, compreendo que a escola funciona como um instrumento
que motiva o educando na relação social e, a sua relação com o próprio meio e
como individuo social deve sempre ser levada em consideração no processo
de aprendizagem.
Sendo assim, podemos dizer que é importante compreender o processo
de construção e o tipo de implicações envolvidas no processo de ensino-
aprendizagem, não deixamos de ressaltar que esse processo não é imediato,
10
mas ele advém da complexidade da sociedade, da condição do sujeito e da
interação com a realidade vivida.
O tema em questão será desenvolvido em três momentos distintos. O
primeiro capitulo é citado a importância e as contribuições do Orientador
Educacional na intervenção do fracasso escolar, o segundo capitulo é
apresentado a forma como a escola esta organizada, bem como os sistemas
de avaliações que são adotados nas escolas brasileiras e o terceiro capitulo
concentra-se nas abordagens de autores em relação ao fracasso escolar.
Partindo do exposto acima, farei uma analise critica sobre o assunto
mencionado, utilizarei para isso alguns teóricos que discutem esse assunto,
afim, de embasar tal trabalho.
11
CAPITULO I
O ORIENTADOR EDUCACIONAL FACE AO FRACASSO
ESCOLAR
Neste capitulo iremos abordar a importância do Orientador Educacional,
apresentando a necessidade urgente de mudança de postura em relação à
avaliação e o empenho dos profissionais comprometidos com a educação
deste pais.
O Orientador Educacional deve buscar o que significa o aprender para
esse sujeito e sua família, tentando descobrir a função do não aprender.
Conhecer como se dá a circulação de conhecimento na família, qual a
modalidade aprendizagem da criança, não perdendo de vista qual é o papel da
escola na construção do problema de aprendizagem apresentado, tentando
também engajar a família no projeto de atendimento para ampliar seu
conhecimento sobre a dificuldade, modificando o seu modo de pensar e de agir
com relação a criança e o desempenho escolar.
1.1. Aprendizagem e Fracasso Escolar
Não poderia falar em fracasso escolar sem deixar de comentar a
importância do vinculo para a aprendizagem. Além de tentarmos analisar os
fatores que contribuem para seu surgimento, é necessário conceituar aquilo
que vira a ser seu oposto: a aprendizagem:
“Pois sabemos que a aprendizagem é um processo vincular, ou seja, que se dá no vinculo entre ensinante e aprendente, ocorre, portanto entre subjetividades. Para aprender, o ser humano coloca em jogo seu organismo herdado, seu corpo e sua inteligência construídos em interação e a dimensão inconsciente. A aprendizagem tem um caráter subjetivo, pois o
12
aprender implica em desejo que deve ser reconhecido pelo aprendente. O desejar é o terreno onde se nutre a aprendizagem” (FERNANDEZ,2001,p.36)
Aprender passa pela observação do objeto, pela ação sobre ele, pelo
desejo. A aprendizagem é a articulação entre saber, conhecimento e
informação. Esta ultima é o conhecimento objetivado que pode ser transmitido,
o conhecimento é o resultado de uma construção do sujeito na interação com
os objetos e o saber é a apropriação desses conhecimentos pelo sujeito de
forma particular, própria dele, pois implica no inconsciente.
A partir disso posso definir aprendizagem como uma construção singular
que o sujeito vai fazendo a partir de seu saber e assim ele vai transformando
as informações em conhecimento, deixando sua marca como autor e
vivenciando a alegria que acompanha a aprendizagem.
Este processo se difere bastante do fracasso escolar que pode
evidenciar uma falha nesta relação vincular ensinante-aprendente. Alicia
Fernandes diferencia fracasso escolar problema de aprendizagem mental.
“Para ele no fracasso escolar a criança não tem um problema de
aprendizagem, mas eu, como docente, tenho problema de ensinagem com
ele.” (FERNANDEZ, 200, p.56). O problema de aprendizagem pode ser um
sintoma de outros conflitos ou ainda uma inibição cognitiva, e a deficiência
mental tem incidência pequena na população. Enfim, a escola valoriza a
inteligência e se esquece de interferência afetiva na não aprendizagem. O
sujeito pode estar em dificuldades de aprendizagem por ter ligado este fato a
uma situação de desprazer. Esta situação pode estar ligada a algum
acontecimento escolar. Portanto, a escola pode provocar na criança conflitos
que influenciarão seu gosto de aprender.
13
1.2 – A intervenção do Orientador Educacional
Considerando os fatos implicados no processo de aprendizagem,
poderíamos pensar no papel do Orientador Educacional com relação ao
fracasso escolar. Assim, o Orientador Educacional vem fazendo parte do
cotidiano escolar, e no que se refere ao fracasso escolar, vem respondendo a
ele com suas atribuições em um trabalho em conjunto com a equipe da escola.
Levando em considerações os aspectos do fracasso escolar cabe ao
Orientador Educacional estar sempre atento a essas questões para não
mencionar respostas errada quando solicitado, ou ausência de resposta, pois
ele não é simplesmente transmissor de informações, deve ir além,
preocupando-se em desenvolver capacidade e ter clareza na distinção entre
erros de informação e problemas no desempenho de capacidades.
Segundo Julio Groppa (2002, p.48). “um desempenho é classificado
como satisfatório, ou não, dependendo das variáveis do contexto.” Por isto, é
preciso que o Orientador Educacional desenvolva um trabalho cauteloso e
realizado com muita distinção em suas atitudes. O Orientador Educacional tem
que ter sabedoria para enfrentar situações aparentemente sem solução, sua
atuação exige discernimento entre “certo e errado”, pois uma atitude distante
do cotidiano pode vir a destruir todo um trabalho levando o aluno à desistência
escolar.
Para conhecer fracasso escolar precisamos partir do principio de que
não é algo genérico, mas que diz respeito a um certo aluno, e sua historia, em
uma certa escola, em um certo sistema, para detectar certo problema faz se
necessário fazer um diagnostico.
Os Orientadores Educacional ao longo de sua trajetória utilizou-se e
ainda se permitem a utilizar de alguns recursos como testes, desenhos
históricos, atividades pedagógicas, jogos, brinquedos, etc. É bem verdade que
estes tipos de recursos se tornam imprescindíveis como instrumentos de
14
linguagem, pois muitos alunos que não conseguem se comunicar através da
linguagem falada, o fazem por meio da linguagem escrita demonstrando algum
tipo de informação que são colhidos a partir dessa atividade. O trabalho do
Orientador Educacional para esses alunos é realizado com o auxilio do
professor da classe, para a melhoria das condições do processo ensino-
aprendizagem, além de prevenir os problemas relacionados ao aprendizado.
Mais uma vez a atenção do Orientador Educacional é de real valor pois muitas
crianças e adolescentes preferem acreditar, e reforçar na crença fazendo com
que os outros acreditem também, que vão mal nos estudos meramente por
falta de interesses, pensamentos errôneos que os fazem nutrir um sentimento
destrutivo de sua capacidade. O trabalho do Orientador Educacional pode ser
relacionado a um trabalho de “formiguinhas”, onde devagar e em conjunto tem
função transformadora, permitindo que o individuo se torne cidadão consciente
em grau crescente de reflexão. Desta forma o exercício do Orientador
Educacional é percebido de forma global ao ato de educar e para a
compreensão satisfatória dos objetivos da educação. O Orientador Educacional
deve colaborar para a promoção do desenvolvimento das potencialidades e
capacidades dos educandos.
Em se tratando de desempenho escolar a autora Grispun faz a seguinte
colocação: ao declarar-se “ incompetentes” ante ao fracasso escolar, a Escola
abre caminhos para que o aluno internalize esses fracasso como algo pessoal,
social ou biológico” (GRINSPUN, 2002,p.81)
A natureza desse discurso nos faz refletir como este ainda é muito
comum em nossa formação, portanto cabe a nós Orientadores Educacional
juntamente com toda a equipe pedagógica reavaliar a nossa pratica, pois
temos a oportunidade de estarmos a frente como agentes transformadores da
educação.
As afirmações de que as causas do Fracasso Escolar até então estavam
agrupadas na escola ou na clientela deparam-se agora, com outra visão do
problema: a escola é inadequada aos novos tempos isto porque, o papel da
escola é muito diferente de que alguns anos. Segundo o pedagogo e filosofo
15
(1989,p.23) “As exigências são outras e o papel do educador é adaptar-se:
deixar de ser um selecionador para que se tornar um gestor do conhecimento.”
Em outras palavras, de nada adianta ficar se lamentando. De todas as
profissões estão se exigindo mais competências, presença e versatilidade. Por
que seria diferente com a educação? Todos falam que só haverá espaço no
mercado de trabalho para quem tiver conhecimento. Porem percebe-se que os
professores em sua grande maioria apresentam discurso arcaico, isto porque o
professor idealiza um estudante que não existe.
Suponho que os problemas extraescolares influenciam nas atividades,
porem, este não é o fator determinante do fracasso escolar.
A escola em nossa sociedade contemporânea cada vez mais tem
reconhecido a dificuldade que enfrenta ao educar integralmente, percebendo o
quanto é difícil trabalhar valores e atitudes educativas quando a sociedade
impõe valores contrários. Verifica-se que é inútil esperar que a escola
desenvolva valores e atitudes que a comunidade não assuma como próprios.
Não é possível pensar uma escola onde um espera que o outro solucione os
problemas e onde as pessoas não modifiquem seus hábitos arraigados de não
desenvolvimento e não participação. Retornando nessas colocações iniciais,
sobre o trabalho do Orientador Educacional podemos afirmar que não existe
presença constante do trabalho do mesmo nas escolas. Para que o trabalho
realizado obtenha resultados satisfatórios é necessário que o Orientador
Educacional desenvolva um trabalho em equipe com todos os integrantes da
área pedagógica, para tratar a fundo os possíveis problemas existentes.
Uma escola sintonizada com as conquistas da sociedade e, portanto,
comprometida com a maioria da população, não se satisfaz em garantir o
acesso de todos na escola, mas luta também pela permanência a fim de que
todos tenham acesso ao conhecimento que nela buscam reverter o quadro do
fracasso escolar e, pois, função de uma escola que se prenda fazer um
trabalho em conjunto com todos os comprometidos da escola em busca de
16
resultados satisfatórios. “ Só é bem sucedido na escola o aluno que, se vendo
acreditado, acredita em sua capacidade de aprender.” (MAIA, 1990, p.59)
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CAPÍTULO II
AS DIFICULDADES DA APRENDIZAGEM
Neste segundo capitulo será apresentado algumas razões para as dificuldades
de aprendizagem na intenção de podermos entender as causas e
consequências acarretadas, identificando as características individuais e
coletivas e tentar assim entender o porquê do fracasso na aprendizagem e a
relação do Orientador Educacional com esse cotidiano escolar.
As ideias atualmente existente no Brasil a respeito das dificuldades de
aprendizagem escolar, advém da necessidade do pais em modernizar-se e isso
só poderá acontecer se houver um investimento maciço na área educacional.
Portanto, a trajetória histórica do fracasso escolar na realidade brasileira pode
ser identificada a partir de alguns pontos básicos: explicações para o fracasso
escolar baseadas na teoria do déficit e da diferença cultural; explicações
advindas das crises do sistema social, que estariam sendo reproduzidas no
sistema escolar; o momento do fracasso analisado à luz do próprio sistema
educacional eu é gerador de obstáculos à realização de seus objetivos e o
fracasso como depositário das dificuldades dos protagonistas que atuam no
processo educacional.
Diante desses aspectos levantados e que serão discutidos
posteriormente, vale ressaltar sobre as raízes históricas das concepções sobre
o fracasso escolar que já nos séculos XIX e XX na Europa e nos E.U.A. foram
objeto de estudos e reflexões que desafiaram estudiosos e especialistas.
Os primeiros especialistas a se ocuparem de caso de dificuldades de
aprendizagem foram os médicos. O final do século XVIII e o inicio do século
XIX foram de grande desenvolvimento nas ciências médicas e biológicas,
especialmente na psiquiatria. Com os estudos neurológicos, da neurofilosofia e
da neuropsiquiatria, os distúrbios de aprendizagem tinham um tratamento
18
diferenciado, sendo os portadores de tais distúrbios designados como anormais
escolares.
A corrente psicopedagogia para explicar a questão do fracasso tem, no
campo psicométrico, o embrião dessa abordagem. Inicialmente, com os
trabalhos de Binet, em 1985, o autor da primeira escala métrica da inteligência
para crianças; posteriormente, com os trabalhos de Claparéde – que
influenciaram uma geração de psicólogos e pedagogos nessa questão da
mediação da inteligência.
Clarapéde refere-se ao termo aptidões como sendo uma disposição
natural do individuo, disposição esta que teria que levar em conta a educação,
o nível de fadigamento, o exercício e o estado afetivo.
Com o desenvolvimento dos testes os indivíduos puderam ser
classificados como mais aptos e menos aptos, independentemente das
influencias ambientais, inclusive a de natureza socioeconômica. A crença na
oportunidade igual era viabilizar de dois recursos: o uso de instrumentos
mediação das verdadeiras disposições naturais e o aprimoramento no sistema
escolar.
Todas as participações de psicólogos e pedagogos, em especial nas
primeiras décadas do século XX, influenciaram a abordagem da analise das
dificuldades de aprendizagem sob a luz do conhecimento das aptidões dos
indivíduos. Os testes psicológicos nas escolas fazerem parte da vida cotidiana
nos países capitalistas centrais. Dois pontos são importantes neste momento:
a psicometria e a pedagogia nova, que estava sendo produzida, principalmente
nos meios educacionais da Europa e da América do Norte. Os testes de QI
adquiriram um grande peso nas decisões dos educadores a respeito do destino
escolar dos alunos que tiveram acesso à escola.
Outro ponto que convém ressaltar é a influencia das teorias
psicanalíticas nas concepções sobre as causas das dificuldades de
aprendizagem. Inicialmente tida como “anormal escolar”, a criança que
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apresentava problemas de ajustamento ou de aprendizagem escolar passou a
ser vista como “criança problema”. Se antes as dificuldades eram identificadas
por instrumentos da medicina e da psicologia, que falavam em anormalidades
genéticas e orgânicas o é por instrumentos da psicologia clinicas de
inspirações psicanalíticas, que buscam no ambiente sócio familiar as causas
dos desajustes infantis. As causas do fracasso vão desde as físicas até a
emocional e de personalidade, passando pelas intelectuais.
No estudo da fundamentação sobre o fracasso escolar cabe uma
palavra a respeito das questões de hereditariedade. Se na literatura psicológica
predeterminista do desenvolvimento humano foi substituída por uma
concepção interacionista, por outro lado a introdução de novas concepções,
vindas da psicologia e da antropologia a respeito da influencia ambiental e da
teoria psicanalista no pensamento educacional, criou outras expressões
simplificadoras que levaram pais e educadores a uma atitude também fatalistas
frente a supostas causas físicas e psicológicas do fracasso escolar.
Pude observar que essas concepções tiveram um peso significativo na
analise do fracasso escolar. Convém lembrar que essas ideias foram
estudadas e analisadas por estudiosos brasileiros principalmente nas primeiras
décadas do século XX. Mas precisamente na década de setenta, quando
houve um investimento maior no campo educacional, pois como já foi citado
mais acima, o pais precisava de pessoas capacitadas para competir no
mercado mundial, bem como foi nesta década que médicos e psicólogos
introduziram em nosso pais a abordagem psiconeurologica ao desenvolvimento
humano, trazendo com ela noções de disfunção cerebral mínima e de dislexia,
objetos privilegiados pela atenção dos médicos, psicólogos e fonodiólogos.
Inicialmente destinados a atender alunos de melhor nível socioeconômico, toda
“uma equipe” de apoio analisava as dificuldades de aprendizagem que
poderiam gerar fracasso escolar e procurava suprir as deficiências
apresentadas.
20
A partir dessas pesquisas varias foram as abordagens que historicamente
tentam explicar o fenômeno do fracasso escolar em nosso país. Eis algumas
delas:
• Abordagem psicologicista – explica o fracasso escolar pela existência de
diferenças individuais na capacidade de aprendizagem das crianças: as
crianças que não aprendem são consideradas como portadoras de
distúrbios mentais, sensoriais e neurológicos, que originam dificuldades
linguística, motoras ou afetivas.
• Abordagem biologicista – Essa abordagem tem como pressuposto as
disfunções biológicas e a desnutrição como responsáveis pela não
aprendizagem dos alunos.
As duas abordagens citadas apresentam que as dificuldades estão no
aluno, que por algumas características individuais (orgânica ou psicológica)
não consegue aprender ou se adaptar. Essas abordagens interpretadas
unilateralmente dão origens a ideias equivocadas sobre homogeneidade na
aprendizagem, testagens, categorização, classificação dos alunos,
encaminhamento e exclusões diversas.
• Abordagem culturalista – Essa abordagem supõe as crianças com
dificuldades como produto de um ambiente cultural desfavorecidos,
pobre em estímulos e vivencias. Parte da constatação de que a maior
parte das crianças que fracassam são oriundas da classe popular. Essa
abordagem dá origem a estudos valorativos e comparativos, segundo os
quais há uma cultura dominante (universal) e culturas inferiores (cultura
popular). Traz a ideia de educação compensatória pela “carência
cultural”. Torna possível, a crença de que as crianças de meios
desfavorecidos têm dificuldades de aprender.
• Abordagem antropológica – Essa abordagem entende o fracasso não
como um produto da família ou ad escola isoladamente, mas de fatores
externos que atingem a ambos. Analisa as relações de classes sociais
21
que processos d família e da escola e as relações entre esses grupos
sociais. Analisa o micro em suas relações com o macro ( social).
A partir dessas diferentes abordagens sobre o tema, pude perceber o
quanto ele é complexo e concluir que sua analise não pode ser reducionista.
Identificar as características individuais, psicológicas ou biológicas que
interferem no rendimento escolar e importante, mas, não para justificar o
fracasso ou excluir o aluno do processo, e sim, para contribuir com a escola e a
família no sentido de superação. Obviamente, existem patologias de
aprendizagem, mas pelos índices do fracasso que ainda temos no Brasil, seria
incoerente acreditarmos que todas as crianças por ele atingidas são portadoras
de tais patologias. Outro risco que corremos é o de pensar que uma criança de
classe popular, somente pela sua origem, esta predestinada ao fracasso na
escola ou de ficarmos apenas na analise ideológica do problema, sem
considerarmos a individualidade e singularidade de cada sujeito no processo
de construção de sua aprendizagem.
A realidade do cotidiano da escola e sua relação com o processo de ensino
aprendizagem e muito complexa combater o fracasso escolar tem sido uma
preocupação constante na educação. Mas a realidade existe conforme
Perrenoud:
“....temos que enfrentar a complexidade dos processos mentais e sociais, a ambivalência ou a coerência dos atores a das instituições, as flutuações da vontade politica, a renovação dos currículos e das didáticas, as rupturas teóricas e ideológicas ao longo das décadas.” (PERRENOUD,2001, p.15)
É muito importante discutir que tipo de escola o Brasil precisa e qual o
aluno que se encontra nesta escola antes de editarem o seu currículo. Isso
permitirá que uma escola, de conteúdos novos e de qualidade adequados a sal
clientela seja construída para que as camadas populares permaneçam dentro
dela e não excluídas e reprovadas como até agora vem acontecendo.
O estudo das questões que permeiam o fracasso escolar nos leva a crer
que, se uma criança fracassa na aprendizagem escolar, não se deve ao fato
22
dela ser deficiente ou possuir deficiências em seu contexto sócio familiar, mas
é um fracasso da própria escola, por sua incapacidade de avaliar sua própria
estrutura e pelo desconhecimento dos processos pelos quais as tem revelado
incompetentes no aproveitamento das qualidades dos alunos, no processo de
transmitir os conhecimentos formais as que se propõe:
“As dificuldades para superar o fracasso estão mais no campo social do que no campo pessoal, embora, sempre, recaia sobre o individuo responsabilidade maior desta recuperação.” (GRINSPUN, 2002, p.69)
Para a aquisição da competência, torna-se urgente que a escola, a partir
de uma ampla reflexão de sua pratica pedagógica e função social, tenha
clareza dos fatores que determinam as causas do fracasso escolar e supere os
mitos que há tanto tempo marcaram a realidade.
Nessa perspectiva, a escola não pode ser um lugar de reproduções das
desigualdades sociais a serviços de classes privilegiadas da sociedade. Deve
ser um espaço que favorece a construção de uma nova sociedade, dando a
seus usuários condições de analisar esta sociedade, identificar suas
contradições e apontar alternativas de superação das mesmas.
Considerando as condições históricas e culturais de nossa sociedade, é
fundamental lutar pela efetiva democratização do saber, promovendo a
igualdade real de oportunidade para todos, com vistas a diminuir a
desigualdade entre classes.
Para que possamos continuar buscando a escola desejada, precisamos
definir alguns caminhos. Durante muitos anos, as pesquisas sobre fracasso
escolar se preocupavam em descobrir suas causas ou verificar o que “faltava”
nas crianças que fracassavam. Considero aqui alguns autores que vem
produzindo um movimento diferente que priorizam a investigação dos
processos que produzem as experiências de fracasso e sucesso escolar e das
relações que os alunos mantem como a escola e o saber.
23
Chartlot (2000) aborda o fracasso escolar a partir da perspectiva da
relação com o saber e com a escola. Devemos segundo o autor, compreender
a realidade social a partir dos processos que a constroem. A globalização nos
empurra para uma sociedade de informações, e a informação, por si só, não é
saber. Torna-se saber apenas quando trata do sentido do mundo, da vida, das
relações com o mundo do ser humano consigo mesmo:
“ É preciso tentar entender com historias singulares se desenvolvem no interior de espaços sociais que são as mesmas para todos, e continuam sendo historias individuais, singulares.” (CHARLOT,1996,p.9)
A escola deve ter sido para a vida do aluno, pois a criança que vai à
escola vice também fora dela tem praticas, conhecimentos construídos nas
relações com a comunidade. Se não encontra sentido na escola, não pode
aprender:
“ Há uma diferença extremamente importante entre aquelas crianças para quem a verdadeira vida esta fora da escola, e aqueles que tiveram acesso a outro universo na escola, um universo que produz sentido, dá prazer, e que é a verdadeira vida, em relação ao saber.” (CHARLOT, 1996, p.12)
Tais ideias me levam a pensar a questão das diferenças e no desafio
que é para a escola trabalhar com a diversidade. Somo seres humanos
originais, pertencentes a uma cultura, e termos o direito de ser respeitados na
nossa sociedade singularidade. A escola deve conhecer as diferenças culturais
e acolhe-las e respeita-las, exercendo o duplo papel de não esquecer a
realidade da comunidade, estabelecendo relações com ela, e, ao mesmo
tempo, permitir um espaço para o distanciamento necessário para que a
criança perceba que pode viver de outras maneiras. O direito a diferença
cultural é emancipatório na medida em que se afirma, e ao mesmo tempo, a
identidade de todos os seres humanos e o direito de cada um deles de ser
sujeito singular.
Cada ser humano tem o direito de ter raízes e construir sua
subjetividade de acordo com elas. Se na escola isso não for respeitado, existe
24
um risco maior de fracasso escolar, pois os alunos terão de viver na
contradição, no “sem sentido”:
“Não podemos subestimar o choque cotidiano das culturas. Ele influencia o fracasso escolar: as rejeições, as rupturas na comunicação, os conflitos de valores e as diferenças de costumes contam tanto quanto o eventual elitismo dos conteúdos.” (PERRENOUD, 2001, p.57)
Em lugar de perceber que existem diferentes culturas, imaginamos que
existe apenas uma cultura, a dominante, com a ideia equivocada de que cultura
é algo que podemos ter ou não ter. Desta forma, as diferenças culturais se
tornam um obstáculo para crianças oriundas da classe popular e acarretam
maior possibilidade de fracasso escolar para elas.
No sentido de romper com esses conceitos (Bernard) Lahire (1997)
realizou uma pesquisa enfatizando o sucesso escolar emergentes nas classes
populares. Preocupou-se em analisar as diferenças secundarias entre famílias
populares, com renda e escolaridade aproximadas, observando crianças com
desempenhos e comportamentos escolares diversos dentro de famílias com
realidade sócia cultural semelhante:
“Se a família e a escola podem ser consideradas como redes de interdependências estruturadas por formas de relações sociais especificas, então o fracasso ou o sucesso escolares podem ser apreendidos como o resultado de uma maior ou menor contradição, do grau mais ou menos elevado de dissonância ou de consonância das formas de relações sociais de uma rede de interdependência a outra.” (LAHIRE, 1997, p.19)
Lahire afirma que, embora exista tendência de apresentar as classes
populares como homogêneas, suas pesquisas explicitam a diversidade das
relações que tais classes podem ter com a aprendizagem escolar, e que as
situações de sucesso escolar “estão longe de ser improváveis em meios
populares.”(LAHIRE, 1997,p.51)
Sendo assim, pude pensar que nem toda a criança da escola
pertencente à classe popular encontra-se em situação de fracasso. Devemos
25
então, nos perguntar o que é fracasso e o que é sucesso para a escola, para
os alunos a para a comunidade onde estão inseridos? Como as crianças se
relacionam com o saber e com a escola? Que relações existem entre a vida da
escola e vida da comunidade.
A partir de tais indagações, é possível pensarmos a educação para além
da escola oportunizando o rompimento de algumas praticas, buscando a logica
da permanência, da aprendizagem, do dialogo, da participação, da inclusão:
“Estabelecem-se canais, até então inusitados, da comunidade para a escola e da escola para comunidade, que buscam reeducar, tanto uma quanto a outra. Tais processos não são lineares – sobretudo pela dificuldade em demover ideias naturalizadas do fracasso escolar e constituem espaços e construção.” (MOLL, 2000, p.162)
Já afirmei nesse trabalho a necessidade de ampliar nosso olhar sobre o
fenômeno do fracasso escolar, tão complexo. Nesta perspectiva é que se
estabelece a relação entre o combate ao fracasso escolar, trata-se de olhar
para as questões da aprendizagem ou da educação para além dos muros da
escola:
“A escola que pode enfrentar o fracasso escolar prevenindo-o é uma escola voltada para diversidade, voltada para o respeito ao particular de cada um, voltada a igualdade entre os diferentes: é uma escola cuja participação da comunidade é completamente indispensável, onde pais questionam e repensa sua função educacional junto aos professores: é uma escola que abandona seus isolamentos da comunidade e transforma-se em uma comunidade de aprendizagem, envolvendo a todos: pais, alunos e professores, transformando as relações entre os diferentes atores do fazer educativo; é uma escola que caminha na busca de uma ruptura paradigmática que substitua os valores de competição e utilitarismo por valores de solidariedade e igualdade.”(DORNELLES,2000, p.28)
Devido aos fatores anteriormente apresentados, percebe-se que a
grande maioria dos professores tem uma formação precária, conduzindo-o a
não preocupar-se em ver seu conhecimento como um fator principal de
transformação social. O conhecimento para ele tem um valor em si mesmo. É
uma mera repetição. É responsabilidade de todos nos professores que
26
devemos mudar a postura com relação ao trabalho realizado com os alunos e
sociedade, precisamos definir o que esperamos realmente da escola. Não resta
duvidas de quem se vê excluído da escola, ou quem tem acesso a ela fica à
margem dos conhecimentos e competências que ela promete, serão os
marginalizados do próximo século.
Sabemos de modo geral que a escola é o lugar onde o aluno tem a
oportunidade de desenvolver-se culturalmente. O preenchimento de todos os
quesitos de uma escola bem equipada, sem a presença dos professores
devidamente capacitados, não trará a mínima possibilidade de transformação e
avanço nesses alunos.
Entretanto, a mera constatação dos fatos não é o bastante para a
reversão desse quadro, onde professores e alunos compartilham de uma
frustação mutua na qual se materializa uma ideologia de incompetência.
Porem em se tratando de dados estatísticos, percebe-se que o Brasil
nas questões de fracasso escolar revela um aumento considerável do numero
de matriculas. Através do senso escolar, que é uma pesquisa de alcance
nacional da qual participam todos os estabelecimentos de ensino publico e
privado é feito através do preenchimento de questionários padronizados,
fixados pelo decreto nº 73.177 de 20 de novembro de 1973. O objetivo desse
censo é produzir os dados e informações educacionais de forma ágil e
fidedigna, retratando a realidade educacional, sendo instrumentos de
avaliação, planejamento e auxilio ao processo decisório para estabelecimento
de politicas voltadas para a reformulação do quadro educacional brasileiro. Os
dados estatísticos revelam que houve aumento do numero de matriculas
considerável no Ensino Fundamental, porem, no Ensino Médio e na Educação
Superior, houve uma estagnação.
Contudo, não existem dados específicos nas questões que tangem os
alunos que fracassam. Constatando apenas os Estados que obtiveram êxito
e/ou fracasso na Educação.
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Os desafios do futuro, portanto, são claras: melhorar a qualidade do
ensino para todas as faixas etárias, e aumentar o acesso tanto de criança com
menos de 5 anos a Educação Infantil, quando de adolescentes e jovens ao
Ensino Fundamental e Médio.
28
CAPÍTULO III
AFETO - FATOR DE IMPORTÂNCIA PARA A
CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO
Neste terceiro capitulo iremos apresentar a forma como a escola esta
organizada, bem como os sistemas de avaliações que são adotados nas
escolas brasileiras, qual o processo avaliativo e como a afetividade é
importante no processo ensino/aprendizagem.
O nosso processo educativo consiste em educar o sensório e para falar
em educação através da afetividade é importante conhecer o principio dessa
relação afetiva.
A autoestima de uma criança surge, segundo Winiccot através da
relação da criança com a mãe, esta imprimira naquele novo corpo os eu ritmo
somático, através da maneira de falar, embalar e amamentar. Esse ritmo é
afetivo e dará a esse ser uma sensação de pertencimento, pertencimento a um
núcleo familiar que transmite afetos, expectativas, intenções e outras emoções,
fazendo então, com essa pessoa se torne um ser social, pois o homem é um
ser em relação, e é nessa relação que se constrói o sujeito.
3.1 – Educar com afeto
O aprendiz se transforma junto com o professor e os demais
companheiros com os quais convive em seu espaço educacional, e é na
convivência que as dimensões do ser e fazer vão modelando-se mutuamente,
influenciando ações, comportamentos e condutas dos alunos:
Educar é enriquecer a capacidade de ação e de reflexão dor ser aprendente, desenvolver-se na biologia do amor que nos mostra que o ser vivo é uma unidade do ser e do fazer. (MATURANA & NISIS, 1997,p.49)
29
Segundo Maturana (1999), os afetos modelam o operar da inteligência,
abrindo e fechando caminhos para possíveis consensos a serem estabelecidos
em nossa vida cotidiana. Ele exemplifica dizendo que a inveja, o medo e a
ambição restringem a conduta inteligente porque estreitam a visão e a atenção.
Para ele, somente o amor amplia a visão na aceitação de si mesmo e do outro.
Por esta razão, Maturana compreende que a educação é um processo de
transformação na convivência, através do qual o ser aprendente se conserva
em seu meio ou se perde, a partir da formação.
Aprender implica em transforma-se. Resulta de uma historia de
interações recorrentes a dois ou mais sistemas vivos que interagem. Sabemos
que o individuo aprendeu algo quando percebemos que a sai conduta mudou.
Essas questões e preocupações indicam que a tarefa docente é a
formação humana de aprendizes, onde os conteúdos são apenas veículos
relacionais para a sua consecução. O mais importante é que a educação seja
capaz de criar condições que permitam a cada aluno torna-se um cidadão
sério, responsável e, sobretudo feliz.
O homem nasce com a possibilidade de vir a ser. Tornar essas
oportunidades efetivas vai depender da sua relação com o meio e com o outro,
vai depender do quanto esse individuo esteja aberto às mudanças, respectivo
às transformações e desejosos de se constituírem enquanto ser pensante e
atuante no mundo.
3.2. – O papel do O.E. e do professor na avaliação
Análise sobre a instituição escolar nos permite refletir a cerca de
inúmeros aspectos, tais como: a pratica educativa, o compromisso social e
ético dos Orientadores Educacionais e professores, a formação profissional, a
estrutura e os componentes do processo de ensino, nos métodos e os meios
30
de ensino, a relação professor aluno, enfim, diversas são as situações que
podem levar o aluno ao fracasso. Contudo, o numero de alunos que vão sendo
reprovados e que abandonam a escola é assustador.
Segundo Perrenoud, (1991, p.11) “os alunos são comparados e depois
classificados em virtudes de uma norma de excelência definida no absoluto ou
encarnada pelo professor e pelos melhores alunos”. Certamente é possível
observar inúmeros problemas que afloram durante a pratica docente quando o
tema é avaliação.
Avaliar e necessário em todas as atividades humanas e, em se tratando
da questão educacional, mostra-se essencial, permanente e continua, assim
como preza a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei 9394/96 e
de forma sociocultural no imaginário coletivo dos educadores: o agir em função
dos desejos.
Para Luckesi (1998), a avaliação é uma apropriação qualitativa sobre os
dados relevantes do processo de ensino e aprendizagem que auxilia o
professor a tomar decisões sobre o seu trabalho. De fato deve-se considerar a
ideia de avaliação como inerente ao próprio ato de aprender.
A partir do autor é possível observar as diferenças de pratica avaliativa
realizados em sala de aula: a classificação do aluno após a medida do
quantitativo que o aluno aprendeu e o ato dinâmico, aberto que oportuniza o
aluno a vencer as etapas da aprendizagem.
Em relação à primeira, numa visão mecanicista, o professor com toda a
sua autoridade, é o único dono do saber na sala de aula quando faz uso dessa
avaliação. Apesar de ser a escola o lugar onde se aprendeu, a valorização
recai sobre os acertos, sendo estimulada a competição. “Percebe-se o aluno
sendo observado apenas em situações programadas.” (Hoffamann, 2000, p.25)
Hoffmann ainda salienta que nessa pratica avaliativa tradicional, a
postura do professor é “corrigir tarefas e provas do aluno para verificar
31
respostas certas e erradas e, como base nessa verificação periódica, tomar
decisões ao seu aproveitamento escolar”. (2000, p.95)
A escola não pode continuar trabalhando com verdades absolutas,
prontas e acabadas. A avaliação da aprendizagem necessita cumprir o seu
verdadeiro significado, assumir a função de subsidiar a construção da
aprendizagem bem sucedida.
Em se tratando da segunda observação, a avaliação da aprendizagem
escolar como um ato amoroso já é encontrado no ambiente de sala de aula que
possui a característica de não julgar. Como preza Luckesi (1998), o
acolhimento afastado é o julgamento.
Numa perspectiva semelhante, Hoffmann (2000) apresenta a avaliação
mediadora, que avalia as várias manifestações dos alunos em situação de
aprendizagem:
“...para acompanhar as hipóteses que vem formulando a respeito de determinados assuntos, em diferentes áreas do conhecimento, de forma a exercer uma ação educativa que lhes favoreça a descoberta de melhores soluções ou formulação de hipóteses preliminarmente formuladas”. (HOFFMANN, 200, p.96)
A falta de conceitual, bem como, de competência técnica na elaboração
de objetivos educacionais, na seleção e construção de instrumentos de medida
tomada de decisões, tem contribuído para que a avaliação na sala de aula seja
desenvolvida de forma fragmentada e descontextualizada.
É preciso ter coragem para questionar, refletir e realizar uma avaliação
dinâmica, significativa e libertadora.
A ação educativa deve contar com a curiosidade de conhecer a quem se
educa, possibilitando a descoberta de si próprio.
Mesmo que a sala de aula seja constituída pelo movimento, pela
surpresa, pela turbulência, pela desordem, pela diferença, as praticas
escolares e os processos ensino/aprendizagem estão estruturados para
conduzir a homogeneidade, à linearidade, considerados essências para uma
32
boa relação pedagógica. Isso fica implícito no discurso do professor e explicito
na sua pratica avaliativa, quando é dado um único modelo de avaliação para
todos, sem respeitar a diversidade.
Segundo Demo (2004), cuidar da aprendizagem do aluno, é olhar cada
um com atenção, saber de sua historia, família, sobrevivência, representações
sociais, amizades, problemas. Por vezes, há de acentuar a igualdade de
condições de todos, outras vezes será o caso não tratar de modo igual a
desiguais: o aluno que vai mal precisa de maior cuidado. Assim, o fracasso
escolar tem como um dos fatores principais a ação pedagógica do educador. A
avalição é um dos aspectos principais deste fenômeno, principalmente quando
o professor não assume a reponsabilidade desse fracasso, colocando a culpa
somente em outros aspectos, principalmente na falta de interesse do aluno, ou
seja, o aluno se transforma no agente principal do seu próprio fracasso.
Na concepção de Hoffmann (2003), o professor não assume
absolutamente a responsabilidade em relação ao fracasso do aluno. Em
primeiro lugar, porque representaria assumir sua incompetência na
organização do trabalho pedagógico, uma apresentação inadequada de
estímulos de aprendizagem, em segundo lugar, porque aquilo que faz
geralmente se traduz em resultados positivos para alguns alunos, então o
problema esta nos alunos que não aprendem e não na ação do professor. Sem
ultrapassar a visão comportamentalista de conhecimento, nenhuma outra
hipótese é levantada pelo professor sobre as dificuldades que os alunos
apresentam, senão a sua desatenção e desinteresse. Em terceiro lugar,
porque, coerente com tal visão de conhecimento, o avaliar reduz-se, para ele, a
observação, o registro de resultados alcançados pelos alunos ao final de um
período. Tal visão não absorve uma perspectiva reflexiva e mediadora da
avaliação.
Enfim, cabe a nos professores refletirmos a respeito do mundo que se
que ter, através da avaliação. Pode perpetuar o status ou pode-se transformar
a sociedade, sendo que por traz do tipo de avaliação esta o tipo de homem que
se pretende formar: submisso ou autônomo, que apenas se submete a
pensamentos ou o que pensa por si mesmo. Portanto, devemos assumir o
33
fracasso escolar como um desafio e uma das possíveis alternativas para a
superação esta na avaliação.
34
CONCLUSÃO
No presente trabalho objetivei apresentar que não existe um único
“culpado” pelo fracasso escolar. Muitas vezes a escola, situa o problema do
fracasso no individuo, considerando-o como portador de algum tipo de desvio
ou anormalidade e a avaliação que se da de forma meramente quantitativa.
Assim, o insucesso é atribuído a debilidade das capacidades intelectuais
e a cultura desviante. Sendo assim, culpa-se somente o aluno por tal fracasso
desconsiderando que há ocasiões em que a avaliação do sistema educacional
é totalmente fora da nossa realidade.
Contudo, ao longo dessa produção pesquisei e apresentei a
necessidade urgente de uma mudança de postura em relação a avaliação, no
sentido de situar o papel dos profissionais comprometidos com a educação
deste pais.
Também pude observar que pensar em fracasso escolar, a partir da
perspectiva da escola, não é mais suficiente e nem tem possibilitado a reversão
deste fenômeno. É necessário ampliar a forma de analisar o fracasso para
além dos muros da escola.
O professor considerado agente de mudança social, não vem refletindo
seriamente sobre a pratica educativa e sobre as condições e contextos em que
ocorre o processo ensino-aprendizagem.
Não basta ao educador criticar a metodologia e a eficiência de sua ação
docente. É preciso que o professor assessore seu alicerce de um
embasamento teórico que as ciências educacionais colocam à sua disposição
como referencial teórico, além de uma postura critica.
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Torna-se necessário ainda destacar predominantemente em nosso
cotidiano escolar, destacando a urgência de ser adotar uma nova postura
visando a sua melhoria bem como, a compreensão de seu verdadeiro
significado.
Então de acordo com esta pesquisa, pode-se supor que o melhor
caminho para a melhoria do desempenho escolar dos alunos surgirão a partir
do momento em que a escola estiver certa e aberta as mudanças, aceitando a
realidade do fracasso escolar para que assim possamos encontrar soluções
para este problema.
Enfim, buscar soluções para este problema não consiste em patologizar
o aprendente, mas em ampliar o foco, abrindo espaço para outras variáveis
que também influenciam o processo da aprendizagem como a instituição, o
método de ensino e a avaliação, as relações ensinante – aprendente e os
aspectos sócios culturais. Portanto esta mudança deverá estar voltada para
uma reflexão, com decisão critica a cerca de tal educação oferecida, apoiada
no respeito e dedicação, associada ao comprometimento na formação dos
cidadãos atuantes e críticos.
36
BIBLIOGRAFIA
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Fragmentos de Uma Sociologia do Fracasso. Porto Alegre, Artmed, 2001.
_____________________ A avaliação formativa num ensino diferenciado.
Porto Alegre, Artmed, 1991.
39
ÍNDICE
FOLHA DE ROSTO...........................................................................................02
AGRADECIMENTO...........................................................................................03
DEDICATÓRIA..................................................................................................04
RESUMO...........................................................................................................05
METODOLOGIA................................................................................................06
SUMÁRIO..........................................................................................................07
INTRODUÇÃO...................................................................................................08
CAPÍTULO I - O ORIENTADOR EDUCACIONAL FACE AO FRACASSO ESCOLAR...............................................................................11
1.1 – Aprendizagem e Fracasso Escolar................................................11
1.2 – A intervenção do Orientador Educacional....................................13 CAPÍTULO II - AS DIFICULDADES DA APRENDIZAGEM.............................17
CAPÍTULO III – Afeto – Fator de importância para a construção do
Conhecimentos.......................................................................28
3.1 – Educar com afeto...........................................................................28
3.2 - O papel do O.E. e do professor na avaliação................................29
CONCLUSÃO. .................................................................................................31
BIBLIOGRAFIA.................................................................................................34
ÍNDICE...............................................................................................................39
40
FOLHA DE AVALIAÇÃO
UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES
INSTITUTO A VEZ DO MESTRE
Título da Monografia: O ORIENTADOR EDUCACIONAL EM BUSCA
DE FERRAMENTAS PARA MINIMIZAR O FRACASSO ESCOLAR
Autor: Lúcia Helena Albuquerque
Data da entrega: 30 ⁄ 01 ⁄ 2011.
Avaliado por:__________________________ Conceito:_________